Tretas politicóides: a História como morte da crise

Descubro, por acaso, uma pergunta de António Sérgio, escrita em 1915: “Quando nos convenceremos de que se cria, avigora, triunfaliza um povo, não por uma colectiva recordação do passado, mas por uma aspiração comum para o futuro?”

Nesse vácuo palavroso que é o discurso político, é frequente ouvir a mediocridade governante usar o passado glorioso do povo português como garantia de que saberemos, porque sempre soubemos, ultrapassar mais este obstáculo, mais aquela crise, como dignos descendentes que somos de todos os que dobraram bojadores ou descobriram outros mundos.

Ontem, Álvaro Santos Pereira, o Álvaro, não resistiu a recorrer a essa mesma epopeia pobrezinha e outros já o têm feito, como foi o caso do azougado Relvas. Não será preciso esforçarmo-nos muito para descobrir, aliás, que, independentemente da nação, já mais do que um politicote terá usado o mesmo argumento, porque a História, nos discursos, é sempre grandiosa e o meu país é sempre maior, tal como a minha freguesia é mais bonita do que a tua.

Numa frase mil vezes repetida, Cícero explicou que a História é a mestra da vida. O Álvaro contrariou a afirmação, num momento involuntariamente cómico, quando evocou, cheio de entusiasmo, a quantidade de vezes que já estivemos na bancarrota e dela saímos, não se apercebendo que estava a referir-se a uma incapacidade histórica dos portugueses para planear, para prever, para evitar, no fundo, a bancarrota. Possuído pelo mesmo entusiasmo, ainda falou da capacidade especificamente portuguesa para se unir nos momentos difíceis, preso a uma serôdia análise psicológica da alma do povo.

Não vou discutir a alegada grandiosidade da nossa história, até porque a História não serve para corroborar a grandiosidade ou a mediocridade. A História não é garantia de nada: usá-la como a usou o Álvaro é, apenas, provinciano.

Com o Álvaro, tem-se acentuado o empobrecimento dos portugueses para que as finanças fiquem cheias de saúde. Já se usou essa estratégia em Portugal: não há História que nos valha e não existe “aspiração comum para o futuro”.

Comments

  1. maria celeste ramos says:

    Quem passa além do Bojador passa além da Dor – fomos e somos o que não obriga a pensar em ontem que já passou – já tenho idade para pensar no hoje e como estou e eventualmente ter um sonho
    porque isto de sonhar é bom mas não chega
    RTP1 – 20:05H – o ensino está tão bom especialmnete em medicina pra onde se corre com a aldrabice do numerus clasus para ganhar dinheiro garantidamente porque há sempre doentes e também ir para o provado, que há 2 anos pelo menos se houvem notícias de morte de doentes por negli`^encia médica já que tanto para economia como medicina os meninos do médio empinam e copiam e não estudam todo o ano, nem no curso superir, pelo que a única aprendizagem é fazer dos doentes COBAIAS – e morre-se cada vez mais como ontem menina de 28 anos que tinha problema numa perna e em bvez de operarem a veia operaram a artéria e por acso morreu, como morrem muitos 2 dias depois de serem despejados do hospital para não gastar dinheiro ao Estado que vive do que me rouba
    este país não tem adjectivo à sua medida e não é um país mas sim um espaço físico com ao milhões de pessoas que estão sujeitos a um governo de merda pior do que bosta de vaca – vergonhosamente
    o minstro da economoa é menos optimista do que cuelho e ninguém o tira do esaço que lhe deram mas não sabe usar – só caga o espaço

  2. maria celeste ramos says:

    O presente é difícil de aguentar pela maioria e até ontem li que há 4 suicídios/dia – imagine-se então que nem PASSADO se teria – há 605 mil FP que sairam e sem eles não há os serviços principais de Saúde e ensino e sem saúde nem ensino poderá haver
    Podemos viver andando só a pé – podemos ter apenas um fato para vestir de manhã e lavar à noite e tornar a vestir de mnha seguinte se houver dinheiro para sabão e pagar a água dos ladrões já que nem no rio já se pode lavar – podemos comer apenas pão e laranja – podemos ter apenas trabalho artesanal – Mas sem saúde não há NADA – e não me falem em pessimistas nem optimistas da treta porque além disso ser conversa de falaciosos de merda, e porque eu não vivo de ajectivos desqualificativos – Eu quero é que, como hoje (pela 2ª vez) os funcionários da CGD não trabalhem com os pés e não me retirem, por inépcia, o seguro de vida vitalício – cada vez vejo mais serviços que já foram bons, a serem piores do que são no 3º mundo – ou mesmo 4º – ou mesno fora deste mundo – tanto doutor e investigador – lá saberão porque estudam com o meu IRS e vão “lá para fora” porque aqui não têm capacidade” de criam trabalhop e empresas e uma merda qualquer pelo menos tantos anops quantos os que estudaram com o MEU irs pois a responsabilidade é ensinada de cima e os doutores aprendem depressa que não estão para trabalhar para a minha 3ª idade nem para o ensino de outros COMO ELES – que desgraçada sociedade que se está criando e cimentando – por isso os doutores gritam para tirarem da prisão as RIOT meninas que já não sabem distinguir entre o profano e o sagrado e e fazer aqula merdice que podiam fazer À PORTA DA IGREJA mas fizeram no ALTAR – merda de valores – Parece que a praia do Porinho da Arrábida já não tem areia mas sim só pedras – o mar comeu o areal – a erosão chega à falésia – e caem as arribas de Albufeira ou da Adraga – que grandes os técnicos que ganham mais do que eu e anda na Tv a dizer ,merdices e não sabem fazer nada embora haja circunstâncias é a natureza que manda mas muitas asneiras do litoral de portugal já se sabe que são essencialmnte de autarcas ignorantes e culpam “o mar” – a igorância é uma infelicidade e se não houvesse tanta eu não ouviria nem leria tanta parvoive . os opiniosos – a degradação do mundo passa pelos homns e aqui está-se na linha da frente -merkel está a dizer que compra as dividas soberanas – pudera quem ganha é ela – vamos ver a que preço fica para os devedores (espoliados) – as bolsas europeias fecharam em alta – África do Sul massacre de mineiros da mina de platina – é natural – serão sempre racistas – o apharthid não desaparece por decreto – 34 mortos e garante-se que a polícia agiu em legitima defesa, como em Lisboa no Chiado – como em Paris em Cligny ?? como por aí fora – mundo agonizante de miséria moral e humana – só por se querer ganhar decentemente já que ganham o nosso ordenado mínimo – mas os sindicatos nasceram porque mulheres da indústria americana berraram mas mataram-nos pelo FOGO e não foi há muito tempo – os russsos etão agora a falar a falar no scrilégi das pussy riot – de facto já não se distingue o preto do branco – elas ou os skin head ou nazistas para mim é a mesma coisa do mesmo lado – mas os UK não perdoam a Assange – é natural – o UK é o pais mais perverso do mundo – perverteu e viva o apartheid – Quito revolta-se e repudiam UK – claro – e mesmo que o tipo tenha os tais abusos sexuais gostava de saber que lições tem a UK para dar ao mundo – moralistas de merda – Kofi Annan foi já substituído – Cofi fez bem em não ser gozado – exercito alemão autorizado a intervir em território nacional – decisão “nova” – Luisão deu origem a um processo disciplinar mas não tenho opinião não percebi o que fez o arbrito nazista

  3. MAGRIÇO says:

    Isso não será pura inveja pelo intelecto superior do homem? A profunda frase “As provisões macro-económicas são provisões macro-económicas”, repetidas em aulas de economia, não está ao alcance de qualquer um. Só é comparável à de uma famosa tia que disse que “Estar viva é o contrário de estar morta”. Podemos ficar descansados que a escola filosófica nacional tem continuadores. 🙂

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