O Berlusconi da CGTP

Há uns dois ou três anos, uma graçola daquelas em que Berlusconi se tornou perito consagrado, colocou toda a gauche em polvorosa. Referindo-se a Obama, o berluscas dizia algo a respeito do habitante da Casa Branca e logo acrescentava que “ainda por cima já vem bronzeado”. Unidas as câncias e oliveiras de todo o comentadeirismo nacional, o italiano foi justamente arrastado para onde se sabe.

Parece que ontem o sr. Arménio proferiu um desabafo a respeito de Suas Majestades os Reis Magos, tomando como alvo o seu simulacro agora em portuguesa labuta. Oriundo da Etiópia e de imperial nome Selassié, foi topado como escurinho. Pelos vistos, o PC e os seus seguem á risca os prestimonsos ensinamentos dos tempos em que os estudantes negros na extinta URSS sofriam tratos de polé nas universidades, institutos e residências estudantis. É que isto das fraternidades não é para todos.

Comments

  1. zeca marreca says:

    “dos tempos em que os estudantes negros na extinta URSS sofriam tratos de polé nas universidades, institutos e residências estudantis. É que isto das fraternidades não é para todos.”

    Pois claro, as dezenas de milhares de bolsas de estudo que a URSS atibuia a estudantes africanos é mesmo prova do tratamento discriminatório que por lá havia… até uma Universidade, a Patrice Lumumba em Moscovo, dedicada a fomentar a amizade entre os povos e a formar quadros que substituissem a escumalha colonizadora e exploradora, foi construida…
    Deve estar a confundir com a época em que o país era governado por umas aberrações aristocraticas, responsaveis pela destruição do orgulho do povo russo e que em boa hora foi escorraçada pelo mesmo povo tendo como destino a limpeza de sanitas em Paris…

    • zeca marreca says:

      Quanto à alegoria dos reis magos, não se canse… é muito complexo para o seu entendimento. Pode continuar a chamar o AC de racista, repetir mil vezes em coro com os verdadeiros racistas, seus correlegionários, que em nada alterará a realidade!

  2. Maquiavel says:

    Isto é o melhor que consegue? Credo!
    Assim nem dá luta.

    Mais: os estudantes negros de hoje em dia na ex-URSS sofrem tratos de polé nas universidades, institutos e residências estudantis, e mesmo na rua, sendo até mortos pelos neonazis e outro refugo tóxico nacionalista. Mas isso começou só quando a URSS acabou. E o número de estudantes negros na ex-URSS agora será 10% ou menos do que era na URSS.
    Punt e mess!

    • Sarah Adamopoulos says:

      De facto, assim não dá luta, para além de estar a usar uma declaração de ontem do Professor Marcelo, infeliz a dele como a sua, mas mais intelectualmente desonesta a sua, ao sugerir ser Arménio Carlos racista. Toda a gente sabe que o racismo é tranversal, e não passou com a descolonização, mas creio que o racismo não faz parte dos valores da esquerda, como é evidente. Se queria falar de racismo subconsciente podia tê-lo feito, mas o que escreveu não passa de um ataque primário aos comunistas. Enfim.

  3. Nuno, não tens autoridade moral para tratar seja lá quem for como racista. E fiquemos por aqui.

  4. O Nuno tem toda a autoridade para tratar deste e de outros assuntos…

    … E «o racismo não faz parte dos valores da esquerda, como é evidente»? É evidente? A sério?!

    Aceitemos, como hipótese (absurda), que até é verdade. Porém, o facto é que o «camarada» Arménio Carlos, independentemente de ser de esquerda, fez uma afirmação racista. É um facto incontestável e incontornável. E não vale a pena «tapar o sol com a peneira» dos «amanhãs que cantam».

    • zeca marreca says:

      “o «camarada» Arménio Carlos, independentemente de ser de esquerda, fez uma afirmação racista.”

      Aí fez? Qual foi?
      Pode repetir essa mentira, mas Arménio Carlos não fez nenhuma afirmação racista. Você sabe o que é racismo? Racismo é defender a servidão da gleba sob formas encapotdas ó artista… como faz o seu amigo Nuno quanto às aberrações doentes, fruto de relacionamentos consanguínios, e se calhar, por isso mesmo sanguiários que eram os Romanov, descendentes do tsar e imperador de toda a Rússia, que destruiram e humilharam a mãe Rússia e os seus povos, e finalmente foram destruidos, pelo levantamento desse glorioso Povo na Revoloção Socialista de Outubro de 1917!
      (assim panfeletário que é para chocar mais)

    • zeca marreca says:

      “o «camarada» Arménio Carlos, independentemente de ser de esquerda, fez uma afirmação racista.”
      Aí fez? Qual foi?
      Pode repetir essa mentira, mas Arménio Carlos não fez nenhuma afirmação racista. Você sabe o que é racismo?

