Vou emigrar :(

Chorei. Tenho chorado muito.

A situação de desemprego é a mais delicada em termos pessoais, porque é uma espécie de buraco negro da esperança que transporta para o campo da impotência a mais fortes das personalidades.

Se há quem pense que escrevo muito, sou ainda pior a botar faladura.

Quase nunca sinto a ausência de palavras, mas a presença junto da fila do Centro de Emprego de Gaia tirou-me algo que tinha como certo – é mesmo possível ficar sem palavras.

O que se diz quando alguém te diz que vai emigrar porque não aguenta mais isto?

Apetece-me GRITAR a todos os desempregados, estou aqui, quero ajudar, digam-me como!

Sigo para a Escola, olha à minha volta e vejo menos gente. Vejo os amigos de sempre, mas falta aquela gente nova, que trazia os corpos de verão, os sorrisos mais felizes do mundo, aqueles que transportavam a alegria de ter TRABALHO. Era só isso: tinham trabalho! A sua dignidade existia porque teriam dinheiro para dar de comer aos filhos.

Sento-me para a reunião. Temos mais 51 alunos na escola!

Temos menos 31 professores!

Ora nem mais! É o milagre da multiplicação dos pães: temos mais alunos e menos professores!

Para si, caro leitor, é mesmo assim: na minha escola há menos professores para mais alunos, isto é, e trocando por miúdos, há menos professores para os seus filhos: o seu filho, este ano, vai ter menos apoio na escola.

Vamos ter uma PIOR escola pública!

Comments

  1. Se não fecharam nenhum estabelecimento de ensino nas proximidades, tem a sorte de ao menos ver a escola com mais alunos, uma raridade hoje em dia ao longo do País.
    À minha volta não só fecharam há 2 anos várias escolas, inclusive a que estava defronte da minha casa e as outras nem aumentaram globalmente o número de alunos

  2. Como eu vos compreendo.

  3. Conceição Pereira says:

    Uma só palavra!! VERGONHA!! Deviam ter mais consideração por quem ensina pois estão a formar os HOMENS e MULHERES de amanhã!! E não é a colocar 30 alunos por turma que vão poupar dinheiro!!

  4. maria celeste ramos says:

    Freitas do Amaral diz que gostaria que os políticos lessem os filósofos clássicos gregos (bastava 4) que disseram TUDO sobre democracia já nesse longínquo tempo – para aprender algo sobre democracia – amanhã será entrevistado Adriano Moreira que completa 90 anos de idade

  5. Chorei, choro… e continuarei a chorar!
    Ainda hoje vivi essa agonia numa cadeira do centro de emprego, um nó na garganta, um aperto no peito… e uma vontade “feroz” de gritar e mostrar a minha dor!
    Quero ser professora… deixem-me ser professora! 🙁
    Isabel T.

  6. Frederico Mendes Paula says:

    Um país pior tem necessariamente uma pior escola pública.

  7. carlos P says:

    Caros Senhores; tenho pena e lamento imenso o desemprego dos professores. Sou engenheiro e também estou desempregado. Não é por haver mais professores que temos melhores alunos e melhores resultados ( os resultados melhoraram devido ao facilitismo). Quando estudei tinha turmas de 28 e 30 alunos por turma e não era por isso que não aprendi.
    Penso que os professores deveriam estar mais preocupados com a falta de educação dos alunos e com o rigor.
    Precisa-se de rigor e de autoridade para os professores ( e por favor deixem-se de manifestações e de se fazerem de coitadinhos e dignifiquem a vossa profissão). Já agora para encerrar o assunto deveriam fazer uma limpeza na profissão daqueles que leccionam que que estão mal habilitados para tal ( não se sabendo como tiraram o curso) estão a dar aulas, isso sim é que é preocupante ………………

    • Patricia Carvalho says:

      Senhor Carlos P. podemos começar a limpeza pela sua classe! Também temos engenheiros a leccionar, se calhar refere-se a esses seus colegas mal habilitados (perdoem-me a injustiça! ou não!). Em todas as classes existem pessoas mais ou menos habilitadas. Na sua area também não sei como muitos são chamados de Senhores Engenheiros, não sei como tiraram o curso e encontram-se a trabalhar na area ou a delegar esse trabalho aos desenhadores e depois só assinam!
      Gostava de ver muita gente como o Senhor Engenheiro dentro de uma sala de aula com 30 alunos! Logo depois conversavamos… Não sei tem filhos mas quando os tiver em idade escolar estes não serão devidamente apoiados em turmas tão grandes e o Senhor vai exigir da escola o que esta não lhe pode dar! Nessa altura mudam-se os papeis dos ”coitadinhos”.
      Boa sorte e espero que arrange emprego rapidamente!

