A austeridade imposta pelo governo é necessária, como já foi amplamente demonstrado e como o futuro demonstrará. Vivemos todos acima das nossas possibilidades. Os sacrifícios estão distribuídos de maneira equilibrada pelos cidadãos portugueses. Estas e outras mentiras foram afirmadas por membros do actual governo, depois das promessas de Passos Coelho em campanha eleitoral.
Tinha ficado estabelecido que os cortes dos subsídios de férias e de Natal teriam lugar em 2012 e em 2013. O Ministro das Finanças, hoje, confirmou isso. Passos Coelho, posteriormente, declarou que a reposição desses mesmos subsídios só terá lugar em 2015 e disse-o como se nunca tivesse ficado estabelecido que o corte terminaria em 2013.
Na televisão, dois comentadores, face a esta situação, começaram por se preocupar com a descoordenação do governo e soltaram alguns lamentos compreensivos.
Deixem-me dizer o que penso de uma forma clara e demasiado crua para o meu gosto: quero que se foda a descoordenação do governo, se é que ela existe. Passos Coelho, cobardemente, nem sequer soube inventar uma mentira piedosa, qualquer coisa do género “Afinal, refizemos as contas e o corte dos subsídios vai ter de se prolongar.” Nada. Com o mesmo descaramento com que prometeu em campanha que não subiria impostos, continua, impunemente, acompanhado por uma clique de mentirosos, a prejudicar o país, porque é disso que se trata. Em Belém, aquele que não interessa sequer nomear continua a desempenhar o papel de uma esfinge que não esconde mistério nenhum.
Este é um desabafo demasiado pessoal de alguém que trabalha na Função Pública? Também. Como sou demasiado contido, não vou ser, ainda, mais pessoal e não vou deixar escapar todos os insultos que gostaria de dirigir à gentinha que está no governo. Faço, apenas, um desafio, ao leitor: pense no pior insulto que possa imaginar. Já está? Não se compara a nada do que eu esteja a pensar.
Bravo! Sou obrigado a aplaudir de todo o coração. Pessoalmente sinto-me condenado há muito. Não é de agora. Não tenho nenhuma esperança senão na força dos meus dedos, na energia da minha mente para devolver escrevendo o que nos fazem com infinito descaro.
É tão triste que não sei que dizer por mais que me apeteça – quando entretanto vivi antes do 25 abril e este tempo todo depois com esperança para TODO o meu país que como nunca é enxovalhado já fora de fronteiras, quando eu nem podia “sair de casa” nem deste mundo fechado e tanto tínhamos para TROCAR com o mundo “lá fora” esse que agora é de facto tão indecente e que mais não tem do que não dar nada nem ter nada para trocar que não se tenha aqui – este aqui que caminha para essa europa indecente
Posso deixar um poema de Alfonso Romano Del Santanna ?
A IMPLOSÃO DA MENTIRA
Mentiram – me.
Mentiram – me ontem
e hoje mentem novamente.
Mentem de corpo e alma completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo impunemente.
Não mentem tristes,
alegremente mentem.
Mentem tão nacionalmente
que acho que mentindo história afora,·vão enganar a morte eternamente.
Mentem, mentem e calam,
mas as frases falam e desfilam de tal modo nuas
que mesmo o cego pode ver a verdade
em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil e para alguns
é cara e escura,
mas não se chega à verdade pela mentira
nem à democracia pela ditadura.
Evidentemente crer que uma flor nasceu
em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanentemente.
Mentem, mentem caricaturalmente,
mentem como a careca mente ao pente,
mentem como a dentadura mente ao dente
mentem como a carroça à besta em frente,
mentem como a doença ao doente,
mentem como o espelho transparente
mentem deslavadamente como nenhuma
lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o rio
mentem com a cara limpa e na mão
o sangue quente,
mentem ardentemente como doente nos
seus instantes de febre,
mentem fabulosamente
como o caçador que quer passar gato por lebre
e nessa pilha de mentiras a caça é que
caça o caçador
e assim cada qual mente indubitavelmente.
Mentem partidariamente,
mentem incrivelmente,
mentem tropicalmente,
mentem hereditariamente,
mentem, mentem e de tanto mentir
tão bravamente
constroem um país de mentiras diariamente.
Eu só queria que as pessoas por um momento desse a oportunidade a outros partidos.. mesmo que eles falhassem, muito provavelmente não iriam falhar como estes. Agora se calhar já é tarde. Mas também é sabido que não precisamos da mesma bosta no poder… Abracem mudanças por favor… Portugal agradece do fundo.