O acordo ortográfico e os problemas de saneamento

esgoto

Nunca é fácil escolher o peso justo para comparações, metáforas ou imagens, mas, face ao desastre, penso que é insuficiente considerar que o chamado acordo ortográfico (AO90) possa corresponder à gota que faz transbordar o copo. Para novas realidades, criem-se imagens novas: o AO90 é um esgoto a céu aberto despejado no rio poluído que é a língua portuguesa.

Num país que terá, praticamente, erradicado o analfabetismo, o problema da iliteracia é ainda demasiado pesado: de uma maneira geral, os portugueses revelam demasiadas dificuldades de expressão e de compreensão, com reflexos negativos em vários campos. A imposição leviana do AO90 criou mais um problema a acrescentar aos demasiados que já existiam.

Limitar-me-ei a enunciar, de modo caótico-impressionista, algumas das causas de tanta poluição, para, depois, despejar o AO90.

– desinteresse cívico: os portugueses, com demasiada frequência, desvalorizam as questões da expressão linguística, mostrando-se indiferentes à necessidade de rigor, mesmo em contextos de maior formalidade. Essa mesma atitude, aliada a um provincianismo endémico, leva a outros vícios, como a utilização de palavras estrangeiras para substituir, escusadamente, termos que existem em português;

– nos meios de comunicação social, os erros são habituais, o que não é de admirar, se tivermos em conta que os grandes grupos proprietários de jornais e de televisões estão mais preocupados em contratar mão-de-obra barata, sem cuidar minimamente da formação dos jovens jornalistas, ao mesmo tempo que afastam os mais experientes, sendo importante lembrar que esta classe profissional era um dos bastiões da boa utilização da língua;

– revolução curricular: os programas de Português têm sofrido alterações frequentes, de acordo com modas impostas por gente bem relacionada e interessada em vender gramáticas, manuais ou livros de apoio. Este estado de revolução permanente prejudica a actividade dos professores e, consequentemente, a aprendizagem da língua;

– caos curricular: graças a entusiasmos e deslumbramentos levianos, o programa de Português, no Ensino Secundário, está transformado, como afirmou Carlos Ceia, num “programa de Práticas de Secretariado”. Efectivamente, a disciplina de Português, dominada por um utilitarismo anti-humanístico, é um albergue espanhol, com incursões em todas as direcções, o que inclui dedicar tempo a ensinar a fazer requerimentos, essa realização máxima da língua;

– facilitismo: por várias razões, incluindo a obsessão com as estatísticas de sucesso, o facilitismo tem tomado conta do sistema de ensino. No que se refere à língua materna, a pressão para se ser menos exigente com alunos porque, por exemplo, vão seguir “áreas profissionalizantes”, tem-se acentuado;

– burocratização dos professores: o Ministério da Educação vê os professores exclusivamente como funcionários que se devem limitar a obedecer. Conviria não esquecer que um professor é (ou deve ser) alguém com uma especialização científica e pedagógica e que, por isso, deve ser encarado, também, como um parceiro efectivo no âmbito da análise curricular;

– laxismo dos professores: os professores, de uma maneira geral, tendem a abraçar a novidade com uma falta de critério assustadora, colaborando, afinal, com o processo de burocratização imposto pelo ministério. É assim que os professores de língua materna se limitam a acatar alterações terminológicas em catadupa, modificações curriculares de todos os tamanhos e feitios e é assim que, obedientemente, não discutem uma linha do chamado acordo ortográfico;

– formação inicial dos professores: a formação inicial dos professores, graças a fenómenos como o Tratado de Bolonha e a proliferação de universidades privadas de má fama, tem vindo a perder qualidades, contribuindo para uma pior preparação científica dos professores de todos os ciclos de ensino;

– formação contínua: o sistema de formação contínua dos professores está moribundo, graças a um desinvestimento brutal, com a consequente diminuição de oferta, sendo apenas reactivado quando é necessário alimentar algumas clientelas. Os professores de língua materna não têm, assim, espaço e tempo para debater e melhorar, o que, de qualquer modo, parece não ser fonte de preocupação;

– desvalorização das Humanidades: a mania utilitarista e a obsessão de relacionar a Educação com o mercado de trabalho tem contribuído para empobrecer os currículos e para desvalorizar o estudo das Humanidades, com tudo o que isso implica de desconhecimento da literatura, da língua e da cultura, também numa perspectiva diacrónica, criando alunos com menos memória e com ausência de estímulos cerebrais que resultam do contacto precoce e continuado com as Artes e com as Humanidades;

– gestão escolar: a exclusiva preocupação com a diminuição da despesa levou (e continuará a levar) ao despedimento de professores, à criação de mega-agrupamentos e ao aumento de alunos por turma, factores que contribuirão para acentuar as dificuldades de aprendizagem da língua materna;

– vulgata linguística: à falta de melhor expressão, refiro-me à vulgarização acrítica de ideias simplistas sobre a evolução da língua ou a subalternização da escrita face à fala, como se não vivêssemos numa sociedade em que a importância da escrita é tal que, no fundo, pensar é escrever;

Qualquer reforma ortográfica – com ou sem acordo – é fonte de perturbação, o que, só por si, não pode constituir razão para não a aplicar. Esse facto, no entanto, deve ser motivo suficiente para que se reflicta cuidadosamente sobre o assunto. Entre outras questões, o AO90 deveria servir, de acordo com os seus criadores, para que todos os falantes lusófonos passassem a escrever exactamente da mesma maneira, desiderato que, objectivamente, não foi atingido. Este único facto deveria ter sido razão suficiente para desistir deste acordo ou para tentar outras soluções. Ora, isso só seria possível vivêssemos num país em que a leviandade não fosse uma característica essencial dos detentores do poder político e/ou universitário.

