Simplória Demagogia, Bésame Mucho!

Cartaz 11Há certos espíritos dobrados sobre si mesmos, a boca autocolada à pilinha-pombinha, num círculo fetal perfeito fecal, que insistem em revisitar o passado como se a respectiva reescrita a martelo e a respectiva releitura marreta fossem passíveis de operacionalização. Não são. Por exemplo, algures por Março de 2011, houve efectivamente uma alma peregrina, com as mãos sujas de comissões atrás de comissões em razão do seu poder, alma aliás sobre a qual decidi nunca mais escrever, que baseou toda a sua pré-campanha e campanha eleitorais na afirmação aflitiva do que não faria, daquilo a que se recusaria, caso fosse reeleito: governar com o FMI. Tipo: um gajo está teso, endividado até ao caralho-sem-pescoço, mas faz peito e diz ao testa-de-ferro dos credores: «Pá, devo-te cem. Ganho trinta. Vai-te foder, mas nem penses que conto com a tua ajuda para te pagar.»

Estou para saber como é que a Argentina não resistiu a disponibilizar-se para o FMI que veio destruir ainda mais o que estava debilitado. Estou para saber como é que mesmo o Brasil não foi capaz de passar sem a mesma disponibilidade, já longínqua, para que o FMI viesse cagar leis, pareceres e medidas, como conselheiro e messias autorizado por Brasília. O que é que estava na cabeça dos gregos, dos irlandeses, dos argentinos, dos brasileiros? Como puderam disponibilizar-se para governar com o FMI?!

Quem souber explicar-me de que modo um País virtualmente falido como o nosso, sem credibilidade junto dos mercados para financiar-se, pode resistir à intervenção do FMI, que aliás, intervindo cá, intervém não apenas num País, mas, coisa nova!, num membro gangrenado de uma Zona mais vasta com uma Moeda Única, o Euro, transformando uma intervenção externa particular numa intervenção externa geral com impacto na área económica em que se inscreve. Como, expliquem-me? Quero aprender. Ser honesto nos meus postulados. Como se faz para evitar o FMI? Convocando os nossos banqueiros para fazer a compra massiva e suicidária de dívida pública a taxas mortíferas e depois vê-se?!

Nada como uma alma aventureira e turística, alma de que nunca mais falarei, para lembrar então que, com ajuda externa, o País teria de «suportar programas» que poriam «em causa o Estado Social».  Fomos avisados! FMI = atentado destrutivo ao Estado Social. É assim? Ilustrem-me os leitores, especialmente aqueles que, relanceando os meus posts, não lêem o que escrevo, assumindo preconceituosamente que escrevo apenas para proteger Passos de si mesmo e das multidões espumantes contra ele, apenas para absolvê-lo.

Situem-me, pois. Ajudem-me que isto-Portugal político-partidário é um puzzle inextricável: quer dizer que na velha narrativa — chamemos-lhe, por analogia a uma cosmogonia, Xuxogonia dos PEC — o FMI é mau, mas o BCE é bom e a Comissão Europeia assim-assim? O que é uma ajuda externa boa? Para que vem ela destruir coisas boas como o Estado Social dos países falidos como o nosso, e vêm assim porque lhe dá na real veneta vir?! Afinal, quem detona com o Estado Social Português?! O FMI? Os Partidos de Governo? Ambos? Os eleitores?

É que quando se evoca que o super-homem das homilias políticas, o herói palrador-defensor de Portugal, não estava disponível para governar com a ajuda do Fundo Monetário Internacional, não se evoca o motivo por que nós, eleitores, não quisemos saber dessa indisposição. Mais: esse defensor de Portugal, herói das poses milimétricas TV, super-homem do discurso e do optimismo de bolsos forrados, reiterava a ideia de que Portugal não precisava de ajuda externa. Em Março de 2011! Digam-me os leitores se sim, se não. Foi a crise política aberta então que nos atirou para as fauces do FMI?! A sério?! Estava tudo bem até aí?!

