Confesso que começo a ter pouca paciência para os convites, em público, de Passos Coelho ao PS.
Estas coisas não se fazem assim e muito menos em público.
Até porque dão ao adversário todas as cartas para a resposta que bem entenderem.
O PSD começa a parecer um tipo encostado a um precipício que implora a todos os que passam que o empurrem, para assim vestir o papel de vítima. O problema é que o tombo é demasiado grande para ser feito, sem ser por acidente. Gaspar já meteu água uma vez, não faz sentido que use a mesma receita para repetir o equívoco.
A resposta do PS chega no tom e na forma certa:
“Ao fim de 16 meses de governação, o desemprego é o maior de sempre, a economia continua a cair, a divida pública a aumentar e o défice orçamental é superior ao previsto. As pessoas estão mais pobres, há cada vez mais famílias insolventes e mais empresas a entrarem em falência. Há famílias desesperadas, sem dinheiro para pagarem a renda da casa, a luz, a água ou o gás. Há cada vez mais desempregados, e em cada dia que passa mais desempregados sem qualquer apoio social.
Ao fim de 16 meses de governação, o desemprego é o maior de sempre, a economia continua a cair, a dívida pública a aumentar e o défice orçamental é superior ao previsto. As pessoas estão mais pobres, há cada vez mais famílias insolventes e mais empresas a entrarem em falência. Há famílias desesperadas, sem dinheiro para pagarem a renda da casa, a luz, a água ou o gás. Há cada vez mais desempregados, e em cada dia que passa mais desempregados sem qualquer apoio social.Os portugueses cumpriram com os pesados sacrifícios impostos pelo governo, o governo falhou em toda a linha. Prometeu cumprir em troca dos exagerados sacrifícios impostos aos portugueses, mas falhou.
Só no próximo ano, vamos pagar 2,5 mil milhões de euros em impostos, porque o Governo errou e foi incompetente na execução orçamental deste ano.
O Primeiro-ministro falhou. Está aflito. Meteu-se numa camisa de sete varas e não sabe como sair dela.
Agora vem falar na refundação do programa de ajustamento. Ninguém sabe o que tal significa. Exijo que o Primeiro-ministro seja claro. Fale verdade e explique ao país o que quer dizer com refundação do programa de ajustamento. Ele já disse que não é renegociação. Diga de uma vez por todas o que é, ao que vem e o que propõe.
A refundação do memorando é uma singularidade e o PS só se pode pronunciar depois de conhecer o que é que o Primeiro-ministro pretende em concreto. Seja transparente é o que exijo ao Primeiro-ministro.
Mas quero, desde já, ser muito claro: não contem com o PS para fazer acordos nas costas dos portugueses, nem contem com o PS para o desmantelamento do Estado Social. O PS não está disponível para nenhuma revisão constitucional que ponha em causa as funções sociais essenciais do Estado.
Ao mesmo tempo, o Primeiro-ministro vem fazer um aceno ao PS.
Semelhante a um náufrago que já não consegue sair do remoinho em que se meteu.Agora é que se lembra do PS? Há mais de um ano que ignoram os nossos avisos e as nossas propostas. Fizeram as vossas escolhas, definiram as vossas estratégias, executaram-nas, juraram que iria dar certo e que não havia alternativa, fizeram cinco atualizações do memorando sem terem em conta o PS, enviaram documentos para Bruxelas sem discussão prévia e nas nossas costas, não atuaram na Europa como deviam e quando deviam, desbarataram o consenso político e social e agora é que se lembram de nós?
O PS sempre esteve, está e estará disponível para ajudar Portugal, mas não peçam ao PS para dar a mão a este Governo e a esta política. Porque este Governo está a fazer mal a Portugal. O próximo Orçamento do Estado não é de salvação nacional, é um OE de empobrecimento nacional. Não somos autores, nem seremos cúmplices desta política de austeridade. Nenhum português compreenderia que o PS fosse aplicar uma política com a qual discorda profundamente. O nosso compromisso é com os portugueses e não com um Governo que chama piegas aos portugueses, que manda os
jovens emigrar, que compara o desemprego a uma oportunidade ou que tentou retirar rendimento dos trabalhadores para financiar as empresas.O nosso compromisso é com os portugueses e com o interesse nacional. Permaneceremos fiéis aos nossos valores, mantendo a nossa postura construtiva e afirmando a nossa alternativa responsável.
Portugal precisa de mudar de vida. É essa mudança que vos proponho.
É nessa mudança que estamos a trabalhar.”António José Seguro
Para dizer isto não é preciso ser presidente do PS pois parece o comentador de não sei quê que diz aquilo que se está a ver na TV em vez de comentar – não me ensinam a ver o que está deante do meu olhar pois ainda não ceguei senão de raiva
ÚLTIMO ACTO
Passos já caíu. Que não seja preciso tropeçar num homem derrubado para que ele saia. Cometeu 3 erros de palmatória.Não soube esperar enquanto oposição mais 1/2 dúzia de semanas para que Sócrates estafasse os PEC´s e fugisse por iniciativa própria derrotado e humilhado. -Não foi capaz de atacar logo que iniciou funções governativas a infernal máquina do Estado com reorganizações emagrecedoras, práticas e eficazes, e não resistindo ele próprio á tentação de a inundar com clientelas amigas. -Não deixou cair Relvas no momento certo e deixou-se contaminar por essa erva daninha a tal ponto que vão claudicar juntos, com agravante de se ter rodeado de mais uns quantos ministros demasiado rudimentares. Acaba por fazer pena como tanta ingenuidade e erros de condução o levaram a desperdiçar uma oportunidade única para romper com uma labirintica teia de interesses instalados. Acabou por se deixar cercar por advesários políticos incoerentes e manchados de pecado, não lhe faltando desgraçadamente sinistros inimigos dentro de portas. Só falta o Senhor Presidente cumprir a própria obrigação, que esgotado o tempo da pulverização de avisos já se faz tarde para a decisão inadiável que agora se exige. Ironia das ironias, consegue num último e arrastado acto deixar o intragável Seguro a rir.
Pois é. O Maräo ainda credita que o Passos Coelho realmente queria “romper com uma labirintica teia de interesses instalados”… eu também queria ter uma fé inabalável assim!
O PS não tem Moral, nem Ética para dar uma resposta destas. À semelhança do PSD e do CDS, as políticas usadas são mais do mesmo. Podiam juntar-se e passar o resto da vida a fazer acusações mutuas uns aos outros 24 horas do dia, que mesmo assim não conseguiriam lavar a roupa suja que têm todos feito a este país e a este povo.
Seguro não é melhor que Passos Coelho. A merda é a mesma só mudam as moscas.
Estava eu a gostar do discurso quando, quase no fim, li que “Permaneceremos fiéis aos nossos valores…”.
Pronto, lá se foi a beleza do discurso!