Obscura, leviana e arrogante

Recomendo a leitura deste artigo a todos aqueles que elogiam o Acordo Ortográfico de 1990.

O presidente da Associação Portuguesa de Escritores lembra os erros de natureza técnica e chama a atenção para o “risco de uma perigosa deriva da língua”.

Por seu turno, o presidente da Sociedade Portuguesa de Autores recorda a “forma obscura, leviana e arrogante” como o processo AO90 foi conduzido.

José Manuel Mendes e José Jorge Letria estão obviamente de parabéns. Não é todos os dias que a verdade é dita de forma tão clara.

Nota: no artigo mencionado, as pseudo-palavras *adotar, *detetam, *adoção” e *ativos correspondem, respectiva e correctamente, às palavras portuguesas adoptar, detectam, adopção e activos. Repito: adoptar, detectam, adopção e activos.

Comments

  1. O Letria andou tão ocupado a louvar a Canavilhas que ainda nem tinha dado pelo aborto do AO. Abençoados governos de direita, ao menos deixam muita gente voltar a ver, ouvir e falar.

    • não têm que ser governos de direita nem de esquerda, basta as pessoas com poder de decisão não serem estupidas!
      Também não vejo preocupação em dar solução aos problemas identificados no Acordo, pois só estamos a perder tempo…

  2. maria celeste ramos says:

    Francisco José Viegas teria escrito o seu último livro com ou sem “Acordo” ?? Tanto me faz – não o lerei jamé – e se já nem os mais responsáveis se vão calan é possível já que as grandes decisões demoram tanto tamto nestas situações ou mesmo na justiça que se vai protelando, esquecendo e há mesmo quem morra antes da sentença – é u país de molenga excepto em matara agricultura + aumentar impostos e retirar o conforto de viver nem que seja num parque por abandono e desmazelo no seu tratamento – ou nas ruas – ou no limpar de lixos ou ou ou !! ooooouuuuuuu – e os velhos já nem paciência têm – nem eu

  3. MAGRIÇO says:

    Lembrei-me agora que tenho uma dúvida que me assalta há já algum tempo: embora me recuse a adoptar o AO, gostaria de saber se o “p” de “óptico” também cai neste disparatado acordo. Se sim, quando me aparecer a palavra fico sem saber se se refere à visão se à audição…

  4. Jorge Mendonça says:

    Magriço, veja no oitavo parágrafo deste artigo do autor: http://fmvalada.blogs.sapo.pt/2407.html

  5. MAGRIÇO says:

    Obrigado, Jorge Mendonça. Estou esclarecido, e mais longe de estar convencido…

  6. J.Silva says:

    Num país tradicionalmente conservador e clientelar, sempre que há mudanças no sentido do alargamento e da quebra de barreiras os mais incompetentes e instalados, queixam-se, berram, e exigem a reposição da gamela, mesmo que a gamela continue debaixo do queixo e cheia.

    Os maus profissionais têm sempre medo da mudança, mesmo que não tenham razões para a, temer, mas a consciência das incompetências e insuficiências próprias fala mais alto. No caso do AO, os maus tradutores e os mais editores andam em pânico. A partir daqui, basta puxar pela ignorância, pela xenofobia e pela tamanquice, que nenhuma delas escasseia em Portugal, e sempre se obterá ressonância para as alarvidades antiAO.

    Quando um “escritor” se mostra preocupado com a “deriva da língua” por causa do AO, melhor fora que se preocupasse com escritores que escrevem sem maiúsculas ou sem vírgulas, neste caso para disfarçar inabilidades próprias disfarçadas de modernidade.

    A nova geração falará de modo diferente da atual? Com certeza que sim, basta perceber que a geração atual fala de modo diferente da geração passada. É normal, acontece em qualquer língua, não depende de AO, e nenhum de nós tem nada a ver com isso.

    Eu não aceito prestar contas ao meu pai ou avô por falar de forma notoriamente diferente da deles, pelo que também não pretendendo que os mais novos falem da forma como fala a geração atual.

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