É que se a nossa equação se simplifica no dilema de optarmos entre candidatos a Primeiro-Ministro que se mostram disponíveis para governar com o FMI e candidatos a Primeiro-Ministro que não se mostram disponíveis para governar com o FMI, voltamos a falhar, votamos mal. Perdemos uma oportunidade de, apenas pelo voto, passar sem FMI, passe a inferência mordaz.

Já não sei nada. Estou confuso. Todas as esquerdas, as velhices de esquerda, esquerdas das cartas abertas, esquerdas dos manifestos com personalidades e abaixo-assinados com uma lista de múmias de esquerda; esquerdas dos baralhos com gajas nuas; esquerdas dos Otelos bígamos e dos Vascos bridgedeiros, esquerdas das altas reformas, esquerdas das rendas estatais, esquerdas das subvenções garantidas, esquerdas dos subsídios gulosos que o Estado provê e dos apoios gordos que o Estado garante; esquerdas das alas esquerdas dos partidos de Direita, como o PS, todas as esquerdas, enfim, queixam-se de quê, do FMI, do Passos escudado no FMI?! A Esquerda e as esquerdas estão ou não estão disponíveis para governar com o FMI?! E agora que o FMI governa com Passos e Passos, que nos coelha mucho, governa com o FMI, e vemos que tá male, não poderemos mandar o FMI prá cona da mãe dele-FMI?!

Por que é que os mais raivosos de Esquerda não põem os olhinhos ao menos no que diz o Tony Carreira, que é insuspeito, a quem a TVI entrevista muitas vezes?! Também ele detesta isto, aponta as responsabilidades aos governos do passado, relata como lhe custa ver portugueses com sessenta anos a emigrar. Oiçam o que o Tony diz, pois o que diz tem um peso infinito nos úteros que gemem e fremem por ele, mesmo os úteros espirituais de muito macho e muito gay enrustido: «Não é só este Governo…»

Ingratos. Maus a votar. Não temos juízo. Já a cabeça visionária de Paris garantia, em 18-19 de Março de 2011, que a agenda do FMI e da ajuda externa levaria o País a suportar programas que poriam em causa não só o Estado Social como também o que tem sido a qualidade de vida de muitos portugueses. Reparem nesta força profética disto. E não é que é verdade?! Alguma vez imaginaríamos fosse assim tão mau?! Tudo isto anunciado em Março de 2011: o FMI é mau para nós. Faz-nos sofrer. Amarfanha-nos a alma e o corpo. Maldito FMI e maldito quem se disponibilizou para governar com ele, passe o sarcasmo!

Por que motivo não demos ouvidos àquele que sabia tudo sobre o FMI e não estava disponível para governar com ele, o «único a ter consciência do que seriam as consequências da abertura de uma crise política»?! Alguém de quem não se fala nem se pode falar e que dizia, com uma presciência zandinga, «Sei o que significa pedir ajuda externa. Vejo isso todos os meses e em todos os conselhos europeus. Sei a situação em que está a Grécia e a Irlanda. Não desejo isso para o meu País. É dever de todas as lideranças políticas empenharem-se para que isso não venha a acontecer em Portugal»?! Vamos repetir: é dever de todas as lideranças políticas… Esquerda Moderada, lembram-se?! Esquerda Sodoma! Esquerda Gomorra!

Não. Definitivamente, não. Não sabemos votar. 2011! Com o PCP ali à mão e o BE tão comportadinho, o PS inocentíssimo a defender o Estado Social, como hoje, o PSD com sede do pote nas suas ervas daninhas, falinhas mansas, contemporização tácita com o passado socialista; assessores imberbes pagos como príncipes; o apêndice CDS anti-fisco em ultra-confisco. Fomos escolher quem para fazer o quê, passe a ironia não sei se suficientemente mordaz?! Haveria alternativa?!

