Nunca Mais Latrinarei

Cartaz 10Prometi a mim mesmo que, mesmo não tendo esgotado a raiva, nem a queixa, nem o nojo, não mais escreveria acerca de Sócrates. Nunca mais latrinaria. Nunca mais é nunca mais! Nunca mais falaria do passado socratista, da sua perfídia deliberada, do plano trapaceiro e pomposo de discursar gloriosamente ao arrepio da gestão corrente ruinosa e ao arrepio do oculto resvalar inexorável do País rumo ao Abismo; nunca mais escreveria da corrida alegre e impante contra os cornos da dívida massiva; não mais falaria do meu asco pela eventualidade do seu regresso às lides políticas [quem, não sendo louco, concebe esta ideia-frankenstein?], quando uma cela e uma pena exemplar lhe encaixariam na perfeição. Prometi que, mesmo sendo essa personalidade porventura o mais legítimo e justíssimo alvo de escárnio e execração por qualquer português com dois palmos de testa até aos cem anos de idade, também há limites para o meu auto-envenenamento por um justificadíssimo e legitimíssimo ódio de estimação. Prometi? Cumprirei!

Por mim mesmo. De resto, por mais que escreva, não há como purgar e expurgar o meu amado País de uma acção política toda maléfica, à qual, não se percebe porquê, logo com um Povo em polvorosa, a Justiça não põe mão.

Reconheço que em muitas questões, Passos, como escreve, e bem!, Jorge Fiel, não é um idiota baptizado, não é um teimoso contumaz, não cultiva a estupidez colossal de ir muito além do bom senso, [repare-se, e isto é para leitores superficiais, como na negativa está a afirmação]. Passos mostra-se o lado B da tarefa destrutiva, pela dívida, de Sócrates, sobre quem não voltarei a escrever.

Onde antes superabundava a demagogia, a estratégia do dividir para reinar, a boca-isco que entretinha por semana a Opinião Pública e os media amestrados, temos algo nunca antes visto na democracia portuguesa: uma governação sem ponta de demagogia, sem ponta de optimismo, sem argumentos que mitiguem o ódio que muitos e muitas lhe votam à insensibilidade brutal a que está obrigado pelos credores, pelo serviço da dívida, pelo saneamento das contas públicas, pela palavra dada.

Cercado pelo BE, pelo patriótico PCP [estou a ser sincero!], por algum PS instalado, radical e regimental, o PS dos Soares e quantos nasceram para chupar os contribuintes; cercado por todas as pessoas angustiadas com razão, o Governo não tem escapatória: o Memorando é a sua Constituição. Uma Constituição a que mais de metade dos portugueses dá assentimento porque não há alternativa.

Voto pela demissão imediata de Passos, assim que Sócrates, de quem não mais falarei, estiver preso por gravíssima gestão danosa e ruinosa do Estado Português.

Comments

  1. Hugo Mota says:

    Infelizmente há gente que é incapaz ou não quer constatar esse facto: que o país faliu (esta é a 4ª vez em quase 40 anos) e não há qualquer alternativa ao saneamento das contas públicas mediante a ajuda financeira concedida pela troika UE, BCE e FMI. Em vez de lidar com a realidade, existe um conjunto demasiado numeroso de cegos que preferem o conforto da demagogia e da mentira, do chavão fácil e da teoria de conspiração de que tudo isto é causado por uns maldosos etiquetados simplistica e desonestamente de direita e do capitalismo, não por necessidade mas por malvadez. Entretanto, esses cegos não conseguem ver que independente da propaganda comunista e extremistas demais, mesmo se amanhã o governo do país fosse entregue a eles, esses extremistas estariam obrigados naturalmente a aumentar a dívida e a cortar na despesa pública. Pondo de outro modo, viraria o disco e tocaria o mesmo.

    O principal problema do país é cegueira. Há demasiada ignorância e muito pouca vontade de esclarecimento. É o culto da demagogia, do “engana-me que eu gosto”. Enquanto sofrermos desse problema, e da pulsão fascizante, totalitária e opressiva que polui os sectores extremistas da esquerda portuguesa, o nosso país jamais poderá resolver os seus problemas.

    • Nightwish says:

      Já estão agora resolvidos pela extrema direita, fome, miséria, destruição da educação e da saúde e polícia com plenos poderes.
      Viva o novo regime.

      • Hugo Mota says:

        O Nightwish é incapaz de perceber que essas idiotices de atacar etiquetas absurdas desprovidas de sentido, como essa da “direita”, é um bode expiatório que só serve de propaganda ao PCP e extremistas do nosso burgo, a perpetuar a cegueira e a incentivar a ignorância e os ódios cegos? A verdade é esta: o PCP, que gosta de se fazer passar por partido de esquerda, anda a defender parcerias publico-privadas e a exigir o seu relançamento sem qualquer renegociação.

