Isabel Jonet e o pequeno-almoço dos pobres

isabel jonet pequeno almoco

Para que não restem dúvidas, fica aqui o recorte completo da entrevista de hoje ao Correio da Manhã. A ideia de que pais deixam filhos em jejum a caminho da escola por falta de tempo é sem dúvida fascinante. Entre os pobres que conheci e conheço, garanto que o problema não é esse, mas a simples falta de dinheiro (e admito, em alguns casos, acrescida de irresponsabilidade). Sim, no mundo real há 2,6 milhões de portugueses sem dinheiro.

Não é espantoso que a santa padroeira da caridade não perceba isto? não, não é. É que na sua classe social acredito piedosamente que muitos pais não tenham tempo para dar o pequeno-almoço aos filhos. Não vejo é grande drama nisso: chegam ao colégio e passam pelo bar. O pior que acontece é chegarem atrasados à aula.

Comments

  1. roupa branca says:

    e ainda há uma classe de senhoras que estão ressurgir as da “caridade”, saudosismos …

  2. Not Like gente assim.

  3. André says:

    Se não gostam que a mulher esteja à frente de uma das organizações que mais alimenta os necessitados, senão a que mais alimenta, então mobilizem-se e criem uma organização idêntica que faça mais e melhor. Depois das críticas à tia Jonet, quantas organizações deste tipo foram criadas pelos críticos? Nenhuma? Aí reside o problema.

    Ela tem opiniões como esta, mas ao mesmo tempo é uma pessoa que em vez de conversar, faz. Enquanto não fizerem melhor, talvez seja melhor ponderarem as críticas. Por muitas críticas que fazem, as pessoas não ficam com menos fome.

    • Se a senhora tem o direito de dizer o que entende, porque é que não haverá o direito de nos interrogarmos sobre o que ela diz e de a criticarmos, se assim nos parecer justo? Ninguém a obriga a dar entrevistas e a aparecer na tv.

      • André says:

        Porque andam a usar as críticas como fundamento para pedidos de demissão. Ou seja, pretendem crucificar a pessoa e pôr em causa o seu trabalho porque ela cometeu aos olhos de pessoas que nada fazem como o João Esteves um delito de opinião.

        • “…pessoas que nada fazem como o João Esteves…”
          Ao dizer isso, ficou tudo claro. Não me conhece de lado nenhum, mas já faz juízos de valor. Nem sequer sabe se eu já contribuí ou não para o Banco Alimentar.
          Pois acho que está muito bem no papel de Cavaleiro Andante a defender a sua dama. Eu, por outro lado, vejo que perdi o meu tempo a responder-lhe.

    • Zé Maria Pincel says:

      As senhoras do Movimento Nacional Feminino também o fizeram noutros tempos. Eram uma senhoras muito caridosas que escreviam cartas aos tropas no Ultramar e até lhe mandavam cigarros. Eram muito caridosas…

  4. Infelizmente, até conheço pais que sem ser por escassez económica não se preparam que os filhos tomem o pequeno almoço antes de ir para a escola… pelo que em parte há pais culpados, o que ela diz daí em diante não sei se remenda ou não o excerto.

  5. Luís says:

    Está a bater-se por um tacho na política e, pelo andar da carruagem, parece que não aprendeu nada com o Nobre.

  6. Essa gaja é estupida todos os dias!!!!!!!

  7. Já li muitas leituras da pobreza parecidas com a da Isabel, nomeadamente a culpabilização dos pais, e, acima de tudo das mães que (pausa), preferem gastar o rendimento mínimo no cabeleireiro e em fast food para a prole no supermercado do bairro a cozinharem um bom bacalhau ou uma boa feijoada para a dita prole.

    A última que li neste sentido vinha de uma senhora professora que costuma bostar, perdão, postar comentários do género num conhecido blog de Educação/Política e Actualidade (??), dentro do género colectivo (???) e que, por mero acaso até foi premiado aqui no Aventar.

