O caso do encontro roubado

No dia 18 de Julho deste ano de desgraças a Margarida, que gosta de se chamar Moriae, contou-me que estava a organizar um encontro de blogues da educação e pediu-me ajuda.  A ideia era fazê-lo em Coimbra, parece que ainda somos a aldeia entre Lisboa e Porto. O Paulo Guinote e o Arlindo Ferreira já tinham concordado, e naturalmente respondi que sim. Sei por experiência feita como as pessoas que publicam  e comentam só ganham quando se conhecem pessoalmente.

Deparo-me agora com isto: um encontro gamado (enfim, a minha ideia era menos formal, mas os profes gostam muito do Portugal Sentado), a realizar nas Caldas da Rainha , terra que muito prezo até porque lá vivi mas que não fica bem no centro real e marca muitas distâncias, chama-se o evento A Blogosfera e a Discussão das Políticas Educativas em Portugal.

Pelo meio todos os blogues comerciais de educação menos o inventor do ramo juntaram-se com dois Paulos, o ora anfitrião sem saber de nada e o que sabendo e tendo concordado com a iniciativa primeira agora aparece nesta feita à sua medida, se encontraram perante um leitão de berma de estrada, o que causou indignação nas hostes sindicais mas, como diria um caldense, a mim não me assistiu.

A ver se nos entendemos: ser financeiramente retribuído por escrever num blogue não me incomoda absolutamente nada, pelo contrário, e num mercado que andava muito concorrencial é salutar, também para os consumidores onde me incluo, que estabeleçam princípios de auto-regulação e cooperação. Não é por ter sido o Ramiro Marques o inventor que  o nicho fica enxovalhado, e de resto quem veio depois contribuiu para puxar o autoclismo.

Já avançar com uma ideia proposta por quem anda nos blogues da educação há muitos anos, com pouca audiência mas com muito amor e carinho, sem lhe dar cavaco, neste caso cavacas, é feio.

Haverá vária teorias explicativas. Tenho uma. Caiu a Margarida no erro crasso de ter informado o Paulo Guinote da minha disponibilidade. Ora, de há uns meses a esta parte, vão-se sucedendo desse lado uns tirinhos surdos e parvos (porque mui pequenos) contra tudo o que cheire a Aventar. O próprio saberá porquê, pela parte que me toca fui estranhando, e acumulando, tenho umas ideias sobre o assunto, mas não me apetece.

Custou, mas com muitos anos a levar em cima com egos em luta percebi que mais vale ficar com o que interessa (e em matéria de educação concordamos em muitíssimos por cento dos casos) do que  ripostar. É o clássico dar mais importância ao que une do que àquilo que separa. De resto os professores que escrevem no Aventar andam consensualmente muito mais preocupados em traduzir para a população em geral o que se passa nas escolas do que em comunicar com os colegas, há quem o faça melhor e a mim chega-me o horário de trabalho.

Claro que não vou às Caldas, e mesmo noutras circunstâncias dificilmente iria, a minha amada Linha do Oeste agoniza hoje como um monumento à imbecilidade ferroviária nacional.

Acima de tudo na vida prezo a amizade, já para não falar na honestidade, e a Margarida é minha amiga.

Comments

  1. Caldas da Rainha a terra da minha adolescência e do Colégio Ramalho Ortigão que agora é pomposamente Universidade (mas mudou de rua) e não sei se se aprende alguma coisa – acho que não
    A terra onde os meninos podiam brincar no parque e estudar à sombra das gramdes árvores em mesinhas de ferro bracas e andar de biciclete, e saltar à corda e jogar ao berlim no saibro (agora deve ter evoluído para betuminoso ai ai) e a Zaira e as senhoras alemãs fugidas dos nazistas – e os passeios de remo no lago do Parque e os concursos hípicos na Mata ao lado do parque e aqule lindo quartel de tijolo tendo o arqtº cometido suicídio quando a raínha lhe disse que parecia um “pombal”
    Era o quartel de meu pai onde ía de mão dada com meu irmão comprar o “casqueiro”, o melhor pao do mundo
    Hoje não sei se tem tijolo em cima de tijolo porque o quartel é noutro lugar e os saloos e as Polis recentes defizeram tudo
    E a praça cheia de manhã a abarrotar de legumes e frutas de Alcobaça (tempo de perfumes) e os fantásticos e gigantescos chapéus de Sol a proteger as delícias da terra e as cabeças das vendedeiras e, depois do meo dia, local de encontro e de passear
    Fui lá há 2 anos pois Ribeiro Telles foi agraciado com “a árvore de cristal” e odiei aquela transformação bacoca como só os idiotas dos autarcas sabem fazer até destruir a alma e espírito dos lugares
    E S. Martinho do Porto que era lino e selvagem e agora tem 2 autoestradas em cima do areal (os autarcas são fantásticos e nem vivem sem betuminoso) + a prai da Foz do Arelho totalmente Selvagem onde meu paizinho fez um salvamento e o Institto de Socorros a Náufragos lhe deu um belo Diploba – e a praia de Salir do Porto que agora creio ser ciuto de futebolistas e — e – e mais não sei e a Zaira café esplanada e o Café Central na esquina e a praça esilo passerelle de todo o mundo da cidade de dia e de noite
    Enquanto Colégio – sito na “Rua da Bola” era o melhor do mundo – e muito chorei de saudades quendo tive de sair para a terra dos marialvas (santarém) onde nasci e odiei
    Bem, tragam-me umas “trouxas de ovos” maravilha conventual de que não se fala e o “pastel de nata” não ajudou a esteder a ubicidade tanto a esses como aos “celestes” de santarém
    Este país tem tantas coisas boas que de tanta fartura nem se liga e se diz que a Linha do Oeste agoniza de inbecikidade nacional – não é só aí poia que fazer o que se acba de fazer no Marquês de Pombal na rotunda opara fazer não sei quê, lá foram milhares de euros em vez de os pôr no mealheiro para o necessário e não para fanfarronices – estes autarcas que nada sabem fazer fazem rotundas ou desfazem as qu existem desde a construção do metropolitano
    Houve tempos em que no ralatório anula de certo serviço se escrevia -. fizeram tantos milhares de fotocópias e de informaçoe e de ofícios e de — agora fazem-se rotundas inuteis na Linha do Estoril em São João da Feira que bate record Guiness – por favor reduzam a 30% os parasitas camarários e não faam mais polis

