2M:Desespero dos ausentes

Nas ruas, todos o vão dizendo, estiveram mais velhos que novos, mais pais que filhos. Acha, caro leitor do Aventar, que foi mesmo assim? Ou estarei a ver a coisa pelo lado errado?

Gostaria muito de perceber o que o levou a ficar em casa no sábado?

– Não acredita que uma manifestação resolva ou, sequer, que seja parte da solução?

– Acha que a manifestação foi excessivamente inorgânica, ou pelo contrário, foi porque os partidos e os sindicatos se meteram?

– Acha que o caminho que o governo está a seguir é o correcto?

– Desistiu?

– …

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Comments

  1. Porque acho que esta manifestação não fazia grande sentido… É preciso que se apresente alternativas e não apenas dizer “Que se lixe a troika”.

    • Sarisa, obrigado por ter comentado. Quando escreve que não fazia sentido, refere-se exactamente a quê? Não concorda com os termos da convocatória? Ou não acha que o Governo mereça crítica? E quanto a alternativas, de facto, concordo – que alternativas? Com que pessoas?

      • Pois o problema é esse. Que se lixe a troika, pronto OK concordo mas e alternativas, quais são? E que pessoas vão trazer essas alternativas? Já saí muitas vezes à rua em manifestações e de dentro ficava exactamente com estas mesmas dúvidas.

        • João Paulo says:

          Mas, Sarisa, não consegue associar desenvolvimentos positivos com a luta que foi feita? Vamos ver isto mais lá para trás – como se conseguiram reduzir as horas de trabalho (eram 16 ou mais na Inglaterra da revolução industrial)? E o direito a férias? E o direito a… Tudo isso foi na rua.

          Eu acompanhei (na primeira pessoa!) a luta pelo direito dos professores ao sub de desemprego. E, acredite, foi na rua que ele foi conseguido, não foi dado “de borla”…

          JP

          • Algumas coisas consegue-se, outras… talvez seja mais complicado. Este governo sociopata não me parece que tenha capacidade para “reparar” no descontentamento das pessoas e também não sei se as pessoas estão a ter a capacidade de demonstrar esse descontentamento de forma clara e séria. Talvez com menos festa nas manifestações. Já começaram a surgir as reacções e medidas pós 2M e acha que houve alguma evolução?

  2. foobar says:

    – Não acredita que uma manifestação resolva ou, sequer, que seja parte da solução?
    R: Sem medidas alternativas, por muito utópicas que sejam, protestar por protestar é irrelevante. Dizer “abaixo a troika e o governo” é muito bonito mas e o dia seguinte?

    – Acha que a manifestação foi excessivamente inorgânica, ou pelo contrário, foi porque os partidos e os sindicatos se meteram?
    R: Foi uma manifestação para mostrar indignação e não para encontrar soluções menos penalizadoras para os contribuintes. Não vi na manifestação ninguém que contestasse o peso e dívida acumulada do Estado.

    – Acha que o caminho que o governo está a seguir é o correcto?
    O caminho é o correcto se atendermos que a população deseja mais Estado, logo se quer manter esse nível (ou o mais próximo possível) de Estado terá de pagar mais impostos. Se aceitasse menos Estado teria uma carga fiscal menor, mas menos serviços.
    Preferia menos Estado logo menos impostos (que é sem tirar nem pôr um saque) mas esse não é a opinião da maioria dos portugueses.

    – Desistiu?
    Não, mas não é transferindo mais recursos dos contribuintes para o Estado que o país vai crescer.

    • João Paulo says:

      Foobar, meu caro, se me permite, começo pelo fim: se o estado não for capaz de assegurar Educação, saúde, justiça, segurança social e a segurança (nas suas diferentes dimensões), serve para quê?

      Não o incomoda que estando o país como está, continue a haver um grupo de ladrões que aumenta as suas fortunas? Não acha que a questão central está no facto de hoje a distribuição entre o capital e o trabalhador ser muito mais desigual do que no tempo da outra senhora?

      Isto para dizer que não concordo nada com a sua conclusão. Depois, menos estado, quer dizer realmente o quê? É que a tal “economia” privada, vive, em Portugal à custa do estado, certo?