  8. João Riqueto says:

    Mas isto do empobrecimento acontece, desde que o homem foi expulso do Paraíso, carregando consigo o castigo de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Da implicação condenatória resultou, o homem ter de consumir a partir da Natureza. E como a relação não é de troca, porque a energia dos bens alimentares que o sujeito consome, não reverte para repor anterior equilíbrio e, mesmo que quisesse, não o conseguiria devido à segunda lei da termodinâmica, a entropia. Logo a Natureza vai-se esgotando. Trocado por miúdos, quer simplesmente dizer; há limites para o crescimento. E esse pode ser o sinal desta crise.

    • Eu trocando isto por outros miúdos diria o seguinte:

      1- a natureza esgota-se porque o lucro impera;

      2- não há limites para o crescimento se este fosse feito de modo sustentável;

      No entanto, concordo com o facto de o “crescimento” esteja na origem desta crise. Convém é saber-se de que “crescimento” estamos a falar.

  9. Rosa Matias says:

    Não quero tirar o mérito à obra a que esta Sra preside. Mas não sei se sabem, esta Sra. licenciada em economia, foi com o Sr seu marido para bruxelas e virou tradutora na união europeia e quando regressaram a Portugal, deixou de trabalhar para acompanhar melhor o crescimento e a educação dos seus 5 filhos. Resumindo não trabalha hà 20 anos ! Se o meu raciocinio não me falha os seus filhos são já bem crescidinhos, já não precisarão de tanto acompanhamento. Portanto o tempo dá e sobra para ser Presidente do Banco alimentar e dividir-se pelos jornais e televisão num apoio claro às politicas deste governo.

  10. Azucrina says:

    Acham que por muito tia que seja, se lhe formularem a pergunta que todos estamos a imaginar, esta senhora dava uma resposta destas? Vocês conseguem ser piores que ela…

  11. Pedro says:

    Quanto custa um pacote de leite ? Uma maçã ? Uma carcaça ? Um bocado de manteiga ? Tudo junto chega a 50 cêntimos ?

    • Você não sabe o que é não ter 50 cêntimos (preço de um pacote de leite, que pobre não pode comprar pacotinhos), pois não?
      É o que fax falta a muita gente. Não saber o que é ter os bolsos vazios e a barriga a doer. Ou pior do que isso: ter os bolsos vazios e filhos com fome.
      No fundo o BA cumpre essa função, nos 10% de alimentos que recolhe nos hipermercados: permite a muita gente dar, ficar com a consciência tranquila, e não ver o pobre, cheirar o pobre, falar com o pobre.

      • Pedro says:

        Parafraseando um comentário acima : “Ao dizer isso, ficou tudo claro. Não me conhece de lado nenhum, mas já faz juízos de valor. Nem sequer sabe se eu já contribuí ou não para o Banco Alimentar.
        Pois acho que está muito bem no papel de Cavaleiro Andante a defender a sua dama. Eu, por outro lado, vejo que perdi o meu tempo a responder-lhe.”

    • Jacquerie says:

      Você mete nojo.

    • Jacquerie says:

      Peço desculpa. Enganei-me no separador.

  12. Caro João, felizmente que ainda vai havendo um solo comum onde os homens revoltados se podem encontrar, independentemente das ideologias. Guardei esta imagem para os meus arquivos, espero que não se importe. E deixei o que penso por aqui: http://estadosentido.blogs.sapo.pt/2348291.html
    Cumprimentos

  13. silva Armando says:

    anda por aqui um Andre que deve comer da gamela….

  14. silva Armando says:

    Eu nao acredito outra que esta desfazada da realidade uma tal maria a dizer que os casos de pobrza sao raros …esta tudo louco ou que…cfalem se mentecaptos

  15. Quantas famílias conhecem que estejam na referida situação, em que as crianças não comam o pequeno almoço?
    Dessas quantas o fazem pelo motivo A ou pelo motivo B?

