Nós não fazemos mas vocês também não

“Funcionários da Câmara do Porto iniciaram hoje, às 8h, os trabalhos para entaipar as entradas da escola, de onde foi retirado diverso material, como portas ou sanitas das casas de banho.

O objectivo é impedir a reocupação das instalações pelos activistas do coletivo Es.Col.A, que agendaram para esta quinta-feira à tarde, às 18h30, uma assembleia geral para decidir o que fazer depois da intervenção da Câmara do Porto.

Desta vez, a intervenção da autarquia foi mais radical e incluiu a colocação de tijolos e a destruição das infra-estruturas essenciais à continuidade do projecto Es.Col.A, avança a Lusa.” via porto 24

Algumas razões porque acho que a CMP tem dois pesos e duas medidas mais em baixo.

1 – A Câmara Municipal do Porto diz que a es.col.a da Fontinha sofreu uma ocupação abusiva e “selvagem”. O que eu vi quando lá fui (não foram muitas é certo, 2 vezes apenas) foi uma escola que estava abandonada e que passou a ser utilizada. Vi uma pequena biblioteca, uma sala de computadores e uma sala para as crianças brincarem. Quantas vezes é que Rui Rio ou a vereadora Gulhermina Rego viram isto? Acho que nenhuma.

2 – Na Assembleia Municipal do Porto só se podem inscrever cerca de 20 pessoas, que só podem participar (normalmente já depois da meia noite) depois de todos os deputados e eventualmente o executivo terem falado e (muitas vezes) terem-se ido embora. Quem não tiver a possibilidade de ir não poderá saber o que lá foi dito pois as atas das reuniões não estão acessíveis à população. Nas assembleias da Fontinha qualquer um pode pode participar e o resumo detalhado da reunião pode ser consultado facilmente e livremente no site.

3 – Nas assembleias da es.col.a, como na Organização Mundial do Comércio, as decisões são tomadas por consenso. Na Assembleia Municipal do Porto as decisões são desempatadas sempre para o mesmo lado pelo voto de qualidade do seu presidente.

4 – A CMP diz que as atividades da es.col.a eram não tipificadas, mais ou menos como o enriquecimento ilícito não está tipificado. No entanto no blog da es.col.a é facilmente identificado todo o tipo de projectos que era levado a cabo nesse local.

5 – Depois de já estar implantada a es.col.a, a CMP referiu a existência de um projecto social para essa zona, projecto que ainda não detalhou, cujo promotor se desconhece (imaginando que não vai ser a própria CMP) e que ela própria ainda não sabe quando irá iniciar.

6 – Finalmente, a CMP diz que o a es.col.a não quis pagar 30€/mês e a es.col.a diz que a associação que constituiu (“obrigada” pela CMP) não foi formalmente notificada disso. Imaginem em quem é que eu acredito mais…

Comments

  1. O mais triste deste processo é a necessidade do Rui Rio de mandar expulsar alguns jovens da Es.Col.A para se afirmar como autoridade, ou compensar partes anatómicas em falta ou inadequadas, quem sabe?…

  2. Pedro Masacrenhas says:

    È absolutamente Lamentável a posição da CMP neste processo, com tanto por fazer, e tanto a fazer mal ao Porto, fazem desta Escola um mau exemplo de gestão camarária. Tinha o Sr. Rio em melhor consideração, mas agora não passa de mais Um, daqueles politicos a milhas das necessidades reais das populações. Desejo o Melhor a toda a Malta Boa da Es.co.la da Fontinha

  3. Cidadão says:

    Eu gosto sempre de ver as coisas de todos os ângulos possíveis sempre que posso.
    A conclusão a que cheguei foi que certos indivíduos ocuparam um espaço com o pretexto de o transformar em algo que não é para que possam ter onde ficar sem se responsabilizarem com os seus deveres. Dito isto todos nós temos direitos também, mas não os devemos colocar acima de tudo e todos. O balanço é fundamental.
    Eu gostava muito de voltar a ver toda esta solidariedade para com aqueles que estão a dormir nas ruas todos os dias e que passam fome na cidade do Porto. Gostava muito de ver a CMP a usar este ou outro espaço para fazer algo de bom, mas para todos os que realmente precisam.

Trackbacks

  1. […] poli­cial. Hoje, actuou pela calada. Como se explica no Aven­tar, é caso para dizer “nem fode, nem sai de cima”. […]

  2. […] no Aventar, April 26, 2012 at 01:05PM Partilhe:Gostar disto:GostoBe the first to like this […]

  3. […] a actuação policial. Hoje, actuou pela calada. Como se explica no Aventar, é caso para dizer “não fode, nem sai de cima”. […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading