Henrique Raposo, a direita salta-pocinhas

Este texto de Henrique Raposo constitui mais um momento de delírio de uma certa direita não-pensante.

Se eu fosse completamente acéfalo, descobriria, em primeiro lugar, que a recuperação dos impropriamente chamados subsídios de férias e de Natal depende de os funcionários públicos aceitarem a necessidade de que é importante separar “o trigo do joio da Administração Pública.” Se é assim, exijo a reposição dos meus subsídios, uma vez que reconheço essa necessidade. Diante desta declaração pública, espero ver um acrescento substancial na minha conta bancária, no máximo, até amanhã.

Para explicar aos que considera ignaros, dá o exemplo dos gastos supérfluos do concelho do Alandroal como um dos motivos para que os funcionários públicos tenham sofrido os cortes que sofreram. Curiosamente, apesar de apresentar alguns números, Raposo limita-se a fazer perguntas, não tendo a certeza de que o referido concelho tenha, efectivamente, funcionários a mais. Não acredito que um governo responsável se limitasse a cortar sem ter a certeza de que esse corte era necessário. Recuso-me a acreditar que um responsável político pudesse pensar qualquer coisa como “Bem, se calhar, há alguns municípios que têm funcionários a mais e, diante dessa probabilidade, não vamos estudar o assunto e vamos cortar os salários dos funcionários públicos.”

No último parágrafo, a loucura de Raposo chega ao ponto de dizer que a compra de casas e os próprios subsídios de férias dependia de dinheiro pedido ao estrangeiro. Nem uma palavrinha para os muitos dislates de vários governos que desperdiçaram subsídios europeus, destruíram tecido produtivo, inventaram parcerias públicas de interesse privado ou tiraram dos impostos para dar bancos que faliram por má gestão. A culpa é, evidentemente, dos funcionários públicos e não de quem anda, há anos, a servir-se do Estado.

Felizes os pobres de espírito, que deles será o governo do país.

Comments

  1. Concordo completamente… Acrescentaria ainda um adjetivo que convém começar a usar-se na designação dos atributos desta governação: o da incompetência. Os tipos ainda não “toparam” que sempre que cortam os rendimentos ao “cidadão”, estão a disseminar desastre… Quem não ganha, não desconta e compra menos. A economia definha, emagrece, morre… É o que eles tem conseguido fazer. E depois, qual surpresa, ontem, o aflito Gaspar estava desolado com a perspetiva de incumprimento dos objetivos do défice…
    Entretanto, e como “não há dinheiro” (outra das patranhas que conseguiram fazer assimilar pela opinião pública), dão-se ao luxo de “comprar Microsoft” (http://aventar.eu/2012/06/21/ajudai-a-microsoft-e-vosso-sera-o-reino-da-divida-publica/) e andar de BMW. Talvez fosse mais estimulante para o país que os governantes trocassem a limusina preta oficial por um bem equipado e imensamente mais barato monovolume feito em Portugal… Mas como a falta de criatividade é o “nome do meio” deste governo – a par com a anterior referida incompetência, e mesmo ao lado da ausência de escrúpulos -, não devem ter pensado nisto… Estes exemplos “demagógicos” são apenas isso mesmo…

  2. Silvério Coutinho says:

    HR é mais um sarrafo fascista socratino do Expresso.

  3. Concordando plenamente com a separação do trigo e do joio, mas com um pouco mais de atenção verá que o Henrique até é capaz de falar e muito sobre os tais dislates que fala! Tendo particular embirração com duas conhecidas personagens como Paulo Campos e o Jorge Coelho…
    Já agora sobre o trigo e o joio…

    http://expresso.sapo.pt/refundar-o-estado-parte-344=f611980

    “Sim, os cortes na função pública serão injustos para muita gente. Sim, muitos funcionários públicos, do polícia ao médico, não mereciam esta sorte. Mas este corte cego apareceu no horizonte, porque nunca houve coragem para separar o trigo do joio. Ou seja, os ministérios nunca separaram os ‘indispensáveis’ dos ‘dispensáveis’.”

    Ainda que o Henrique Raposo tenha por vezes um discurso que nem sempre acerta em cheio no alvo, não é certamente por esse ponto que a argumentação sobre este “delírio” ganha pontos, ao omitir (por desconhecimento ou outro) as públicas opiniões do mesmo sobre esses assuntos,

    Mas pronto, todos damos os nossos tiros ao lado…

    • António Fernando Nabais says:

      Continuamos sem saber demasiado sobre a dívida pública, continuamos sem ver os contratos das PPP, entre muitas outras coisas. Para além disso, não há verdadeiros estudos sobre o que está a mais ou a menos na Função Pública, como continua a não haver um sistema de avaliação eficaz dos funcionários públicos. Na Educação, acumulam-se as medidas ruinosas, ao mesmo tempo que continua a injectar-se dinheiro na banca. Mais: os funcionários públicos têm sofrido cortes de todo o tipo, incluindo roubos no salário e congelamento das carreiras, para além de terem sido, a maior parte das vezes, aumentados abaixo da inflação. Portanto, por muitos incompetentes e calaceiros que haja na função pública, é preciso ter muita lata para escrever aquilo que Henrique Raposo escreveu.

  4. maria celeste ramos says:

    Interessante – o constante ataque ao FP e quase exclusivamente – a que tipo e categoria de FP ?? e os aumentos dos fp quando avia era 50% ou menos da inflação ate´2000 em que nada de aumento — até que HOJe desaparceu da canta da CGD onde recebo – desaparceu o subsídio de férias e em nov desaparecerá o de natal
    Afinal desde pelo menos 1995, a perda de vencimentoa dos FP (normais) é de 40% – que se saiba pois se algum “independente” e fp ou da privada nem sequer EXISTE se queixer um papel a atestar oficialmente não importa o quê e que não será passado pela PRIVADA e não ser que tudo passe a passar (desculpem o propositado mau português) a ser PRIVADO e que até tenham direito de entrar na minha porta para se certificarem de que “não dou parrada” nos filhos – e netos – Esse senhor HR não sei quem é nem me interessa – é com certeza clandestino ou não tem B.I. nem cartão de cidadão a não ser que tenha esses doc de identificação feitos por alguma empreda PPP ou mesmo TODA privada – há cada anormal em portugal que pena não serrem esses a ir embora para o raio que os parta e larguem isto onde nasceram mal – talvez de inseminação artificial – não sei – hoje estou mal disposta e com vontade de “malhar” nos idiotas que proliferam desde o governo à AR aos partidos e etc – o trigo e o joio – o trigo não tem grão porque não “chveu” e a ministra não rezou o suficiente e o JOIO passou a ser palnta invasora como as acácias – as tais que danificam os ecossistemas mas que a DGTurismo do tempo de “inteligentes” usavão como imagem de propaganda turistica (tipo sni) de AVRIL au Portugal até que alguém lhes disse que parecia mal usar imagem de uma “invasora” +++++++++++++++ etc – já nem a instrução primária funciona – cratizou-se também – é melhor ver a SIC – 05H-27 junho – o Delta do Niger, não sei se é o 7º maior produtor de petróleo do mundo onde as empresas (e países) predadores das riquezas naturais do mundo, exploram petróleo e deixam a população que vive com menos de um dollar por dia – pois é sr HR – como no Equador onde nem há uma gota de água potável limpa porque a EXXON e a TOTAL retiram o crude e deixam os DEJECTOS além de cultivarem em monocultura onde podem mesmo na ásia – a palmeira do azeite para produção de “óleo” precioso para a doçaria SUISSA para o sr HR oferecer no natal e deixar o deserto nas florestas onde havia vida e gente e animais que não há em mais parte nenhuma para os HR terem conta na suissa além dos chocolates – estou com um ataque de raiva – tenho de ir ao “veterinário”

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  1. […] do grande Henrique Raposo, que só por si justifica uma campanha americana. Mentiroso, pobre de espírito, idiota, já sabíamos. Agora esta do pretinho revela uma componente sexual que Freud talvez […]

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