Relvas, Qualidades Humanas e Políticas

Estou numa etapa da minha vida marcada pela distensão na militância cívica, pelo amor à minha paz de espírito e pela compaixão pelo próximo. Procuro fundamentalmente abster-me de chatices. Mas sempre que acidentalmente passo os olhos pelo que escreve um socratista, a advogar mais Sócrates, claro, tenho imediatamente uma recaída, sobretudo quando o ponto de partida ou o termo de comparação é Relvas. Reagir, para mim, é como palitar os dentes. Como diria António Costa, ó’bam’á’ber: ninguém no seu inteiro juízo terça argumentos contra ou a favor de Relvas.

Relvas é qualquer coisa que não merece dispêndio de verbo, sendo ele mais um fruto perfeito e acabado da democracia dos partidos em Portugal, a qual, desde o início, pariu para nós a fauna mais nociva, entre coleccionadores de poder, influência, cunha e conveniência própria e agentes dolosos de dano e saque directo sobre as nossas vidas. Se, com todo o respeito, os filhos da puta que ainda suspiram por Sócrates desejam estabelecer comparações entre segregações e tipos humanos dentro do mesmo sistema político vicioso que gerou cretinos como Sócrates, videirinhos como Sócrates, pulhas e burlões como Sócrates, poupem-se ao trabalho e poupem-nos a nós à seca.

Os partidos de Poder têm ofertado ao País traste após traste, e isto chegados ao [ou desejosos de repetir uma situação de] Poder; e isto antes das licenciaturas de merda ou após as licenciaturas de merda; e isto antes de, enquanto primeiros-ministros, assediarem, pressionarem, desgastarem directores de jornais [contra publicação da matéria das não-casas da Guarda, contra a publicação da matéria da licenciatura fanhosa, contra os factos e evidências da matéria constante no caso ultra-corrupto Freeport] ou, enquanto ministros assanhados, contra um jornalista politizado que se armadilha com a chantagem dos factos e dos ditos do próprio ministro contra o dito ministro. O Sistema Político Português não tem Esquerda nem tem Direita. A boiar tem somente corruptos e oportunistas que alternam entre si variando o grau de toxicidade moral e dano sobre a grande maioria das pessoas. Nada pior que a nossa obrigação de continuar a ter estômago para a suprema merda que a política vai emitindo em forma de gente. Por isso, dispensamos comparações.

Se há algo a fazer, além de proceder a mais um esforço para suportar um Governo que mentiu e fez exactamente o oposto do que prometeu na fase de campanha eleitoral por em causa estar um bem maior, é pensar fora do Sistema Político Português e pressionar reformas claras. Consolemo-nos, entretanto: podemos evacuar este Governo assim que tenha falhado com e para além da Troyka no conjunto da legislatura. Mas se o monturo socratista insiste em tomar Relvas como padrão comparativo, pelo facto de ter feito campanha contra Sócrates Relvas já mereceria uma estátua e uma comenda. Vinda da Esquerda, da Direita ou do Centro, do Céu ou do Inferno, para desentranhar esse lixo dentro do PS, para defenestrar essa montanha de estrume, imundície moral e oportunismo elevado à quinta casa, qualquer ajuda seria bem-vinda e constituiria acto de pura e abnegada santidade. Ora se Relvas ajudou a foder com o monte de estrume político e des-humanístico em forma de gente, Sócrates, obrigado, Relvas! Certo, agora temos de suportar Relvas e os amigos.

