Anacleto Ribeiro não aguentou

Há muitas formas de não aguentar. Anacleto Ribeiro não aguentou o desemprego, a falta de moedas para as gomas do filho doente, e escolheu a pior forma de não aguentar: fugiu com ele para a morte.

Outros têm seguido essa fuga: cada vez mais, por muito que pela válida razão de evitar o contágio tal não seja noticiado.

Mais tarde ou mais cedo alguém  tentará partir com outra companhia, a de um de tantos culpados. Nada resolve.

Há outras formas de não aguentar. Há aquela que vingará o Tiago e o Anacleto Ribeiro: demitir os mentirosos que se instalaram no governo e enrolados na própria incompetência e estupidez andam a bater recordes velhos de 38 anos. Com a grande diferença de que em 1975 se recuperavam 48 anos perdidos, séculos de redução de um povo à miséria. Agora, muito simplesmente, arrasa-se Portugal.

Os direitos conquistam-se, perdem-se, recuperam-se. É da História. A morte dos que não aguentam, essa, é um caminho sem retorno. Por isso quem com ferros mata pode ter a certeza que desta vez com ferros morre. Mais tarde ou mais cedo, às mãos de um povo.

Comments

  1. Explique-me como éramos parte da elite mundial antes de 1926… ou espere, fomos apenas durante 16 anos, certo?

    • “séculos de redução de um povo à miséria” – entendido? 48 anos não é um número, é uma expressão idiomática dos idos de 70 sinónima de ditadura fascista, por oposição aos anos da I República onde algumas coisas se conquistaram.

  2. Que eu saiba o povo não está todo do mesmo lado! Por isso, é mais correcto dizer : vamos morrer nas mãos duma parte dum povo! Entretanto pode virar-se o feitiço contra o feiticeiro. Faço votos que nada disso aconteça!

  3. eu sou um fervente abolicionista da pena de morte, admiro muito o 25 de Abril e acho muito bem que pouca gente tenha morrido no 5 de Outubro.
    Mas…
    Com a condição de não esquecermos esta gente e a mantermos a distância sanitária.
    É que ELES não esquecem e ficam à coca para voltar à cepa torta.

    Ainda há monárquicos e Sidonistas em Portugal. Admira que haja salazaristas?

    Cometemos o erro imperdoável de OS esquecer e agora pagamos pela medida grande.

    E depois, é assim, como dizia a minha professora Marie-Hélène Piwnik (em português e sem sotaque) “admiro muito os brandos costumes dos portugueses, mas esquecem que ninguém abandona o poder de livre vontade. Para evitar que voltem (ao poder), o melhor mesmo é eliminar um certo número. Mas é verdade que eu sou francesa”.

Trackbacks

  1. […] este tipo de distúrbios emocionais na elite bolivariana da Venezuela. Por cá também temos bons exemplos deste tipo de paranoias. Como ameças e […]

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