Quais os limites?

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O rocambolesco caso de Oscar Pistorius e a parafernália de drogas encontradas em sua casa prometem dar ainda muito de que falar. A menos que o cenário de comprometimento assassino do detective Hilton Botha, entretanto avançado, possa lançar uma cortina de fumo sobre a investigação.

Num momento em que os ídolos do desporto têm mostrado (e confessado) que a alta competição está minada pela mentira, que os grandes resultados pressupõem consumos de substâncias proibidas que explodem os limites humanos, num momento em que começamos a perder as nossas referências nesta área e a questionar onde começa e acaba a verdade desportiva, onde começa e acaba a batota, fenómenos como Oscar Pistorius devem fazer-nos pensar.

A robotização do ser humano, como arma apontada aos recordes sobre-humanos, valerá de facto a pena? Valerá a pena estarmos a fabricar monstros que, depois, não poderemos controlar, tornando-nos vítimas dos demónios que criámos?

Quais são então os limites entre o que se pode e se deve fazer? Quais as balizas da ética vs. ambição? Onde começa e acaba o crime?

Se está provado que até as drogas mais suaves, e permitidas, podem provocar demência, o que esperar de manipulações químicas mais ousadas, sofisticadas e, quiçá, mais mortais?

E a quem pedir contas?

Comments

  1. Quem conhece o desporto de alta competição sabe que o doping não é uma excepção, praticamente todos os atletas de alta competição se dopam, todos sabem disto. Alguns, casos muito raros, têm o azar de ser apanhados. Os ciclistas mais apanhados porque o controle no ciclismo é o mais apertado que existe.
    Segredo de polichinelo. Experimentassem pegar em amostras de sangue antigas e analisa-las com os novos métodos de análise e era tudo irradiado. Equipas de futebol inteiras, seleções olimpicas de atletismo, natação, etc…
    A minha única admiração é as pessoas admirarem-se disto… e também a refinada hipocrisia de alguns comentadores que eu sei que eles sabem e mostram um descaramento notável ao fingirem-se indignados e surpreendidos.

  2. Ze Maria says:

    Aqui está um assunto com o chamado interesse da penica.
    Um bacano corre em cima se uns alicates especiais, ganha umas medalhas, torna se famoso e arranja uma gaja boa comómilho para namorada a quem, de quando em vez, arma se em besta e dá lhe uns sopapos.
    A coisa azeda e a piquena acaba esticada na casa de banho com uns tiros. (Uma local de merda para se finar)
    O resto é mais uma telenovela tipo “Correio da Manha” sem qualquer interesse…. A não ser para quem estes voyeurismos são assunto e lhes causam ejaculações mentais. Um asco!

  3. Konigvs says:

    O desporto hoje em dia é cada vez mais um comédia, e é-o a todos os níveis e é completamente transversal. No futebol compram-se árbitros desde os distritais, no futebol profissional os países compram votos a troco de outros favores, para organizarem mundiais. Os atletas, esses andam descansados e pouco ou nada são controlados, outros divertem-se jogando nas apostas e viciando os jogos.

    A aldrabice é tanta que chegamos ao cúmulo de ver na semana passada um atleta, e mais que atleta um verdadeiro senhor como poucos, como é o suíço Roger Federer vir pedir para que o passaporte biológico fosse adotado no ténis. Até porque fala-se muito do ciclismo, mas compare-se e tire-se conclusões: no ténis em 2011 foram realizados 21 controlos anti-doping, no mesmo período a UCI fez 3314 testes!! Dá para rir não dá?

    O caso de Pistorius é mais uma grande imbecilidade, e refiro-me exclusivamente ao facto de um atleta que mais parece correr de andas poder competir com atletas com pernas. Mas a África do Sul tem sido pródiga em casos aberrantes e estou-me a lembrar da atleta que mais parecia um homem – e a federação sul africana dizia que não, que era uma mulher – e depois não é que afinal era uma mulher com testículos?!

    Desporto sem doping? Talvez o xadrez e a sueca e ainda assim não sei!!

  4. Orvalho says:

    Hoje ouvi dizer que ele apenas queria trocar a sua sul africana por duas canadianas, sabendo de antemão que jamais porá os pés na prisão.

  5. Eu não dizia?!

    “Segundo a CNN, a acusação deu vários “passos em falso” durante os quatro dias de audiência para discutir a libertação sob fiança de Oscar Pistorius, a começar pelo afastamento do investigador principal que, em tribunal, admitiu que a polícia poderá ter contaminado a cena do crime e falhado na catalogação das provas recolhidas.
    Botha foi afastado do caso na quinta-feira, quando se tornaram públicas as acusações de homicídio relativas a um episódio em 2011, quando terá aberto fogo sobre um autocarro, alegadamente alcoolizado”.

    Ler mais: http://visao.sapo.pt/oscar-pistorius-libertado-sob-caucao-de-85-mil-euros=f714419#ixzz2LeK1XNVq

    • Konigvs says:

      Felizmente que a África do Sul ainda é um país onde as pessoas de bem – os copinhos de leite logicamente – podem disparar livremente que a justiça não os incomodará muito.
      Assassinos é coisa só de pretos.

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