  2. Pois… como é costume… há pessoas que engravidam de certezas pelos ouvidos, mails ou mensagens no FBook.

    See eu colocasse aqui os mails trocados cobre este assuntos com a Margarida e outras pessoas desde 2010 seria obrigado a ir buscar alcatrão e penas, mas eu sou boa pessoa e posso mandar-te por mail, para evitar a exposição pública dos disparates alheios.

    Informa-te antes de ofenderes os outros.

    Quanto ás bocas sobre o Aventar, és capaz de estar um bocado enganado.

    Ou isto é tudo porque convidei o João Paulo e não a ti, exactamente porque já tinmha percebidfo que andavas “enzonado”.

  3. A pressa provocou uma série de gralhas no texto.
    Acho que o desânimo perante a maledicência pura foi mais forte do que a ortografia.

  4. Margarida says:

    Sobre “O caso do encontro roubado” ( http://aventar.eu/2012/09/21/o-caso-do-encontro-roubado/#comments)

    Transcrevo, no ponto 1, troca de emails que mostram que a ideia de um encontro de blogues da educação estava em andamento, com o conhecimento do Paulo Guinote, Arlindo (não transcrevi esse mail) e João José Cardoso.

    No ponto 2, a prova de que, de uma tal reunião, sai outra ideia de um encontro de blogges, da educação. Tudo ok … a maioria dos presentes não saberia de nada e francamente nada disto tem a ver com eles. Mas o Guinote sabia. Falei com ele sobre o assunto e não teve a dignidade de assumir que outras pessoas estavam a preparar a mesma coisa, com o seu aval.

    Nota: Sei que o Paulo publicou sobre este assunto no blogue dele mas não vou lá justificar o que quer que seja. E só o faço aqui, em dois posts, porque o João José está a dizer a verdade e há quem o queira ver passar por mentiroso que não é. E pela verdade e amizade, passo a expor:

    Ponto 1:

    Moriae para Paulo, 6 de Julho de 2012
    (…)
    O que podemos nós fazer? Já me lembrei de promovermos um encontro de bloggers da educação. Porque sabemos com o que contamos. Um encontro de professores para discutir e aferir coisas, é tiro ao ar. Mas, bloggers, tu, Arlindo, Paulo, Ricardo, Aventar … seria interessante. Com questões de debate e tempo para que todos se preparassem, sem qquer stress. Formas de reagir. É escandaloso o que se está a passar … Deixo-te esta ideia por agora, parece-me exequível. Início de Setembro ou finais de Agosto.
    (…)

    Moriae para Paulo, 6 de Julho de 2012
    (…)
    Ou pelo menos, gostaria que nos encontrássemos, alguns de nós, para debater estas coisas. A proposta anterior seria aberta esta, nem por isso. E aí, já não sei quem seria bom ter presente. O certo é que sinto falta de debater estas coisas com quem sabe delas e seja honesto e sem interesses pessoais. É provável que me digas que isso é difícil pois está tudo meio viciado … Mas mesmo assim, lanço mais esta hipótese.
    🙂
    M.

    Paulo para Moriae, 8 de Julho de 2012
    (…)
    Encontro de bloggers, sim.
    Já pensei fazer isso na (…)
    Para o arranque do ano lectivo, é uma boa hipótese.
    (…)

    Moriae para Paulo, 8 de Julho de 201
    Excelente!!!!!!!!!

