Na morte de Helena Cidade Moura

Helena Cidade Moura morreu no mesmo dia em desapareceu José Hermano Saraiva. O segundo ficará para a História como um extraordinário comunicador e não merecerá mais do que isso. A primeira não atingiu a visibilidade do apresentador televisivo, mas desempenhou várias funções meritórias nos âmbitos cívico-político e cultural, sendo exemplo disso a dinamização das campanhas de alfabetização e a dedicação ao estudo da obra de Eça de Queirós. Leiam, por favor, este testemunho de alguém que a conheceu pessoalmente.

Comments

  1. maria celeste ramos says:

    Interessante – andei por “aqui” pois que se bem me lembro, conheci quem creio ser sua irmã (Hélia Cidade – Lains e Silva por casamento – eram meus chefes ele da MEAU (missão de estudos agronómicos do ultramar que me levou a Cabo Verde) ela da Biblioteca onde fui documentalista como trabalhadora-estudante em 1957 ?? ainda do ministério do Ultramar – Quanto a campanha de Alfabetização trabalhei na DG Ensino Primário (Campo dos Mártires da Pátria alfabetização de adultos (1954) onde conheci alguém com quem viria a trabalhar mais tarde que adorava emprestar-me livros e o 1º foi “o que fez Molero” (será ??) dr Carlos Amado (faleciado) e mais tarde director do INP – Instituto das Novas Profissões onde ensinei – Quanto ao Centro Nacional de Cultura na Rua da Pide só me recordo de Helena Vaz da Silva (e arqtª cagona Maria Calado que mais tarde viveria com António Alçada Baptista meu velho amigo parvalhão que já não está cá por causa de Alzheimer) que tinha semanalmente conferâncias sobre lisboa (juntamente com Ribeiro Telles) e os célebres passaeios ao domingo pela Cidade – já falecida – casada com advogado (???) Alberto Vaz da Silva que foi a 1ª (??) pessoa do país a estudar em paralelo com a sua profissão, grafologia, pois na altura era usada em França para admissão de “trabalhadores” (e eu tive o meu 1º emprgo na Cruz Vermelha para poder estudar e fui admitida pela minha “grafia” que engraçado, e a grafologia era um saber interessante de que tenho um livro – grafologia em medicina que não é propriamente leitura das mãos de cigana – Quanto aos católicos Progressistas andei em reuniões com a eis 1ª ministra (primeira e única do país) Lurdes Pintassilgo e andei na sua campanha para 1ª ministra e ainda Católicos progressistas andei nem sei por onde e de que era Presidente Geral o eis-ministro João Salgueiro que na altura até era meu vizinho na Lapa e com ele, e o grupo, fomos a Fátima (onde fui pela 1ª vez na vida e o espaço de Fátima ainda era lindo de terra batida e agora é uma porcaria de betuminoso quente e mal feito e até escrevi ao Bispo (que me respondeu) dizendo que aquele lugar merecia outro material (e peregrinos) para o pavimente e concordou pois nesse ano até foram publicadas as contas de Fátima que eram fantásticas e agora ninguem sabe – Quando a Hernani Cidade tenho e li livros dele – Quanto a Sebastão da Gama claro que tenho a Sierra Madre desde os meua 19 anos, e conheci através de amiga (falecida), arqtª e pintora e filha de Leopoldo de Almeida (Manelinha Almeida), parvalhona alcoólica que se suicidou muito jovem ainda – Era amiga de amigo arqtº José Jardim Norberto (já falecido) e trabalhava no atelier dele (e eu mais tarde) e que um dia me convidou para ir a casa dela (e do marido arqtº Gravata Filipe meu colega do GAS que me encaganitava pois fazia trabalho privado no serviço com todo o despante) e quando fui a casa deles (que remodelaram) sentí-me tão especialmente bem que disse à Manelinha Almeida – mas isto é uma CASA e ainda na escala de madeira ela disse – então não sabes que esta Casa era de Sebastião da Gama ??? como se a energia dele e da Sierra Madre tivesse ficado nas parêdes e eu senti – Mas que linda esta cada de Azeitão, na esquina da rua para a rua proncipal onde existe um grande Chafariz e lago de frontaria monumental (há anos que não vou aí embora tenha feito projecto para a urbanizaão do Pinhal de Negreiros – logo ao lado e, por acaso, o jardim foi construído e um dia fui a casa de amiga que habitava em Negreiros e reconheci o jardim que eu havia desenhado para atelier de amigo (GPA – Maurício de Vasconcellos igualmente falecido) Essa