Farmácias de luto

Desespera-me que este governo que diz nos representar, sinta-se com a atribuição de saber farmacêutico. Não apenas recorta subsídios, ordenados, levanta os impostos avisando antes a Bruxelas, sem reconhecer a Assembleia da República. Durão Barroso sabe mais do que nós. Apenas no noticiário da tarde vamos saber as mudanças do retirado UTI e o seu(s) substituto. O Parlamento europeu sabe mais do que o nosso.

Será necessário lembrar ao governo, mais uma vez, o articulado da Constituição Política do Estado? Parece-me que sim.

Artigo 3.º
Soberania e legalidade

1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.  Este artigo deve ser lembrado com o prévio, esse 2, que diz:

Artigo 2.º
Estado de direito democrático

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

No meu ver, como comento na declaração pública www.farmaciasdeluto.pt , a soberania da farmácia é dos licenciados em Ciências Farmacêuticas e dos técnicos que com eles aprendem. Não se confundam os trabalhadores farmacêuticos: não estou a solicitar medicinas, essas que me salvam a vida e não são entregues as farmácias, ou o seu complemento, os médicos, que enviam receitas quando estimam conveniente, como o meu, receitas prometidas desde a Terça-feira 25 de Setembro e que ainda não tem tido a pachorra de enviar, por causa de não querer. Eu, a passar vergonha em frente de uma das duas farmácias que uso e defendo: a Brandão da Parede, Av. Da República 1317, da que sou cliente faz 40 anos, e a nova, a Macau, Rua Elias Garcia 402, cliente faz três anos e por enquanto apenas.

Há 1.131 farmácias com fornecimentos suspensos; 457 com processos judiciais;235 milhões de euros com processos judiciais; 40.000€ de resultado líquido negativo na farmácia média; 600 farmácias podem fechar em 2013.

Além do mais, ou para rir da população ou engraçar-se com elas, quando os sábios Farmacêuticos tinham comprado as vacinas contra a gripe, o Ministério da Saúde doou 4 milhões de euros em vacinas do erário nacional em falência, para ser ministradas gratuitamente às pessoas com mais de 65 anos. Não duvidei: paguei a minha vacina a minha Farmácia Brandão, para colaborar como eles comigo.

Senhor leitor, vai ficar apenas de braços cruzados sem protestar contra esta outra tropelia do governo, comandado pela Troika e Bruxelas, Alemanha e França, ou vai protestar como eu a morada fornecida mais acima?

Ontem 2 de Outubro, três dias antes do aniversário da nossa República, 40 fábricas declararam falência e dez mil operários foram a engrossar o subsídio de desemprego, Cáritas e a Cruz Vermelha.

Recebi esta carta após assinar a petição pública para o governo, a Assembleia e o PR, redigida pelos assembleistas do movimento Farmácia de Luto, que copio e reenvio:

Caros Amigos,

Acabei de ler e assinar a petição online: «pelo acesso de qualidade aos medicamentos e condições necessárias ao normal funcionamento das farmácias»

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=Farmacia

Pessoalmente concordo com esta petição e acho que também podes concordar.

Subscreve a petição e divulga-a pelos teus contactos.

Obrigado,
Prof. Doutor Raúl Iturra

A carta não é minha, mas se vem o número de assinantes, sou o nº 7923, onde falo de motu próprio.

Agradece apoio o movimento, o vosso

Prof. Doutor Raúl Iturra

Etnopsicologia da Infância

Catedrático do ISCTE-IUL

Professeur Invitée du Collége de France

Membro do Senado da U da Cambridge, UK.

lautaro@netcabo.pt

 

 

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