Agora a sério, o quanto desejaria ver escrutinadas as contas offshore dos que, depois da mais despudorada e blindada farra, se recusaram [da boca para fora, pois já não seria nada com eles] às condições duríssimas, incontornáveis, impostas a um Povo Corno para pagá-la!

Comments

  1. Ó meu caro, passe á frente que essa discussão é muito interessante mas já foi feita nas últimas eleições lembra-se? Aquelas que o Sócrates perdeu lembra-se? O homem já foi julgado políticamente, e se mesmo assim não gostou do resultado temos pena. Quanto ao resto, mais uma vez é chafurdar na lama. Seis anos de investigações ao homem, até das putas dos prédios rurais cujos projectos ele terá ou não assinado, até acho que investigaram se o homem era circuncisado e acabam não o acusando de nada. Queixe-se á Justiça! Que de facto é uma miséria em Portugal, de acordo. Mas ainda assim não lhe dá o direito de usar esses processos judiciais inacabados ou mal acabados para fazer política! Isso é da mais vil cobardia que existe. Esconde-se atrás de um nickname para vir para aqui lançar acusações de crime sobre os seus adversários políticos. É de quem não tem argumentos. É de que só usa a cabecinha para imaginar novas formas de barroco literário para despejar mais uns insultos. Ora é Socrates, ora é Soares ora é outro qualquer que seja das esquerdas que o senhor tanto abomina. Olhe que nunca o vejo aqui atacar o Passos por causa da tecnoforma, por ser doutor da lusófona, por ter uma “carreira empresarial” feita dos favores políticos. Ou atacar o Cavaco pela casa da Coelha ou por ter mamado do BPN, ou pelas sua primeira campanha presidencial poder ter sido financiada pelo BPN ou pelas campanhas do psd poderem ter beneficiado de fundos com a mesma proveniência. Ou pelos buracos do vosso querido Alberto João. Pois, e quem teve de colocar as despesas disso tudo no Orçamento de Estado foi o Sócrates! O senhor mais uma vez não vem para aqui fazer outra coisa senão desculpar o seu camarada Passos Coelho com o abominável Sócrates. Pela frequência com que o faz, das duas uma, ou conhece o Sócrates pessoalmente e ele lhe fez alguma ou então o seu sustento é isto. Há uma terceira hipótese que também não descarto que é a de poder ter um distúrbio obsessivo-compulsivo com a figura do Sócrates.

  2. Caramba que este outro JP tirou-me parte das palavras da boca – e relativamente ao actual primeiro, o que tens a dizer? Há um ano atrás, conhecendo a tal realidade (que há época tinha mudado e por isso servia de desculpa), levou-nos o que levou, até o emprego. Agora ataca com mais… E a culpa é do Guterres e do Sócrates?
    Volto a insistir – o PS foi julgado nas urnas; Quanto à via jurídica, se houver algo a apurar na governação, vamos a isso. Até ao momento, não conheço nenhum caso,

    JP

    • palavrossavrvs says:

      Não tens lido o que escrevo, JP: Passos é um parvalhão com as costas quentes. Faz o trabalho sujo que outro lhe preparou. Mente à descarada, é um vice de Relvas, a nova cabeça velha da política, da velha política, da porca política, à portuguesa, mas FMI, BCE, CE são moral e politicamente neutros em relação ao reboliço e regabofe internos da partidocracia. Sanear contas não é um acto de caridade.

      Mas, ao contrário de ti, não posso satisfazer-me com o brando juízo político que exilou a farsa, tendo em conta a dor, a morte, a destruição massivas, ponto por ponto, sector por sector, que a gestão danosa do País me e nos comportou e encontra plena justificação à luz das condições do Memorando, o qual não se renegoceia unilateralmente, como sabes.