amiga nem sabia que o projecto era meu, nem tinha de saber, mas achei maravilhoso ver que o boneco do papel tinha vida em árvores e arbustos e flores – Quando à Lurdes Belchior conheci pois era mais velha e tinha um lugar importante da Igreja católica e habitava o casarão que ainda existe no 1º piso, na esquna do Rato com a Rua da fac de ciências e do tempo do GRAAL da Lurdes Pintassilgo – Quanto a David Mourão Ferreira não o conheci mas era amigo de amiga (arqtª Cuca colega de lar universitário da Lapa) mas um dia ao fazer o checkin em Fiumicino não perbi nada do que a besta italiana me estava a dizer ao balcão, e David Mourão Ferreira estava atrás de mim e, pedindo desculpa e não me conhecendo, pedi ajuda e foi de extrema simpatia – Viémos assim no mesmo avião até Lisboa pelo que o ouvi durante toda a viagem Roma-Lisboa e foi um encantamento, já que percebendo que vinha em turística e eu em 1ª por ter ido em serviço, pedi à hospedeira que o fosse buscar Mas que conversa inesquecível até porque o “conhecia” de palestras semanais que fazia na TV (nem recordo o programa mas era no tempo em que a TV portuguesa era a melhor do mundo) – Pois é – este escrito não é uma página de necrologia mas não tenho culpa que Deus os tenha já levado a todos e eu tenha ficado recordando tantas coisas boas e lindas deste século de vida, coisas que fiz e me aconteceram e gente maravilhosa que conheci – estes e outros – sei lá – pois que vivi em Lisboa no tempo das tertúlias do Copacabana (onde ía também o actual constitucionalista extremamente delicado que de vez em quando vai à TV dizer como é e deve ser, e da Vává (ou ele ía à Vává, não sei mas assim o conheci) e do Hot clube e do Villas boas (falecido) e de colega de colégio engºVasco Henriques mas que tocava piano no HOT Club + do arqtº José Luis Tinoco (de quem tenho uma lindérriama caricatura feita com canetinha de aparo a tinta da china que acho preciosa) que já não sei por onde anda pois que nem o vejo desde o cancro na garganta, e que, igualmente, conheci no HOT e tocava piano. Mas o HOT era uma FESTA embora se fumasse o o fumo se cortasse à faca, por onde passaram até Miles Davis e os negros de Orleans como Ray Charles +++ quantos mais (??) e sei lá quem mais, e que achavam que o HOT era do melhor do mundo (nem sequer em voga e não se tocava como hoje), e eram ainda poucos os lugares do mundo com Jazz (e acredito pois portugal já foi um país altamente cultural e erudito, e pioneiro, mesmo em tempo de salazar que nem era burro – tudo antes do cavaquismo e passoscoelhismo e relvismo – e viajei pelo mundo ao longo de tantos anos quando o turismo era mais do que raro, e as viagens foram mais do que suficientes para ao menos “comparar” e nada se comparava – Já agora obrigada por me fazerem lembrar do que foi do melhor que vivi em termos de vida cultural em colectivo – Agora vou ver o TOUR porque é o que há e não tenho nada contra o Desporto, pelo contrário – Depois veio o Centro Comercial das Amoreiras e o consumismo e a CULTURA passou para o comércio e nem ao cinema e matinés clássicas do Tivoli e São Jorge e Eden e Império agora habitado pela seita brasileira (Edem com escadaria que despejava pela linda escadaria de madeira 600 pessoas em 10 minutos e é obra de arte e saber que os idiotas transformaram em local de consumo – pois também já se ía ao do idiota arqtª Tomás Taveira de 1985 que passou a desenhar “taveiradas” e o seu nome desapareceu do circuito – ah Tomás Taveira desenhou o estádio do sporting não foi ?? o Hot club ardeu em 2011 e não sei se foi restaurado ou se passou para outro lugar e Eden já não é o que era nem o Condes nem outros teatros lindos da zona dos Restauradores que era um centro cultural para todos sem mêdo de se ser assalatdo e esfaquiado
    Pois é
    Escreverem sobre Helena Cidade que nem sei se á a irmã de quem foi minha “chefa” as recordaçºões que me despoletou – as boas – pois não tinha tempo para me xatiar sequer – agora nem os taxistas andam em paz pois há os malandros que ateiam fogo, roubam ourivesarias e matam os estrangeiros do Algarve, assaltam as pobres velhotinhas que vivem no campo e aldeias e é um país de governantes de merda, eles também ladrões e indecentes e amorais