O AO90 tem vários defeitos que continuam a ser repetidamente expostos. No meio deste rio que é uma língua portuguesa maltratada, o AO90 veio trazer mais problemas e ajudou a tornar ainda mais difícil a aprendizagem da língua. A imagem do esgoto a céu aberto pode, até, revelar-se insuficiente, mas é claro que estamos na presença de um problema básico. De saneamento.

Comments

  1. palavrossavrvs says:

    Aplauso de pé.

  2. António Santos says:

    “o AO90 deveria servir, de acordo com os seus criadores, para que todos os falantes lusófonos passassem a escrever exactamente da mesma maneira”.

    Isto é completamente falso. Nunca me lembro de ter lido nenhum promotor do AO90 com responsabilidades dizer isso. Só leio patacoadas destas vindas da mão de opositores do AO90.

    “o AO90 veio trazer mais problemas e ajudou a tornar ainda mais difícil a aprendizagem da língua”

    Que provas tem disto? Nenhumas. Sabe bem que o estudo da aprendizagem da leitura e da escrita é uma área científica em que as coisas podem provar-se. Tem algum estudo ou dados que confirmem a sua “impressão”? Eu também dou aulas e tenho a sensação contrária, como a maioria dos professores. Por isso é que os professores na sua quase totalidade não são contra o AO90. Longe de criar mais problemas, o AO90 facilita a aprendizagem. Só é pena que não facilite ainda mais.

    “A imagem do esgoto a céu aberto pode, até, revelar-se insuficiente, mas é claro que estamos na presença de um problema básico. De saneamento.”

    Ou seja, identifica uma série de problemas por o português não ser ensinado “à antiga” e depois culpa o AO90 por esse estado de coisas. O texto, a bem dizer, nem é sobre o AO90, mas como é a coisa mais nova e mais visível é o alvo a abater, faça isso sentido ou não faça, haja ou não argumentos. Chama-se a isso conservadorismo.

    O tal “problema básico” aqui é de honestidade e clarividência. É seu e de muitos portugueses, infelizmente.

    • A. Meireles Graça says:

      Honesto e clarividente só há um: o senhor Santos e mais nenhum!

  3. António Santos says:

    “o AO90 deveria servir, de acordo com os seus criadores, para que todos os falantes lusófonos passassem a escrever exactamente da mesma maneira”

    Isto é completamente falso. Tem uma só citação que comprove isto? Não tem, porque não existe. Só leio as pessoas contra o AO90 dizerem coisas destas, à falta de argumentos.

    “o AO90 veio trazer mais problemas e ajudou a tornar ainda mais difícil a aprendizagem da língua.”

    Tem provas disto? Sabe que a aprendizagem da leitura e da escrita é uma área científica, em que as coisas podem provar-se. Eu também sou professor e tenho a sensação contrária. Por isso é que quase nenhum professor se opõe ao AO90.

    “A imagem do esgoto a céu aberto pode, até, revelar-se insuficiente, mas é claro que estamos na presença de um problema básico. De saneamento.”

    O problema básico é de clarividência e honestidade. É seu e de tantos portugueses, infelizmente.

    Defende na prática que o bom era ensinar “à antiga”, mesmo vendo os resultados que isso deu nas décadas passadas. Como o AO90 é a coisa nova mais visível, é esse o seu alvo, mas bem que podia ser outro qualquer, desde que fosse uma coisa nova. Chama-se a isso conservadorismo.

    • António Fernando Nabais says:

      1. Encontrei uma, mas se quiser, arranjo-lhe mais: http://aventar.eu/2012/07/25/acordo-ortografico-um-video-penoso-de-fernando-cristovao/. Há muitos defensores do AO que afirmam que, agora, há uma ortografia única e que, graças a isso, é possível fazer circular edições únicas em Portugal e no Brasil. Parece-me que o António está mal informado.
      2. Graças ao efeito da analogia, há muita gente a cometer erros, como, por exemplo, escrever “fato” em vez de “facto”. Para além de estar atestado em vários sítios, como sou professor, tenho-o visto, repetidamente, em textos escritos por alunos meus (e o erro tem-se repetido, apesar das repetidas correcções). Se quiser procurar textos meus acerca do AO, aqui, no Aventar, poderá encontrar outros exemplos de erros que surgiram em consequência TAMBÉM do AO (as maiúsculas em “também” servem para lembrar que não são uma consequência APENAS do AO). Como vê, tenho provas disso, sim.
      3. Quase nenhum professor se opõe ao AO? Não disponho de dados para afirmar isso ou o contrário, mas esteja à vontade para partilhar o estudo estatístico que corrobora essa sua asserção. Ah, é uma sensação que o António tem!
      4. O António tem alguns problemas básicos, a começar pela falta de educação. O facto de discordar de si não me levará considerá-lo desonesto. Quando muito, julgo que está enganado. De qualquer modo, ainda está a tempo de tomar algum chá. Emende-se e discuta como um homenzinho, ou seja, com argumentos. Se não for capaz, procure abster-se. Se não for capaz de se abster e se mantiver o mesmo tom, será ignorado.
      5. Talvez devido aos meus problemas de clarividência, não consigo perceber em que é que ser um crítico do AO implica ser um defensor de «ensinar “à antiga”» ou de outro qualquer modo de ensinar.
      6. Os resultados das décadas passadas, na minha opinião, são consequência de um conjunto de factores que procurei referir no texto, ainda que de um modo um pouco desorganizado. O António, pelos vistos, acredita que, graças ao AO, os resultados vão melhorar.
      7. Acredito que um professor deve ser conservador, no sentido de que deve exercer sobre qualquer novidade uma dúvida metódica, uma análise, uma crítica. Curiosamente, acredito que um professor deve fazer o mesmo relativamente a uma qualquer tradição. Chego a acreditar que um professor, como qualquer outra pessoa, deve pensar pela própria cabeça, depois de se informar. É o que procuro fazer acerca dos temas que me interessam, como é o caso do AO. Se, no entanto, o António precisar muito de me encaixar na categoria do conservadorismo, esteja à vontade, que não quero que lhe falte nada.