      Patrícia C.

      • João Santos says:

        Explique lá essa dos engenheiros mal habililatados, para ensinar (até têm de fazer profissionalização para isso)! Ainda não há piaget’s e outros que tais a “vender” cursos de engenharias…e há uma ordem dos engenheiros a homologar o conhecimento dos engenheiros! E os professores quando se fala numa ordem ou exames de acesso à profissão, é o “fim do mundo”, porque será? Venha uma ordem dos professores! Venham os exames de acesso à classe para separar o “trigo do joio”, e não só para os que vão entrar na profissão, mas também para os que já lá estão “instalados”!

        • Joana Sobreira says:

          Essa profissionalização em serviço é relativamente recente… os engenheiros estão a dar aulas desde o tempo em que havia falta de professores e, sem a profissionalização, não tinham cadeiras pedagógicas. Aliás, daqui a nada estão a reformar-se. Mas se o Estado deles precisou, também não pode descartar-se deles só porque já há excesso de professores. Os 30 alunos por turma no tempo em que eu própria era estudante não são os 30 alunos de agora. A exceção da altura é a regra agora. Eu explico melhor: os mal comportados, mal educados e com interesses divergentes dos escolares eram a minoria mas agora é a maioria. Em todas as profissões há maus e bons profissionais e sou a favor da ordem e da avaliação (mas feita desinteressadamente!). Agora, uma coisa é certa, o ensino está a degradar-se e a um ritmo alucinante, ainda há escolas a cairem de tão degradadas, os docentes que ficam colocados desdobram-se de tal forma que muitas vezes ficam sem vida própria, para fazer face aos que não foram colocados, para que os alunos não sejam prejudicados na sua formação. Tanta coisa para dizer… só tenho pena que os que estão fora do ensino opinem tanto sem terem conhecimento do que falam. Eu sou uma professora com emprego. Desejo boa sorte para os que não têm e, se calhar, terão mesmo de emigrar. Até eu tenho vontade..

        • Filipa says:

          Qual profissionalização em serviço??? Aquela em que pessoas com mais de 5 anos de ensino ficavam dispensadas das aulas assistidas e faziam umas cadeirecas pedagógicas que só lhes serviam para aumentar as médias???

        • Maria silva says:

          Não sou doutora. engenheira ou professora nem familiar ou amiga de ninguém com essas profissões. Sou empregada fabril com muita honra. Mas na fábrica onde trabalho trabalham alguns engenheiros ( 1 nem sequer tem o 2º ano completo (dito pelo mesmo) mas apelida-se de Sr. Engenheiro. Ganham por mês aquilo que qualquer empregado fabril ganha num ano inteiro mas quanto a isso não digo muito porque estudaram para isso. O problema maior é que tirando um deles (que trabalha e bem), os outros passam a vida no facebook que eu bem os vejo. Um deles disse-me que estava todo contente porque um amigo lhe tinha arranjado uma cunha num colégio para dar aulas ao fim da tarde. Eu perguntei-lhe se ele sabia dar aulas e a resposta dele foi: Quero lá saber. Conheço outros engenheiros que dão aulas e não percebem nada da poda. O que eu quero é a guitinha ao fim do mês. Só não quero aturar chavalos que são uns malcriadões e ainda batem nos professores. Só quero adultos.
          Com este meu comentário não estou a julgar ninguém pois há bons e maus em todas as profissões, mas custa-me ver estarem sempre a atacar os professores quando sei o que custa aturar dois adolescentes quanto mais 30 ou mais todos juntos. Se ao menos fossem educados e respeitadores, mas muitos são do piorio. Acho engraçado quando alguns pais dizem que os professores é que têm de dar educação aos filhos. Não. Os pais é que têm de dar educação em casa. Os professores têm de ensinar a matéria.
          Porque razão é que em vez de estarem sempre a atacar os professores, não atacam a classe política que esses sim, é que ganham rios de dinheiro e não fazem nada?

          • carlos P says:

            Cara Senhora, Essa resposta é a típica do portuga ” quero o meu, os outros que se lixem, vamos sacar, encher os bolsos”. Infelizmente esta questão é muito profunda é geracional de chicos espertos que pensam que enganam os outros e depois pagam todos uns pelos outros. Pagam se mais impostos pelos que não pagam e deviam pagar, há professores desempregados porque há burros ditos formados que nem formados são a dar aulas. É um pais de doutores e engenheiros, mas se formos analisar bem a fundo metade deles não os são. cambada de de ignorantes……………………..

