A culpa é do incorrigível défice

Gaspar e a sorridente Albuquerque – lembre-se que esta declinou participar num filme publicitário da ‘Colgate’ – bem se esforçam a entesar a malta, a cortar nos apoios no âmbito do SNS e a complicar a vida de pais, crianças e adolescentes no acesso e permanência no ensino público. No fim de tantos cortes e contas, nem mesmo o recurso a matrizes de modelos macroeconómicos certeiros em exercícios de abstracção lhes vale, na prática, na eliminação de resultados desfavoráveis de execução orçamental; bem como em outras variáveis do desempenho económico, tal como o terrível PIB inseparável companheiro do défice – o desemprego é questão despicienda para eles.

A despeito do empenho e duro trabalho do Gaspar e da Albuquerque, possivelmente ajudados pelo Rosalino que é, no masculino, o nome da bisavó Rosalina do meu pai; apesar desse esforço desumano e repartido, pasme-se, as contas saem constantemente erradas.

De reflexão em reflexão, mediante a cooperação dos técnicos do FMI, especialistas há décadas neste género de insucessos, do Oli Rhen e do ECOFIN do princípio ao fim, lá conseguiram a procurada explicação:

Portugal é bom aluno, mesmo o mais disciplinado a cumprir o programa, mas tudo isso e a severidade de vida imposta ao povo não resultam. Porquê? Nem mais nem menos pelo comportamento do défice; é uma figura incorrigível, ninguém consegue fazer nada dele. A culpa, portanto, é do défice.’

Identificado o responsável pela desgraça, e  interpretando o raciocínio e a conclusão da equipa do Ministério das Finanças, é mais do que lógica a crença declarada por Gaspar de que os nossos generosos beneméritos amigos da ‘troika’ concederão a Portugal mais um ano para corrigir o défice.

Se obtida esta concessão, ainda faltará saber como se comportará o défice; se continuará por aí à solta na má vida, aos ziguezagues e com pele de enguia, sem que ninguém o agarre, será um sarilho e dos grandes.

Subsidiariamente, o ministro advertiu:

Neste momento, o meu julgamento provisório aponta para uma revisão em baixa da previsão da actividade económica da ordem de um ponto percentual, [revelou Vítor Gaspar, o que corresponde ao aumento da previsão da contracção económica de 1% para 2% em 2013].

Gaspar tem de explicar a Passos Coelho a definição de “a espiral recessiva”, situação que há dias o PM garantiu não se verificar em Portugal.

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