      • António Santos says:

        1. E desde quando termos uma ortografia única quer dizer que escrevemos “exatamente da mesma maneira”, como escreveu? Nem em Portugal escrevemos todos exatamente da mesma maneira, embora usemos há mais de cem anos a mesma ortografia. Não está a contradizer o que disse F. Cristóvão, está a contradizer o que quis entender do que ele disse para ser mais fácil rebatê-lo. A falácia é tão óbvia que é de bradar aos céus.
        2. Porque é que esse efeito acontece em apenas algumas palavras e não noutras? Será porque gente desinformada disse repetidamente que estava contra ou a favor da escrita de “fato” com o AO, apesar de nada nele o exigir? Será concomitantemente porque realmente dizem “fato”? Vê o mesmo fenómeno com “dição”? Já agora, analogia com o quê?
        3. É o que vejo à minha volta. Os seus colegas são todos contra o AO? Deve ser uma escola muito especial.
        4. Não confunda falta de educação com pouca complacência para com o que dizem erradamente pessoas com responsabilidades pela educação de terceiros.
        5. É adepto do ensinar à antiga porque é contra tudo o que de novo foi introduzido na educação nos últimos anos. É disso que trata o seu texto.
        6. Acredito que é um passo na direção certa, como têm sido outros que referiu como negativos no seu texto, incluindo a reforma terminológica.
        7. Análise metódica e crítica nada têm que ver com ser conservador. Ser conservador é rejeitar por princípio qualquer alteração ao que é entendido num dado momento como “tradicional”. A tradição neste caso era impormos aos outros as nossas leis e tomarmos a língua como só nossa. A mudaça é assumirmo-la como comum a vários povos, em pé de igualdade, e países e tomarmos medidas para que tal aconteça.

        • António Fernando Nabais says:

          Vê-se que o António, talvez por ser impetuoso, prefere não ler ou não consegue compreender. Vou fazer uma última tentativa.

          1. Os defensores do AO proclamam aos quatro ventos que, agora, pode haver uma edição única de todos os livros publicados no Brasil e em Portugal ou que, nas instituições internacionais, deixa de haver o magno problema da escolha entre duas ortografias. O AO não provocou uniformização ortográfica, porque continua a haver diferenças entre a ortografia brasileira e a portuguesa (econômico/económico ou receção/recepção, sendo que este último par é uma das consequências do AO). Para além disso, continua a haver outras diferenças nos campos da sintaxe e do léxico. Deixo-lhe algumas ligações, se lhe apetecer ler:
          http://aventar.eu/2012/11/02/acordo-ortografico-e-a-traducao-para-portugues/
          http://aventar.eu/2012/11/28/acordo-ortografico-mas-entao-nao-iamos-todos-escrever-na-mesma-maneira/
          http://aventar.eu/2012/02/14/contra-o-acordo-ortografico-nao-ha-uniformizacao-ortografica/
          http://aventar.eu/2012/02/15/contra-o-acordo-ortografico-nao-ha-uniformizacao-da-escrita/
          2. Pediu-me provas e dei-lhas. Ainda assim, parece que não ficou satisfeito. Disse-lhe que tenho alunos a quem expliquei o AO90 e que, apesar disso, escrevem “fato” em vez de “facto” (o erro pode ter razões que a razão desconhece). Os alunos que cometem esse erro são portugueses. Não lhes escondo que discordo do AO, incentivando-os, no entanto, a que façam escolhas conscientes e não mecânicas.
          A propósito da “dição”, fique-se com a “ficção”: http://aventar.eu/2012/08/01/acordo-ortografico-a-fissao-da-ficcao/
          A analogia é um fenómeno estudado na linguística histórica. Faço referência a isso neste texto: http://aventar.eu/2012/07/27/acordo-ortografico-sabor-a-pacto/
          3. Só quem se dedica a tresler é que pode afirmar que escrevi que os meus colegas são todos contra o AO. Se alguma crítica tenho a fazer aos professores não é a de serem contra ou a favor, é o de nem sequer debaterem o assunto, limitando-se a aceitá-lo.
          4. Não, António, é mesmo falta de educação.
          5. Pois. Não há nada melhor para o ensino do que inundar as escolas de alterações constantes. Por outro lado, criar turmas com 30 alunos é uma inovação fantástica, a ponto de me fazer lembrar os tempos em que era aluno.
          6. Discordo e apresentei argumentos.
          7. Não sou a favor de impor ortografia nenhuma a outros. É verdade que a língua portuguesa não é só nossa, como nunca foi, mesmo que continuemos a ter ortografias diferentes (como tivemos e continuamos a ter, o que é um facto).

        • Eu estou muito feliz por o António nunca ter sido meu PROFESSOR e jamais permitirei que o seja, apre. Eu para desaprender tenho o Relvas, o Passos, o Sócrates, o Cavaco, não preciso de professores. Os professores servem para ensinar, e o senhor parece ser um pau mandado que debita somente aquilo que as mais altas bestas lhe mandam fazer, nojo. Por isso é que hoje a escola é miserável. Tal como o Sr. Nabais e o outro professor dizem e como referi consigo, a maioria dos professores aceita e assina de cruz aquilo que lhes atiram à cara, e o resultado é que a maioria dos alunos sai a saber o mesmo. Saem burros, tal como a maioria dos profs.

