Há dias assim. E muitos dias assim, fazem muitas semanas assim! E com dias e semanas assim tudo fica assim assim. Ou antes pelo contrário.
A educação familiar trouxe-me a religião, a burocracia formal de um espaço social com muito pouco sentido. Uma coisa entre o chato e o bulorento. A igreja e não a família, claro.
Depois a idade trouxe leituras e conversas, reflexões, angústias e dúvidas. Viajei com a ciência até ao momento em que tudo começou, mas fica sempre a faltar o antes disso.
Sempre em cima do muro, entre o acreditar e o não acreditar, entre o querer acreditar e o querer desistir. A Céu pensou sobre isto há umas horas.
Pela razão ou pela emoção não cheguei lá. Mas quero chegar.
Mas está complicado – nos últimos dias tenho notado que ele anda particularmente distraído. Será que se eu falar com ele, ele me vai ouvir?
Tem?
E a existir, falta a prova de que se preocupa minimamente.
Será mesmo que Deus anda de facto distraído ?? E não será que andamos a pedir-lhe e esperar a sua “mãozinha”, em vez de nos interrogarmos a nós mesmos os homens, feitos “à imagem e semelhança de Deus” e ao que não fazemos e pensamos e meditamos atirando para “ele” o que desistimos de interrogar-nos ??? Se Deus existe ou não não me parece que aja como e quando lhe apeteça em função das novas e nossas conveniências e inconsciências ??
É dos temas que entretêm a humanidade, aquele que menos interessa, porque tem solução, as pessoas morrem e logo tiram as teimas.
Caro táxi pluvioso, essa sua frase “as pessoas morrem e tiram logo as teimas” está exactamente ao mesmo nível dogmático da existência de deus: não se conhece uma e outro, no entanto afirma-se o contrário! Quem acredita em deus não consegue provar a sua existência, e quem acha que a morte é a aniquilação total não consegue dela regressar para o provar! E vice-versa, claro.
Quando lá chegar verá que não é dogmática. Os sim, os não, ou os prudentes como Voltaire, obtêm a resposta a essa premente questão da humanidade (a questão: Deus existe? e não a outra: quando são as próximas promoções do Pingo Doce?) 🙂
Pois claro! E até regresso do além para lhe dizer que afinal tem razão! ;
Queria pôr uma “carinha” e apareceu o ponto e vírgula!
Aqui vai uma “carinha” sorridente já que não sei como pôr uma a “piscar o olho”!
🙂
Não resta ao Semeador senão amar a Seara, que somos nós, João Paulo. A Arte sábia de viver consiste em Esperar, Amar e Acreditar, enquanto a Seara enlourece.
Pessoalmente estou certo de que não o vai ouvir, por mais que o meu amigo se esforce. Não é fácil libertarmo-nos de toda uma estruturação e das consequências de uma “educação” religiosa. Por vezes torna-se penoso e sangrento arrancar as grilhetas com que a igreja aprisionou a nossa liberdade mental e física desde a infância, mas quando as arrancamos, penso que não há maior felicidade na vida. O verdadeiro encontro com a nossa identidade, responsabilidade e liberdade é algo que não tem preço, porque constitui o mais poderoso detergente contra o obscurantismo e contra as agressões à nossa sanidade mental.
E se “ele” ouvisse ao João Paulo? Porquê no exercício todo-poderoso da sua bondade havería de ser surdo a multidões desesperadas e propiciar beneficiários particulares a quem seja? Esta conversa leva-me a referências ligadas a milagres, santos, beatas….um dia, trouxe para casa um tríptico de Alexandrina da Costa pelo impacto que me causou. A dia de hoje, cresce-me no pensamento como a Igreja Católica tem sido mesmo capaz de explorar a tragédia, para os seus fins. Ainda a estas alturas da vida, pude perceber a carga ideológica que leva esse triptíco sobre Alexandrina da Costa, como se atira da janela para “preservar a sua pureza”, “defender a sua virgindade”, e longos etcs…não escapa da indefensa situação de 3 desalmados violadores, senão que se atira em defensa da sua pureza. Pode até dar lugar a maus entendidos, de que escapa duma tão só possível tentação (puaf) de perder a sua pureza, não do martírio em si de sofrer algo tão brutal como uma violação. E tudo isto com 14 anos………………
Bom… parece que estamos a entrar numa temática bem complicada, onde as certezas são poucas, as angústias e as interrogações muitas… Creio que é também uma daquelas coisas em que cada um tem que fazer o seu caminho, ouvindo, lendo, digerindo a informação que recebe, criando conhecimento, capacidade crítica… E quem sabe um dia tudo se torna mais claro. Mas, DEUS, a existir, não deveria ser algo de bom, de positivo ou pelo menos de justo? A pergunta clássica: porque sofrem os mais pequenos? Porque vivem os maus e partem os bons?
JP
E porque deixa a entidade divina que tanto mal se faça em seu nome?
“Da discussão nasce a luz”,mas é preciso manter o nível da energia estável.