Ser Pai, que papel perante a Escola?

Nos últimos tempos, se calhar por força da idade – à média de um por ano, todos vamos avançando – tenho usado duas ideias muito próximas:

Nós Somos Nós e as nossas circunstâncias e
Um ponto de vista é sempre uma vista a partir de um ponto.

E a minha relação com a Escola, de onde não consigo sair desde os 6 anos, tem mudado muito, em particular no último ano, onde a dimensão de pai, com filhos na escola, me levou para um novo olhar sobre a Educação.

Com alguma facilidade em apoiar os meus pequenos nas tarefas escolares, tenho vacilado no papel que devo ter – entre o resultado imediato e o trabalho de médio, longo prazo, por exemplo.

Entre o discurso “se o professor que assim, vamos fazer assim”, ainda que …

E onde deve estar a fronteira entre o professor / colega e o pai de um aluno?

Mesmo correndo o risco deste ter sido o post mais estúpido da história do Aventar, não quis deixar de vos pedir ajuda: como é que fazem esta gestão?

E para não dizerem que foi tudo tempo perdido, deixo o link para um blogue que tenho vindo a construir com os conteúdos que eles precisam na escola.

Comments

  1. M. Conceicao R.N. says:

    Eu sou´já sou avó, portanto o meu filho já andou na escola há muitos, muitos anos. No entanto enquanto mãe, quando ele andou na escola, nunca me demiti do meu papel de mãe e educadora. A escola pode ter os seus métodos, mas não pode interferir na minha forma de educar. Uma vez uma professora resolveu dar uma estalada num coleguinha do meu filho, com tal violência que o miudo caiu da cadeira. Devo dizer que logo reclamei perante o director da escola pois isso eu nunca fiz (a violencia não leva senão á violência e revolta) e não admito que alguém o fizesse ao meu filho. No entanto o meu filho foi educado de forma a poder enfrentar “nãos” e a ter limites. Penso que hoje em dia as crianças já não são educadas dessa forma, os pais nunca lhes dizem “não”, tentam por todos os meios dar-lhes tudo (o que podem e não podem) e isso põe os professores perante problemas que nas anteriores gerações não se punham. Assim, sinto-me feliz por ser avó e o meu papel ser o de mimar os meus netos… pois o meu filho e a minha nora têm agora de resolver os problemas desta era! Que são outros – diferentes dos meus!

  2. Ainda bem que o nosso olhar sobre a escola e a educação vai mudando. Um desses momentos é , sem dúvida, quando temos os nossos filhos na escola.

    Dá um trabalhão esse equilíbrio entre o resultado imediato e o trabalho de médio e longo prazo. De acordo com a minha experiência, são ambos fundamentais e, em determinadas alturas, parece que um se sobrepõe ao outro ou vice-versa.

    Esse é o trabalhão de que falo, porque é da nossa competência enquanto pais, especialmente quando este lado de trabalho e organização não somente para resultados parece falhar na escola.

    O caso da fronteira entre professor/colega e pai de aluno é outro trabalhão.

    Por regra, o professor tem sempre razão.
    Nas alturas em que não tem, há vários modos de resolver a situação que passa sempre pela conversa e respeito.

    Cumprimentos

  3. Vou contar-lhe, resumidamente, um caso em que se tem de intervir:

    Contava-me uma colega,há alguns anos, que um professor tinha ensinado algo errado numa aula, sem que na aula seguinte ou nas próximas, tivesse reconhecido que se tinha enganado. A colega disse ao filho para não dizer nada ao professor porque é o professor.

    Habituado que estava à experiência desta minha colega, considerei esta posição muito má, para todos os envolvidos.

    Ainda hoje me lembro disto!

  4. “Ser Pai, que papel perante a Escola?”

    Certamente não é ser desonesto.

    Explico:

    2º ciclo. Aluno com várias participações por conversas na aula, levantar-se sem permissão, interromper trabalhos dos outros, não trabalhar e …mentir. Aluno com aproveitamento médio+.

    Encarregado de educação escreve numa das participações de ocorrência que o docente não explica detalhadamente esta participação e outras (apesar de o aluno concordar com o docente). Escreve, no final, que ser professor é muito mais do que isto (??).

    Agenda-se uma reunião para esclarecimento da situação e da afirmação do EE.

    O EE não comparece. E continua a não comparecer.

    Bolas!

  5. Já era professora quando fui mãe e já tinha interiorizado vários princípios que tentei aplicar quando chegou a altura: tanto quanto possível, “separar as águas” nas minhas funções, ou seja, ser mãe em casa e professora na escola.
    Tive a vida facilitada pelo facto de, na cidade onde vivo, haver várias escolas públicas, podendo ter os meus filhos a estudar longe de mim. Fui às escolas deles sempre e só como mãe, cumprindo todos os procedimentos previstos.
    Em casa, sempre acompanhei os trabalhos e o estudo dos meus filhos, apenas na perspectiva de mãe: ajudando a organizar o tempo, os materiais, a resolver problemas, etc., mas sempre seguindo as orientações dos professores. Se porventura não havia grande orientação nalgum caso pontual (como me lembro de ter sucedido em alguns trabalhos de pesquisa, por exemplo) tentava dar sugestões, duas ou três possibilidades, com prós e contras, e levá-los a fazerem as suas próprias escolhas. Nunca alimentei o hábito de estudarem comigo sentada ao lado, nunca fiz trabalhos por eles (como ouço colegas dizer que fazem), mas ensinei-os a estudar, a sublinhar o mais importante, a fazer resumos, a consultar gramáticas, dicionários e outros livros de apoio que sempre lhes comprei… e apenas verificando o seu estudo depois. Houve momentos difíceis, houve protestos (“Ó mãe, mas tu até és professora!”), houve muita insistência, persistência e algum cansaço às vezes, mas se voltasse atrás, teria feito tudo igual. Sempre achei que era mais importante para a sua formação pessoal/integral o respeito pela autoridade do professor, do que qualquer corporativismo familiar que a pudesse pôr em causa. Mesmo “engolindo alguns sapos”… (Se engoli!) Permita-me que acrescente uma nota patética: acho que me dei bem, pois o mais velho acaba de estrear-se como médico e o mais novo está no 2º ano de Economia.
    Felicidades!

    • Lembrei-me de lhe dar um exemplo da minha “luta”, correndo até o risco que ache ridículo: no 3º ano (do 1º Ciclo), o meu filho mais velho teve uma professora… fraquinha, que confundia a forma verbal “há” com a preposição “à”, por exemplo, o que dá tanto trabalho a ensinar aos miúdos! Ensinei-o a distinguir correctamente as duas grafias, depois de ter passado um serão a emendar o caderno diário dele, enquanto dormia, imitando a sua letra, para que não desse por isso e de ter ido falar com a professora, às escondidas e sem ele saber, mas com a maior delicadeza do mundo! Sabe que ela me agradeceu muito e aceitou o meu pedido de não dar a entender nada de nada aos miúdos, daí em diante procurando-me às vezes à porta da escola para tirar dúvidas, sempre com a máxima discrição! Foi bom para todos.

  6. João Paulo says:

    Obrigado pelos vossos comentários. Penso que fica clara a necessidade de investir mais no médio prazo do que “facilitar” a vida no curto prazo. Depois, tentar gerir com bom-senso as diferentes relações que se vão colocando nos diferentes momentos. Obrigado. JP

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