    • Francisco Miguel Valada says:

      Caro António Santos, como pergunta se A.F. Nabais “tem uma só citação que comprove que o AO90 deveria servir, de acordo com os seus criadores, para que todos os falantes lusófonos passassem a escrever exactamente da mesma maneira”, tomo a liberdade de lhe dar, não uma, mas duas citações:
      1) Em 2004, na FCG, Solange Parvaux anunciou o AO90 como “uma das medidas mais urgentes para a unificação da língua portuguesa”.
      2) Recentemente, em opúsculo, Fernando Cristóvão (caso não saiba, um dos negociadores do AO90), escreveu que «para servir a língua, a ortografia deve ser, assim, unificada, e, como tal, essa unificação só será possível se resultar de um acordo, de uma convenção».
      Isto para referir defensores bem informados. Se precisar de citações de defensores do AO90 mal informados, também se arranja.
      Quanto ao “Sabe que a aprendizagem da leitura e da escrita é uma área científica, em que as coisas podem provar-se”, tenho também citações (e não só, mas o António Santos parece gostar de citações) de especialistas nessa área (São Luís Castro, Inês Gomes, Maria da Graça Castro Pinto) com enormes reservas em relação ao AO90. Se conhecer estudos que comprovem que o AO90 vem facilitar a aprendizagem da escrita e da leitura, agradeço que me faculte as referências.

      • António Santos says:

        Lá está, Francisco: unificação da língua portuguesa não quer dizer que escrevamos todos exatamente da mesma maneira, como tinha dito o António. O AO era urgente para manter todos os países nominalmente com a mesma língua. Isso é bom para nós, para a língua e para todos os países em que é falada. O AO institui uma ortografia comum que hoje seguimos, não há volta a dar-lhe.
        Não preciso de estudos que comprovem que o AO facilita a aprendizagem, não o afirmei como mais que uma sensação, nem escrevi a prever o apocalipse. Um professor que afirme coisas destas como certezas é que tem obrigação de as comprovar, como é óbvio. As maiores virtudes do AO não são na facilitação ou simplificação da aprendizagem, são políticas.

        • Você não vê nada do que está à sua frente, você é o terror de um professor. Saiba sua excelência que aqui a luta é cada vez maior para retirarem o acordo, no Brasil é a mesma coisa, Angola e Moçambique não lhe ficam atrás, e o que é que se aprende com erros? Os erros duplicaram, ai perdão, mentira os erros acontecem 100 vezes mais, o Sr. Francisco, o Sr. Nabais e outros podem confirmar que é verdade, é só ver os jornais, as televisões, a escrita dos alunos, e os alunos que estão cada vez mais baralhados. E se o acordo veio para unificar, como é que se unifica com 3 acordos, diga-me lá? E aprender a dar erros, vá dar uma curva.

    • Ser conservador é mau? Prove!

      • António Santos says:

        Um professor fazer afirmações que não pode provar e que não correspondem à verdade com base no seu conservadorismo é mau. Se um professor de ideologia oposta o fizesse seria igualmente mau.

        • http://professorhelenilson.blogspot.pt/2012/04/duras-criticas-ao-acordo-ortografico.html Lê com calma e com atenção, como professor espero que consigas compreender que pronto, já são dois professores contra o acordo, fora o resto que a burra mamou.

        • Cuidado ao ler. Ainda que seja só um lamiré sobre o que se vai passar.

          Ana Mendes da Silva
          Maria Alzira Seixo
          “ACORDO ORTOGRÁFICO TEM OS DIAS CONTADOS. Soube de fonte segura que o Brasil, onde há contestação virulenta, vai deixá-lo cair, mantendo 2 ou 3 alterações de pouca monta (que não concretizará!) se Portugal insistir. Ficaremos sós com a Língua lacerada, por uma unidade fictícia, e isolados em pontapés à Educação, em tudo empobrecidos. Mais do que nunca, urge voltar a escrever em Português!:-)))))))”

  4. João Paz says:

    Mudar para PIOR não obrigado António Santos. E também pode chamar-me conservador se para aí estiver virado. O AO90 é uma aberração que nem sequer é aplicado por quem op impôs (Brasil) e que desvirtua a BRILHANTE DIVERSIDADE do falar em português de toda a lusofonia.

    • António Santos says:

      Está a brincar, certo? No Brasil toda a gente aplica o AO há anos. O AO não nada com a diversidade, só se de normas legais.

      • Ou, como disse Millôr Fernandes: AO?! “Uma merda” (sic)

      • Você é burro, ou come estupidez logo pela manhã. Desde quando é que toda a gente o aplica no Brasil? Se toda a gente o aplicasse, achava que o Governo teria tomado a iniciativa de alargar o processo para 2016? Cure-se homem.

      • Como dizia um prof. brasileiro, o acordo consiste no que já se escreve aqui (no Brasil), na esteira do Prof. Houaiss, que afirma que as mudanças no Brasil são ridiculamente pequenas ao contrário de Portugal que tinha cedido muito mais (sic).
        Também é curioso que os defensores da imposição do acordo oscilem entre a declaração de que o acordo permita edições únicas – e não é qualquer um que diz isto, mas figuras principais do acordo, como o citado Fernando Cristóvão ou, então que passaríamos a ter uma “regra única” – “esquecendo” que essa receita única produz resultados diferentes e que cria diferenças inexistentes actualmente!
        Vamos então ao texto do acordo resolver a questão: nele se escreve (Ponto 2 do Anexo) que “Assim se procurava, pois, resolver a divergência de acentuação gráfica de palavras como António e Antônio, cómodo e cômodo, género e gênero, oxigénio e oxigênio (…) E, ainda, a este propósito, “A inviabilização prática de tais soluções leva-nos à conclusão de que não é possível unificar por via administrativa divergências que assentam em claras diferenças de pronúncia, um dos critérios, aliás, em que se baseia o sistema ortográfico da língua portuguesa.”
        Isto é, a unificação buscada é de grafia das palavras e não de uma regra única…
        E aqui o “acordo” o que faz é aumentar as diferenças existentes, criando outras, que agora não existem, (recepção, que passaria a ser recepção/receção em Brasil e Portugal, respectivamente!), falhando miseravelmente no que se diz propor.