    • Helena Pato says:

      Esta senhora não sabe o que diz…E deixa calúnias incríveis! – como as afirmações acerca de Manuela Almeida.

  2. MAGRIÇO says:

    Apesar do seu passado político – embora a sua influência no regime do Estado Novo tenha sido meramente residual, ao contrário do que alguns extremistas insinuam – lamento o desaparecimento de José Hermano Saraiva, comunicador de excelência e figura simpática que me habituei a seguir nas suas digressões fascinantes pela nossa História, apesar de o acusarem de alguma falta de rigor. Curiosamente, só agora, pela mão de António Fernando Nabais, tomo conhecimento do desaparecimento de Helena Cidade Moura, merecedora, em meu entender, da mesma visibilidade mediática que teve Hermano Saraiva. Talvez porque ela era demasiado democrática para o gosto dos que controlam a Comunicação Social nativa, o seu desaparecimento passou quase despercebido. Aqui deixo as minhas homenagens a uma mulher que teria muito a ensinar sobre patriotismo a quem tem o descaramento e a pretensão de governar um país sem a mínima noção do que o termo significa.

  3. Cristina Ribas says:

    Pena que os grandes do país se possam medir pela opção política que possam ter tido e não pelo que fizeram nesse contexto e o que tentaram avançar. José Hermano Saraiva teve o seu lugar na altura, embora possamos discordar de alguma opções (que contudo, não podemos transferir sem mais para os dias de hoje), tal como Helena Cidade Moura. Os dois continuaram a ter esse lugar depois do 25 de Abril, de forma diferente mas não menos importante. Os dois são História de Portugal e História da Educação Portuguesa.

    Em minha opinião, temos que olhar para as pessoas independentemente da cor política que possam ter na lapela. Foi assim com Maria José Nogueira Pinto, foi assim com Miguel Portas e será, também assim, que podemos dar alma a este país que tanto precisa de cada um de nós! – olhar para as pessoas, para os valores, para a forma como atuam. Até porque em termos de educação, temos tido discursos distintos, igualmente discriminadores (e sempre os mesmos a serem discriminados…) – em termos muito genéricos, uns discursos discriminam porque permitem a certificação sem que se tenham adquirido competências e conhecimentos que permitam aos cidadãos serem esclarecidos e realizados e ingressarem no mercado de trabalho com qualificação, efetiva, para isso. Outros discursos discriminam, os mesmos cidadãos, porque quando entram na escola e demonstram algum tipo de dificuldade, já estão integrados em cursos profissionais…

    • António Fernando Nabais says:

      Na minha opinião, José Hermano Saraiva teve como principal mérito levar as pessoas a interessarem-se por História, graças às suas capacidades como comunicador. Para além disso, não lhe reconheço outras virtudes (e refiro-me apenas ao homem público): foi cúmplice de um regime sinistro e não mereceu o estatuto de historiador que chegou a alcançar. Nada disso se compara com a estatura de Helena Cidade Moura.
      Não concordo com a relativização de opções tomadas há pouco tempo e umas dezenas de anos, em História, correspondem a um fogacho. Hermano Saraiva deve, portanto, ser elogiado e criticado, independentemente de ser de esquerda ou de direita.

  4. Tito Lívio Santos Mota says:

    ai é verdade, as campanhas de “alfabetização” de 54, LOL
    aquelas que se ficaram por cartazes colados pelas paredes com o dístico “aprenda a ler”.
    sobre os quais João Villaret cantava “os tais cartazes foram úteis a valer! analfabetos? Nem um só deixou de os ler” 🙂

    enfim, coisas dum regime para Senhoras da Lapa.

    Helena Cidade Moura era de outra têmpera, felizmente para todos nós.

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