Correia Sabão Xuxa de Campos

Tenho pena da tarefa inglória de alguns trombones isolados do Partido Socialista, como por exemplo o luzidio Correia de Campos, quando vêm lamentar-se daquilo a que chamam «eficaz campanha montada pela actual maioria para demonizar José Sócrates», em artigo de opinião, hoje, no Público, 23 de Julho de 2012. Não. Não há campanha nenhuma nem se pode demonizar ou redemonizar o que já está bem demonizado. Pelo contrário: choca na actual maioria a elegante decência indecente do silêncio relativo aos erros e delitos de gestão das duas legislaturas anteriores.

Por seu lado, e em geral, os media poupam e omitem o passado recente que envolve esse ex-actor político, deixando tudo para o Correio da Manhã que, por sua vez, vende mais jornais que quase todos eles somados. Mais: mesmo a bloga que mais o causticou, nesses belos anos de crispação estéril, também passa ao lado de qualquer sombra de campanha, como se esse desastre governativo promotor de uma falência em grande do Estado Português, não tivesse sequer exercido funções executivas. Por isso mesmo, tal bloga nunca olha para trás. Por outro lado, contra o que Correia Sabão de Campos exara, também não resulta matéria de fé nem efeito de santos tribunais que, para técnicos e senso comum, institutos públicos e PPP, sob a mão hábil de esse mesmo ex-actor político, tenham sido, sobretudo as últimas, realidades, actos, soluções finais contra o Estado Português e, sobretudo, A Solução Final para os contribuintes portugueses. Vozes como a de José Gomes Ferreira não mentem porque não precisam. É o que é.

Quanto às ditas acusações de corrupção «nunca provadas», segundo Correia Xuxa de Campos, de que esse ex-actor político foi um extraordinário foco infecto, também não faltam evidências. Mas como há lata, venalidade e cretinice sobejas na facção socialista cujos tentáculos abrangem toda a estrutura corroída do Aparelho de Estado, nada está jamais provado, mesmo se os meliantes mais sujos esfregam diante dos nossos olhos um nível de vida que nenhum ex-político europeu ousaria ostentar ou sequer justificar, muito além, portanto, da realidade portuguesa. Não existem argumentos fictícios: a realidade governativa socialista arrasou Portugal. E por isso mesmo não resta à realidade quotidiana dos portugueses senão arrasar a gestão dos governos Sócrates, ou Correia Sabão Xuxa de Campos julga que doura a pílula escrevendo uns estercos absolventes quaisquer porque a gentalha não atinge o sumo dos seus argumentos de encher?!

Nem sequer se trata de destruir a credibilidade das PPP, homem, Sabão Correia, mas de constatar que as comissões políticas pela assinatura da maioria delas determinaram verdadeiros crimes negociais contra os interesses do Povo Português, contribuinte e burro de carga, na esteira abominável dos processos que engendraram possível um Freeport entre flamingos. Sempre achei estranhíssimo e língua de pau este cioso Correia de Campos. Em que País vive ele? E que sabão come às refeições para lhe saírem estas melífluas manifestações de suavidade, estes eflúvios de optimismo branqueador do sarro xuxista?! Enfim, previsivelmente lamentável.

Comments

  1. Nuno Valério says:

    “Enfim, previsivelmente lamentável” são palavras que na sua conjugação são adequadíssimas às recorrentes e doentias diatribes que têm a sorte milionária de surgirem num espaço de que eu tanto gosto como o Aventar – mas gosto cada vez menos porque, repito, as suas palavras contra o Eng.º José Sócrates (sim, porque as pessoas, independentemente das suas virtudes e defeitos têm nomes, e neste caso até têm títulos ao contrário do coordenador político do actual governo…) são tão inconsequentes e tão ridículas, que o autor da prosa que merece uns minutos do meu comentário a essa conclusão chegará, somente depois de ser tratado pela oftalmologia ideológica – a sua cegueira é ridiculamente atroz.
    O Correio da Manhã, na sua visão, por ser o que “vende mais jornais que todos eles somados”, tem o estatuto de verdadeira e insofismável aura de referência do jornalismo generalista…Enfim!
    O que interessa à actual acção executiva era, na sua óptica,. de um modo decentemente indecente usar o seu tempo e a sua oratória em verborreias de acertos de contas contra os “delitos de gestão das duas legislaturas anteriores”. Não sei que democracia é a sua, quando entende que um governo se deve ocupar em vinganças estéreis para o país – quem o mandatou para isso, penso que nem mesmo as planícies desérticas dos programas eleitorais.
    Quanto ao restante da sua prosa, não me merece mais tempo do que o que eu já despendi na sua entediante leitura.
    Tem um óptimo palco “mediático”, use-o, ou melhor, saiba usá-lo em prol de propostas, posturas, ideias, luminosidades, perspectivas e prospectivas para o presente do povo do seu país, vamos chamar-lhe assim…

