Senhor Primeiro Ministro, até quando?

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Esta questão não é apenas minha! É a do povo de Portugal! Parte de esse povo confiou em si e votou em si e na sua coligação. O PSD e o CDS-PP, têm a fama de ser pessoas cristãs, católicas romanas. Em contrário, tenho a fama de ser cientista, sem provas, em nada acredito. Nunca me conheceu, nunca nos temos visto, graças a sua Divindade. Se o Senhor o um dos seus secretários, e tem muitos, todos pagos pela fazenda pública, como deve ser para quem governa, for ao motor de pesquisa Google, e escreve-se Raúl Iturra, grandes surpresas ia encontrar. O povo confiou em si e nas suas dádivas de homem cristão, católico e romano, como o seu colega na coligação que nos governa.

Não sou homem de fé, sou homem de provas, mas sou cristão com princípios baseados especialmente no Sermão do Monte. Desconfio do comércio que têm feito do Santuário de Fátima, único na Europa, o que Karol Wojtila costumava visitar. Meu cristianismo está exprimido nos meus cinco livros sobre religião, especialmente o da Religião como teoria da Reprodução Social, Fim de Século, 2ª edição de 2001. Se tiver tempo para ler, o um dos seus colaboradores lhe contar, poderia apreciar que não há nem meia vírgula não apoiada no Direito Canónico, na Patrística e em Tomas de Aquino, herdeiro do saber Aristotélico. Definem eles que uma res publica, e o conjunto do povo que deve evitar as felonias. Sou português, por acaso nascido no Chile que visitei em tempos do Presidente mártir Salvador Allende. Acabei num campo de concentração. O que ai sofri, poupo-lhe qualquer mal-entendido. Já tem tantos! Cria fundações, que, ano a seguir, desfaz. Nem se lembra que a criou e para que. Qua apague a de Bragança, parece-me bem, mas não e novidade. Em 1910 já tinha sido penhorada pela República que o Senhor esqueceu porque parece saber pouco de história. O de leis. Sabe bem, ainda que parece ter-se esquecido este artigo 3:

Artigo 3.º
Soberania e legalidade

1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática. [1]

Este artigo deve ser lembrado com o prévio, esse 2, que diz:

Artigo 2.º
Estado de direito democrático

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

Se parte do povo acreditou em si e nos seus colegas do CDS-PP, que hoje andam com cara de dúvida sobre a coligação, bem dissimulada, mas nenhum deles fala. Apenas a excelente Senhora Manuela Ferreira Leite, a quem tiraram toda credibilidade política, não tem vergonha do admoestar na praça pública. Os outros calam.

Quem lhe endereça esta carta e PS, marxista – não tenha medo das palavras de um devoto luterano, casado com a muito católica baronesa da Prúsia, Johana von Westphalen-, porque de certeza nunca leu nem meia frase da família Marx. Eis porque não entende que eram cristãos como o Senhor, apenas que a sério, a defender a força de trabalho que cria lucro e mais-valia, essa riqueza da nação que o seu representante persegue sem acrimonia, a obedecer apenas os convénios com a denominada tróica. Como Doutor de Cambridge UK em etnopsicologia da infância, mais dos mestrados em Antropologia da Educação, o comino a ouvir a voz do povo que não é apenas números: somos seres humanos.

Lamento estarmos em campos opostos. Sou socialista, palavra que faz tremer ao Senhor e ao seu gabinete, para proteger a sua riqueza e a dos seus apoiantes. Quem lhe escreve é também fundador de cristãos para o socialismo, baseado na Teologia da Libertação, que o Senhor desconhece. Porque Bento XVI, Ratzinger para mim, louva a Marx no seu livro de 2007 Jesu von Nazaret[2]? Por ter entendido com profundidade o conceito de alienação causada pelo capitalismo, essa teoria liberal de Adam Smith, 1775, que o Senhor tão bem representa.

