Adeus Miguel Portas

A despeito de divergências, que as houve e muitas, Miguel Portas lutou pelo que eu luto. Coisas simples, como um mundo onde a igualdade entre os humanos se sobreponha à desigualdade, à humilhação e à exploração. Um planeta para os humanos e não dos financeiros. Fez política pelos outros, como muito bem se demonstra nesta intervenção, num Portugal  onde a política é ocupada por canalhas e farsolas.

Miguel Portas deixou-nos. Mas enquanto cá estivermos continuamos.

Comments

  1. Lutou pelos seus ideais says:

    Tal como o irmão

  2. triste says:

    Uma grande perda para Portugal.

    E não, não foi “tal como o irmão”. Foi honesto, sincero e um grande, grande democrata.

  3. Tito Lívio Santos Mota says:

    Tal como o irmão não !
    Mesmo se não partilho totalmente as suas opções, não confundo tecido de seda com papel higiénico.
    Miguel Portas era uma pessoa que fazia política com dignidade e não para golpadas milionárias submarinas.

    Tenha paciência !

  4. #1 Num momento em que tenho o máximo respeito pelo imenso sofrimento de Paulo Portas, que soube amar o seu irmão apesar de todas as divergências entre ambos, não posso deixar de registar que essa referência é de uma canalhice abjecta. Respeitar os sentimentos dos meus adversários não inclui esquecer os meus adversários.

  5. Tito Lívio Santos Mota says:

    Foi bem pena não ter podido tomar a direção do PCP na altura devida.

  6. Fernanda Leitao says:

    Tenho muita pena de saber que Miguel Portas partiu. É um português que faz falta a Portugal. Uma voz, forte e isenta, , a par de Ana Gomes e poucos mais, com que Portugal podia contar no PE. Era um Portas frontal, generoso e de mãos limpas.

  7. Rui Faria says:

    É um momento de dor para a família Portas. Estar a comparar o Miguel com o Paulo é uma atitude baixa e provocadora. Também tenho irmãos com os quais tenho grandes divergências políticas, o que não implica impede que os ame com todo o meu coração.
    Obrigado, Miguel, pelo teu exemplo de honestidade e de capacidade de luta!

  8. Rui Faria, permito-me editar o seu comentário, trocando o “não implica” por “o que não impede”.

  9. Konigvs says:

    Não sabia, soube agora que abri o aventar, e estou quase em choque.

  10. Maria says:

    Estou aparvalhada. Abro as notícias do Google e a 1ª que vejo é: Morreu Miguel Portas.
    Não sou do partido dele, mas respeito-o enquanto homem.
    Neste momento, perdoem-me, mas a pessoa que me está a lembrar, é a Mãe. Pobre Helena, sempre frontal e corajosa, como irá aguentar esta perda horrível! Nem posso imaginar.
    Estou triste. Portugal está mais pobre ainda.
    Maria

  11. alexandra says:

    A surpresa provocou-me um respingão cá nos interiores, pois em parte, foi-se-me fazendo “familiar” vê-lo e ouvi-lo no seguimento da política em Portugal. Veio-me à cabeça, do poema “Masa” do autor peruano César Vallejo a frase que clama: “Tanto amor y no poder nada contra la muerte”..!

  12. jorge fliscorno says:

    Ouvia-o no Conselho Superior, programa da Antena 1. Concordava com algumas coisas, discordava de outras, como com todas as pessoas. É dos políticos que lamento que tenha ido e, para mais, tão novo.

  13. joao says:

    Um exemplo de um político inteligente, honesto, combativo e culto.

    De como a conversa do – os políticos são todos uma miséria, a política é porca e o não há ideologia – não é verdadeira.

  14. clara says:

    não imaginava que estivesse doente. Era aquela pessoa que estávamos habituados a ver sempre, não vamos ver mais. Não o conheço bem, mas era aquela pessoa que nos acompanhava no dia a dia ou de vez em quando uma vez que estava longe, em Bruxelas, mas a gente sabia quem ele era.
    Não sou da área política dele, mas dói-me e isso é que é bonito, penso eu.

  15. Maria Teresa Botelho Moniz says:

    Soube antes, de se saber em Portugal, por uma amiga do PE. Senti um grande desgosto e dei por mim de cara molhada pelas lágrimas que não consegui impedir. Miguel Portas, que foi muito, poderia ter sido tudo o que quisesse. Escolheu a simplicidade, a luta pelas causas em que acreditou. Escolheu, ser honesto, justo, e amável. E, tinha aquele olhar, aquele sorriso, de quem parece saber, lá no fundo de si mesmo, que partiria cedo, demais. E Portugal perdeu. Até costumo, desde que voto, votar no partido do irmão, mas era amiga do Miguel, e partilhava a sua voz. Sobretudo agora, e mais que nunca.
    Compreendam a dor de Paulo Portas, e de toda a família. Sei do que falo, tenho uma irmã, mais nova, talentosa, que participa neste blog. Está, igualmente a lutar pela vida. Se alguma coisa lhe acontecer, não sei, como fico. Portanto, e mesmo que não gostem de Paulo Portas, que adorava o Miguel, respeitem-no, pelo menos agora.
    Teresa Botelho Moniz

