Nem palmas, nem assobios – é o desespero de ver os colegas despedidos

Meu caro Paulo, não se trata de ter ou não aplausos.

Move-me apenas um sentimento horrível de olhar para o lado e perceber que uma geração de professores, muitos, com anos e anos de experiência, está a caminho do desemprego.

Furar o silêncio é o único objetivo, escrever no aventar uma das ferramentas para o fazer.

Não procurei errar, mas pode ter acontecido, nem tão pouco ser demagógico. Mas, se me permitires o contraditório, aqui vai:

O Despacho de organização do ano letivo do MEC tem alguns méritos, a eles irei, a seu tempo. Mas não é certamente a capacidade de aumentar o número de docentes nas escolas, certo?

Vamos a um exercício prático.

– Na minha escola há 26 turmas do 2º ciclo, que vão ter 2 tempos de 45 minutos de Educação Visual. Para um professor ficar com horário completo teria que trabalhar com 11 turmas.

Como o MEC coloca o nosso horário em blocos de 50 minutos, podemos trabalhar 1100 minutos no total, ou seja podemos trabalhar até 12 turmas (1100/90=12,2).

Síntese:

Para ter horário completo, antes um professor, tinha que ter 11 turmas.

Agora, para ter um horário completo, vai ter 12 turmas.

Logo, em cada onze turmas, haverá um professor a menos, porque ao acrescentar uma turma a cada um destes 11, teremos um défice final de um horário completo (dos atuais). Nas “contas novas” para 24 tempos, só com doze turmas é que isso vai acontecer.

Certo? Errado?

Comments

  1. paulo costa says:

    Bom, caro Paulo, pelo menos não “acreditas piamente” no Pai Natal”. Parece-me perfeitamente lógico o teu raciocínio.

  2. João Paulo, para o bem e o mal, no teu raciocínio, usas dados parcelares, não contas com outras variáveis existentes no documento (bem complexas, por acaso) e raciocinas na base do “na minha escola vão usar blocos de 45 minutos) e depois não há mais nada.

    Se leres bem… os directores têm a capacidade de usar até 100 minutos dos horários dos professores para outras coisas que não ter turmas.

    Tudo é mais complexo do que um “sentimento horrível”.

    Há que ir mais longe, desmontando mais do que uma das variáveis.

    Quase te esqueces que, por exemplo no grupo de EVT, grande parte dos professores não tem 1100 minutos de componente lectiva…

  3. João Paulo says:

    Oi, e eu a pensar que era o único Paulo sem sono em dia feriado. Afinal há pelo menos mais dois.
    PG: fui buscar um exemplo, que é só isso, um exemplo. Há outras variáveis? Sim, claro. Há uma que associa mais crédito a melhores resultados, por exemplo.
    Quando fui buscar a divisão em 45 minutos foi a pensar na sugestão do MEC na 3ª versão da matriz curricular, que aponta, para aulas de 45 minutos. Se há possibilidade de dividir em 50, é verdade, mas não me parece que vá ser por aí o caminho, até para fazer horários.
    E o exemplo de EVT foi só por economia de tempo, por serem 2 tempos e ser mais fácil fazer as contas.
    Mas, o essencial, penso que é correcto: ao passar de 45 minutos para 50 vamos perder horários.
    Digamos que estamos os dois em cima do muro das dúvidas: eu a cair para o lado do aumento do desemprego, tu, mais firme em cima do muro, ainda a ver para onde vais cair. Aliás, eu acho que já me estiquei ao comprido do lado dos que vê uma miséria neste Despacho.
    Como eu gostaria que tu estivesses certo e eu errado.
    JP

  4. eyelash says:

    Olá
    ainda não consegui introduzir todas as variáveis previstas no despacho, mas parece-me que o problema não está nos 45 ou nos 50, mas sim nos 1100 minutos, que passam a constituir uma obrigatoriedade para um horário de 22 horas e a correspondente proporcionalidade para as reduções previstas no ECD. Estes 1100 irão conduzir, praticamente em todas as situações a um aumento da carga horária de um professor independentemente da escolha que a escola fizer.

  5. Um aumento da carga horária e uma diminuição da retribuição pelo mesma… um roubo descarado!

  6. vitor monteiro says:

    e evidente que ps psd e cds tem que fazer isto para privatizarem
    e colocarem a educaçao ao serviço do lucro do capital .e isso que esta no tratado de lisboa
    .so a luta de pais,alunos e prof. a começar no proximo sab.dia 9 na boavista as 14h30 pode travar na manif. da cgtp contra o regresso ao fascismo que ps,psd e cds nos querem voltar a levar

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