    Moriae para Paulo, 25 de Julho de 2012

    (…)
    Sobre encontro de bloggers, o João José Cardoso alinha, ajuda na organização. Pensámos noi Salão Brasil em Coimbra, local espaçoso, onde se come bem!
    (…)

    Moriae 27 Jul para Paulo

    Essa coisa de sábado é um encontro de blogues da educação?
    (…)

    Paulo Guinote 27 Jul para Moriae

    É uma coisa para que fui convidado, não fui eu a organizar.
    Não tem nada a ver com um debate público.
    Com sorte pode sair dali a ideia para fazer aquilo de que falámos em Coimbra.
    Mas como te digo, não fui eu que organizei. e foi algo que apareceu apenas esta semana.
    (…)
    ____________________________________
    Ponto 2:

    Sobre o assunto vide http://educaraeducacao.blogspot.pt/search/label/encontro. O Guinote tb tem estas coisas no blogue dele mas calhou e buscar este link.
    1: O que decidimos fazer
    (…)
    3. Realizar um encontro alargado e aberto a todo o público de bloggers, no próximo mês de Setembro, sobre “A Blogosfera e a Discussão das Políticas Educativas em Portugal”.
    (…)

  5. Na troca de mails privados que transcreve de forma truncada a gosto, a Moriae teve a decência de omitir o facto de ter ido a correr comunicar o evento a alguém ligado à direcção do SPRC, que imediatamente “chutou” para cima.
    Depois pediu-me desculpa.

    Omitiu ainda mais elementos, mas a minha indecência não me permite transcrever outras coisas.

    Que incluíam até conversas sobre uma Ordem e tal.

    Ela lembra-se, mas omite.
    A truncagem dos mails é muito… decente.
    Ainda bem.

    Não me incomoda que alguém exponha assim as trocas de mails (ainda bem que nunca fui além de assuntos deste tipo… phosga-se, que isto de um tipo trocar mails com quem não conhece é um treta…), pois assumo em público o que escrevo em privado.

    Nos últimos dias é a segunda pessoa que me ensina que nunca se deve considerar nada como sendo privado (é que eu publiquei uns mails de Fevereirto que não troquei com ela mas com um compadre meu, a quem pedi autorização, não o fiz assim,*a sorrelfa).

    Qual o próximo passo: publicar aquelas mails trocados com a IS, em que o meu nome também aparece?

    Seria giro…

    E anda esta malta a dar aulas…

    • Sobre esta malta que anda a dar aulas, estás enganado. Há quem esteja a recuperar de uma valente doença mas tu queres lá saber disso. A boa notícia é que estou saudável, mesmo depois da porrada toda e para a semana, começo a trabalhar. E já agora, qdo pedi ajuda ao João, foi porque soube que ia ser operada no dia 23 de Agosto. E mesmo assim, e estou-me nas tintas para que me venham dizer que me estou a vitimizar, passaste por cima de uma pessoa que foi tua amiga durante anos. Com os seus defeitos, enormes, falhas, enormes, mas … tua amiga. Não faltará quem se tenha apercebido disso. Estás mal, Paulo.

      João, eu que não me queria ver nesta m***** … bolas!

      Transcrevo o que comentei no outro post, onde li este nobre comentário desta pessoa:

      “Paulo, estás à vontade.

      Sobre o facto de ter escrito para uma pessoa amiga, do SPRC, tal como te escrevi a ti, não vejo qual é o problema. Neste teu comentário, estás a ‘desvendar’ coisas que não têm qquer interesse para a questão inicial, o encontro de bloggers que ia acontecer em princípio de Setembro, em Coimbra, com teu conhecimento e interesse.

      Pedi-te desculpa por ter escrito a um amigo que está ligado ao meu sindicato? Deves estar confundido … aliás, estás pior do que isso quanto a mim. Não te reconheço!

      Tenho os mails em texto, tu tb, publica-os todos se te apetecer. Neste comentário, o anterior, aliás, cortei o que não tinha a ver directamente com este assunto, mas até acho que o texto completo é mais interessante. Tive a decência de publicar basicamente palavras minhas e uma ou outra tua. Depois de ameaçada por ti, via facebook, que irias por aí, se te apetecesse. E já me devias conhecer, não tenho medo de muita coisa. De ti, nenhum.

      Poder fazer não é igual a querer fazer. E prefiro parar com esta história. Pelo que não dou mais achegas baixas em resposta a provocações que te ficam tão mal … Eu sou uma pessoa pequenita mas tu, até tens alguma responsabilidade perante os milhares que te seguem.

      Já me ‘ameaçaste’ em privado que o farias (publicar coisas) … afinal de contas, sou assim tão importante? Pensei que eras melhor ser. Enganei-me durante anos mas lá está, há coisas que não duram eternamente. Publica o que quiseres, faz o que quiseres. Fica ciente de uma coisa, as pessoas não são burras. Pelo menos, nem todas.”

      • Uma nota, a bem da verdade, que importa: o Guinote não afirmou publicar mails (em blogues) mas sim enviar mails meus ao João José.

Trackbacks

  1. […] que só isso, ou algo mais estranho, pode justificar este estapafúrdio post do João Cardoso no Aventar. O que lá está é objectivamente falso e pode ser demonstrado com trocas de mails que […]

  2. […] troca de mails em Fevereiro de 2011 para tentar negar outra de Julho de 2011 e se afirma que “isto é tudo porque convidei o João Paulo e não a ti“, entramos numa fase de delírio narcísico que me ultrapassa. Uma coisa é o reconhecimento […]

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