        Temos como a construção do IP8 Sines-Beja, uma obra criticada por peritos por ser injustificada e um “equívoco técnico”, que custa ao estado mais de 300 milhões de euros em parcerias publico-privadas.
        http://www.beja.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=186&Itemid=1

        O PCP também defende o TGV e não se limita a apoiar a despesa de 10 mil milhões de euros: exige também que é necessário aumentar ainda mais a despesa pública, debatendo apenas tricas insignificantes sobre a sua forma:

        http://www.pcp.pt/tgv-e-pol%C3%ADticas-das-grandes-obras

        Temos também a empresa Metro Transportes do Sul, mais uma parceria publico-privada também criação do PCP em autarquias como as câmaras historicamente comunistas de almada, seixal e barreiro, um projecto que já custou perto de 400 milhões de euros e tem o insólito de ser a própria empresa exploradora do serviço a queixar-se que informou toda a gente envolvida no projecto que os moldes de concessão eram lesivos para o estado.

        http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/falta-de-procura-custa-101-milhoes

        Estas obras tem todas assinatura do PCP, e são entusiasticamente defendidas e até acompanhadas com exigências de ainda mais despesa pública. Não venham cá agora lavar as mãos como Pilatos, ou atirar areia para os olhos das pessoas com o velhíssimo e desgastado bode expiatório do do fascismo e direita.

        A eles, que assumam as responsabilidades. A nós, que abramos os olhos. A esta altura só é enganado quem quer.

        • nightwishpt says:

          Pois claro, olhe lá que os amigos do Relvas estão cada vez mais pobres que agora até precisam dos apoios da Choné para comer.

          • Hugo Mota says:

            E assim tentam atirar a poeira para os olhos das pessoas. Acusam o governo de ser mau, conspirador e maquiavélico por causa das PPPs, despesa pública, défice e impostos. Depois aponta-se o facto qeu até a extrema esquerda, figurada pelo PCP, também defende e exige PPPs, despesa pública, défice e impostos e qual é a resposta? Pois, desconversar e falar no relvas e outros da mesma laia. É chutar para canto.

            Toda a gente já sabe que o governo é muito mau, e o relvas representa o pior. Mas bolas, o problema estrutural do país não é o relvas. O problema estrutural do país é a economia e as finanças, manifestada pelas PPPs, despesa pública, défice e impostos, políticas que os hipócritas e falsos moralistas do PCP defendem exaustivamente e até exigem o agravamento dos problemas. Esse facto não desaparece com equipas de futebol cheias de miguel relvas.

        • palavrossavrvs says:

          Muitíssimo bem, meu caro Hugo. Brilhante!

    • palavrossavrvs says:

      Não poderia estar mais de acordo com o seu comentário, meu caro Hugo. Os meus parabéns por ele.

      Teremos de encontrar uma saída dentro de um espírito de moderação, inteligência e equilíbrio. A nossa luta terá de ser essa.

      Um Abraço.

  2. Cunha says:

    nojo, nojo e vómito.

  3. Amadeu says:

    Sem demagogia, aceite os meus sinceros parabéns por deixar de pirilampar a latrina. Mas não exagere. Nunca mais é demasiado tempo.

    Alternativas ? Há sempre alternativas. 80% dos portugueses defendem a revisão do dito memorando.
    Há quem defenda a saída do euro. Há quem defenda a expulsão da Alemanha do Euro. Há quem sonhe com a esperança renovada por uma nova utopia. Há quem acredite que o melhor está para vir. Quem previu a Primavera Árabe ? Quem previu a crise do subprime de 2008 ? Num mundo cada vez mais complexo e imprevisível não me admiro se lá para meio do próximo ano o governo cair pela rua.
    Portugal não vive numa bolha rodeada de nada por todos os lados.
    Crise financeira internacional não começou no Sócrates.
    Crise da dívida europeia não começou no Sócrates.
    O mundo não começou no Sócrates.
    A demagogia e o otimismo não acabaram no Sócrates.
    A saída anda por aí.

    • palavrossavrvs says:

      Obrigado, meu caro Amadeu. Quanto à saída, tenho a certeza de que mutuamente nos ajudaremos a descobri-la.

  4. Pedro Pinguela says:

    Parabéns pelo texto. Apenas, uma pequena sugestão. Nunca mais é demasiado tempo. Não devemos deixar de sempre que for oportuno escrever sobre este tempo “demoniaco” para todos mesmo para aqueles que vivem iludidos nas grandesas do “demo”. Sobre o demo latrinaremos.
    O comentário do Sr. Amadeu é sábio.
    Apostamos nas possibilidades de mudar, não se trata da mudança ilusória e de quimeras, trata-se de mudar a nossa vida. A utopia não morre nem a história termina porque somos livres e porque o sonho de mudar está na estrutura antroplógica do Ser.

  5. §0,

    ehehhehhh…..

  6. antónio lopes says:

    Seria bom que se documentasse o suficiente para saber como aqui chegámos. De resto, como acima se disse: vómito. Vomito sobre a prosa. De tanto nojo!

    • palavrossavrvs says:

      Ó António, é só um texto. Não leia o que lhe faz mal.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading