A Venezuela de Hugo Chávez ou a cegueira ideológica de alguns

venezuela
A democracia que Hugo Chávez implementou na Venezuela não é propriamente o meu tipo de democracia. Censura à imprensa, culto do chefe e por aí fora não fazem parte do meu conceito de liberdade.
No entanto, os números económicos e sociais de Chávez falam por si:
– a pobreza diminuiu cerca de 20%.
– a pobreza extrema diminuíu 73%.
– as desigualdades sociais baixaram de 0,46 para 0,39 – o número mais baixo da América Latina.
– os gastos sociais aumentaram de 8 para 14% do PIB.
– o PIB aumentou de 8 mil para 13 mil dólares.
– o Salário mínimo subiu 26,5%, sendo hoje o maior da América Latina.
– o Subsídio de Refeição passou a ser obrigatório para todos os trablhadores.
– o desemprego baixou de 14,9% para 5,9%.
– a economia informal diminuiu 5%.
– o analfabetismo diminuiu 5% – a UNESCO considera a Venezuela território livre de analfabetismo.
– a mortalidade infantil diminuiu 5%.
– a esperança de vida aumentou 2 anos.
– o Índice de Desenvolvimento Humano aumentou de 0,65 para 0,73.
– os venezuelanos passaram a ter acesso gratuito à Educação e à Saúde, com a construção de mais de 7 mil clínicas populares, cerca de 600 centros de Diagnóstico Integral e Salas de Reabilitação Integral e mais de 20 centros de Alta Tecnologia. 25 mil médicos passaram a trabalhar junto da franja mais pobre da população. O número de médicos aumentou de 1628 para quase 20 mil.
Nem tudo é bom em termos económicos, como é o caso da grande inflação ou da dependência excessiva do petróleo. Mas só por muito desconhecimento ou cegueira ideológica se pode dizer que a Venezuela estava melhor antes da chegada de Hugo Chávez em termos económicos e sociais.

Comments

  1. Pois é… não sei o que vai ser da Venezuela pós-Chavez…

  2. Reblogged this on Paranóias and commented:
    Para quem não acreditava no senhor…

  3. Nuno Castelo-Branco says:
  4. Jaime Santos says:

    Se realmente lerem a entrada do Blasfémias irão aperceber-se que em lado nenhum é dito que a Venezuela está pior agora do que estava antes. A única coisa que foi apontada no Blasfémias foi o problema de desvalorização do bolivar, uma medida que foi descrita como “levar o país à ruina”, e o gravíssimo problema de criminalidade, que levam a descrever a Venezuela como um dos países “mais inseguros” do mundo.

    O que é apontado no Blasfémias é um par de factos inegáveis, que são constatados por todos. O Ricardo Santos Pinto aponta mais um conjunto de factos inegáveis. Lá por tê-los apontado não implica que aqui o Aventar sofre de cegueira ideológica, pelo menos a mesma que é atribuida aos contribuidores do Blasfémias.

    A questão é simples: tal como todos os governantes, Hugo Chavez foi responsável tanto por coisas boas como por coisas más. Não é preciso meter ideologia ao barulho para reconhecer este facto. Essa treta da ideologia só entra quando se tenta enganar as pessoas, e por muito que custe admitir essa treta vem tanto do campo pró-Chavez como do campo anti-Chavez. Alguma da treta é claramente exagerada, mas não necessariamente mentira. Alguma da treta é certeira, se bem que inconveniente para os propagandistas do regime. Mas as coisas falam por si, e a verdade tem esta mania de sobreviver as pessoas e de vir sempre ao de cima. É este o caso.

    • Maquiavel says:

      Interessante que a recuperaçäo económica da Argentina se deu quando desvalorizaram a moeda, e foi desse modo que a Islândia saiu da crise.
      Interessante como agora os japoneses andam a desvalorizar o iene à bruta para “recuperar a competitividade”, os EUA querem fazer o mesmo, e na UE está para breve.
      Interessante que só a desvalorização do bolivar foi uma medida que foi descrita como “levar o país à ruina”.

      Hein? E o burro sou eu?

      • Nuno Castelo-Branco says:

        Não, neste caso, o Maquiavel “sofre” desse senso comum que tanta falta faz a este país. Há uns vinte anos, quando entrámos na serpente monetária europeia, o resultado foi imediato na nossa economia e uma vez mais, a gente do regime pretendeu uma adesão política e nada mais. O resto “viria por arrasto”. O resultado está à vista, prescindiu-se de todos os baluartes da soberania. E agora, o que fazer?
        Descubram petróleo e nacionalizem-no imediatamente….

        • vitorino says:

          Concordo inteiramente consigo.
          No entanto, quando diz que “descubram imediatamente petróleo…”, se o descobrirem (se existe), com o neoliberalismo implantado e a seguir-se os seus ideais, “o lucro” irá direitinhao para as mãos dos “tais”, como acontece em todos os países do mundo.
          E, nem seria preciso haver por estas terras petróleo para que não houvesse fome e dificuldades, bastaria quererem distribuir melhor as riquezas existentes porque, nem que seja só por isso, diz-se “distribuir o mal pelas aldeias” e, eu digo mais, dever-se-ia “distribuir o bem pelas aldeias” mas, meu caro, aqui é que surge a grande divisão dos homens, entre a distribuição e a concentração dos bens do país.
          Neste tempo, estamos na fase de “distribuir o mal pelas aldeias” e poupando as cidades (em figurado), mas se houver mais, nunca pensarão em “distribuir” os bens …
          Cumprs.

    • vitorino says:

      O que penso disto é que as pessoas não têm as medidas certas ou sequer próximas daqueles que dá para fazer qualquer coisa aproximada a justiça.
      Todos os governantes são tão perfeitos e atingem níveis de eficácia (reste saber das ideologias que têm), que dá para se pegar num qualquer e criticá-lo porque não conseguiu atingir esse perfeição?
      Claro que não!
      Hugo fez o que podia para ajudar os pobres do seu país que ele conhecia por si próprio. Nisso concentrou todas as suas energias, porque foi essa causa que o levou a pegar em armas contra o governo Pérez que matara centenas de pobres, assassinados pela Guarda Nacional.
      Penso que esse foi o seu principal objectivo e admito que conseguiu e passará a História pelo que obteve.
      Não gostava das causas que levam à pobreza, nem ao domínio do inmpério dos EUA mas, que raio, eu também não gosto nada.

  5. como aumentou tanto o nº de médicos?

  6. Carlos Fonseca says:

    Ricardo, se ‘com papa e bolos se enganam os tolos’, com factos e dados concretos se desmistificam os dolos – de opinião, neste caso.
    Tal como tu não sou adepto do tipo de democracia de Chávez em muitos aspectos; mas, é obrigatório reconhecer-lhe o mérito que, sobretudo, os segmentos mais desfavorecidos do povo venezuelano está em melhores condições de avaliar de forma objectiva, nas condições de vida antes e depois do presidente agora falecido.
    Claro que os ‘troca-tintas’ blasfemos, apologistas do empobrecimento custe o que custar, só podem censurar quem diminui as desigualdades na distribuição de rendimentos e condições sociais, em especial na saúde e no ensino. Dá a sensação de serem pagos para prestar tal vassalagem ao governo que temos e negar o inegável sucesso de adversários políticos

    • vitorino says:

      Não quro contrariar, até porque nestas coisas de domecracias e de gostos, a coisa tem tantos aspectos e facetas, que acho que uma democracia é sempre diferente de outra e nenhuma por si só consegue resolver todos os problemas.
      Digo isto ao ler que v. não costa da democracia da Venezuela.
      En não sei se gosto se não gosto, porque isso só conseguiria saber com um profundo estudo e dispondo de conhecimento que nem bases tenho para me incumbir de tal empreendimento.
      Mas, por exemplo, eu poderei gostar da nossa democracia ou você?
      Uma democracia com regras tais que milhões de vontades de homens e mulheres ficam caladas, por meia dúzia de votos de diferença e, nada impede de um governo (uma dúzia de cidadãos) imporem os seus desígnios a milhões de pessoas que se manifestam (intelectuais e operários, velhos e novos que querem trabalhar quando há tanto para fazer), na rua, nos jornais e em greves?
      Porque não se gosta da democracia da Venezuela, poderá haver gente a acusar, digo a acusar e não digo “não gostarem, um tal Presidente que foi Hugo Chaves?
      Pessoalmente, nunca fui fã de alguém, isso sem querer dizer que aprecio muita gente, principalmente pelos seus valores de carácter e de fazerem coisas que me sinto incapaz de fazer.
      Mas, o que penso é que por ser artista de cinema ou escritor, não é um ser diferente dos outros (senão no que o distingue), e pode ser detestável em muitos outros aspectos.
      Por isso, respeito Chavez pelo que vez de bem à população que o elegeu precisamente para isso (por cá esquece-se isso), e o resto, se era bruto ou de boas-falas, se lançava gafanhotos quando falava, não me interessa ou, melhor, pouco me interessa.
      Cumprs.

  7. murphy says:

    Então e os progressos que Portugal fez entre os anos 30 e os 70?!

    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/03/04-de-marco-de-2013-noticias-da.html

  8. eduardo soares says:

    O RSP acha que com uma democracia de alterne/ância os resultados que apresenta iam ser conseguidos ?
    A Venezuela como outros países da américa do sul não têm especificidades próprias que levem a que a vivência democrática deve ser outra completamente diferente daquela que um europeu AINDA pensa ?
    Eu acho que sim. Lá libertam-se de caciques, aqui levamos com eles desde a presidência da república ao mais modesto chefe da administração desde que nomeado por razões partidárias.
    A alma da venezuela teve com Chavez um alento que aqui e na europa não podemos avaliar porque não sabemos sentir pela população pobre e desamparada o heroísmo da sua vida.
    Por cá vivemos prostituidos pelo consumo, mandados por corruptos e cleptómanos compulsivos. NÃO acredita ?

  9. Maquiavel says:

    Na Venezuela o analfabetismo diminuiu para 5%.

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