A despeito de divergências, que as houve e muitas, Miguel Portas lutou pelo que eu luto. Coisas simples, como um mundo onde a igualdade entre os humanos se sobreponha à desigualdade, à humilhação e à exploração. Um planeta para os humanos e não dos financeiros. Fez política pelos outros, como muito bem se demonstra nesta intervenção, num Portugal onde a política é ocupada por canalhas e farsolas.
Miguel Portas deixou-nos. Mas enquanto cá estivermos continuamos.
Tal como o irmão
Uma grande perda para Portugal.
E não, não foi “tal como o irmão”. Foi honesto, sincero e um grande, grande democrata.
Tal como o irmão não !
Mesmo se não partilho totalmente as suas opções, não confundo tecido de seda com papel higiénico.
Miguel Portas era uma pessoa que fazia política com dignidade e não para golpadas milionárias submarinas.
Tenha paciência !
#1 Num momento em que tenho o máximo respeito pelo imenso sofrimento de Paulo Portas, que soube amar o seu irmão apesar de todas as divergências entre ambos, não posso deixar de registar que essa referência é de uma canalhice abjecta. Respeitar os sentimentos dos meus adversários não inclui esquecer os meus adversários.
Foi bem pena não ter podido tomar a direção do PCP na altura devida.
Tenho muita pena de saber que Miguel Portas partiu. É um português que faz falta a Portugal. Uma voz, forte e isenta, , a par de Ana Gomes e poucos mais, com que Portugal podia contar no PE. Era um Portas frontal, generoso e de mãos limpas.
É um momento de dor para a família Portas. Estar a comparar o Miguel com o Paulo é uma atitude baixa e provocadora. Também tenho irmãos com os quais tenho grandes divergências políticas, o que não
implicaimpede que os ame com todo o meu coração.Obrigado, Miguel, pelo teu exemplo de honestidade e de capacidade de luta!
Rui Faria, permito-me editar o seu comentário, trocando o “não implica” por “o que não impede”.
Não sabia, soube agora que abri o aventar, e estou quase em choque.
Estou aparvalhada. Abro as notícias do Google e a 1ª que vejo é: Morreu Miguel Portas.
Não sou do partido dele, mas respeito-o enquanto homem.
Neste momento, perdoem-me, mas a pessoa que me está a lembrar, é a Mãe. Pobre Helena, sempre frontal e corajosa, como irá aguentar esta perda horrível! Nem posso imaginar.
Estou triste. Portugal está mais pobre ainda.
Maria
A surpresa provocou-me um respingão cá nos interiores, pois em parte, foi-se-me fazendo “familiar” vê-lo e ouvi-lo no seguimento da política em Portugal. Veio-me à cabeça, do poema “Masa” do autor peruano César Vallejo a frase que clama: “Tanto amor y no poder nada contra la muerte”..!
Ouvia-o no Conselho Superior, programa da Antena 1. Concordava com algumas coisas, discordava de outras, como com todas as pessoas. É dos políticos que lamento que tenha ido e, para mais, tão novo.
Um exemplo de um político inteligente, honesto, combativo e culto.
De como a conversa do – os políticos são todos uma miséria, a política é porca e o não há ideologia – não é verdadeira.
não imaginava que estivesse doente. Era aquela pessoa que estávamos habituados a ver sempre, não vamos ver mais. Não o conheço bem, mas era aquela pessoa que nos acompanhava no dia a dia ou de vez em quando uma vez que estava longe, em Bruxelas, mas a gente sabia quem ele era.
Não sou da área política dele, mas dói-me e isso é que é bonito, penso eu.
Soube antes, de se saber em Portugal, por uma amiga do PE. Senti um grande desgosto e dei por mim de cara molhada pelas lágrimas que não consegui impedir. Miguel Portas, que foi muito, poderia ter sido tudo o que quisesse. Escolheu a simplicidade, a luta pelas causas em que acreditou. Escolheu, ser honesto, justo, e amável. E, tinha aquele olhar, aquele sorriso, de quem parece saber, lá no fundo de si mesmo, que partiria cedo, demais. E Portugal perdeu. Até costumo, desde que voto, votar no partido do irmão, mas era amiga do Miguel, e partilhava a sua voz. Sobretudo agora, e mais que nunca.