  16. MLurdes says:

    Não é
    por seres
    Miguel, Paulo ou João.
    É só
    por SERES
    quando tantos não são.
    Não é
    pelos teus olhos,
    p’lo sorriso
    ou pela voz.
    Não é sequer
    por falares
    de mim, de ti, do outro.
    Não será talvez
    por teres a paz
    presa
    no olhar.
    Nem
    porque pressinto
    nas tuas mãos
    o carinho
    do arado e da flor.
    Talvez
    por seres
    Homem,
    Pai,
    Irmão.
    Por teres
    num gesto
    a pergunta
    e a resposta.
    Porque
    te levantas
    quando o mundo inteiro é curvatura.
    Porque
    falas
    sem dizer.
    E eu escuto.
    Por todas
    as certezas,
    incertezas
    e questões.
    Porque morreste
    homem.
    Mas permaneces
    Homem.
    E é por isso
    que se perde
    ou ganha
    o Mundo.

  17. Maria Fatima says:

    Gostava muito de ouvi-lo,da serenidade com que expunha as suas ideias e do seu Saber Estar.Sou Mãe e por esse motivo me associo a´Dor desta Mãe. Desculpem-me agora o aparte–tantos elogios a um Homem,que na verdade os merece,e ao mesmo tempo,meter tanta conversa inconveniente de política,numa hora destas!!! P. F.
    .M Fatima .

  18. almari says:

    Miguel Portas

    Um Homem.
    Um Político.

  19. Inocência Mata says:

    Portugal está infinitamente mais pobre! Morreu um grande político português – como há poucos. Ainda estou em estado de choque.

  20. José Pedro Fernandes says:

    Falando de Miguel Portas:

    Deixo-te este poema, Miguel, neste dia, porque soubeste lê-lo e porque soubeste vivê-lo. Até sempre.

    Liberdade

    Nos meus cadernos de escola
    Nesta carteira nas árvores
    Nas areias e na neve
    Escrevo teu nome

    Em toda página lida
    Em toda página branca
    Pedra sangue papel cinza
    Escrevo teu nome

    Nas imagens redouradas
    Na armadura dos guerreiros
    E na coroa dos reis
    Escrevo teu nome

    Nas jungles e no deserto
    Nos ninhos e nas giestas
    No céu da minha infância
    Escrevo teu nome

    Nas maravilhas das noites
    No pão branco de cada dia
    Nas estações enlaçadas
    Escrevo teu nome

    Nos meus farrapos de azul
    No tanque sol que mofou
    No lago lua vivendo
    Escrevo teu nome

    Nas campinas do horizonte
    Nas asas dos passarinhos
    E no moinho das sombras
    Escrevo teu nome

    Em cada sopro de aurora
    Na água do mar nos navios
    Na serrania demente
    Escrevo teu nome

    Até na espuma das nuvens
    No suor das tempestades
    Na chuva insípida e espessa
    Escrevo teu nome

    Nas formas resplandecentes
    Nos sinos das sete cores
    E na física verdade
    Escrevo teu nome

    Nas veredas acordadas
    E nos caminhos abertos
    Nas praças que regurgitam
    Escrevo teu nome

    Na lâmpada que se acende
    Na lâmpada que se apaga
    Em minhas casas reunidas
    Escrevo teu nome

    No fruto partido em dois
    de meu espelho e meu quarto
    Na cama concha vazia
    Escrevo teu nome

    Em meu cão guloso e meigo
    Em suas orelhas fitas
    Em sua pata canhestra
    Escrevo teu nome

    No trampolim desta porta
    Nos objetos familiares
    Na língua do fogo puro
    Escrevo teu nome

    Em toda carne possuída
    Na fronte de meus amigos
    Em cada mão que se estende
    Escrevo teu nome

    Na vidraça das surpresas
    Nos lábios que estão atentos
    Bem acima do silêncio
    Escrevo teu nome

    Em meus refúgios destruídos
    Em meus faróis desabados
    Nas paredes do meu tédio
    Escrevo teu nome

    Na ausência sem mais desejos
    Na solidão despojada
    E nas escadas da morte
    Escrevo teu nome

    Na saúde recobrada
    No perigo dissipado
    Na esperança sem memórias
    Escrevo teu nome

    E ao poder de uma palavra
    Recomeço minha vida
    Nasci pra te conhecer
    E te chamar

    Liberdade

    Paul Eluard (1942);
    tradução de Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade

  21. Céu says:

    Os meus sinceros pesamos à familia. Um abraço especial a sua mãe

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