É mau, mas não é exactamente a mesma coisa que a burla de Sócrates e dos seus amigos, tão monstruosa, tão badalhoca e recordista na lata que qualquer merdita subsequente jamais se lhe compararia. Entre a burla que Sócrates conscientemente perpetrou contra o País [burla que o enriqueceu a si e aos seus] e a burla do Executivo Incumbente que acalmou credores e sossegou os mercados à custa do nosso couro e da mudança na lógica de intervenção do BCE, é só fazer as contas, contar carneiros, regressar à história do ovo e da galinha. Portanto, os filhos da puta, os grandes merdas apoiantes ainda hoje da merda ambulante chamada Sócrates, que nos poupem a treta: não há apoiantes da Esquerda pura e verdadeira que não tivessem odiado, abominado tal abominação: perante Sócrates, o Burlão, não houve ideologia, nem causa, nem fé, nem partido. Só o nojo e a rejeição mais abrangentes, excluindo a minoria que pode bem com desonestos e agentes de desgraça geral. Para nos salvarmos, e mal, só mesmo com um grande Puta que o Pariu colectivo em forma de eleições, o qual foi dado. Note-se que o movimento “Que se lixe a troyka” começou muito antes do 15 de Setembro de 2012. Eclodiu num célebre 11 de Março de 2011, em reacção contra mais um PEC de Sócrates.

Derrubar Sócrates foi o grande feito da década, o supremo acto heróico tardio de uma vida, fase precursora da plena reforma do Sistema Político Português, lá para as calendas, quando for eu e fores tu finalmente a escolher os deputados que desejamos nos representem, no âmbito dos partidos ou fora dele. Sócrates não foi o primeiro a mandar lixar a Troyka ou a alertar para as graves consequências da sua vinda: Sócrates já era a Troyka materializada, tinha-a possibilitado e cooperado com ela, vendendo-nos, por todos modos e sob todos os pretextos-prato de lentilhas, à gula sistémica do BES, das obras públicas redundantes, dos desvarios de última hora-PPP, tal como venderia a própria mãe só para continuar à tona desse tipo de negócios de Poder. Se houve avisos de um Filho da Puta contra os malefícios de uma Troyka, ninguém poderia dar ouvidos a um Filho da Puta, nem aos seus argumentos nem às suas razões nem ao seu alarme. Só mesmo um punhado de desnaturados para ousar ainda nostalgiar e beatificar um Filho da Puta que não pode ser nem melhor e nem pior do que dizem ser Relvas, alguém que nem lembramos existir e nem sequer se nos insinua como só um burlão se atreve.

Aliás, qualquer ministro, secretário de estado e deputado na jangada deste Governo vai sempre a tempo de evitar ser tão daninho e horroroso como o Filho da Puta da vida flauteada. Relvas incluído. É incrível, não é?! Calma, camaradas!

Comments

  1. João Paz says:

    Olhar SÓ para um lado causa problemas visuais e, muitas vezes, mentais Palavrossavrvs. Sugiro que comece a olhar mais vezes PARA O ESTERCO das DUAS COMADRES (PS+PSD) como atitude PROFILACTICA de saúde pessoal e pública.

  2. amadeu says:

    Filho da Puta que chama Filho da Puta a outro Filho da Puta terá 100 anos de putidão.

    http://youtu.be/Bmi81ezV1HY

  3. Escreves tão bem e raciocinas tão mal!…

  4. eduardo soares says:

    Este texto despende energia em demasia focado em figuras menores da nossa política. Bem melhor seria falar das “democracias” (burguesas) que utilizam fantoches exibicionistas, vaidosos e petulantes, como verdadeiros COMISSÁRIOS DE NEGÓCIOS das grandes corporações empresariais-financistas transnacionais e suas delegações no país.

    Os palhaços ou são bons e nós vêmo-los no sítio próprio, o circo, ou não vale a pena sequer gastar com eles mais de 2 palavras com um da no meio e no plural.

    Vale a pena dizer que somos comandados por interesses nacionais e internacionais INCONFESSÁVEIS e por isso obscuros e indecentes.

    Depois temos os fantoches e a fantochada PORQUE NÓS O PERMITIMOS !!!

  5. nightwishpt says:

    “Aliás, qualquer ministro, secretário de estado e deputado na jangada deste Governo vai sempre a tempo de evitar ser tão daninho e horroroso como o Filho da Puta da vida flauteada. Relvas incluído. É incrível, não é?! Calma, camaradas!”

    Não. No fim do ano, pouco vai restar salvo as rendas às empresas para onde migrarão.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading