Dos 400 homens super-ricos que viajavam em 1.ª classe [no Titanic, em 1912], 70% morreram afogados. Há registos, recordados num ensaio de F. Zakaria, que nos confirmam que J. J. Astor, a maior fortuna do mundo de então, acompanhou a sua mulher até ao bote salva-vidas, recusando-se a entrar enquanto existissem mulheres e crianças por salvar. O mesmo fez B. Guggenheim, que ofereceu o seu lugar no bote a uma mulher desconhecida. Se o Titanic naufragasse em 2013, estou seguro de que quase todos esses 400 super-ricos chegariam são e salvos, deixando para trás, se necessário, as suas próprias mulheres e crianças. A gente que manda hoje no mundo acredita apenas no sucesso egoísta, traduzido em ganhos monetários, pisando todas as regras e valores. Os aventureiros que conduziram a humanidade à atual encruzilhada dolorosa não passam de jogadores que transformaram o mundo num miserável reality show. Tirando o dinheiro, nada neles os distingue da gente vil, medíocre e intelectualmente indistinta que se arranha para participar nesses espetáculos insultuosos para com a condição humana. Quando andarmos pela rua, é preciso ter cuidado. É preciso olhar lá bem para baixo. No meio do pó e da lama, habita a vilanagem que manda no mundo. Cuidado para não tropeçarmos nalgum deles…
Os super-ricos e o Titanic
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É um comentário um bocado idiota. Esses milionários da passagem do século, frequentemente chamados de “robber barons”, eram sobejamente conhecidos pela sua sociopatia e exploração e abuso de terceiros. Afirmar que esses “robber barons” eram exemplos de humanismo enquanto que os mesmos tipos de pessoa de hoje em dia seriam uns animais desumanos é de uma estupidez e ignorância monumental, movida por uma intenção de diabolizar e desumanizar alvos de estimação. Essa gente tem os defeitos que lhe são reconhecidos, mas isso não torna necessário mentir e aldrabar com histórias deste calibre para tentar fazê-los parecer pior do que são. Ao fazê-lo só estão a mostrar o calibre de pessoas que vocês são, e não as características desses milionários hipotéticos.
É um comentário totalmente imbecil e fundado apenas na defesa acérrima do actual capitalismo financeiro e seus agentes. E descalibrada também, mas já deu para entender o nível intelectual do Hugo Mendes.
2 coisas:
Na altura do titanic o mais rico creio que era o Rockefeller.
Atualmente o bill gates já doou a maior parte da sua fortuna para caridade… o Warren Buffett que era o 2º idem
é uma chatice quando a realidade não acompanha a teoria.
Para mim, a imbecilidade do texto não está “no titanic”. É outra e mais grave. Qual é a “humanidade” que está na “actual encruzilhada”? Há quantos séculos estão os humanos das ìndias, das áfricas, nesta “encruzilhada”?. Ou será que os de ali não são … nunca foram … humanidade?
Eu olho para a historia em 1912 e o que vejo é bem pior do que acontece hoje em termos humanitarios. A europa submetia a Africa a ferro e fogo, a escravidão ainda existia em muitos paises, em todo o mundo a descriminação racial era muitissimo pior, o japão cometia crimes horrendos no extremo oriente…
Pois olhe que o esterco é o mesmo! O que mudou foi o grau de sofisticação!
E mudou alguma coisa? A escravidão que era apanágio da África e da Ásia agora está espalhada pelo mundo inteiro. Chamam-lhe outra coisa mas os resultados são os mesmos. O que os japoneses fizeram continua a fazer-se, não vem é sempre nas notícias. Pronto temos um negro, ou quase negro, na presidencia dos EUA, mas isso não quer dizer que antigamente era pior. Na idade média e clássica a discriminação racial era praticamente inexistente. As discriminações faziam-se por outra forma que não pela raça.
Em 1912 a coisa estava preta, pois até se avizinhava a maior guerra que a humanidade já tinha visto.
Curiosamente essa guerra também dá razão a VSMarques, pois ela matou muitos dos filhos desses ricos, (ingleses, franceses e alemães) que morreram em combate.
Diz-se em Inglaterra que a 1ª guerra mundial “vindimou” uma geração de jovens com um futuro brilhante.
Impensável hoje em dia, e mesmo já dificil de ver noutras guerras que vieram a seguir, os filhos dos ricos na frente de combate.
Hoje são os emigrantes clandestinos, com a promessa de legalização e de bolsas de estudo que fazem as guerras dos americanos.
Em França são os mercenários da Legião Estrangeira.
Os britânicos continuam a usar os Gurkas e os filhos dos imigrantes pobres das periferias das grandes cidades.
A diferença entre os 280 ricos que morreram no Titanic e na 1ª guerra mundial, e os actuais ricos, é que estes reduziram os principios de honra e patriotismo a um só: ganância!!!!
” Se o Titanic naufragasse em 2013 … ”
Não se consegue refutar qualquer consideração sobre uma coisa que não aconteceu.
Por outras palavras … grande demagogia (embore pudesse ser verdadeira … ou não)
A perda de valores e princípios, o total desrespeito pelo próximo, felizmente ainda existiam na altura do Titanic. Têm-se vindo a perder, a passo lesto. Estou em crer que, hoje em dia, ou já não existem, ou, a existir, são tão raros que têm que se ocultar, sob pena de os colocarem nalgum museu!
Por favor ignorem o comentário anterior. Deve ler-se assim:
Os valores e os princípios, o respeito pelo próximo, felizmente ainda existiam na altura do Titanic. Têm vindo a perder-se, a passo lesto. Estou em crer que, hoje em dia, ou já não existem, ou, a existir, são tão raros que têm que se ocultar, sob pena de os colocarem nalgum museu!
O Costa Concordia é o Titanic do nosso tempo, e nem chegou a afundar, só se baldou, e o capitão foi dos primeiros a pôr-se na alheta.
Claro, que o passado é sempre mais atraente que o presente, os ricos do passado eram bons, tinham honra, enfim, pode-se tudo afirmar, no passado é tudo muito bonito, cheio de pequenos póneis e fadas, porque não estamos lá. (E se vivermos muito tempo diremos: ah! no meu tempo é que era bom).
O que disse sobre os ricos de antigamente é que esses tinham estilo. Faziam as maldades com estilo e depois eram magnânimos porque tinham estilo e códigos de honra que nem sempre eram a favor dos mais desfavorecidos.. Salvaram as crianças e as mulheres do Titanic, porque não olhavam as mulheres e crianças que morriam todos os dias nas suas fábricas. Agoram nem a honra dos ladrões existe. Ainda vou ver o João Cardoso escrever contra as revoluções do início do século que trouxeram a racaille ao poder!
Quando digo do princípio do século, refiro-me ao 20. É que sou muito antigo.