Revolucionar o estado passa por revolucionar os partidos

O Partido Comunista Português realizou este fim-de-semana mais um Congresso que acompanhei com alguma atenção e onde jcp_congresso002confirmei uma ideia contrária à vendida pela comunicação social: os jotinhas comunistas são de facto espectaculares. Foram várias as intervenções de grande qualidade, com conteúdo e que mostram que eles não brincam em serviço. Continuam a ter uma reflexão política de grande qualidade e, ao que vejo, em quantidade. Com uma vantagem – ali ninguém anda atrás de uma nomeação para uma empresa pública!

Mas Henrique Monteiro, no Expresso, pega no encontro de outra maneira – vai buscar a tese do Partido de funcionários, algo a que o Daniel Oliveira já respondeu e bem. Há uma relação de grande proximidade entre o PCP e o mundo sindical (todos o sabem) e, nessa medida, uma parte muito significativa dos quadros sindicais da CGTP são também militantes e dirigentes do PCP. Mas também é do conhecimento público que há uma enorme diferença entre esta gente e outra, que militando no PS, do PSD e no CDS, procura ascender socialmente, tenta encontrar o emprego e o salário que um percurso normal não lhe daria. E é aqui que a nossa revolução ou refundação ou seja lá o que for, tem que acontecer – nos Partidos! Portugal não aguenta mais este exercício demagógico entre o poder e a oposição: quando mandam está tudo bem, quando são oposição está tudo mal. Confirmei isso mesmo quando este fim-de-semana uma besta, membro do Governo, defendia com satisfação, que apesar do desemprego continuar a crescer, estava a crescer menos do que antes e que isso era uma boa notícia! Pensei na escola que Valter Lemos nos deixou!

Não é possível continuar a dizer uma coisa hoje e outra amanhã só porque se passou da oposição para o governo. Já não é possível suportar ver gente sem qualidade nos cargos mais altos.

E só há uma maneira – a nossa entrada nos partidos políticos para forçar essas mudanças. De outro modo tudo ficará como está.

Comments

  1. Ainda penso says:

    Parabéns pela sua apreciação relativamente ao Congresso e aos militantes do PCP. E muito obrigada pela sua imparcialidade na avaliação que fez, visto ser uma coisa tão dificil de acontecer neste país nos mais variados sectores. Aproveito só para informar que quem quiser ver, ler e ouvir todas as intervenções e momentos do Congresso e tirar assim as suas próprias ilações, não baseadas em opiniões enviesadas de terceiros, em particular da nossa comunicação social e “comentadores políticos”, podem fazê-lo através do site da internet do PCP. Encontrarão lá toda a informação relativa ao Congresso e a todos os documentos aprovados.

  2. Konigvs says:

    Concordei com tudo menos com o último parágrafo. O que salva isto tudo é aderirmos em massa aos partidos? E que partidos? E fazemos como o Pinto da Costa que também é sócio do Benfica e como o Vieira que também é sócio do Porto? Torna-mo-nos militantes só dos seis partidos que alapam o cu na assembleia, ou nos 17 que se candidatam às legislativas?
    Quer dizer, não sou sócio aqui do clube da aldeia, não compro jornais nem revistas porque são caros, não vou ao cinema muito menos ao teatro, não vou a concertos de bandas internacionais porque são caríssimos, deixei de ser associado da DECO, não tenho SporTV nem canais pagos de televisão…. E como eu milhões de outros portugueses contam os tostões para viver – mas vamos agora pagar uma mesada aos partidos??? Mais ainda do que eles recebem do orçamento de Estado sem contar o constante branqueamento das suas dívidas?! Que os partidos roubem o povo não posso fazer nada, agora de livre vontade ir entregar-lhe o dinheiro que me faz falta? Só se não estivesse no meu juízo perfeito.
    E podem ter a certeza de uma coisa, se a minha freguesia deixar de existir, bem posso durar cem anos que nunca mais porei os pés numa mesa de voto.

    • João Paulo says:

      Quais partidos? Todos, o que cada um quiser. Eu não aponto qual. Eu fiz a minha escolha! Agora, depois de estar dentro, temos que nos fazer ouvir.
      “E só há uma maneira – a nossa entrada nos partidos políticos para forçar essas mudanças. De outro modo tudo ficará como está.”

      • Konigvs says:

        Nenhum partido me representa integralmente, tão simplesmente porque na sua génese os partidos visam governar, controlar, roubar aqueles que supostamente deviam representar, e eu sou contra todas as formas que atentem contra a liberdade do indivíduo. Logicamente que certos partidos em muitas matérias parecem aproximar-se muito daquilo que eu penso, mas ainda faltaria comprovar isso na prática, para ver se seriam realmente diferentes, por exemplo, deste coelhinho que está sempre a fazer o oposto do que disse no dia anterior.
        Para mudar alguma coisa as pessoas deveriam começar por votar em partidos que nunca tiveram oportunidade de governar, para ver na prática o resultado das suas ideias. Quando todos por lá tivessem passado chegaríamos à conclusão que a solução do problema não passa pelo partido A ou pelo partido B mas sim na forma como a sociedade está arrumada nesta oligarquia democrática, em que como alguém disse “o principio da democracia é dar e receber, dar um e receber dez”.

        • João Paulo says:

          Ok. Pronto, está esclarecido. Eu não subscrevo. Ainda acredito na Democracia e nos Partidos.

    • Anarca says:

      A este por exemplo, em fase de legalização.

      http://www.pdp.org.pt/

      • Anarca says:

        Democracia Directa e Participativa de todos os cidadãos, acente em 4 importantes pilares: Decidir, Eleger, Cumprir e Fiscalizar.

  3. luis says:

    O caminho tem que ser mais democracia e não mais do mesmo. Democracia representativa já não representa ninguém. Temos que caminhar para a democracia directa, passo a passo. As novas tecnologias são uma grande ajuda, para tal.

  4. Pisca says:

    João Paulo, não queira limpar o D.Oliveira, seguiu a ideia do chefinho e dos funcionários, coisa que lhe está a valer bordoada por tudo o que é lado, ler a resposta do Vitor Dias vale a pena : http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2012/12/um-post-de-daniel-oliveira.html

    O DO tem destas coisas foge-lhe o pé para a chinela com facilidade,

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