Roubar no ensino público para dar ao privado

Este é o bom governo de Portugal:

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) vai continuar a pagar 85 mil euros por turma às escolas do ensino particular e cooperativo com as quais tem contrato de associação.

Palavras para quê? Os donos dos colégios são pobres, precisam da solidariedade do estado, e Nuno Crato é um homem de bom coração. Tão bom que ainda dá um bónus, depois de ter aumentado esta verba o ano passado. Tão caridoso que esquece o que está no memorando da troika.

Já agora sempre gostava de saber qual o número mínimo de alunos destas turmas…

Comments

  1. A referência, na noticia, a: “…cujos alunos as frequentam sem pagar mensalidades…”, é que me deixa algo desnorteado. Será de escolas particulares pertencentes a instituições como a Santa Casa?

    De qualquer forma, o ensino privado sempre teve uma típica abordagem ao nº de alunos por sala de aula; sendo que apenas havia uma turma por ano – muito em contra ao que acontece no público, havendo, por exemplo, 9A, 9B, etc. – e como tal o nº de alunos muitas vezes excedia os 30.

  2. Bernardo Correia says:

    Com o devido respeito pela sua opinião e até pela forma desajustada com que a expressa, acho que deveria conhecer um pouco melhor a realidade dos Contratos de Associação. Percebo na sua opinião (e perdoe-me se estiver errado!) uma ligeira amargura e uma agressividade que acusa milhares de professores de viver do alheio. Reconheço que os excessos cometidos em algumas situações poderiam ter levado a maus exemplos. Mas, para sermos honestos, deveremos analisar todas as situações equivalentes no publico estatal onde o seu título também se poderia aplicar… “Roubar no ensino público para dar a privados”… O problema não está nas instituições… está nas pessoas e, aqui,estimado professor, sinceramente não sei onde é que o “roubo” se poderá encontrar com maior facilidade…
    Sem os óculos do preconceito, talvez conseguisse ver. Só a escola pública estatal é que pode dar um contributo válido à educação em Portugal? Essa ideia de que o que é público estatal é que serve o cidadão porque o público com um Projeto Educativo próprio é para financiar “alguém” ou alguma instituição é, de facto, muito redutora. Por favor, faça uma análise séria da realidade e descobrirá algumas surpresas curiosas. Basta que a sua mente seja aberta como a de um professor e que se disponha a conhecer uma destas escolas “por dentro”. Se lhe faltarem sugestões, eu posso dar-lhe uma pequena ajuda.

    • Se há blogue onde se escreveu sobre este assunto é o Aventar. E boa parte pela minha mão.
      Os factos são muitos simples: o privado é mais caro, trata-se de um roubo que visa encher os bolsos aos donos dos privados (chamam-lhe lucro), a qualidade do ensino privado é inferior à do público (excepto no detalhe da selecção dos alunos, é claro), a inflação de notas é generalizada, etc. etc. De resto era suposto que ao fim de um ano o Ministério teria feito as famosas contas sobre o custo real por turma…
      Faça favor de ler:
      http://aventar.eu/tag/ensino-privado/

      • Ah, como é óbvio nada tenho contra os meus colegas que ali trabalham. Alguns até são meus amigos. O problema são mesmo as instituições. Tanto no ensino como na saúde.

        • O problema não são os professores, que no privado obtinham alguma estabilidade mas que a pagam com uma carga horária absurda.
          O problema está em quem fica com o lucro, gente como o patrão do grupo GPS,que obtêm lucros pagos com os meus e os seus impostos.
          Se isso me causa amargura? é mais revolta.
          Espero que tenha entendido. E que perceba que me foram retirados 2/14 do meu vencimento, que vou ter de lidar com turmas de 30 alunos, fora o risco real de ser mesmo despedido, enquanto esta gentinha viu a subvenção estatal aumentada.

      • Bernardo Correia says:

        Agradeço o seu conselho de leitura. Peço desculpa por não ter ainda a possibilidade de ler todos os estudos que fez e que apresenta no seu blogue. Mas, parece-me que a questão fundamental permanece… uma ligeira amargura e uma agressividade evidente em todas as suas opiniões… Sinceramente, não percebo a sua postura… por um lado, não tem nada contra os colegas que ali trabalham, mas, por outro, afirma que eles vivem “à custa do alheio”.
        Mas, em boa verdade, as instituições não são o problema. O problema está na pessoa humana que é capaz de manipular, de fazer mal. E essa possibilidade, existe nos professores de qualquer escola, instituição ou partido. Existe em si e em mim. Existiu no passado (onde ambos fomos certamente atingidos), no presente e continuará no futuro. Porque faz parte da natureza humana!… Compreendo as suas azedas palavras, mas, não espere que as suas opiniões façam lei. Há outras formas de trabalhar no ensino, sem insinuações, agressividade ou insulto. Talvez fosse bom explorar um pouco mais essas possibilidades.
        No fundo queremos a mesma coisa… crescer e ajudar a crescer em liberdade. Por isso, não podemos querer retirar aos outros as bandeiras que defendemos para nós mesmos.

  3. Zé Carioca says:

    É o tamanho das turmas deve ter AUMENTADO, não ó Crato? És um santolas, vais direitinho para o céu, com os teus “padrecos-pedófilos-professores”, já agora vais fiscalizar os exames finais do 12º com professores externos aos colégios? Pois, isso “fodia” os “rankings”, não era santolas? Desculpem (os leitores, não o santolas) lá a linguagem, mas já não há pachorra.

  4. Raquel says:

    Deviam pesquisar mais sobre o assunto…
    Eu estudei num colégio deste grupo. A grande maioria dos alunos destes colégios não são um bando de riquinhos mimados; são gente de classe baixa ou média. E sim, há 9A e 9B, por exemplo; o número de alunos por turma normalmente varia entre 25 e 32 (dependendo da quantidade de alunos inscritos naquele ano). Não há critérios de selecção de alunos, nem inflações de notas…
    É claro que não defendo a precariedade dos professores; mas estou a ver que há aqui muita gente a achar que estão a roubar aos pobres para dar aos filhos dos riquinhos e esse não é o caso. A questão é os do topo estarem a cortar nos salários dos professores para ficarem eles com o dinheiro. E não defendo que colégios particulares recebam mais dinheiro do Estado do que os públicos.

    • Quanto ao grupo GPS, não perca amanhã a reportagem da TVI, finalmente alguém investigou o escândalo. S
      ei muito bem que o grupo GPS nem por isso selecciona alunos, o seu negócio não é o ranking, é transformar professores em empregados de mesa e atrair alunos com fraudes na avaliação. Sei muito bem onde fica o Louriçal.

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