  5. Rui Miguel Duarte says:

    Muito bem, António Fernando. Muito bom.

  6. Rui Miguel Duarte says:

    Já chegaste a falar com o Porto Canal?

  7. Rui Miguel Duarte says:

    Não quero eu próprio chamar desonesto a ninguém, nem a António Santos. Porém, na carência de melhores pareceres, entre os defensores do AO são comuns esses “lugares comuns”, que não são são científicos, mas ideológicos:
    — inovação versus conservadorismo;
    — libertários e igualitários versus salazaristas;
    e outros análogos. Os defensores situam-se nos primeiros pólo dos pares dialécticos, os desacordistas no segundo.
    Outro lugar comum é a síndrome de Pangloss: tudo está bem no melhor dos mundos, e os “constrangimentos e estrangulamentos” (cuja existência foi assumida em 30/03/12 pelos Ministros da Educação da CPLP em Luanda, entre os quais o representante de Portugal) são invenção dos desacordistas. Lamento contradizê-lo, mas só falta de atenção e de leitura — de portais de Ministérios, Escolas, Universidades, partidos políticos, clubes, jornais, no próprio Diário da República; mas não apenas no mundo virtual, também nos impressos (jornais, livros…) — se pode dizer que está tudo bem. E que tudo não está numa completa choldra. Procure, por obséquio, na internet, “Choldra ortográfica”. Tem aí documentação para todos os gostos.
    Um professor deve investigar, estar atento à realidade, e não apenas a resoluções, portarias e circulares oriundas da tutela. E mesmo estas, escritas em “choldrês”, veja-se bem…

    • António Santos says:

      É um lugar comum que, regra geral, se aplica. Eu acredito que a maioria dos opositores do AO são conservadores, tradicionalistas, católicos, muitos até monárquicos. Também há muito conservador a favor do AO, alguns que até acham que dele vai resultar o quinto império.
      Essa declaração dos ministros da CPLP foi clara imposição angolana. Só por inocência se pode pensar que o que Angola diz em relação ao AO tem alguma coisa a ver com o AO, é mero marcar de posição forte, como aquele governo de corruptos cleptocratas tem feito em todas as áreas. Só mesmo o desespero pode levar a pensar o contrário e a ver neste governo angolano cultores de quaisquer outros valores além dos da pura demonstração de força sem sensibilidade diplomática.
      Erros sempre os houve, e em não pequeno número. Luto contra isso todos os dias. Quem não investiga nem está atento à realidade é quem não vê que o AO foi aplicado sem problemas, está em vigor sem problemas e é usado sem problemas há anos e em todo o lado, não?

      • Sr Antonio Santos, o senhor nao sabe o que diz… Mas para quem se julga ‘dono da verdade’, que e o seu caso, vale tudo. O Sr luta contra o erro? Permita-me discordar. O senhor demostra ser um feroz defensor do erro. Esta coisa que chamam Acordo, e uma agressao a correccao da lingua, um ataque diario a quem tem orgulho em falar e escrever em BOM Portugues, a quem tem amor a lingua, a quem o erro fere profundamente. “Esta em vigor e e usado sem problemas ha anos (…)”. Em que planeta vive Vossa Excelencia? Olhe com olhos de ver a sua volta. Veja aquilo que esta ‘choldrice’ trouxe de bom a Lingua Portuguesa. Por todo o lado, o erro, puro e simples, tornou-se a regra. Portugal esta cada vez mais pequeno, e nao e em tamanho…Uma tristeza, e um insulto a memoria de todos os professores que apostaram no rigor e na qualidade da lingua.

        PS. As minhas desculpas pela falta de acentos e cedilhas. O meu teclado e muito British…

        • LS, vc acha que escreve “BOM” português? Mas aos olhos de quem?
          Que diria Camões, que escreveu “fruito”, de si, que escreve “fruto”? E o que diria Camilo, que escreveu “irman”, de si, que escreve “irmã”. E que diria Eça, que escreveu “appello” de si, que escreve “apelo”? E que diria Garrett que escreveu “occidente”, de si, que escreve “ocidente”? E que diria Pessoa, que escreveu “mytho” de si, que escreve mito?
          E agora, que engula o seu vomitado:
          “Em que planeta vive Vossa Excelencia? Olhe com olhos de ver a sua volta. Veja aquilo que esta ‘choldrice’ [a ortografia de 1911 que o LS usa] trouxe de bom a Lingua Portuguesa. Por todo o lado, o erro, puro e simples, tornou-se a regra. Portugal esta cada vez mais pequeno, e nao e em tamanho…Uma tristeza, e um insulto a memoria de todos os professores que apostaram no rigor e na qualidade da lingua.”

          • Disgusting…

          • António Fernando Nabais says:

            Sempre elegante, Silva: “engula o seu vomitado”. Foi essa a educação que os seus pais lhe deram?

        • Nabais, eu preciso que o LS entenda e o LS é um tipico antiAO, logo, um grunho. Como vê, ele assim percebeu, de outro modo não teria percebido.
          À falta de argumentos vc fala dos meus pais? Tenha juízo e porte-se como um homenzinho, pq não está a dirigir-se a nenhum LS.

          • António Fernando Nabais says:

            Silva, depois do “vomitado”, vem o “grunho”. Repito a pergunta: foi essa a educação que os seus pais lhe deram?