  5. Nuno Castelo-Branco says:

    Pelos vistos, foi em cheio, os vigilantes estão atentos. Ainda bem. Vamos então por partes:
    1. Zeca Marreca não faz a mínima ideia de como era virulento o nacionalismo russo nos tempos dos sátrapas bolchevistas.

    Sim, na URSS podia o Estado fazer todas as universidades que quisesse, pensando com isso angariar “camaradas”, vulgo Quislings, em África. É verdade, conseguiu-o e às custas do que se sabe e os catastróficos números ao estilo Samora, Hailé Mariam e quejandos números comprovam-no. O ZM anda muitíssimo mal informado, pois é fácil aproximar temporalmente o período em que aqueles desagradáveis incidentes aconteciam. Sugiro-lhe que de vez em quando assista a uns documentários em que os protagonistas são negros que para a URSS foram enviados e como você diz, bolsados a título gracioso. Pois é desse momento bem delimitado no tempo que eles falam, desde o ar de superioridade – deve ser uma mania lá para as bandas dos turiferários de Lenine, a mania da “superiooridade” de que o finado ABC tanto se gabava – dos professores, até ao mais completo isolamento a que eram votados pelos khomsomoleiros mais velhos. Esta é a verdade, infelizmente foi mesmo assim.
    O “camarada” AC talvez nem seja racista – eu nem uma palavra escrevi acusando-o de tal – mas fez vociferou uma graçola ao estilo de Le Pen. Não é caso para grande espanto, pois até o Zeca Marreca sabe que o PCF dos anos 80 passou-se de armas e bagagens para a FN. Bastará consultar os resultados eleitorais nos círculos outra votantes em marchais e ver onde passaram a votar. Nada de novo, como vê. Como o ZM diz, o facto de lixiviar o truculento lepenezinho caseiro em nada cobre a realidade. Se não é racista, pareceu sê-lo. Uma gaffe, sem dúvida.

    2. JJ Cardoso.
    Tenho toda a legitimidade e direito moral para dizer o que bem me apetecer quanto ao assunto. Um trauliteiro racismo foi a coisa com a qual deparei acicatada pelos jagunços do PC de 1974-76. O alvo? Quem vinha de África. Não retiro uma vírgula daquilo que te estou a dizer, até porque conheces os factos. Não prestavam e por isso o país os remeteu para aquele lugar muito subalterno da nossa história.
    JJ, estou muitíssimo à vontade, pois em nossa casa existia um caldo de cultura extremamente anti-racista e pecado dos pecados, totalmente integracionista. Os meus colegas de escola eram na sua maioria negros, frequentavam a minha casa e comigo iam ao cinema e praia. Falo nisto porque sei bem onde queres chegar. Quem não tem legitimidade moral para apontar o dedo seja a quem for é quem tem os srs. Lenine, Estaline ou Trotsky – tanto faz esta ou outra nuance, a escória é a mesma – e é com eles que devias preocupar-te mais. Os tais “pérfidos burgueses” permitem-nos que digamos o que bem nos apetecer e isto ao invés dos bem protegidos “camaradas” que têm um arsenal de soluções expeditas e finais para nos calarem a boca. Já agora, se alguma vez leste algo que eu tenha escrito e que remotamente possa ser considerado como racismo, faz o favor de publicar a coisa e de preferência, com parangonas. Cá fico à espera… até ao dia de são nunca à tarde 😉

    3. Sara Adamopoulos.
    Está enganada, ontem não escutei a afamada croniqueta dominical do intriguista-mor da república. Não preciso de emprenhar pelos ouvidos para dizer o que penso, acredite. Quanto ao racismo não ser um valor de “esquerda”, isso é o que estamos para ver e comprovar. Em termos teóricos é tudo muito luminoso, mas tal como a Sara diz, o bicho homem é o que é e por sinal, existe uma enciclopédia de trastes da pior espécie que foram ou são de esquerda. Sabe que o sr. José Estaline se referia ao Ministério dos Negócios estrangeiros “soviético” como a sinagoga? Pois bem, ficou famosa aquela exclamação proferida poucos semanas antes da celebração do Pacto com a Alemanha. Querendo agradar a Hitler, Litvinov tinha de ser removido e a ordem foi lapidar e cheia de consequências:

    – Esvaziem a sinagoga!