      Virar a página e nunca mais convocar e evocar o passado não é justo. Temos de fazer as duas coisas: marcar o presente, julgar o passado. De resto, eu não deveria ser tão incómodo, a incomodidade não deveria partir do que escrevo, mas do facto de no passado a montanha de consciências compradas para debitar um mundo glorioso ter superado aquelas que, como eu, tanto disparam à esquerda como à direita.

  3. palavrossavrvs says:

    Não me fale do Sócrates, JP. Você não percebe que eu deixei radicalmente, para sempre, de falar nessa personagem? Caput. Acabou. Nunca mais.

    Tinha o meu amigo JP de falar no Sócrates.

    Estava eu a falar do FMI, de tudo aquilo que faz com que hoje o Povo Português sofra, como eu sofro, e o meu amigo repisa a questão Sócrates? Ninguém falou, eu não falei do Sócrates.

    Tudo isto é muito mais complexo que só o Sócrates. Por favor, JP, nunca mais me fale no Sócrates. O Sócrates não explica tudo. Se ao menos tivéssemos aprovado o PEC IV, estaria agora o Sócrates a beijar a Merkel e a renegociar o Memorando com o FMI…

    Que sádico, JP, em vir falar-me do Sócrates. Chega, JP, chega.

    Um Abraço por esse mega-comentário psicanalista. Eu, na verdade, não devo estar bom da testa. LOL

  4. rui lima says:

    Do melhor que tenho lido,se me permite partiharei até á exaustão,está cá tudo bem haja ………e mais, já á muito tempo que não via um jornalista se o fôr, escrever tão bem.
    Gostava de o conhecer para pessoalmente para lhe dar os parabens .

  5. Amadeu says:

    Este homem tem a minchia tanta por quem se diz de esquerda.

    http://youtu.be/d–nSm-wshk

  6. “O FMI o BCE e a Comissão Europeia são política e moralmente neutros”?! Essa é de rebolar a rir! É que nem as criancinhas engana com essa! São de direita e daquela repenicada que só vê os direitos laborais e o estado social como único “factor de ajustamento”. Ou não se desse o caso de a “austeridade” estar a ser implementada na Europa por todas estas entidades sempre com os mesmo alvos e os mesmos resultados. Existe uma questão europeia que a direita não quis nem quer discutir. Não quis antes de chegar ao poder porque dava jeito ignorar a crise internacional e culpar o governo por tudo e não quer agora porque enquanto tiver o guarda chuva da direita europeia e do FMI pode continuar a implementar o seu programa político que é basicamente o mesmo da troika como os próprios assumem. Ou não estivesse Gaspar no BCE quando o programa foi negociado. Não querem discutir o facto de haver um problema de financiamento das dívidas soberanas europeias que tem que ver com o estatuto do BCE e com o privilégio que é dado á intermediação e especulação financeira que a troika serve. Que o senhor não queira discuti isto, muito bem é uma escolha sua e preferirá com certeza a ignorância e a facilidade retórica e demagógica da culpa ( e tem alguma) do abominável Sócrates. Mas não me venha dizer que isto é tudo da partidocracia e que a troika é políticamente neutra porque é uma mentira abissal. Não se pode rasgar o memorando como é óbvio. Não se pode atirar tudo ao alto sem pensar nas consequências, mas que o acordo tem que ser renegociado é óbvio. Simplesmente esta maioria, este governo e este presidente não o querem fazer porque lhe dá a oportunidade de fazer tudo com que sempre sonharam.

  7. nightwishpt says:

    A diferença é que, com troika ou sem troika, com crise ou sem crise, a ideologia do passos é esta. Nem é novidade, mas só para quem sabe ler entrelinhas e ver onde anda e com quer partilha opiniões, que é o contrário de tudo o que lhe sai da boca em discursos propagandísticos.

