Começava numa caminhada. De Rio Tinto a Contumil onde apanhava o comboio até Vila Meã. Não me lembro do tempo que demorava, mas recordo-me que depois da estação eram mais uns quantos quilómetros a pé até ao destino. Ali bem no meio entre o Pai e a Mãe. Uma vezes para a direita até Real. Outras para a Esquerda até Castelões.
Depois era tudo tão simples, mas tão perfeito. Os verdes e as flores no chão a chamar o compasso. A sineta que se ouvia ao longe e depois mais perto. Aquele grupo de gente que entrava pela casa a anunciar a boa nova – Cristo Ressuscitou!
O orgulho que havia em ser o Juíz da Cruz, em liderar a festa da aldeia. A alegria que havia em ser família. Depois era a correr de casa em casa “atrás” da cruz – umas vezes à frente, outras, mesmo atrás.
Recordo o presunto e o salpicão na mesa. Que maravilha! Que saudades.
Era hora de partir – mais carregados. Cebolas, ovos, “coisas da Aldeia” para os meninos da cidade.
Que bom que era – não pode voltar a ser?
Que bom que era – Não pode voltar a ser ?? Queiramos todos que sim, que volte a ser, sem mêdo, com a alegria e beleza simples das flores selvagens que se nos oferecem nos caminhos a dizer-nos em cor que caminhamos
Porque por amor tudo recomeça dizem-nos as flores do caminho
E o riso das crianças como pássaros e sinos para nos acordarem
Sempre a descer depois de Caíde de rei, Vila Meã surge depois do viaduto em pedra e das flores púrpura que cheiram muito bem na primavera… Depois vem Recezinhos e a Livração/Caldas de Canavezes, antes da travessia do Tâmega.
Vila Meã faz parte de um comboio em trânsito, da grande cidade ao Douro mais profundo, peninsular, ibérico, pedregoso e com aromas de calor.
A terra do meu pai, Oliveira, a casa mesmo ao lado da linha
E o seu apeadeiro em curva, pois claro.