A escola mortuária

A transformação de uma antiga escola primária em capela mortuária é o retrato de Portugal, pintado pela própria realidade, com o contributo inestimável de todos os artistas que têm passado pela política portuguesa.

Nuno Crato, na sua qualidade de coveiro, deverá rejubilar com esta confirmação de que, nas escolas, há professores a mais e agentes funerários a menos. Para além disso, com tantos mortos nas salas de aulas, será possível aumentar ainda mais o número de alunos por turma, porque é da natureza do cadáver ser sossegado. Esperemos, ainda assim, que não se caia no facilitismo humorístico de chamar ignorantes aos defuntos, por não terem levantado o braço no afã de responder a uma pergunta simples.

Para que não tenha fim o exercício do mau gosto, ainda podemos acrescentar que, tendo em conta as saudades do tempo de infância, será fácil, agora, realizar o sonho de quem esteja mortinho por regressar à escola.

Finalmente, este regresso às vilas e aldeias do país será uma boa maneira de combater a desertificação do interior, sem que tanta movimentação altere o sossego bucólico dos montes e prados floridos que enfeitam o torrão luso. Proponho, ainda, que se aproveitem os apartados das estações de correios, entretanto fechadas, como jazigos. Os corpos das pessoas por identificar poderão ficar na posta restante.

Comments

  1. De corruptos (parece que hoje há pelo menos 3 deles que irão a tribunal e nada se encontrará como habitualmente para os prender) os decisores ao mais alto nível passaram a COVEIROS do país inteiro – Mas enganam-se pois que aqui não há cemitérios e os que há são belos e respeitam os mortos em mausoleus de amor e carinho não sendo como os americanos (e do norte europeu) em que se faz apenas um buraco e relva para o cão fazer xixi em cima – Quem pôs com o seu voto os coveiros no poleiro também os tirará de lé e mais depressa do que se pensa – e espero que em tribunal por crime económico e de ausência total de ética e decoro – espanha em madrid leva com os bastões da polícia mas os manifestantes não arredam pé – são exemplo para o mundo apesar de violência e dizem os senhores do mundo que tal manifestação não estava legalizada mas é LEGAL o assalto a quem trabalha duro e que são os que enriquecem e mandam matar com a polícia que AINDA os serve – vamos ver até quando – há limites também para a polícia que actua “by the book” e não sabe de que lado há-de estar – a UE perdeu a cabeça e o decoro e julga-se com direito de governar assim e ganham do que lhe demos e roubam – etc

  2. Humor negro adequado ao (C)rato.
    E não se pode extermina-lo?

Trackbacks

  1. […] Por vezes, não há melhor metáfora que a própria realidade. […]

  2. […] houve uma falha no sistema informático, que não se conhece o destino dos tribunais encerrados (a escola mortuária poderá servir de inspiração), que ir a um tribunal pode demorar quatro horas (e a distância […]

  3. […] no máximo, acabar com o financiamento de colégios com contrato de associação. Antes dele, já houve quem fechasse escolas, colégios não. Sendo assim, vamos lá repetir devagarinho: o governo não mandou fechar […]

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