          • Caro senhor. Nao sei o que e um ‘grunho’. Suponho que nao deve ser coisa boa, nem elegante. Mas tambem, as finezas do espirito nao sao para defensores de algo tao aberrante como este AO.
            Eu percebi da primeira vez que ao senhor lhe falta educacao. Nao precisava insistir na grosseria num segundo comentario. Tambem nao usei de nomes pouco simpaticos para me referir a sua pessoa. Mas isso sou eu, e mais nao digo, para nao descer ate si. O nivel ja esta bastante baixo…
            A mim, e aos restantes utilizadores da lingua Portuguesa, ninguem nos perguntou se estavamos de acordo com o dito Acordo. A lingua e nossa. Nao e de meia duzia de iluminados, com motivacoes mais ou menos dubias. Esse motivo ja e mais do que suficiente para fazer com que todo este processo seja no minimo ilegal, ja para nao dizer indecente e anti democratico. Ver a nossa lingua ser conspurcada diariamente torna tudo muito mais doloroso. Ha muita gente que nao se interessa, que escrever bem ou mal pouco importa. Certas palavras, o pessoal ate pode agora escolher a forma que mais lhe convem…mas que bem…Agora e que as criancinhas vao aprender a lingua. Desgracados vao esbarrar no Ingles, com todas aquelas letrinhas desnecessarias, mas os Inglese sao ‘Grunhos’ e quando defendem a lingua deles, nao falam, vomitam…Pronto, mais uma vez sao subtilezas…O rigor nao e para todos.
            Fique-se com o seu portugues ‘modernaco’, mas respeite os outros. Utilize a sua lingua de forma construtiva.

          • LS, a primeira coisa que vc tem de fazer para pedir que o respeitem é respeitar os outros. Não fez. Pois devia.
            Vejo que não percebeu que, a respeito do AO, os seus argumentos etimológicos antiAO que usa não se aplicam ao AO, mas sim à ortografia que vc usa, isto é, aquela que decorre da reforma de 1911.
            Vejo também que acha que o AO é antidemocrático. E no entanto o AO foi aprovado por um parlamento eleito democraticamente, ao contrário da RO1911, que vc usa, e das pequenos ajustes de 1931, 1945 e 1973, que vc usa sem problemas “democráticos”.
            Vejo que vc não quer usar uma ortografia decretada legalmente, mas ignora que vc usa uma ortografia decretada legalmente em quatro momentos diferentes.
            Vejo que se preocupa com as “letrinhas desnecessárias” que os ingleses usam, mas ignora que, na reforma de 1911 – aquela que vc acha perfeita e quer continuar a usar – foi precisamente feita para abater essas “letrinhas desnecessárias”, à semelhança do que acontecia há séculos com o Espanhol e o Italiano.

            Portanto, vc não percebe que a etimologia clássica foi perdida em 1911, apesar de isso lhe ter sido explicado, vc não percebe que os simulacros de argumentos políticos e legais que usa contra o AO se aplicam precisamente à ortografia que vc usa, e não ao AO. Sendo assim, quando alguém diz que vc é um típico grunho antiAO (ignorante, falacioso, intelectualmente limitado), vc sente-se ofendido, porquê?

      • A oposição ao acordo vem das figuras cimeiras da intelectualidade portuguesa, desde o Prof. Eduardo Lourenço ao Prof. Barata Moura à Prof, Maria Filomena Molder, ou o José Gil, ou o entretanto falecido Prof. Victorino Magalhães Godinho.
        E estes são nomes entre dezenas representaticos do mais moderno que há em Portugal.
        Quem apoia o acordo são os sectores mais retrógados da sociedade portuguesa, bastando para isso ver as páginas de organizações como a Ordem de Malta e os monárquicos em geral. A ICAR também correu a adoptar o acordo e o Santuário de Fátima oferece um português estropiado pelas melhores regras.
        Nem admira, o acordo é o ressuscitar de velhas superstições passadistas e autoritárias.

  8. Resumo do post:
    -sobre os “malefícios” da evolução da ortografia: os incomodados do “actual”/”atual” de hoje são os “herdeiros mentais” dos incomodados da “pharmacia”/”farmácia” de 1911
    -sobre a indiferença dos portugueses quanto à evolução da ortografia: toda a gente quer manter uma saudável distância dos incomodados da “pharmcia actual”.

    • António Fernando Nabais says:

      Toda a gente não. O Silva volta sempre. São saudades.

    • Os incomodados da reforma ditatorial de 1911 – entre eles um tal Pessoa – tinham razão: não apenas o ph se mantém nas línguas das nações mais avançadas do mundo, as que produzem philosophia e descobertas no campo das physics ou chesmestry, ou mesmo da pharmaceutical science como a “reforma” da ortografia em nada contribuiu para melhorar o índice de alfabetização, um dos seus declarados objectivos: somos o país mais analfabeto da Europa (quanto à situação no Brasil, então, nem vale a pena falar – é tão má que roça o inexplicável).
      A defesa a fazer não é de um português etimológico que em parte já não existe, por ter sido destruído em 1911, mas da ortografia estabilizada que, em si, é uma característica de desenvolvimento e favorece a aprendizagem. A França e a Inglarerra escrevem com a mesma ortografia com que escreveram Victor Hugo ou Dickens

