Noutros tempos era uma bica e um bagaço, para inebriar. Agora, é a bica e uma factura, o que também produz êxtase a qualquer amante de Kafka. Há um detalhe que me escapa neste avanço governamental. Porque é que se opta pelo aumento da complexidade papelárica em vez se simplificar? Vem isto a propósito deste dual conceito talão de caixa/factura, tão contrário ao declarado objectivo objectivo de se reduzir a economia paralela. Para contextualizar, vou contar um episódio que vivi.
Certa vez, numa deslocação de trabalho ao estrangeiro, pedi uma factura do almoço com o fim ser reembolsado pela minha empresa. A empregada, sem perceber, perguntou-me “mas quer que agrafe a uma folha maior?” Referia-se a agrafar o talão de caixa com a conta e no qual se lia, além da despesa, Augustiner-Keller, Arnulfstrasse 52, 80335 München, UstID: DE 223977082. Comprovei-o posteriormente, eles não têm este conceito luso de talão de caixa sem validade fiscal e factura válida para o fisco. Se sai da registadora é válido para as finanças.
Não têm nem faz sentido que tenham. É precisamente a existência destes sistemas paralelos que criam a economia paralela. O estado, pela mão deste governo, faz um remendo com direito a parangonas em vez de resolver o problema com a obrigatoriedade de caixas registadora apropriadas, inclusivamente nas feiras ao ar livre. Finalmente, é de sublinhar que este problema da economia paralela, como já tivemos oportunidade de aqui escrever, não tem a dimensão catastrófica que as apresentadas medidas draconianas poderiam subentender. Sobra aquele que me parece ser o verdadeiro motivo desta iniciativa, as parangonas, o que é conseguido à conta de complicar um pouco mais o nosso estado labiríntico. Mas claro, a culpa disto é da Merkel.
Este governo vai ter dificuldade nos objectivos do défice. A começar no monstruoso défice de criatividade (e bom senso…) . É que aqui nem a “troika” pode ajudar…
Qual é o problema? As novas registadoras já a emitem… Mas também já vi muita gente a não fazer o registo do dinheiro que entrava em caixa, e não era para pagar apenas uma bica. Comecei a exigir factura.
E não será por passar a ser obrigatório que começam a dar factura. Fala-se que alguns sectores ficam obrigados a passar factura quando bastava que uma registadora adequada fosse obrigatória em todo o lado.
Portugal não tem nunca teve política de prevenção de fogos – esquecem-se – são mais do que incompetentes – são empegados do governo – preciso de ajectivos- todos os que têm lugar de decisão não sabem decidir nada de nada e muito menos prever já que bnada sabem do país físico – morreu uma bombeira – este país MATA
Não percebo porque só agora vai passar a ser obrigatória a fatura. Do ponto de vista papelático a fatura tem que ter o Nº contribuinte e a designação social quem a passa, IVA discriminado e pouco mais. São mais 2 ou 3 centímetros de papelucho em relação ao talão. Que fazem toda a diferença, já que o comerciante, em vez de ir mamar uns copos com o IVA que me cobrou e que meteu ao bolso, vai ter que devolver o dito IVA ao estado. E no fim do ano vai ter que pagar IRC sobre os lucros e ficar igual a mim que pago IRS.
ATÉ QUE ENFIM !!!
Estamos de acordo. Não tem é que existir a diferença entre talão de caixa e factura. Lembro-me de alguns desses talões a dizerem “Não serve de factura”. Cada uma.
Com a diferença…que compra bens com 6% de IVA e vai ter que devolver 23% de IVA!!! quem deverá pagar a diferença..o cliente… mas como as coisas estão, se os preços aumentam os cliente fogem..logo vou ter que devolver mais do que cobrei…é só isso!!
Cara Célia
Revolte-se então com o aumento do IVA e deixe os papeluchos em paz.
Aliás, no caso dos restaurantes, os recentes números apontam que a obrigatoriedade das faturas produziu mais receita que o aumento do IVA.