  8. luis says:

    Para quem não ia falar mais do Sócrates, este texto está engraçado. Mas você acha mesmo que a culpa disto é só do Sócrates? Lembra-se de um 1º Ministro que entregou a produção nacional em troca de subsídios europeus? Longe de mim defender o pinóquio, mas esta estratégia da direita já não cola. O único argumento da direita é atacar o PS. Nada mais. Pensava que os senhores conseguiam ser mais criativos, já enjoa. Expliquem como é que mexer no código de trabalho aumenta o emprego (como se tem visto no último ano). Expliquem como é que “atirar” dinheiro para a banca, beneficia o cidadão comum. Expliquem como é que aumentar os Impostos sobre o trabalho e não tocar no grande capital foi bom para o desenvolvimento económico do país. Expliquem, de preferência um pouco mais rápido do que o Gasparzinho, senão o pessoal adormece. Neoliberalismo está a levar os portugueses à miséria. E essa foi a opção da direita.

    • palavrossavrvs says:

      Disse-o e repito-o, Luís: nunca mais falarei. Outros, porém, insistem em ler o que não escrevi. De doidos.

      • luis says:

        Não falou directamente mas está cheio de referências a ele. Só escrevi duas linhas em que falo do Sócrates. E que tal ler o resto do que escrevi e responder? Era engraçado

        • palavrossavrvs says:

          Homem, evidentemente que sim, que referi, mas creio estar a faltar-lhe a si uma leitura fina para compreender cabalmente o meu registo que não é esse bicolor, sim/não.

          Quanto ao resto, ui!, repare que a Europa não está a comprimir reformas, salários e leis laborais por ser sádica, um poço de maldade neoliberal: está a fazê-lo laboratorialmente por cá, mas não só, porque, sob o peteleco telúrico de Wall Street, o modelo anterior europeu rebentou mais cedo no confronto e na competitividade do concerto mundial, onde novas potências pontificam e novos problemas [energéticos e outros] emergem, colocando fortemente em causa o nosso modelo de desenvolvimento. Perda de influência, empobrecimento gradual, é lixado. Os EUA têm as armas. A Europa tem as ruínas.

          Ou por mera demografia em crise ou por falência da almofada social, ou pela dependência de dívida para manter um elevadíssimo nível de vida, ou por improdutividade/falta de competitividade, ou pela insustentabilidade do paradigma económico, ou por traição obscena à sua matriz cristã, A EUROPA LAICA E LORPA JÁ ERA! Não tem futuro, pelo caminho que leva. Será muçulmana num abrir e fechar de olhos ou… será muçulmana, mas será sobretudo um deserto, falida, e não por se adulterar numa coisa… num híbrido colonizado pelo Islão colonial, algo que não é carne nem é peixe no plano cultural: por mais pluralistas que sejamos, para o Islão só há univocidade.

          Ou a Europa muda quase tudo e sobrevive, ou mantém quase tudo como está e segue definhando, desaparece, pasto para hordas de norte-africanos instalados, médio-orientais com um plano de suplantação pelos números, com as suas burkhas e as suas leis de honra, os seus princípios de viver e deixar morrer.

          A Europa, Portugal, Passos, Gaspar, tudo procura uma saída dura para regenerar, recriar, pela economia e pelo nivelamento chinês, o que do pardieiro europeu puder ser regenerado e posto em igualdade de concorrências com outros blocos que não dormiram na forma.

          Efectivamente, já é tarde. China, Índia, Médio Oriente, é lá que todo o dinheiro está e provavelmente o resto do nosso futuro.

          • luis says:

            1º. Realmente tenho dificuldade em ler o que escreve, por isso, das duas uma ou eu interpreto mal, ou a sua escrita não é clara (certamente que sou eu que interpreto mal).
            2º Não responde a nada do que pergunto.
            3º Quanto à sua análise não concordo minimamente. Não sei em que mundo vive, mas não é o mesmo que o meu. “Europa laica e lorpa”? O Islão vai colonizar a Europa? Quer brincar às Cruzadas? É isso?

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