      • joao costa says:

        sua burra, nem sabe ler nem escrever

  8. “mas falta aquela gente nova, que trazia os corpos de verão, os sorrisos mais felizes do mundo, aqueles que transportavam a alegria de ter TRABALHO.”
    Obrigada!!! Mas a esperança não morre temos que lutar!!! Ainda não me dei por vencida!! E os sorrisos estarão sempre com os amigos…

    • joao costa says:

      Pois querem é boa vida, trabalhar, tá bem,

      deixem isso para os outros, nunca se esforçaram a estudar, agora querem continuar sem fazer nenhum. dar a lingua dar a lingua, dar a lingua

  9. carlos P says:

    Cara Patrícia, não tem de ficar ofendida comigo pela questão dos ” coitadinhos” foi no sentido de valorizarem mais a vossa profissão e não a ” achincalharem mais ” ( acho que que dá pena ver professores andarem na rua a fazerem certas figurinhas, assim como os médicos e enfermeiros fizerem ultimamente ( existem milhares de advogados, engenheiros, outras profissões) desempregados e não andam a pedir que lhe tenham uma vaga de emprego.
    Como em todas as profissões existe bom e mau, mas é certo que tem de haver alguma entidade que certifique e regule que os profissionais e Universidades têm o mínimo de qualidade, de exigência e rigor. Como sabe melhor que eu, está acentuar se um decréscimo no número de alunos no ensino logo haverá uma redução de professores. Por outro lado não se reduz o número de vagas no ensino superior de vagas para professores ( O que se espera)??????????????

    Além de tudo, peço desculpa de vou ofender a sua susceptibilidade, mas a vida de professor sempre foi uma vida considerada ( tirando o facto das deslocações para diversas escolas- pontos do País, comum a muitas profissões das gerações mais novas) muito “mansa”, cerca de 60 dias de férias por anos e por ai fora.

    Claramente respeito muito os professores, gostava muito que tivesse outra imagem, porque a que têm na minha opinião não é boa, basta olhar para a “morangada” ( Morangos com açucar) a ideia que eles transmitem dos professores.

    Muitas felicidades.

    • Maquiavel says:

      Realmente essa dos “60 dias de férias por ano” é muito boa, se fosse verdade. Isso é lá para os países nórdicos, lá longe é que as férias dos alunos correspondem às férias dos profes.
      Em Portugal os alunos podem ter à vontadinha 60 dias de férias, que os profes têm um mês, porque no resto dos tais “60 dias” estäo em reuniöes e avaliaçöes e o diabo a sete.
      Até eu que näo sou prof sei disso!

      • carlos P says:

        Caro Maquiavél quer fazer contas:( sem grande rigor pelo sistema antigo era uma vergonha chegavam a estar mais dias a descansar do que a trabalhar)

        – Ferias Grandes 1 julho 15 Setembro – 50 dias
        – Ferias Natal – 10 dias
        – Ferias Carnaval – 3 dias
        – Ferias Pascoa – 10 dia

        isto por alto, dê lhe o desconto…..

        • joao costa says:

          OPA ISSO É POUCO

          ISSO E UMA CAMBADA DE MALAMDRAGEM

          VÃO TRABALHAR

        • Maquiavel says:

          Muito bem, enumerou as férias dos alunos.
          Você é idiota ou näo sabe interpretar o que lê?
          Por exemplo, diga-me o nome de um professor (basta-me um, veja lá bem) que tenha tido essas férias de 1 Julho a 15 de Setembro. Os que conheço estiveram 50% (alguns mais) do tempo nas escolas durante esse período todo.

          • Carlos P says:

            Opá quem é idiota burro??????

            Deve estar a confundir com alguém com quem lida

      • joao costa says:

        vai trabalhar malandro

    • Sr Carlos P
      Com o devido respeito, o senhor é um belíssimo exemplo da facilidade com que as pessoas, que estão fora da educação e não sabem como funciona uma escola nem as condições em que os professores trabalham,opinam sobre coisas que desconhecem. E ao exercer o seu direito à liberdade de opinião, não se apercebe do vício em que incorre: debitar o que pensa sem ter informação e reflexão crítica.

      • carlos P says:

        Cara MD,
        Obrigado pela sua resposta,
        Não efectuei a minha opinião levianamente, foi baseada pessoas que me são próximas e consigo ver a diferença.