Compreendam a dor de Paulo Portas, e de toda a família. Sei do que falo, tenho uma irmã, mais nova, talentosa, que participa neste blog. Está, igualmente a lutar pela vida. Se alguma coisa lhe acontecer, não sei, como fico. Portanto, e mesmo que não gostem de Paulo Portas, que adorava o Miguel, respeitem-no, pelo menos agora.
Teresa Botelho Moniz
Não é
por seres
Miguel, Paulo ou João.
É só
por SERES
quando tantos não são.
Não é
pelos teus olhos,
p’lo sorriso
ou pela voz.
Não é sequer
por falares
de mim, de ti, do outro.
Não será talvez
por teres a paz
presa
no olhar.
Nem
porque pressinto
nas tuas mãos
o carinho
do arado e da flor.
Talvez
por seres
Homem,
Pai,
Irmão.
Por teres
num gesto
a pergunta
e a resposta.
Porque
te levantas
quando o mundo inteiro é curvatura.
Porque
falas
sem dizer.
E eu escuto.
Por todas
as certezas,
incertezas
e questões.
Porque morreste
homem.
Mas permaneces
Homem.
E é por isso
que se perde
ou ganha
o Mundo.
Gostava muito de ouvi-lo,da serenidade com que expunha as suas ideias e do seu Saber Estar.Sou Mãe e por esse motivo me associo a´Dor desta Mãe. Desculpem-me agora o aparte–tantos elogios a um Homem,que na verdade os merece,e ao mesmo tempo,meter tanta conversa inconveniente de política,numa hora destas!!! P. F.
.M Fatima .
Miguel Portas
Um Homem.
Um Político.
Portugal está infinitamente mais pobre! Morreu um grande político português – como há poucos. Ainda estou em estado de choque.
Falando de Miguel Portas:
Deixo-te este poema, Miguel, neste dia, porque soubeste lê-lo e porque soubeste vivê-lo. Até sempre.
Liberdade
Nos meus cadernos de escola
Nesta carteira nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome
Em toda página lida
Em toda página branca
Pedra sangue papel cinza
Escrevo teu nome
Nas imagens redouradas
Na armadura dos guerreiros
E na coroa dos reis
Escrevo teu nome
Nas jungles e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
No céu da minha infância
Escrevo teu nome
Nas maravilhas das noites
No pão branco de cada dia
Nas estações enlaçadas
Escrevo teu nome
Nos meus farrapos de azul
No tanque sol que mofou
No lago lua vivendo
Escrevo teu nome
Nas campinas do horizonte
Nas asas dos passarinhos
E no moinho das sombras
Escrevo teu nome
Em cada sopro de aurora
Na água do mar nos navios
Na serrania demente
Escrevo teu nome
Até na espuma das nuvens
No suor das tempestades
Na chuva insípida e espessa
Escrevo teu nome
Nas formas resplandecentes
Nos sinos das sete cores
E na física verdade
Escrevo teu nome
Nas veredas acordadas
E nos caminhos abertos
Nas praças que regurgitam
Escrevo teu nome
Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Em minhas casas reunidas
Escrevo teu nome
No fruto partido em dois
de meu espelho e meu quarto
Na cama concha vazia
Escrevo teu nome
Em meu cão guloso e meigo
Em suas orelhas fitas
Em sua pata canhestra
Escrevo teu nome
No trampolim desta porta
Nos objetos familiares
Na língua do fogo puro
Escrevo teu nome
Em toda carne possuída
Na fronte de meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome
Na vidraça das surpresas
Nos lábios que estão atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome
Em meus refúgios destruídos
Em meus faróis desabados
Nas paredes do meu tédio
Escrevo teu nome
Na ausência sem mais desejos
Na solidão despojada
E nas escadas da morte
Escrevo teu nome
Na saúde recobrada
No perigo dissipado
Na esperança sem memórias
Escrevo teu nome
E ao poder de uma palavra
Recomeço minha vida
Nasci pra te conhecer
E te chamar
Liberdade
Paul Eluard (1942);
tradução de Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade
Os meus sinceros pesamos à familia. Um abraço especial a sua mãe