«Somos mais fortes do que ele»


Esta frase, pronunciada por Rogério Pinto, autarca de Silves, ouvi-a no Domingo na TSF. E fiquei emocionada. Referia-se o autarca à luta contra os efeitos devastadores de um tornado. E orgulhava-se do esforço que muitas pessoas estavam a fazer àquela hora para ajudar a apagar os sinais da catástrofe. Quando ouvi a notícia pela primeira vez, eram cerca de 100 pessoas que tinham decidido arregaçar as mangas. Ao que soube depois, acabaram por ser mais de 1000.

Gosto disto. Gosto deste povo que se une e luta para limpar os destroços deixados por um tornado. Quando ouvi a notícia, recuei ao pós 25 de Abril, momento que vivi sem quase dele ter consciência. Tinha quatro anitos feitos menos de um mês antes. Tal como todos os portugueses, segundo me conta a minha mãe, também eu dei um dia de trabalho ao meu país. Andei na rua com a minha «tia» Esperancinha a apanhar ervas e limpar bermas, juntamente com muitas outras pessoas.

Recuei também ao pré 25 de Abril e à canção Índios da Meia-Praia, à imagem épica de todas aquelas pessoas, cada uma com o seu tijolo, a construírem as suas casas e as casas dos vizinhos.

Hoje, sonho com pessoas de enxada e pás, sacos de lixo e baldes carregados de entulho. Ouço a Grande Ideia do Povo da Aldeia, de José Barata-Moura, tantas vezes tocada e retocada no rádio do carro para as minhas filhas e os pais ouvirem, muitas vezes mais para os pais do que para as filhas…

Da mesma forma que me emociono com todas essas manifestações de união, também me emocionei com a união daquelas pessoas que abdicaram de um ou dois dias de lazer para limparem a sua terra.

Sei, sempre soube, que os Portugueses são capazes de grandes feitos.  Sei que, apesar dos grandes, enormes defeitos, somos um povo solidário, sabemos dar as mãos, ajudar quem de nós precisa. Lembro-me das manifestações por Timor. Das lágrimas, dos minutos de silêncio, das flores atiradas aos rios e aos mares, da solidariedade para com um povo sofredor. Fomos manipulados pelos media? Claro que fomos! Mas ainda assim, não é de desprezar um povo que desta forma se junta e luta por algo em que acredita.

Hoje afirmo, mais uma vez, que tenho orgulho, muito orgulho em ser Portuguesa, com todas as letras. E que só me envergonho de termos uma classe dirigente que não sabe dirigir. Dir-me-ão que essa classe é a imagem do povo que a elege. Não concordo. O povo está depauperado, desaustinado, qual horda de  baratas tontas sem saber por onde lutar.

Precisamos de líderes, bons líderes. Gestores que nos mereçam.

Precisamos, sobretudo, uns dos outros. Podem tentar dividir para reinar, mas a verdade é que, aconteça o que acontecer, somos solidários. Somos Portugueses. Apesar de tudo.

P.S.: Agradeço aos companheiros Aventadores a honra que me dão de me aceitarem no seu «Clube». Espero não os deixar ficar mal. Muito obrigada!

 

Comments

  1. maria celeste d'oliveira ramos says:

    Mas esse povo de que fala e que eu já adulta vi manifestar-se e nem sabia que a ele pertencia por falta de consciência e cultura, sem ser aos gritos cantar de alegria e caminhar sem atropelar ninguém em todas as ruas sem espaço para mais um, esse povo vai morrendo mas deixou sementes pelo menos enquanto não atraiçoarem o “genoma” que creio poder mudar mas não morrer como eu tenho o de minha famíliacom as minas especificidades – e somo-lo ainda.- apenas que há sempre uns bastardos pois que de um bom ninho pode sair um ruim passarinho, diz o povo e tem razão – está cá tudo e tanto que até muitos deles andam pelo mundo onde vão e ficam até muito tempo mas a alma é a mesma mesmo fora do seu habitat natural que é aqui mas foram forçados a procurar até “os lugares do inimigo” – Esse dia que eu vivi não se repete – mas é das mais belas recordações dos que o viveram com o espírito que por vezes parece andar pelo chão – espezinhado – mas ninguém mata a beleza

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