    Por outro lado, as opiniões que gente como os srs. Marx e Frederico Engels tiveram acerca do “lixo” checo, polaco e outros povos depreciados, são coisa feia, escassamente republicável mas nem por isso menos autêntica. Seriam os fulanos dois perigosos reaccionários ou colonialistas? Já agora, interrogue-se acerca da razão pela qual nos antigos países do bloco soviético, o renascimento do fascismo e o extremado nacionalismo alastraram como fogo num paiol de pólvora. O caso alemão é evidente. Enquanto no território da antiga RFA os nazis são residuais, na antiga zona de ocupação riussa e o que se vê, ou seja, a antiga “RDA” transformou-se numa fábrica de camisas castanhas. Na Hungria, idem, assim como na Sérvia, Croácia, Roménia, Polónia, países bálticos e na própria Rússia. Belo serviço, não haja qualquer dúvida.

    Claro que a Grécia e a correspondente Alvorada Dourada consiste numa excepção, talvez se trate de uma reminiscência da guerra civil. Eles lá devem saber, mas até nisso Portugal é diferente.

    • lidia drummond says:

      Tanto barulho para nada. No Brasil e aqui os brasileiros referem-se carinhosamente aos pretos e mulatos como escurinhos, para os distinguir dos brancos. Na minha vida profissional lidei com muitos manequins que óbviamente eram mais de pele branca a que os americanos chamam caucasianos e nigger aos pretos. Por vezes quando tinha 2 manequins com o mesmo nome, para falar com elas dizia ao mensageiro: diz à Natasha para vir falar comigo. Ele pergunatava qual delas e eu respondia ” a escurinha ” e não a negra ou preta. Não sei bem quem é esse Armenio, mas penso que ele utilizou essa regra: sendo 3 técnicos ele referiu-se ao preto como escurinho. Não tenho medo das palavras, pois é hipocrisia essa do racismo de não se poder dizer um preto quando é necessário distingui-lo no meio dos brancos

    • Sarah Adamopoulos says:

      Ora Nuno Castelo-Branco, vá dar lições de História política dos povos a quem quiser. Escusa de vir para aqui com esse tom professoral de quem não tem dúvidas e jamais se engana que a mim não me afecta. Sobre a descolonização e o racismo dos portugueses já escrevi bastante para conhecer o discurso que veio aqui repetir. O seu post foi basicamente sobre nada, admita. E sim, um preto é um preto, tal como um branco é um branco, que esse eufemismo do negro já não esconde a pretensa supremacia que as suas palavras revelam. Registo também o tom extremamente agressivo do seu comentário-resposta

      • Nuno Castelo-Branco says:

        Pois habitue-se, também estou farto de aturar a vossa inexistente “superiodade” há demasiados anos. Mesmo antes do 25 de Abril já sabia como a coisa funcionava, pois a casa dos meus pais era um regular apeadeiro de alguns “camaradas”. Não tenho qualquer tipo de tique professoral, pois não exerço a profissão. Apenas comento o que entendo e digo o que me parece ser certo. “Racismo dos portugueses” também julgo ser um disparate tão grande quanto ao “não-racismo” da esquerda. Se escrever racismo de portugueses, entendo-a perfeitamente mas a generalização é um abuso, para não dizer outra coisa.
        A Sarah tem todo o direito de sair a terreiro para defender o pateta da Intersindical. É para isso mesmo que serve a “democracia burguesa”. Os temporalmente caducos discursos do sr. AC remetem-nos para os anos trinta e pelos vistos há quem goste. Estão ao mesmo nível de um grande número de gregos que nas urnas manifestam uma profunda saudade pela ocupação alemã de 1941-44. Excelente, pelo menos não disfarçam. Antes assim…