      E portanto, o que se esteve na rua a dizer foi, este caminho não serve, temos que construir outro. Ou não?
      JP

  3. Ana A. says:

    Desisti em 2011, quando depois do descalabro neoliberal do socratismo, e para o reforçar, venceu a direita, e porque a abstenção foi mais que muita. Se é isso que o povo quer, pois que seja!

    • Chamar o PS de esquerda, será o mesmo que dizer que o Vaticano não tem nada que ver com pedofilia e outras coisas nojentas.

    • João Paulo says:

      Mas, desistimos então do país? Não acha que temos de fazer alguma coisa? Limita a sua participação às eleições?

      • Ana A. says:

        O sistema da partidocracia está falido. O governo está surdo e cego às vozes que não pactuam com eles. Têm uma agenda política do poder financeiro mundial que precisam cumprir, a fim de voltarmos novamente ao trabalho escravo e sem direitos. Aguardo que o sistema caia de podre!

        • maria Pinto says:

          Os que fizeram o 25 de Abril (e não foram só os militares claro) também podiam ter esperado que o sistema caísse de podre. Felizmente para nós, não o fizeram.

        • Jaime A. says:

          Não é o nosso sistema político que está falido. O que está falido é o eleitorado, que teima em votar nos mesmos partidos de sempre. O nosso problema só começa a mudar quando nenhum dos partidos correntemente com representação parlamentar, da esquerda à direita, receber os nossos votos, e em vez dessa laia entrar outros. Se vocês votaram em algum dos partidos que está lá na assembleia em vez de outros quaisquer então vocês é que são o verdadeiro problema. Só tem de passar a ser a solução.

        • João Paulo says:

          Aguarda? Sentado, não?

  4. Catarina Figueira says:

    Alguém tem de representar o povo e se actualmente as pessoas não se revêem nos partidos que existem que se avance com a criação de novos partidos. Adoramos o exemplo da Islândia mas parecemos não perceber que foram cidadãos comuns que avançaram para formar governo e rever a constituição. Seria bom que os organizadores das manifestações formassem um partido e concorressem a eleições. E que o povo deixasse duma vez por todas de ter medo de votar noutros partidos para além do PS/PSD.

    • João Paulo says:

      A questão pode ser colocada na dimensão partidária, mas não me parece que Portugal tenha espaço para a afirmação de uma alternativa partidária… A acontecer, seria uma tremenda surpresa.
      JP

  5. Hugo says:

    As manifestações normalmente servem para demonstrar desagrado, no entanto, não me parece que o governo precise que lhe relembrem que a maioria do país não está contente. Deste ponto de vista, a manifestação é inócua.

    Espera-se que a manifestação mude alguma coisa, mas não muda nada. Já se realizarem três ou quatro manifestações semelhantes e os cortes orçamentais continuam a ser feitos, o desemprego continuou a crescer e a economia a estagnar. Por este prisma, a manifestação é inconsequente.

    Estas foram as minhas principais razões.

    Quanto à vertente política do movimento, também não me motivou muito à participação. Um programa político que manda lixar a organização que nos emprestou dinheiro quando dele precisávamos não me inspira muita confiança. Além disso, seria impossível alinhar a uma só voz toda a indignação das pessoas, pois na mesma manifestação, estão pessoas completamente diferentes: era possível que a pessoa que tem um salário/reforma de 1500 ou 2000 euros mensais e garantia de que irá receber essa verba para o resto da vida esteja exactamente tão indignado quanto a pessoa que ganha o salário mínimo e receia poder vir a ser despedida na semana seguinte. Esta não entende do que a outra se queixa e até entende que poderia pagar mais, coisa que a primeira pessoa acharia impensável. Mais cedo ou mais tarde as incongruências acabariam por fazer ruir o movimento e tornaria impossível a aplicação de um programa político.

    Quanto a desistir, eu não desisti. Continuo a tentar melhorar a minha situação pelos meus próprios meios. Se for com a ajuda do Estado, óptimo; se for sem a ajuda do Estado, óptimo na mesma.