  16. Felizmente são raros, infelizmente não são raros os casos em que as prioridades não são as melhores e os membros mais frágeis de uma família é que sofrem. Isto dos casos que eu conheço.
    Por isso repito a pergunta, quantos casos concretos conhecem?
    A Isabel Bonet suponho que conheça alguns, mas parece-me que aqui poucos conhecem casos concretos.
    Também deve acontecer que as situações de miséria de uma dada zona tenham raízes diferentes das de outras zonas, mas a minha região é uma das mais afetadas pelo desemprego, em todo o país e uma das menos afetadas pela desestruturação familiar e mesmo assim a desestruturação familiar é a causa principal dos casos de miséria. E essas situações são situações que mexem bastante com as pessoas, ficamos sempre chocados quando nos apercebemos que o pai vai tomar o almoço ao café e deixa em casa os filhos a correr arroz com arroz, a mulher não toma a medicação que lhe pode fazer a diferença entre a vida e a morte, mas o marido gasta mais em tabaco que o custo dessa medicação. Isto são casos concretos que conheci.
    Repito a pergunta, quantos casos concretos conhecem?

    • Cerca de 10000, identificados pelas as escolas. Sim são concretos. E só uma besta vai achar que se trata de 20000 bestas. O seu discurso, e o da Jonet, são de quem acusa os outros de serem pobres. A diferença é que ela dá a cara. Você esconde-se no anonimato. Gostava de o ver na rua, corajosamente a dizer a um pai sem dinheiro para alimentar os filhos que a culpa é dele.

  17. Conhece 10.000 pessoas?! Você não dorme!
    A questão não é se comem ou não, mas porque é que não comem. Pobreza e miséria são coisas distintas. Perguntei-lhe quantas famílias destas conhece pessoalmente, Respondeu com um disparate. Fico a pensar que nunca foi a casa de uma delas.
    Se fosse a primeira coisa que não faria era pensar que 10 crianças com fome vivem com 20 mil pais e mães. A maior parte destas famílias são monoparentais.
    Pergunto novamente, quantas famílias destas conhece pessoalmente? A casa de quantas delas já foi? Com que regularidade? Eu conheço umas dezenas, ao longo dos tempos já devo ter conhecido mais de 200 e digo-lhe que a negligencia parental é um problema grave.

    • Ó Leopardo, há mais de um milhão de desempregados em Portugal. Sabe quantos recebem subsídio de desemprego?
      Eu sei que existe “negligência parental”, entre ricos e pobres, felizmente uma minoria. Mas também sei que vivo num país em crise, onde deliberadamente gente com a sua ideologia atira a população para a miséria, para que baixem os salários e Portugal seja a Ásia e a Florida da Europa. E depois vem com esta conversa de treta, mera propaganda ranhosa.
      O serem monoparentais, em desespero até facilita: as pensões de alimentos não sendo pagas por quem deve ainda são atribuídas pelo estado.
      Quer tapar o sol com a peneira de uma minoria? problema seu. Vá lá dizer a um casal de desempregados de longa duração que são negligentes. Diga-lhes isso na cara, a esses 200 que conheceu. Espero que só se percam as que caírem no chão.

  18. fiz-lhe uma pergunta simples, quantas famílias conhece pessoalmente em que os filhos fiquem sem tomar o pequeno almoço. A quantas delas já foi visitar a casa?
    é capaz de responder?
    Se não conhece nenhuma, olhe vá a gradissima merda seu hipocrita filho da puta.

    • carla rieiro says:

      você vive num mundo feliz onde as crianças só não comem porque os pais gastam o dinheiro de forma desprositada, no seu mundo só passa fome quem quer!!! Ainda bem que não vive em Portugal!!!!

  19. tenho de deixar de vir aqui, isto não vale que eu perca a calma

  20. Deve estar a viver na lua … de certeza que não conhece a desgraça para onde estamos a caminhar !!!

  21. Maria says:

    Nos tempos que correm estas declarações podem sempre ser mal interpretadas e causarem a indignação que se pode ver nos comentários aqui deixados, mas a verdade é que a Senhora tem, em parte, razão. Quantos pais há que gerem mal o orçamento familiar, comprando produtos processados em vez do pãozinho, manteiga, leite e fruta que tanto bem faz aos filhos e é muito mais barato. Não quer isto dizer que não haja casos de pobreza extrema, mas serão raros.

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  3. […] faltam à escola porque os pais nem sempre têm dinheiro para pagar os transportes (já se sabe que Isabel Jonet terá outra explicação para estes […]

  4. […] que chegam à escola de barriga vazia, algo que segundo esta personagem se deve à “não responsabilização e falta de tempo dos pais” e não a “hipotéticas” dificuldades financeiras, ou são os portugueses […]

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