    • Nuno, o que andaste a fazer em África não é para aqui chamado, embora registe como curiosidade o chamares racismo a uma atitude de afastamento perante quem voltou de lá em 75, e que não passa de um conflito social.
      O que escreves sobre tudo o que é árabe e ainda mexe é que te retira essa autoridade. Sim, a desvalorização total de uma religião e de uma cultura, não distinguindo fundamentalistas de pacatos crentes, tem uma óbvia base racial, de superioridade do homem europeu. Hoje faço-me distraído e não meto asiáticos ao barulho.
      Curiosamente quanto ao rei mago invocado a lenda (do séc VI) dá-o precisamente como árabe, se não erro do Sudão, a iconografia a seguir é que foi um bocado imaginativa, no séc XVI chegou a ser pintado em Portugal em versão indígena brasileiro…

      • Nuno Castelo-Branco says:

        Perfeito, agora entendo uma parte daquilo que dizes. Quanto aos árabes, deixa-me que te dfaça notar que sou o primeiro a dizer a alguns magrebinos que vou conhecendo, estar nas suas mãos o não deixar humilhar a sua religião e cultura – com a qual algo, para não dizer muito partilhamos – , hoje capturada por uma minoria de radicais que à estupidez aliam uma ferocidade incompreensível. A revolta que hoje verificamos no Mali contra os abusos dos radicais, é uma excelente notícia e parece-me que os magrebinos e outros muçulmanos deveriam fazer exactamente o mesmo que as tunisinas têm berrado pelas ruas do seu país: não! Assim, podes desde já tirar as tuas conclusões quanto ao que penso relativamente aos “árabes” – o termo é abusivo e demasiadamente generalizante – e o seu legado. Não cedo um milímeto à verborreia radical,s eja ela de muçulmanos ou de informais cristãos hoje ateízados. Também não consigo compreender esta estranha aliança táctica e nada tácita entre uma certa esquerda e os ditos sectores radicais, a menos que aqui valha a vetusta máxima do “inimigo do meu inimigo meu amigo é”. Percebes?

        O que andei eu a fazer em África? Nasci já ia 1959 a meio. Já te disse que Salazar tinha idade para ser meu bisavô.
        Tenho a tua idade. O que andavas tu a fazer em 1971, 72, 73, 74? Ias à escola. Em Moçambique eu também andava na escola, os meus pais não tinham casa própria, nem machambas, quatro ou cinco criados – isso é o que agora se passa e pelo preço de um ! – fazendas ou empresas. Tínahmos amigos indianos – ou melhor, indo-portugueses – pretos, brancos mulatos. Os meus pais eram gente comum, “nine to five”. Conheceste o meu pai e isso basta para dizer quase do.
        Lá em casa não existia uma única arma, não frequentávamos estúpidas caçadas nem nunca nos imaginámos a chibatar fosse quem fosse. Vivíamos no século XX, num tempo em que nos EUA existia a segregação institucionalizada nos Estados do sul e isso era coisa abolida há muito pelo Estado português. Uma verdade aborrecida., mas nem por isso menos digna de nota.
        Já agora, não me venhas com lendas e narrativas acerca de leões a espreguiçarem-se preguiçosamente nos jardins de Lourenço Marques, está bem? Era mesmo essa, a imagem que os metropolitanos, tão mal informados pela gente da 2ª república, vulgo Estado Novo, tinham acerca dos territórios ultramarinos. Acredita que nem os patetas que ensinavam na António Arroio de 1974, tinham uma visão muito diferente de uma certa África que jamais conheci e que desaparecera há duas gerações. Doenças, selvagens semi-nús, macacos a saltar de galho em galho, elefantes a rebolar na lama, leões a atacarem transeuntes nas nossas ruelas de 5Km e seis faixas de rodagem, são lapidares confirmações acerca da total ignorância acerca do Ultramar. A começar por muitos governantes “do antes” e “do depois”.

        A ideia de todos era lá ficar, como bem sabes. Infelizmente, muitos “camaradas” decidiram que seria o contrário daquilo que os “ventos da história” recomendavam e tudo fizeram à pressa, nem sequer dando ouvidos aos seus interlocutores do outro lado da mesa. Os “acordos” de Lusaka – a palavra acordo é bonita mas foi mais uma rendição sem nexo, segundo aquilo que Otelo e Soares mutuamente se acusam – deixaram as pessoas numa situação sem outra saída. Foi um desastre, especialmente para quem lá ficou. Nós cá estamos mas o milhão que por lá morreu em menos de dez anos, serão decerto “meros danos colaterais de um necessário processo revolucionário anti-imperialista”. Uso o jargão camaradareiro, sei que contenta os mais puristas que andam um bocadinho excitado com este fait-divers do rigorosamente engravatado Sr. AC.
        A verdade é que os sul-africanos conseguiram a felicidade de terem um Grande Homem como Mandela, ou seja, alguém que penou muitíssimo mais – a todos os níveis, a começar pelo apartheid institucional, coisa que não existia em Moçambique – que qualquer um dos fulanos que tomou o poder em Luanda, Lourenço Marques ou Bissau. Com todos os seus crimes, os sul-africanos pretos, brancos, indianos e mestiços – a ordem é aleatória -, tiveram um Mandela. Os pobres dos moçambicanos ficaram com um Samora. Isto é politicamente incorrecto, pois para alguns o tipo era um “génio”. Aí está o problema.