A Célia näo entende puto de como funciona o sistema do IVA.
É VOCÊ que paga ao comerciante os 23%, que ele terá de devolver ao Estado, e por isso o comerciante o tem que devolver, que näo säo dele.
O que é dele é o valor acrescentado entre o preço de custo (sem IVA) e o preço de venda (sem IVA), entendeu?
Os 6% de IVA que o comerciante pagou aos fornecedores também säo do Estado.
Só que você que escreveu isso de certeza que não entende nada de negócios, então não sabe que ao comprar-mos a mercadoria nos fornecedores se paga logo o iva, por amor de deus isso é só inveja e falar por falar, devia era estar no papel dos pequenos negociantes que nem ler sabem e que agora vão ter de aprender informática pra sobreviverem, tenham dó por favor, olhem que não é facil ser-se comerciante;
deviam era falar contra o governo e não contra os comerciantes, porque agora com a falta de emprego que há, não há outro meio de subsistência senão o negócio, enfim tenham dó de vocês mesmos que fzem estes comentários absurdos.
Mais não digo…
Porque será que se calaram com o Pagamento Especial por Conta da Manela ?
O CDS bem que falou em tempos, deve ter sido numa outra vida ou planeta
O maior (e, potencialmente, único) problema que estou a ver de momento, é que a maioria dos estabelecimentos nem sequer tinha um POS com software certificado pela AT, e sim umas velhitas caixas registadoras (com o fio ligado à patilha que abre a gaveta).
A pastelaria em frente à casa dos meus pais já tem, faz tempo. Os preços não aumentaram. O que vem para a mesa, sem ninguém pedir, é uma venda a dinheiro (que é exactamente a mesma coisa que uma factura/recibo), devidamente autenticada (protocolo SAFT-PT), de um software certificado pela AT (cheira-me a SAGE, mas não tenho a certeza).
A título pessoal, a medida não podia vir em melhor altura – sou um dos developers de uma solução de facturação recém-certificada pela AT, e prevejo uma corrida a estas soluções.
Com tanto papel, hum, isto não ver contribuir para o objectivo “verde”, LOL, até porque o buraco no orçamento vai continuar fora de pé.
O problema é que nesta altura só serve para arrecadar uns tustos e continuar a disparar o desemprego.
Entre pagar BPNs e suportar os trabalhadores, que deixem lá a factura.
Sugiro que vejam esta publicação
http://issuu.com/lidel/docs/economiaparalela?mode=window&backgroundColor=%23222222
Repito:
Esses excertos estavam a ir muito bem até à pág. 90: “o IVA tornar-se-ia o principal imposto, reduzindo-se o IRS a para um nível de relativa insignificância”. Ai que giro. O imposto mais “cego” e mais injusto (tanto se cobra ao pobre como ao rico) seria o principal. Saibam os autores que nos países de melhor nível de vida a contribuiçäo do IVA e outras taxas rasas (näo progressivas) tende a baixar no total de impostos.
Mais, exemplo em 2 países ricos com IRS progressivo, o ordenado médio líquido de um finlandês säo 3.000€, e o de um alemäo de 2.865€.
http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_sovereign_states_in_Europe_by_net_average_wage
O certo é que o IVA que o finlandês paga é muit(íssim)o mais alto que o que o alemäo paga (logo na comida, é 13% contra 7%!!!), logo o alemäo tem mais rendimento disponível efectivo (e como tem preços mais baixos, até acaba por consumir mais, e o Estado alemäo recebe em absoluto mais €€€ que com % IVA mais alto).
Países de “taxa rasa” como a Estónia säo daqueles mais desiguais, mas também com maior economia paralela.
Prefiro a “soluçäo alemä”, taxas mais altas de IRS para escalöes acima de 5.000€/mês/pessoa, e taxas de IVA mais baixas para incentivar o consumo.
Para acabar com a economia paralela… menos transacçöes em “dinheiro vivo”, tudo informatizado (como nos países nórdicos, por isso lá a economia paralela é mínima)… e menos IVA!