O dia do euro

Hoje há eleições na Grécia e jogo de futebol que decide a continuação da equipa portuguesa no campeonato. Dois euros, duas realidades. Suspeito que os portugueses saibam sobre a segunda do que a primeira.

Ouvi Louçã falar com um entusiasmo que, por momentos, me pareceu que era ele quem ia a votos com a SYRIZA. Desconheço se se terá tornado militante dessa coligação grega, dada a notícia de que ele participaria na elaboração do programa do SYRIZA. Porquê todo este entusiasmo? Porque o BE se colou à ascensão da Coligação da Esquerda Radical, logo desde o primeiro momento, e assim espera obter dividendos eleitorais de um bom resultado alheio. Já tivemos eleições americanas que pareciam nossas (Obama),  participações em campanhas eleitorais alheias (Sócrates em Espanha e Seguro com Holland) e agora temos o passo seguinte. O decurso natural do que, desde há anos que, por cá se faz, procurando uma centelha de reconhecimento no estrangeiro.

Independentemente da gestão política de cada um, o dia de hoje será, de facto, marcante. Caso ganhe a SYRIZA, manterá o governo que daí sair as suas promessas eleitorais? E mantendo-as, como conseguirá renovar os empréstimos de que a Grécia precisa para que possa manter a sua actividade básica? Onde irá buscar dinheiro para pagar os compromissos com aqueles que dependem do estado?

Os juros dos empréstimos concedidos à Grécia, tal como os que estamos a pagar em Portugal, são escandalosos, e uma renegociação faz sentido. O problema está numa realidade muito simples. Quem contraiu empréstimos fê-lo com uma tal dimensão que ficou sem margem de manobra. A independência não se perdeu, nem na Grécia nem em Portugal, quando as troikas chegaram. Foi quando o limite de endividamento atingiu tal nível que começou a ser necessário pedir novos empréstimos simplesmente para pagar os juros dos empréstimos anteriores. Este patamar aconteceu bem antes do ponto de roptura ter culminado com o pedido de socorro.

E há o outro euro, o do futebol. Tal como no da moeda, os países dependem uns dos outros. Uns ganharão, outros não. No da moeda, por outro lado, todos poderão ganhar desde que alguns percam. É aqui que a porca torce o rabo. Alguns países conseguiram crescer porque tiveram um mercado interno, a Europa, para o fazer. Outros aceitaram milhões de milhões de euros para que se tornassem, sobretudo,  mercados consumidores. Este mercado, como está, tem que ser revisto para que todos ganhem. É preciso que a Europa funcione como um todo e impondo regras aos que competem actualmente no mercado europeu graças ao dumping social e ambiental. Devido à descentralização da produção, uma posição destas terá impacto nas economias europeias mais fortes. Mas sem ela, mesmo as economias mais fortes, mais cedo ou mais tarde, acabarão por sofrer do mesmo mal das restantes. Nenhuma economia conseguirá competir durante muito tempo com quem não tem as preocupações que a Europa tem.

Logo à noite saberemos um pouco mais do nosso rumo. Se tudo continua como até agora ou se navegaremos em águas desconhecidas. Aguardemos um pouco mais, então.

Comments

  1. maria celeste ramos says:

    ontem não foi muito bonito e um só homem
    ter de fzer que 11 não fizeram aé dá
    vontade ir para casa

  2. Concordo com a 2º parte do teu comentário. Quanto à primeira interessa-me pouco o que Louça estará a tentar fazer…

    O que eu acho é que esta crise deve resolver-se dentro da Europa e supranacionalmente e uma vez que o Parlament Europeu (e os seus grupos) tem (infelizmente) pouca importância, deve haver um alinhamento europeu dos partidos.

    Penso que uma das poucas coisas que Seguro está a fazer bem é em tentar alinhar o PS dentro de uma linha Europeia ( e muitas das suas propostas antecipam propostas do PS Europeu). Deve continuar assim, é uma boa estratégia (mesmo que não se concorde com o PS Europeu).

    Clarifica as coisas e dá-nso uma perspectiva Europeia. O Bloco e O PCP tb devem fazer o mesmo (já os outros, o alinhamento é feito sob o cifrão…)

  3. Quanto a bola nada,mesmo nada.
    Quanto ao IV reich,ele aí está,sem vergonha nem rebuço.
    Scandal! Germany’s Financial Times Calls Greeks to Vote for ND

    Também serve de link para ver a notícia e os comentários.

    Abraço,
    mário

  4. Møller–Plesset perturbation theory says:

    ó home perdã cornúpeto tás atrasado 10 anos o dia do eurro já foy….

    quanto muito é o dia em que o marco gritou

    eu entre o marco e a heidi…sempre achei que o dólar do mickey mouse era mais seguro como moeda falsa

  5. Møller–Plesset perturbation theory says:

    com tanta gentinha a comprar notas de dólar e dívida alemã
    se calhar o pessoal com interneta votava em synapismos,,,,,,quem tem guito que é fazer novelos é humane…
    bate na gaija alemã e põe a gaija a render pá…
    o grego cá da casa é que a sabe toda
    é afinfar-lhe quela cospe o guito….
    somos gregos ou nã somos….as gaijas que se …

Trackbacks

  1. […] a Mário Martins pela chamada de atenção Filed Under: vária « O dia […]

  2. […] de novo e, talvez então, cheguem novas eleições e, com elas, a hora de governar. Nessa altura as questões da solução colocar-se-ão novamente. Filed Under: política internacional Tagged With: Grécia, nova […]

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