As lágrimas do Euro 2012

O Euro 2012 tem dado que falar, mesmo depois do derradeiro jogo.

Muito se chorou nos estádios onde decorreu. Dentro e fora do campo foram derramadas lágrimas por derrota, vitória, orgulho, etc.

O outro lado do Euro 2012…

É caso para dizer que há lágrimas e lágrimas: elas não são todas iguais, embora o poema de António Gedeão diga que todas são, sem distinção, constituídas de “água (quase tudo) e cloreto de sódio”!! Há que respeitar quem chora, por que chora e o momento em que o faz, involuntariamente, espontaneamente, no meio da multidão e sem esperar ser filmado!

Que o diga a adepta alemã cujas lágrimas de orgulho e felicidade pela sua seleção foram interpretadas e manipuladas erradamente.

As suas “lágrimas foram choradas na execução do hino alemão, antes de a bola rolar, e que a realização televisiva da UEFA tinha gravado, descomposto e diferido a realidade para o final do jogo”. Mas foram usadas para ilustrar a derrota da Alemanha contra a Itália. Ela não gostou da brincadeira e, com razão, vai processar a UEFA. Isso não se faz! O outro lado da UEFA…

Apetece-me acabar este post dizendo aos fotógrafos e aos operadores de câmara: as lágrimas não são para se registarem. Talvez o riso… não sei… Mas as lágrimas são só para quem as chora. Por que as evitamos, disfarçamos, escondemos, negamos? Por que há tantos e tantas que não vemos chorar em público ou à frente de outros? Porque é coisa muito íntima.

Há muito que se lhe diga para se deixar cair (ou não deixar cair) uma lágrima!

Comments

  1. ” … as lágrimas são só para quem as chora.” “Porque é coisa muito íntima.”

    Cara Céu, palavras feitas poesia! Lindas!

    Permita-me que lhe dedique estas:

    Às vezes são alegria essas lágrimas que nascem espontâneas, puras,
    Como se exultassem sem razão, só porque sim…

    Outras vezes são tristeza, o espelho de uma dor sentida,
    E correm, áridas, duras, mutilando o próprio coração, só porque sim…

    Às vezes é só uma lágrima fugidia, centelha pressentida
    De um mundo maior…
    E outras vezes é apenas uma lágrima fria transportando, furtiva,
    Todo o estigma de uma infindável dor…

    Às vezes são lágrimas como rios correndo em busca do mar,
    Da liberdade que pressentem e querem abraçar…
    Outras vezes são apenas águas paradas
    Aquietadas por ventos que teimam em não soprar…

    Tantas e tão diversas são as lágrimas que habitam a alma do poeta,
    Esteja ela árida, deserta,
    Plena, fecunda e desperta,
    Absorta, hibernante ou inerte…

    Em cada lágrima vertida fenece a ilusão, morre a mentira…
    E de uma maneira sempre nova, quiçá indefinida,
    Irrompe, inequívoca, a própria vida…

  2. maria celeste ramos says:

    Que bonito ler palavras bonitas usadas de forma bonita mesmo que para falar de coisas que podem ser tristes . Já alguém ouviu falar de quem de tanto chorar ficou sem sacos lacrimais que rebentaram de dor de tanto chorar mesmo sem lágrimas

  3. metalurge says:

    E as lágrimas de felicidade? Se calhar a adepta alemã estava a chorar de felicidade ao ouvir o seu hino. Ou não nos acontece quando ouvimos o nosso?… já que é o que nos resta… qualquer dia também o tiram e passamos a ouvir o hino alemão… e ficamos todos a chorar.

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