        • Sr. Carlos P.
          Mais uma vez o sr. incorre numa falácia: a da generalização precipitada. As ‘suas pessoas próximas’ não são uma amostra representativa dos milhares de professores. Porque não nos elucida sobre a verdadeira situação dessas suas pessoas próximas? Professores do quadro? Com quanto tempo de serviço? Esses pequenos detalhes fazem toda a diferença. Tal como em todas as profissões. Agora, não saber distinguir uma a realidade de um produção fictícia, como a que refere dos morangos com açúcar… diria que aqui o problema é mesmo o da reflexão crítica.

          • carlos P says:

            Cara MD,
            Falácia???? Os professores que se encontram a leccionar devem rondar uma idade média de 45 anos com 20 e tal anos de trabalho, certo????? foram sempre uns privilegiados, certo? Agora estão a cortar regalias aos senhores mais velhos e os mais novos é que estão a dar a cara, mas é sempre assim , enfim………As produções fictícias como lhe chama espelham muitas vezes a realidade, e se reflectir um bocadinho ( não sei se e professor/a ou não) vai ver que encontra diariamente este género de comportamento/estilo numa escola. Tudo o que disse é meramente baseado na minha opinião e numa vertente constructiva para a imagem dos professores, que no meu entender é bastante má por culpa dos próprios ( que se andam sempre a queixar). ( escrito ainda de acordo com o antigo acordo ortográfico- outra perda de tempo, dinheiro e sei lá mais o kkkkkkkk ( esta do k apeteceu me)

            Muitas felicidades

          • Ricardo Santos Pinto says:
        • Maquiavel says:

          E agora mente. Vá ver se chove, aldrabäo.

  10. MCcarina says:

    Isto nao e assunto nenhum despedir professores numa altura em que precisamos deles eu tanho 14anos e percebo à situacao em que os professores estao voces nao tem nada à fazer se nao despedir professores e depois Sao os pais os culpados isto nao e bem assim

    • carlos P says:

      MC Catarina eu tb acho mal despedir professores, tens toda a razão que e muito mal. O que nunca devia ter sido feita era ter contratado tantos, criou se a ilusão a muitas pessoas que tudo era possível que haveria emprego para todos e agora é a desilusão.

  11. Erro Crassus não haver professores de Geografia says:

    olha pá eu andei num liceu com 1840 alunos e 102 profess
    que agora tem 850 alunos e ficou com 97 dos 109 que tinha

    não te aconselho a emigrar que na Grã-bretanha ganhas 200 libras por semana com sorte

    só se fores casado com uma canadiana…

    Alberta (2003-04
    simple average) $43,653 $68,967 $48,779 $74,126
    British Columbia $37,908 $56,743 $45,506 $70,684
    Saskatchewan $38,700 $59,500 $43,570 $66,103
    Manitoba $37,948 $58,737 $42,887 $65,310
    Ontario $37,043 $62,625 $42,258 $73,472
    Quebec $36,196 $58,633 $41,982 $63,527
    New Brunswick $33,776 $52,231 $40,482 $62,292
    Nova Scotia $35,906 $57,376 $44,168 $67,978
    Prince Edward Island $30,341 $46,871 $38,480 $59,657
    Newfoundland
    & Labrador $34,838 $45,264 $45,280 $60,212
    Yukon $56,717
    o base anda pelos 2800 a 3000 por mês
    dólares canadianos
    para um básico
    dá o mesmo que 1300 por cá….a não ser que gostes de comer fora e cinema e café…

  12. Maria do Céu Mota says:

    A motivação este ano está muito em baixo.
    É a luta pela sobrevivência, é pensar um ano de cada vez. Quem quer ser professor? JP, transmitiste muito bem o que se passa… fala-se em emigrar. Mas ninguém o faz de ânimo leve.

  13. Célia Pinto says:

    Deixem-nos trabalhar!!!Temos tanto para dar ainda!

  14. carlos P says:

    Pergunto Porquê????? As faculdades de Professores estão cheias Porquê????? Alguém me sabe responder?????

  15. joao costa says:

    Vergonha, professoras querem trabalhar , depois Há outros professores que trabalham 3 dias por semana horário completo ( regalias e mais regalias). cambada de malandros. É por isso que este pais não anda., Tudo quer mama. Depois queixam se, querem e dar à língua na sala dos professores e comer o seu pastelzinho de nata e trabalhar e ser produtivos , tá quieto, vergonha

  16. joao costa says:

    Para os que se acham coitadinhos ( professores), aqui vai um estudo:

    http://www.oecd.org/edu/EAG2012%20%20Country%20note%20-%20Portugal.pdf

    Só me apetece chorar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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