    • Jaime A. says:

      Essencialmente estas também foram as minhas razões. Acho de um cinismo insuportável ter agentes dos partidos a açambarcarem-se em frente às câmaras, a tentar venderem ao mundo a ideia que eles e os apparatchiks do seu aparelho é que são os verdadeiros representantes de todos aqueles presentes, mesmo quando não são mais que uns emplastros que não fazem mais nada senão defender políticas auto-destrutivas, contraditórias e de terra queimada. Para isso já bastou aquela triste figura da semi-cabeça do BE a 15 de Setembro, acampada em frente a uma câmara cheia de muita autoridade a dizer o que supostamente o povo queria dizer, mesmo quando tinha em cima dos ombros dela um grupo de manifestantes a dizer a alto e bom som exactamente o oposto e a sublinhar que o BE era a mesma merda que todos os outros partidos.

      Não suporto este governo, e não suporto a falta de respeito pela natureza democrática que é esperada do nosso regime. Como não suporto esta falta de respeito, recuso-me a fazer de figurante em mais uma manobra cínica de propaganda e manipulação destes partidos autoritários e totalitários. Em casa ou a passear na praia não passo por idiota útil.

    • João Paulo says:

      Hugo, obrigado por ter comentado. Vou bater de alto a baixo, mas como num outro comentário a um comentário, começo pelo fim.

      “Continuo a tentar melhorar a minha situação pelos meus próprios meios. Se for com a ajuda do Estado, óptimo; se for sem a ajuda do Estado, óptimo na mesma.”

      Estou completamente em desacordo – na base de cada um por si, pergunto quem vai pagar os hospitais, as escolas, os tribunais, as estradas… Cada um trata da sua vida, desaparece o social, o colectivo, o estado… É isso?

      “não me parece que o governo precise que lhe relembrem que a maioria do país não está contente.”

      Mas, seria então o espírito-santo a dar nota ao Relvas do país? Está a brincar ou a falar a sério? Acha que o governo não foi condicionado pela oposição que tem tido nas ruas? Então porque não apresentou ainda os tais famosos cortes?

      Quanto à troika e o pagar a quem nos empresta e tal duas notas:
      1) A base da crise é bancária e financeira. Não era, nunca foi económica. O dinheiro pedido foi para a banca e por isso a nossa dívida aumentou para níveis que não tornam possível o seu pagamento e, pior, queimou a economia.
      2) Quem nos empresta dinheiro está a lucrar (e muito!!!) com o dinheiro que nos emprestou.

      Ainda bem que há gente a pensar diferente, ainda bem que na rua há gente diferente e esse é o maior receio do governo: a diversidade e abrangência de quem está na rua.

      Obrigado por ter comentado,
      JP

  6. murphy says:

    Objectivamente, o modelo económico e social instituído em Portugal não serviu a globalidade da população, antes uma minoria que passou a controlar a estrutura do Estado. É à sombra desse modelo também que muita empresa pseudoprivada se alimenta…
    Mais de metade da riqueza produzida em Portugal é para alimentar essa máquina, quando vir uma manifestação ciente que ESTE é o problema que urge resolver, i. e., reduzir a SÉRIO na estrutura e despesa do Estado (nos ministérios, secretarias de estado, direcções gerais, nos institutos e empresas públicas, as fundações, observatórios, etc.), então sim, irei a uma manifestação…
    Quem não está descontente com o actual estado de coisas?! Só um anormal não estará… Coisa diferente é discutir a actual situação no pressuposto que as medidas e os cortes que estão em vigor, são resultado de uma “opção” de A ou B, e não uma necessidade / consequência de o Pais ter entrado em bancarrota! Pela 3ª vez em 30 anos, recorde-se…
    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/02/portugal-lisboa-e-o-resto-do-pais-1.html

    • João Paulo says:

      Aqui talvez concorde… o problema dos 30 anos foram os boys dos partidos. Não foi o trabalhador, não é quem vive do seu trabalho.
      JP

  7. Estive a trabalhar, e como a manif não foi organizada pela CGTP, não tive autorização para participar.

    • João Paulo says:

      Estava a tentar perceber a piada, mas escapou-me…
      JP

      • Não era piada. Trabalho numa câmara comunista, e quando as manifs são organizadas pelos sindicatos, até incentivam à participação dos funcionários. O mesmo não acontece neste tipo de manifestações. Não me faltou vontade para ir, mas se fosse, teria uma falta injustificada.

  8. foobar says:

    Viva a censura no aventar!

    • O seu comentário foi filtrado automaticamente pelo Akismet, que lá terá as suas razões para o achar spam. É pensar no que andou a fazer noutros blogs que o usam.

      • André Teixeira says:

        Manifestar uma opinião incómoda?

        • João Paulo says:

          Sou eu o autor do Post e não fiz qualquer tipo de corte! Há um mecanismo automático, que trata de mandar para o local certo quem anda por aí a deixar lixo ou que, por azar, seja assim entendido pelo programa. JP

      • foobar says:

        Não costumo comentar em blogs, portanto não é por aí.
        Como não é censura, retiro o que disse e peço desculpa aos autor do post e a todos os leitores do Aventar.

  9. É o costume , muitos só falam e querem ter privilégios , sem nada fazer. Só sabem criticar , serem tendenciosos e só sabem ver as coisas pelo lado partidário . Não sabem ver as coisas com isenção . Toda a gente de esquerda ou de direita sabe que isto está muito
    mau , or causa dos governantes que temos tido e ainda temos .
    É PRECISO CORRER COM ESTA GENTE E RESPONSABILIZÁ-LOS PELO ESTADO EM QUE DEIXARAM O PAÍS .
    Quantas mais manifestações melhor , não podemos parar , para criar
    um estado verdeiramente DEMOCRÁTICO e JUSTO , para que nin-guém viva na Miséria e RECALCADO .

    • Hugo says:

      E é a gritar as músicas do Zeca Afonso que se conseguem esses privilégios? Tenho muitas dúvidas quanto à eficácia desse método. Quanto ao correr com o governo, em democracia é nas urnas que isso se faz (ou então por mão do PR, mas creio que ninguém acredita que o Cavaco seja capaz de demitir este governo). Mas quando olhamos para as sondagens e vemos que muito provavelmente o PS vai suceder ao PSD no governo, vemos a eficácia das “manifs” que se fazem e escusamos encarecer a sabedoria do eleitorado. É por isso que prefiro confiar mais nas minhas capacidades e iniciativas do que confiar no sistema político, no sistema partidário e no sistema das “manifs”.

  10. desta vez não participei, porque tive de ir trabalhar

  11. xico says:

    A manifestação não pode ser parte da solução quando lá dentro estão e falam os que são parte do problema.

  12. Hugo says:

    http://www.ionline.pt/portugal/ferroviarios-desocupam-linhas-no-entroncamento-dizem-nao-aceitar-proposta-da-cp

    Era disto que falava no meu comentário mais acima sobre a discrepância de protestos. Há quem tenha ficado sem salário, há quem tenha ficado sem apoio para medicamentos, há quem tenha ficado sem dinheiro para se manter na universidade e há quem interrompa a circulação ferroviária, prejudicando a vida de centenas ou milhares de pessoas, só porque vão ter de pagar mais 25% de bilhete quando vão passear.

  13. Teresa Almeida says:

    Ganhei uma gripe por ir manifestar a minha indignação no sábado! Fui trabalhar, dar aulas, com febre. Continuo com febre e se preciso fosse, com febre, amanhã sairia de novo à rua para chamar de gatunos a todos os que hipotecaram e hipotecam o futuro dos meus filhos e de todos os filhos deste país!
    Em Viseu, havia jovens, muitos jovens, e alguns até “botaram faladura”! Numa terra que parece estar fora do mapa, onde parece nada acontecer, vim para casa com uma gripe no corpo, mas com a alma serenada…
    Grândola …

  14. oberon says:

    estas junçoes de pessoas sem consciência politica nenhuma; só lá vão porque lhes mexeram no bolso…depois voltarão ao que sempre foram…ratos do sistema..

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