Não tenha cuidado, o Senhor será demitido pelo povo, como aconteceu com Nixon e será rapidamente esquecido. A fome com que nos mata, esse não ouvir a voz do povo, um deles sou eu, com compras de pão e há para subsistir, devia envergonhar ao Senhor e solicitar ao PR eleições antecipadas. Vá- lá atreva-se, não espere por uma moção de censura que apenas desprestigiaria a sua ideologia ainda mais, alastrando consigo ao CDS-PP que, se foi consigo, era para ermara futuro.

Antes de ser Doutor, fui advogado. Bem sei que a lei me protege. Se assim não for, o que da Constituição do Estado?

Vai embora, só lhe faz bem a si e ao povo que ri de si. Leia os textos.

Raúl Iturra

26 de Setembro 2012

lautaro@netcabo.pt


[1] Pode ser lida em:  http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx

[2] Edição portuguesa Esfera dos Livros mesmo ano que a da Librerie Editrice Vaticana, Cittá del Vaticano. Sinopses em:  http://www.esferadoslivros.pt/livros.php?id_li=%2078

Comments

  1. Joao says:

    Coelho sabe pouco da Constituição.

    Aquilo tem muita letra.

    Dos Lusíadas, alguém lhe soprou aquela coisa do soprar dos ventos.

    Já o poema da Nini deve saber de cor.

  2. Pois a exuberância cultural de tal erudição, comoveu-me – o tipo teria apanhado um grande cagaço com a grandeza e inteireza dos portugueses que foram à Rua Gritar – Mas ao chegar ao fim vai safar-se e “herdar” pelo menos no curriculo escrito, uma pequena frase de quem foi o maior demolidor de um país e economia e moral social – pois como diz “João” aquilo tem muita letra e o primeiro não tem a 4ª classe e como disse um dia tem a “áfrica” dentro dele – está cheio demais que nem um ôdre e um dia rebenta e no entanto quando abre a boca não sai nada – saem-lhe os ventos – demolidores

  3. Ana Silva says:

    O conhecimento do passado permite-nos perceber o presente,
    mas questionar quem nada quer dizer é tarefa inglória…não sei se será ouvido Professor. É um texto apelativo, implica que conhecimento, saber, e pesquisa. Esse foi o trabalho de toda a sua vida.
    Bom texto.

    • Raul Iturra says:

      Agradeci os comentários prévios, mas por estar a escrever textos par urgir a marchar e marchar eu próprio apesar das minha doenças, é apenas hoje 30 que vejo o seu comentário. Sim, saber do passado ajuda a entender o presente, querida Ana Paula. Se vou ser ouvido? Estou certo que não, mas já o sabia quando escrevi este e outros textos. Quem nos governa, o pretende governar o país, apenas lembra o que passa pela sua cabeça e pensa que já anunciou ao país. A minha tarefa seria inglória se for só eu apenas quem combate. Não esqueça que aprendi a mi lição quando o nosso presidente mártir, Salvador Allende, foi obrigado ao suicídio por um Picunche qualquer.que se sublevara e alastrara as forças armadas do Chile a se levantar contra o governo. Precisamos de um 2º 25 de Abril para ver-nos livres de quem nos mata a fome e pelas suas injustiças. Não esqueça, a minha antiga discípula, hoje amiga, que este governo vai cair antes que depois. Pode ler o meu texto de ontem neste Aventar: “Quando me lembre….” Do que, Ana Paula? de anunciar as alças de impostos, o recortes de salários, o não pagamento de subsídios, esse 33% de IRS? Nem ele sabe, quanto mais ia saber eu. É mais um prego na caixa funerária deste governo. Quando visitei o Chile em tempos de Allende, aprendi esta lição: O povo unido, jamais será vencido! Frase nossa usada por vós em todos os protestos. em já do Abade Sieyés, que o incorporara na Constituição da 1ª República Francesa, ideia retirada de Jefferson.
      Agradeço a sua gentileza de comentário: curto, breve e expedito! Diz muito em poucas palavras por ir direito ao ponto da análises.
      RI
      lautaro@netcabo.pt

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