Um gesto significativo: a bandeira nos Paços do Concelho foi hasteada ao contrário. Um funcionário começou a desatar a bandeira para emendar o erro mas foi aconselhado a não o fazer.
Os sinais somam-se. O fim da República, do dia da República pelo menos, está a ser comemorado à porta fechada, com forte segurança, com controlo de acessos. O primeiro-ministro fugiu para Bratislava e do governo só um representante, Aguiar Branco, está presente.
Neste momento discursa António Costa, dirigente desse mesmo PS que foi campeão das PPP e que nacionalizou o BPN, dois grandes responsáveis pelo buraco financeiro em nos encontramos enterrados. Está a falar da austeridade e dos nossos oito séculos de história, como se estes fossem escudo à primeira. Um responsável de um dos partidos que nos trouxeram até aqui diz que a situação onde estamos é indigna e fá-lo como se não tivesse pontas de responsabilidade no que se passa.
A seguir falará Cavaco Silva. Suponho que assistiremos a uma continuação do discurso da necessidade de equidade e de termos atingido o limite do esforço fiscal. Terá memória suficiente para falar do arranque das vinhas, do abate dos barcos de pesca, da destruição da agricultura, do fecho da indústria e do dinheiro da formação profissional que comprou duas maiorias absolutas? Duvido. O institucionalista, aquele que não é político profissional, está acima destas trivialidades.
Demorou 102 anos mas finalmente a coisa pública fecha. Viva o rei?
Nota: será que o socialista agora também se insurgirá contra o seu colega socialista?
Adendas:
1. Percebe-se bem porque é que quiseram comemorar o último 5 de Outubro às escondidas. Miseráveis!
2. Mais uma razão para o testa de ferro ter fugido para Bratislava.
3. «O território foi tomado pelo inimigo.» (DN)
4. Cavaco Silva: «O nosso sacrifício tem de ter um propósito» (TSF). E tem: pagar o BPN, as PPP, as rendas e mais todos os liberais-encontados-ao-estado.
5. «Câmara de Lisboa justifica mudança de local com… o calor» (TSF). Se a cretinice fosse razão para despedimento com justa causa, esta assessora já estava na rua.
Meu caro Jorge,
É pensando em todo o desvario a que assistimos no tempo das “vacas gordas” do Cavaco e do Guterres e das vigarices optimistas de Sócrates que julgo Passos Coelho o menos culpado de todo o nosso infortúnio.
Teve o azar de lhe calhar o odioso propósito de cobrar a factura. Não a apresentou a quem devia por culpa própria ou por imposição das máfias que dominam os partidos e as nossas vidas? Algum dia o saberemos?
A única saída que me parece possível é realmente mudar a Constituição para tirar aos partidos a exclusividade da acção política e depois “educar” o Povo para que possa conscientemente partilhar o governo da Republica, da Pátria, da Nação, enfim deste cantinho querido à beira mar plantado. Mas como ?
Tudo isto é triste mas nada disto é fado.
Quando se tem uma doença grave a pior coisa que pode acontecer é ter pela frente um médico incompetente e insensível aos lamentos do paciente…
Tenho a sensação, vá lá saber-se porquê, que vivemos uma espécie de fim de festa. E desconfio que a ressaca, para além de terrivel, será parecida a qualquer coisa por onde já passámos.
Ironicamente apropriado…
coitadinho do pc que não conseguiu aceitar o 2º mandato de sócrates – igualmente eleito porque alguém votou – mas nunca até aí um ministro tinha sido tão vilipendiado e perseguido e ofendido mas ficou inteiro – depois pirou-se para paris – se passos o tentou ESMAGAR com persistência e vileza lá conseguiu – queria o seu lugar e só queria o seu lugar – como se vê – a vileza não se dirigiu apenas a ele – agora somos as vítimas e coitadinho de Passos, não me digam que é vítima agora – se é, só da sua vileza e desprezo não por sócrates mas por todos os cidadãos de bem – E não me falem em sanatana – cada um no seu estilo – uns são bulldozer, outros escorpiões e outros (que parece virem aí) são gasosos – seguro não me dá segurança nenhuma – quando uma coisa destas vence o seu colega de partido que é “sólido” dá para pensar que quem vota se anda a enganar muito – mas afinal não sabemos em quem votar – são todos, afinal, demasiaso gasosos – gasoso até cheira mal – gas que intoxica – e mata – nunva vi tanta falta de qualidade no pais de facínoras
“Um funcionário começou a desatar a bandeira para emendar o erro mas foi aconselhado a não o fazer.”
Há imagens disto? Algum tipo de registo? Já procurei e não encontro, e para mim esse facto, a ter acontecido, é de especial importância.
Vi em directo na RTP 1. Um funcionário estava a desatar e uma senhora veio dizer-lhe para não continuar. Não ouvi mas a expressão corporal falou por ela.
… impedir o “funcionário” faz todo o sentido num país em que prevalece a pompa e circunstância e o formalismo, face à lucidez e bom senso…
Um Cavaco que hasteia a bandeira ao contrário, é um anti-cristo da república. Pim!
E diz-se este o tal garante da democracia.