Alexandre Soares dos Santos, após uma investigação decerto aturada, descobriu que não é a cantar a Grândola que se resolvem os problemas. Apesar da minha paixão pela música de Zeca Afonso, devo dizer que, em parte, concordo com o chairman da Jerónimo Martins.
Miguel Relvas tentou cantar a Grândola em Gaia e não conseguiu resolver o problema, criando mais um, o da desafinação. Para além disso, depois de, em 1974, ter ouvido e cantado várias vezes a Grândola, não consegui resolver dois problemas que me surgiram no exame de quarta classe.
Pelas palavras de Alexandre Soares dos Santos fico, no entanto, com a impressão de que ele conhece a canção que resolve os problemas. Ter-lhe-ia ficado bem partilhar, patrioticamente, uma descoberta tão benfazeja. Julgo, contudo, ter descoberto um grupo de três temas musicais entre os quais será possível descobrir o segredo da canção que resolve os problemas.
Julgo que “Vem devagar emigrante” de Graciano Saga está em óptimas condições de corresponder à solução alexandrina. Neste título, há, pelo menos, dois aspectos a ter em conta: o emigrante deve vir devagar, não só porque pode perder a vida num minuto, mas porque, vindo devagar, está sempre a tempo de voltar para trás, que este país não se recomenda a ninguém; por outro lado, é importante que o emigrante venha devagar, de modo ter a certeza de que não se esqueceu de pagar os seus impostos em países com uma fiscalidade mais atraente do que o nosso.
Não é de enjeitar, ainda, que Soares dos Santos esteja a referir-se a “Afinal havia outra” de Mónica Sintra. Não nos fiquemos pela insinuação de infidelidade conjugal, assunto menor em termos macroeconómicos: este título lembra-nos que havia outra solução, como, por exemplo, fazer descontos de 50% no dia 1 de Maio ou procurar países com uma fiscalidade mais atraente, outra fiscalidade.
A terceira hipótese corresponde a “Não és homem para mim” de Romana. Com a escolha deste título, Soares dos Santos lança uma farpa a Passos Coelho, indiciando – e espero não me repetir – que a fiscalidade portuguesa contém aspectos muito desagradáveis. Assim, a ser preciso escolher um homem, o coração fiscal do empresário português tenderá, muito naturalmente, para Guilherme.
ahahahah!
Muito bem! 😀 😀
Há também o “Não ficas com ele” , da Ágata, sendo o “ele” os impostos de S dos santos, ou outras riquezas colocadas offshore.
Dia dois cantemos-lhes também a “Inquietação”, aos relvas, aos soares dos santos e toda esta pandilha de “senadores” com tempo de antena e “liberdade de expressão ” em demasia, estes lavadores de cérebros iluminados!
Mais um texto e uma música, em jeito de manifesto:
http://margarida-alegria.blogspot.pt/2013/02/dia-2-de-marco-faz-ouvir-tua.html#comment-form
a infidelidade tem importancia macroeconomica, dá origem a divorcios, os divorcios dão origem à procura de novas casas. além da procura de psiquiatras para tratar traumas de divorcios e abandono dos filhos… tudo coisas que animam a economia.
Compreende-se que desvalorize a Grandola e o que ela significa no presente. Não foi esse safado que fugiu aos impostos com a antecipação do pagamento dos dividendos. Que responsabilidade e exemplo para os portugueses, quando se dá este exemplo?
Eu acho que Soares dos Santos tem razão…os problemas não se resolvem a cantar ” A Grandola “, resolvem-se a comprar carne de cavalo e a vender carne de vaca ou a fazer campanhas no dia 1º de Maio.
Um pontapé na boca era pouco. Já repararam que quando estes chulos do sistema falam o que dizem cria eco???
Genial !!!
Metê-los a RIDÍCULO sempre que possível !!!
Estes burros velhos soares dos anjos dos santos das patas que os puseram sabem-na toda ! Mas estão a começar a ter medo, a ter medo.
Grândola (canção) pode não resolver a situação, mas eh tão bonito e comovente ouvir aquela gente a cantar, desafinados ou não eh bonito. Se não fossemos nos portugueses andar desafinados há 37 anos não tínhamos motivos para cantar e descansar ah sombra duma azinheira em Grândola.
Eu, depois da “passeata” do próximo Sábado não vou passar por mais nenhuma mercearia pingo doce…e você?
Está muito bom este texto. Nada como usar a ironia e o sentido de humor. 🙂