  9. Fernando, sabes que, neste assunto, estamos em perfeita consonância, mesmo perdoando o reforço do pleonasmo, mas apetece-me ser redundante e intensificar a consonância. Valha a retórica!
    As alegações contra o AO, que continuas a relembrar (nunca te doam os dedos, nunca te falhe o teclado), têm merecido alguns comentários pouco abonatórios, escritos, não raro, em tom depreciativo, como se defender valores intrínsecos se tivesse tornado um crime. São poucos, é certo, mas são paradigmáticos, quanto mais não seja, de uma minoria.
    Dizia La Rochefoucauld que “todas as generalizações são perigosas, até esta”. Considero, de facto, perigoso que, em assunto tão importante, se entre num padrão de futebolização das ideias e dos argumentos, numa linguagem que lembra as trocas de mimos em comentários de um clubismo execrável, tendencioso e tacanho a notícias ou tomadas de posição expostas em jornais desportivos. Que lhes faça bom proveito!
    A defesa da língua, ou, dito de forma mais redutora, da ortografia, deveria merecer outro nível de discussão, de dialéctica (dialectic, em inglês; dialectique, em francês; Dialektik, em alemão; dialéctica, em espanhol; dialektisch, em holandês; dialettica, em italiano; já para não falar das raízes grega e latina).
    Mas, voltando ao tema das generalizações, confesso que abomino, em tese e em substância, máximas do tipo: “a maioria dos opositores do AO são conservadores, tradicionalistas, católicos, muitos até monárquicos”. Até, porque, vindo de um professor, era esperado outro respeito pela concordância (http://www.ciberduvidas.pt/perguntas/get/286371), e não me venham argumentar com concordâncias silépticas.
    Mas confesso que não me atrevo a deixar de registar estas doutas pérolas de argumentação tão sábia, e que encheram de gozo esta manhã quase chuvosa de Braga:
    • “Quem não investiga nem está atento à realidade é quem não vê que o AO foi aplicado sem problemas, está em vigor sem problemas e é usado sem problemas há anos e em todo o lado…”
    • “Está a brincar, certo? No Brasil toda a gente aplica o AO há anos. O AO não nada com a diversidade, só se de normas legais”.
    • “Um professor fazer afirmações que não pode provar e que não correspondem à verdade com base no seu conservadorismo é mau”.
    • “O AO era urgente para manter todos os países nominalmente com a mesma língua. Isso é bom para nós, para a língua e para todos os países em que é falada. O AO institui uma ortografia comum que hoje seguimos, não há volta a dar-lhe”.
    • “Não preciso de estudos que comprovem que o AO facilita a aprendizagem, não o afirmei como mais que uma sensação, nem escrevi a prever o apocalipse. Um professor que afirme coisas destas como certezas é que tem obrigação de as comprovar, como é óbvio”.
    • “As maiores virtudes do AO não são na facilitação ou simplificação da aprendizagem, são políticas”.
    • “É adepto do ensinar à antiga porque é contra tudo o que de novo foi introduzido na educação nos últimos anos. É disso que trata o seu texto”.
    • “Eu também sou professor e tenho a sensação contrária. Por isso é que quase nenhum professor se opõe ao AO90” (só se forem aqueles que, não sabendo escrever em qualquer das ortografias, se defendem com o “lince”, cábula criada com apoio do respectivo Ministério para que todos possam, hoje, dizer: escrevemos todos da mesma forma…)
    Frases como estas merecem compor o anedotário do futebolês, ao lado de um João Pinto, Jorge Jesus ou Gabriel Alves. Até porque, ao nível da linguagem, se equivalem em forma e conteúdo.
    Fernando, Deus te guarde, meu católico, conservador, tradicionalista, quiçá monárquico…
    Frase a registar para memória futura, exemplificando, inteiramente, o que não deve ser a gestão da ortografia: “As maiores virtudes do AO… são políticas”.

    (178 partilhas no facebook, 22 “gosto” e 6 “não gosto”: assim se escreve em “maioriês” que o AO é unânime… )

    • António Fernando Nabais says:

      Obrigado, Armindo, seu reaccionário nazi. Ainda por cima, o AO nem virtudes políticas tem.

      • É totalmente ilegal, como pode ter virtudes políticas? Ai estes professores de 10º categoria que aqui descarregam a sua ignorância. O António Nabais tem uma paciência incrível.

  10. Happy Hour:

    Eu – Alguém me sabe dizer como é que distingo a palavra corretor da palavra corretor?

    Alguém – Como? Que disse?

    Eu – Não percebeu!? Pois. Eu também não. Por isso é que estou a perguntar: como é que se distingue a palavra corretor da palavra corretor?

    Alguém – Você não sabe o que diz… santa ignorância…

    Eu – Homessa! Sou ignorante porquê? O senhor, por acaso, sabe a resposta à minha pergunta?

    Alguém – Trata-se de uma pergunta estúpida, por isso não tem resposta.

    Eu – Mau! Olhe que eu sei o que estou a dizer! O senhor é que parece não perceber grande coisa disto do AO e do anti-AO! Vou reformular e explicar devagarinho, está bem? Na frase “O corretor usou o corretor”, qual é a diferença entre corretor e corretor?

    Alguém – Olhe, vá gozar com outro! Esta agora!

    Eu – Não se enerve! Vou-lhe dar a minha explicação, simplista por certo, mas sempre é melhor do que nenhuma:
    Segundo o AO, a diferença não é nenhuma: uma pessoa (um corretor) usou outra pessoa (um corretor).
    Segundo o anti-AO, temos duas hipóteses: ou uma pessoa (um corretor) usou uma pessoa (outro corretor), ou uma pessoa (um corretor) usou uma coisa (um correCtor)!

    Conclusão:
    Este diálogo é perfeitamente idiota!
    E os defensores do AO também!

    • Boa! Esta tudo dito 🙂

      • Eu – Alguém me sabe dizer como é que distingo a palavra gosto da palavra gosto?

        Alguém – Como? Que disse?

        Eu – Não percebeu!? Pois. Eu também não. Por isso é que estou a perguntar: como é que se distingue a palavra gosto da palavra gosto?

        Alguém – Você não sabe o que diz… santa ignorância…

        Eu – Homessa! Sou ignorante porquê? O senhor, por acaso, sabe a resposta à minha pergunta?

        Alguém – Trata-se de uma pergunta estúpida, por isso não tem resposta.