    • palavrossavrvs says:

      Repare a atenção que me dedica, meu caro. Deveria desprezar-me em vez de declarar que me despreza. Nada me vincula a partido nenhum, mas não deixarei de escrever o que me dite a consciência e o meu particular sentido de luta: eram 300 nas Termópilas, lembre-se. Havia um Povo dormente por trás. Para mim, o PS traz inscrito um código de conduta que me avilta, assim como o PSD do Loureiro.

      Escrevo e escreverei. Corroer também constrói. Só espero e admito a capacidade de encaixe e a honestidade intelectual de quem me leia e não o sofrimento intolerável de que dá conta o Nuno. Aliás, é sintomático que o seu mundo pareça ruir apenas porque eu escrevo [não embolso um milhão em luvas num negócio de mil milhões para o Privado e falência para o Público] sobre um assunto e um personagem que os media transformaram em tabu. Deixe-me ser livre à vontade e não livre segundo a sua agenda de leitura, interesses e orientação política, por favor, Nuno Valério, e, acima de tudo, não dramatize.

      Mais um pouco e o “amigo” Nuno ensaiará intimidar-me.

      • Nuno Valério says:

        Caríssimo escriba do Aventar: de facto a língua portuguesa é matreira e a sua erudição convoca bastas vezes demagogias e ressentimentos, que se esgotam na sua própria explanação – no meu humilde ponto de vista. Dito isto, permita-me: desprezo sim, algumas considerações suas recorrentes e assentes em dejectos revestidos de letras, quando mergulha de cabeça nas águas pastosas e bafientas de alguns meandros dos rios governativos dos mais recentes governos do PS. O mundo que refere como meu e em trânsito de ruína, foi absolutamente arruinado na última convocatória do povo às urnas. Repare, o passado é tão poderoso que nem os deuses conseguem alterá-lo, transfigurá-lo, ajeitá-lo às mundividências de cada um, por mais oníricas que sejam, pelo que o convido a comparar o Portugal pré-discurso dos 7% (Teixeira dos Santos dixit) ao Portugal de hoje – comparar enquanto sociedade em movimento. Para quem não sofra de miopia intelectual e em quem ainda corra um pingo nas veias de crença na sobrevivência evolutiva deste país, há, na minha óptica, que deixar os “delitos de gestão das duas legislaturas anteriores” serem julgados nas instâncias próprias – caso aplicável – e, acima de tudo, corrigi-los (e.g. PPP). Não me detenho aqui e agora sobre a “competência” das instituições supracitadas, são contas de outro rosário. A voragem do tempo actual obriga-nos a ser construtivos, objectivos, pragmáticos e assertivos na preparação que cada um de nós, cidadãos de pleno direito, deve empreender para o contributo a uma sociedade que se quer, lá está, compatível com o tempo vigente. Dramatismos? Não, nem sequer semânticos…Dramatismos? Sim, o estado actual deste país, indubitavelmente, em cada viela daquilo a que chamam Estado de Direito. Construa corroendo meu caro, eu tentarei fazer o mesmo, mas com os olhos postos na corrosão das barreiras que o presente imediato de mãos dadas com o futuro nos vão erguendo – e sim, pretendo ensaiar a intimidação a essas barreiras. Num país com tantos rios a correr para o mar, águas passadas não movem moinhos, por muito água que haja e há…

        • palavrossavrvs says:

          Meu caro Nuno, este seu comentário está fantástico, intenso, com semelhante à paixão que me move à escrita. Compreendo-o com todos os meus recursos de sensibilidade e inteligência e suponho que não daria por mal empregue tomar um copo consigo.

