Quando em ditadura guerrilheiros executam um ataque a reacção lógica do poder é a de impedir a sua divulgação: sabem bem que assim limitam o estrago ao material, isto com a óbvia excepção do envio de um tirano para onde está bem, o que se me recordo infelizmente não acontece com sucesso desde Carrero Blanco.
Em democracia claro que não se proíbe mas é inteligente recomendá-lo, e da parte da comunicação social decente entendê-lo. Repetir a notícia à exaustão alimenta o pãnico e é precisamente isso o que ambicionavam os criminosos.
No atentado artesanal que ontem ocorreu em Boston (com um número de vítimas mínimo comparado com à rotina do Afeganistão ou do Iraque, por exemplo, em Bagdade ainda agora assassinaram 31) não é isso que vejo.
Ou a comunicação social não é decente ou a ideia é outra. E se for pode ser muito perigosa.
Há importâncias que são menos importantes por nada mais senão por estarmos mais distantes cultural e afectivamente, João. Não consta que os media médio-orientais penetrem facilmente nos media ocidentais porque sim, media e sociedades que aliás hostilizam. Não consta também que entre nós não haja quem se disponibilize para buscas no Irão, por exemplo, após o último sismo.
Eu percebo-o bem. Mas está com medo de dizer o que realmente pensa. O terror nos EUA talvez não venha de baixo e de fora. Talvez venha de dentro e de cima.