Sindicatos de Professores – eleições directas para mesas negociais

O Sindicalismo em Portugal, como em muitos outros países europeus, vive momentos delicados.

Num contexto em que o papel dos Sindicatos é questionado em permanência, no meio deste tsunami social em que intencionalmente nos colocaram, os trabalhadores também sentem a importância do Sindicato, nem que seja como a última porta a bater depois de todas as outras se terem fechado.

No caso dos Professores há um problema de base que complica tudo – são mais de dez as estruturas sindicais que representam a classe. Existe a FENPROF, liderada por Mário Nogueira e que representa mais professores que todos os outros juntos, mas depois, entre os sindicatos mais pequenos contam-se mais de uma dezena de estruturas.

Maria de Lurdes Rodrigues  (página 11) for responsável pelo primeiro processo de aferição da representatividade sindical para distribuição dos tempos que poderiam ser usados pelos professores para a actividade sindical. Nessa altura, quando havia mais de 1200 dirigentes sindicais a tempo inteiro, a FENPROF tinha 15%. Quando o número foi reduzido para 450,  a FENPROF subiu para os 40% (180 dirigentes) e finalmente, em 2006, foram-lhe atribuídos 146 de 300.

A minha pergunta é simples: a quem interessa esta aparente divisão?

Apenas e só ao poder.

E escrevo aparente com a tranquilidade de quem pertence a uma organização, a FENPROF, que é claramente maioritária e que não sente qualquer tipo de divisão, a este nível, entre os professores que, em boa parte, desconhecem completamente a existência da maioria dos sindicatos. Poder até fazer uma experiência: perguntem a um professor que conheçam para vos dizer o nome dos sindicatos de professores. Experimentem.

Até por uma questão de respeito pela Democracia é fundamental alterar este tipo de coisas. Um sindicato com menos de mil sócios não pode representar o mesmo que uma Federação com mais de 60 mil sócios! Não pode!

Uma proposta que já existe em alguns países: realizem-se eleições profissionais entre os professores – de dois em dois, por exemplo, todos os docentes votariam nos representantes que queriam ver nas mesas negociais com o Governo e com os Patrões dos Colégios Privados. Admito até candidaturas individuais para estas mesas negociais. Poderiam ir todos a jogo. Define-se uma distribuição geográfica, por sectores, por uma série de critérios a estudar: uma espécie de micro-parlamento representativo da classe.

Depois é só deixar a Democracia funcionar!

Todos ficariam a ganhar – quer dizer, se calhar não…

Comments

  1. maria celeste d'oliveira ramos says:

    PARA jÁ ERA DE EXPERIMENTAR porque anda tudo muito anquilosado e morno e ineficaz-“Uma proposta que já existe em alguns países: realizem-se eleições profissionais entre os professores – de dois em dois, por exemplo, todos os docentes votariam nos representantes que queriam ver nas mesas negociais com o Governo e com os Patrões dos Colégios Privados. Admito até candidaturas individuais para estas mesas negociais. Poderiam ir todos a jogo. Define-se uma distribuição geográfica, por sectores, por uma série de critérios a estudar: uma espécie de micro-parlamento representativo da classe.

    Depois é só deixar a Democracia funcionar!

    Todos ficariam a ganhar – quer dizer, se calhar não”
    mas mas é de tentar mudar p+orque as mega organizações impessoalizam e estão tão longe ?? não sei – mudar é importante

  2. Hugo Mota says:

    Ficou omitido a quem esta divisão — ou será descontrole — não interessa: aos sindicatos controlados pelo PCP. O pluralismo deixa de ter piada quando deixa de ser chavão e passa a ser posto em prática pelas pessoas que não seguem as ordens que os comunistas ditam. Aí, o pluralismo passa a ser sentido como uma ameaça ao controle político das corporações, e com isso erode o pouco poder que resta a essa organização. As campanhas de opressão e sabotagem dirigidas a organizações sindicais e movimentos independentes do PCP, como foi o caso do destino que deram ao MUP no tempo da sabotagem do PCP ao governo de josé sócrates, é expressão desse cancro que corroí a sociedade portuguesa.

    Dizem que o pluralismo e liberdade de associação só interessa ao poder, quando interessa sobretudo aos portugueses livres entre nós. Com essas histórias tentam tapar os olhos ao povo, e assim vão dizendo, cantando e rindo, que o povo é quem mais ordena, mas na realidade só querem é dar-lhe ordens, como se fosse o vosso fantoche politico para montar o espectáculo somente quando é politicamente conveniente.

    • João Paulo says:

      Meu caro Hugo, obrigado por ter comentado. Se me permite vou comentar parte do seu comentário:

      1- Não tenho grande necessidade de afirmar as minhas posições, mas se tem andado atento, saberá que estou LONGE, MUITO longe de estar próximo do PCP. Logo, não sinto, antes pelo contrário, qualquer vontade de o defender. Ao PCP.
      2- Leu o que eu escrevi? Repare – “todos os docentes votariam nos representantes que queriam ver nas mesas negociais com o Governo e com os Patrões dos Colégios Privados. Admito até candidaturas individuais para estas mesas negociais. Poderiam ir todos a jogo”.
      3- Quer ler outra vez o ponto 2?
      4- E outra vez?
      5- Será que entendeu, até, que essa proposta é diferente daquela que a FENPROF (a que pertenço) tem disponível no seu site?
      6- O que escreve: “As campanhas de opressão e sabotagem dirigidas a organizações sindicais e movimentos independentes do PCP, como foi o caso do destino que deram ao MUP no tempo da sabotagem do PCP ao governo de josé sócrates”

      pediria, da minha parte, argumentos mais fortes para estas afirmações – refere-se a coisas tipo Ramiro Marques ou João Grancho?
      JP

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  1. […] político de cada um dos agentes no terreno. Os professores, até pela sua dimensão, têm um conjunto muito amplo de organizações sindicais, algumas das quais pouco mais representam do que os próprios […]

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