          Não pense que não observo e não ataco a hora presente. Estou vigilante. Simplesmente, o meu instinto atira-me para temas e personalidades que na medida em que reaparecem ou se pronunciam de forma enviesada ou na pretensão de branquear do meu ponto de vista actos e omissões, convocam-me verbo afiado. Pelo que é incerto dizer sobre o que escreva no momento seguinte. Houvesse certos silêncios humildes e higiénicos e calar-me-ia de bom grado.

          Grato pelo seu comentário e por ter mergulhado na autenticidade arriscada de escrever o que sente, tem aqui um amigo.

    • nightwishpt says:

      Engº não é certamente…

  2. Caro palavrossavrvs, Sendo o Correia de Campos um dos principais responsáveis pelo nosso compromisso que nos deixou penhorados por décadas e também um dos mais culpados com o vínculo à tríade que encabeça o monstro que nos vai apertando o garrote e nos está a estrangular na nossa já paciente e habitual dócil submissão, acho-o um pouco benevolente com o sevandija. Eu detesto o político, aqui o termo não significa estadista mas sim manhoso, porque penso que ele foi o homem dos negócios mais danosos para o País. Mas, este seu texto alegra-me porque não encontrei a linguagem vernácula gratuita, só por isso, gratuita, em que se enreda quando escreve sobre o tempo da acção política do J. S..
    “Um Freeport entre flamingos”, lindo! Adoro flamingos.

    • palavrossavrvs says:

      Tem razão, António. Quanto à vernacularidade, enfim, há dias muito negros, tem de admitir, em que o sofrimento e o despojamento nos deixa para lá do desespero. Tudo perdido, o que há mais a perder?!

  3. Amadeu says:

    Proponho o palavroso para presidente honroroso duma nova Comissão Unificada dos Casos Camarate e Freeport

    • palavrossavrvs says:

      Então proponha, Amadeu. E se puder segregar algum pensamento próprio, também se agradece. Isto de comentar ser por vezes mero ajuntamento de hienas não tem lá muita piada.

  4. Amadeu says:

    A minha ironia só queria mostar o perfeito desperdício que é gastar a sua excelente prosa em assuntos que são para mim esterilmente idênticos nos resultados. Algo errado se passou mas é virtualmente impossível apurar o que o que foi.
    Repare que até o Só Fernandes, após ter gravado a prova de tentativa de suborno de Domingos Enevoado (Braga Parques), levou com um processo em cima e perdeu. Pagou uns milhares de indemnização por a dita gravação ter sido feita de forma ilegal, sem consentimento do subornador.

    E contra um dingo raivoso obsecado, não se admire das hienas.

    Parabéns pela ausência do xurrilho de palavrões

    • palavrossavrvs says:

      Acha que alguma vez o destrataria, Amadeu?! Jamais. Pelo contrário, um bom e duro adversário torna-se muitas vezes no melhor dos amigos, aquele a quem consentimos uma frontalidade e uma delicadeza pouco habituais. Tenho um raivoso e passional socialista como um dos meus melhores amigos, senão o melhor amigo. Nunca nos zangamos a propósito de divergências de modelo regimental ou político e facilmente convergimos em conclusões e diagnósticos que um Correia de Campos não quer ou não pode veicular.

      Também tínhamos medidas, muitas delas Cravinho embalou-as para Londres.

  5. José socretino says:

    Recentemente fui dando de caras com este palavroso e rapidamente me apercebi de que é uma espécie de súmula dos “comentadores” que todos os dias deitam lixo para as caixas de comentários dos jornais. Escolheu a direita, por acaso e porque a sua visão do mundo precisa do branco por oposição ao preto. Uma escolha monocromática, enfim. De resto, de insultos e de banalidades sabe tudo, a wikipedia da lixeira online deu-lhe o substrato…e coitado, convenceu-se de que é lavrador em terra infértil.
    Palavroso, deixa de corroer o juízo dos outros, e olha que não “amas” o ex-actor mais do que eu.

    • palavrossavrvs says:

      Obrigado pela atenção. Boa viagem. Hoje, se Deus quiser, cá estarei outra vez. Bom proveito, bem-vindo, engula devagar.

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