O Ministério da Educação e Ciência prepara-se para introduzir exames no 4º ano depois de o ter feito no 6º ano.
O debate está aí: exames fazem ou não sentido? Concordam ou discordam?
Faço minhas as palavras do Miguel e sobre isto, Paulo Guinote escreve que “que é preciso um sinal, por simbólico que seja, que os anos de Escola são para formação e aprendizagem, não apenas para passar tempo e divertimento. Até porque evita estados posteriores de incapacidade de gerir expectativas e momentos de pressão”.
Mas a minha dúvida começa mesmo por aí – é transmitido um sinal, mas que resolve quê? Conhecendo nós a Escola, o que vem resolver um exame? Em que é que isso altera a forma como alunos e famílias se colocam?
Os bons alunos vão ter boas notas. Os maus alunos vão ter más notas. E os que não querem saber, vão continuar a não querer saber. Ou será que se pretende indexar o valor do subsídio de desemprego do progenitor à nota do exame do educando?
Este ano estou a trabalhar com alunos que pela primeira vez vão fazer exame do 6º e não sinto qualquer diferença em relação aos alunos dos anos anteriores, em que só tinham provas de aferição.
Não tenho qualquer ideia feita sobre os exames – só não entendo a sua utilidade. Não me parece que vão prejudicar, nem tão pouco traumatizar. Só acho que são inúteis. Será que alguém consegue apontar alguma função válida aos exames?
E só matemática e língua portuguesa? Porquê? Porque não Educação Física ou História, Inglês ou Educação Musical?
Ficamos a saber que os alunos respondem bem ou mal às perguntas x ou y.
Preparar para uma escolaridade de 12 anos é compatível com realizar exames desde o 4ºano?
E o que se vai fazer aos alunos que nunca vão conseguir fazer o exame do 4ºano? Vão reprovar? E ficam a fazer o quê?
E, por favor, deixem lá fora o argumento de “no meu tempo é que era”, no meu tempo também fiz exames e tal. Pois é, mas nesse tempo, quem é que ia para o secundário? E quem chegava ao superior? Por favor. Neste momento o cenário é de uma escolaridade obrigatória de 12 anos para todos.
Coloco aqui as questões que deixei no meu cantinho e espero a de uma luz (a despropósito: já sei que terei de esperar até sábado 😉 :
Se os exames têm esse efeito admirável nos resultados escolares, ou porque dá um ar sério ao ensino sugerindo aos alunos que a escola não é para brincadeiras ou porque obriga o professor a trabalhar (coisa que só acontece quando há um exame no horizonte, como se sabe), por que razão as médias nacionais das disciplinas mais examinadas (Português e Matemática, por exemplo) não cavalgam para a excelência?
Quantos anos de exames nacionais serão necessários para que os alunos levem a coisa a sério?
Coloco aqui as questões que deixei no meu cantinho e espero que se faça luz. Assim é que deve ser…
O exame apena vale 25% o que leva o 1º ciclo a ter de alterar os criterios de avaliação, antes qualitativos.
Já aumentaram este ano o nº de alunos por turma no 1º ciclo, agora vão fazer com que muios elementos indesejáveis por lá continuem a estragar turmas. Não admira a satisfação de algunsprofessores do 2º ciclo.
Se se defende que os exames vão fazer com que os alunos levem “as coisas a sério” e obrigam a que os professores “trabalhem mais”, então estamos a chamar idiotas a ambos.
Eu não compro esta ideia, coisa nenhuma.
A ideia que compro, literalmente, com os meus impostos, é caminhar-se para uma escola melhor, para mais conhecimento e formação individual e social e condições para a aquisição desse conhecimento e dessa formação.
Fazem questão nos exames? Tudo bem, mas primeiro tratem do mais importante.
Fernando Ulrich assinala 3 requisitos fundamentais para o trabalho no nosso tempo:
1- Estar-se preparado para o trabalho em equipa;
2- Boa capacidade na resolução de problemas que exigem respostas rápidas a nível individual e colectivo;
3- Vontade de aprender mais e não se estagnar.
Sem qualquer preconceito bacoco de esquerda e/ou direita, concordo com o Fernando Ulrich.
“Fernando Ulrich assinala 3 requisitos fundamentais para o trabalho no nosso tempo:
1- Estar-se preparado para o trabalho em equipa;
2- Boa capacidade na resolução de problemas que exigem respostas rápidas a nível individual e colectivo;
3- Vontade de aprender mais e não se estagnar.
Sem qualquer preconceito bacoco de esquerda e/ou direita, concordo com o Fernando Ulrich.”
A sério? O Ulrich defende mais desporto na escola? Fantástico. Ou será que conhecem melhor instrumento para o trabalho de equipa, para desenvolver a capacidade de resolução de problemas que exigem respostas rápidas, e desafiar os sujeitos à transcendência e à superação?
Bem, espero que o Ulrich tenha uma conversinha com NC para o informar melhor sobre o que faz falta ao sistema. É que ele está convencido que é com mais matemática que se chega lá…
LOL…, sim o Fernando Ulrich disse isso!
O desporto e a educação física nas escolas é, talvez, uma das áreas mais importantes do currículo.
Era a única aula que a minha prole lamentava quando o professor/a professora faltava. E eu acredito no bom gosto da minha prole. Na escola primária, a professora era uma excelente pessoa e preparou-os bem a nível do português e da matemática.
Mas arranjava qualquer pretexto para se esquivar de qualquer actividade de expressão plástica ou física.
A nível das expressões plásticas, nunca mais “recuperaram”.
Felizmente que, posteriormente, tiveram óptimos professores de educação física!
O NC sabe lá o que falta ao sistema!
Ele sabe lá!
Aproveito a ocasião para lhe dizer que aprecio o seu blog. Passo por lá algumas vezes e revejo-me no que escreve.
Ao contrário de outros colegas seus, professores, que escrevem em blogues, respeita as ideias dos comentadores e não há insultos ou ataques pessoais.
Umas boas mini férias para si.