        Eu – Mau! Olhe que eu sei o que estou a dizer! O senhor é que parece não perceber grande coisa disto do AO e do anti-AO! Vou reformular e explicar devagarinho, está bem? Na frase “Eu gosto do teu gosto”, qual é a diferença entre gosto e gosto?

        Alguém – Olhe, vá gozar com outro! Esta agora!

        Eu – Não se enerve! Vou-lhe dar a minha explicação, simplista por certo, mas sempre é melhor do que nenhuma:
        Segundo a norma ante e pós AO, temos quatro hipóteses: ou é um sinónimo de palalar, ou é uma opinião, ou é uma perceção, ou é um contentamento, podendo ainda ser um substantivo ou uma forma verbal!

        Conclusão:
        Este diálogo é perfeitamente idiota!
        E os opositores ao AO também!

        Adenda,
        A Isabel pode ainda fazer jogos florais como pregar/pregar, colher/colher, torre/torre, forma/forma, e muitas, muitas outras, todas elas anteriores ao AO. O que é que estas têm de tão bom, perfeito e imutável que o corretor/corretor não tem?

        • Eu sou uma ignorante, mas corrija-me se estiver enganada: uma das funções das consoantes “c” e “p ” não é a de abrir as vogais que as antecedem?

          Ora, sem elas, eu vou passar a falar assim: “O corrtor usou o corrtor” quando na verdade deveria ser assim: “O corrtor usou o corrétor”. Tal como na palavra “percepção” que pretendeu usar no seu comentário e que eu, ignorante, li “perçção” porque não está lá o “p” que me permita lê-la “percéção”!

          Mas isto sou eu a falar, que, repito, sou uma ignorante, e que sempre achei que a fonética, numa língua, tivesse algum valor ! Parece que me enganei e afinal a fonética não serve para nada, uma língua original não serve para nada. E por aquilo que tenho vindo a constatar, qualquer dia a língua portuguesa será apenas uma miscelânea sem sentido composta por jargões de países lusófonos e os Lusíadas e outras obras literárias precisarão, para serem lidas e entendidas, num futuro não muito longínquo, de tabelas de decifração!

          • “Eu sou uma ignorante, mas corrija-me se estiver enganada: uma das funções das consoantes “c” e “p ” não é a de abrir as vogais que as antecedem?”

            Como é que se grafava a palavra “pateta” antes do AO? Era “pactecta”? Não! Então, como é que vc conseguiu até hoje pronunciar corretamente “pateta” (pàtéta)?
            Provavelmente vc já começou a desenganar-se de uma das mentiras dos farsantes.

            Isabel, vc é uma raridade entre os opositores ao AO: quer aprender e quer deixar de usar argumentos falaciosos.
            Significa isso que poderá passar a ser uma opositora ao AO por questões políticas, ou por interesse económico declarado, e não por falsas questões filológicas. Parabéns!

            Sobre a falácia das consoantes mudas diacríticas, pode ficar a saber tudo aqui:
            http://emportuguezgrande.blogspot.pt/p/a-falacia-das-consoantes-mudas.html

            Depois disto, voltar a dizer “consoantes mudas abrem vogais” só mostra que vc é impenetravelmente estúpida, ou então argumenta de má fé.

          • Meu caro, para começar, impenetravelmente estúpida terá sido a sua mãezinha por ter parido um ser com tanta empáfia! E argumentar de má fé só mesmo o governo, de que eu orgulhosamente não faço parte. Ou então, pessoas como você, que não sabem distinguir comentários sinceros e humildes porque, muito provavelmente, nunca os fizeram. Não há na minha pessoa intenções sub-reptícias nem malícias em hibernação. E muito menos me tomo de certos ares como você pretende fazer.

            Tendo eu, portanto, feito a pergunta sobre as consoantes com a intenção de aprender, vejo, pela resposta que me dá, que não está, de todo, à altura para me ensinar. Já eu, que não percebo nada de consoantes, talvez possa ensinar-lhe algo sobre educação, cortesia, respeito, civismo e sobretudo modéstia!

            Já agora: não vejo nada no link que me aconselhou que faça de si uma eminência em Língua Portuguesa. Contente-se, pois, em ficar, acocorado, à sombra do António Fernando Nabais!

          • Fico sem saber se a sua estupidez é pura ou tem alguma dose de iliteracia. O certo é que uma e outra coisa fazem de si uma natural opositora ao AO.

    • A. Meireles Graça says:

      Parabéns, Isabel G! Até merece um convite para um chá, à tardinha, por o “pur” do sol…

  11. António Fernando Nabais says:

    Magnífica lição, Isabel, como é seu costume, aliás.

  12. Em nome do que se foi escrevendo por aqui, e contestando, sobretudo as generalidades que apontaram para a quase unanimidade relativamente à defesa do AO por certas classes profissionais, desde logo os professores, mas também os tradutores, deixo aqui um endereço que desmonta essas afirmações:
    https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90.
    Como escrevi antes, passar o “lince” sobre um texto, e já está, não é a solução.

  13. Miguel says:

    Depois de seguir a indignação de António Santos contra a falsidade dos argumentos dos que se opõem ao acordo, confesso que ainda não percebi aonde é que ele quer chegar quando diz que o acordo apenas quer unificar a ortografia e não quer pôr todos a escrever de forma igual. Mas então o que significa unificar a ortografia? E se essa unificação não resulta de facto numa única ortografia, então para que serve?

    A sério, o português estava sob risco de se desfragmentar em várias línguas? E foi por acabarmos com algumas consoantes que a desfragmentação foi impedida?

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  5. […] aos seus defeitos de concepção, e aliado a muitos outros problemas anteriores, o AO90 tem estado na origem de muitos erros. O Francisco Miguel Valada tem-se dedicado a mostrar […]

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