        Não tecendo mais considerações acerca das rotineiras bestialidades que saem da boca do sr. AC, apenas anotei uma divertida colagem a papel químico, de uma peripécia verbal que é notória em gente do calibre de um Berlusconi. Podia dar-lhe para pior, mas falador como é, não demorará muito até exibir-nos outro esqueleto tirado do seu carcomido baú de reordações.

  6. … E vim eu, todo “lampeiro”, à procura de mais, e tinha acabado!
    Quando li, ainda sem comentários, este post, adivinhei que muito haveria de ler. E fui aparecendo. Enchendo-me de pedaços de história, politicamente correcta para uns, politicamente incorrecta para outros, mas o que é a história sem estas subtilezas heurísticas ou hermenêuticas, sem estas paixões que por aqui se foram gladiando.
    Confesso, entretanto, que me soube a pouco.
    Penso, no entanto, para aligeirar o peso de tanta dialéctica, que o distinto maior do sindicalismo da CGTP ( maior, no sentido castrense, em que o maior é o comandante) não é racista. Tenho para mim, aliás, que tanto ele como João Soares, se votarem em Lisboa para as Autárquicas, correm o risco de votar em António Costa, caso ele se candidate. É um palpite!
    Ora, de todos os candidatos ao trono municipal de Lisboa, António Costa não é, seguramente o mais “caucasiano”, ele que, quando estudante, alguém me disse há muito tempo, e por força da sua pigmentação, tinha uma alcunha nada eufemística.
    Para terminar a minha intrusão, dizer que, de facto, em 1974, a realidade em Lourenço Marques (ou na Beira, que foi a cidade onde mais me senti em casa, em casa de tanta gente) era bem diversa da que nos iam pintando. Por isso, apesar de lá ter passado menos de um ano em comissão militar que terminou na independência (O Uíge foi o último navio de tropas a sair da Beira), ainda hoje sonho com esse tempo, ainda me imagino no parque do Chitengo, ou a beber cerveja na marisqueira do irmão do Sheu (o do benfica), e mais não digo… porque, de repente, senti o silvo da bala que me ia levando desta para melhor numa rusga ao Miramortos (se não sabem o que era o Miramortos, perguntem, alguém há-de responder…)

    • Nuno Castelo-Branco says:

      Armindo, pois…. o prédio diante do cemitério. Embora tenha estado na Beira em 1971, ainda estava apenas com 11 para 12 anos e acredite que ouvi falar nesse prédio, pois uns amigos dos meus pais lá viviam!

      Deve causar-lhe estranheza o que de vez em quando escuta a respeito das “Áfricas”, estranheza essa a que também jamais me habituarei, até porque pactuar com a estupidez, mentira descarada e intencional, é um sinónimo de extrema cobardia que em muito ultrapassa a complacência. Mais valia que os nossos doutos “anticolonialistas” que apenas conhecem Moçambique através de “lendas e narrativas” ou de umas férias na Inhaca ou no Bazaruto, pesquisassem um pouco mais e nãos seguissem velhas cartilhas já caducas há mais de cinquenta anos. O problema é que em Portugal este tema ainda causa mossa em muitos dos nossos palradores donos e contra isso, pouco podemos fazer.

      O sr. Nyerere, na sua primeira visita à capital de Moçambique, virou-se para o Samora e disse-lhe algo que o fulano não gostou: “Samora, os portugueses gostavam desta terra, achavam que também pertenciam a Moçambique. Olha para esta cidade, que bonita e bem construída, tem tudo… Não se pode comparar com o que herdámos no Tanganica!”

      Esta é uma “estória” que correu entre muitos jornalistas que assistiram à conversa.
      “Deixa-os ladrar!”, é a recomendação da minha mãe.

      Eu deixo, mas rosno em resposta.

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