Fernanda Policarpo, a mulher detida

A Noémia já aqui escreveu sobre os acontecimentos e a detenção de Fernanda Policarpo.

Conheço a Fernanda há muitos anos, tenho com ela uma relação de amizade. Trata-se de uma actriz com longa carreira de palco, com quem já tive o prazer de trabalhar em várias ocasiões.

Como actriz e cidadã, Fernanda tem encarnado, no contexto actual, uma personagem que transporta consigo uma bandeira portuguesa e lenços brancos. Trata-se de uma figura que resiste, protesta e exerce cidadania activa, para que não nos esqueçamos que há um mínimo de dignidade a que todos temos direito.

Foi isso que ontem lhe negaram na manifestação em frente ao hotel Ritz. Suponho que atacaram mais a personagem do que a cidadã (ainda que em alguns aspectos sejam indissociáveis) e pergunto-me o que odeiam e temem tanto, se a bandeira portuguesa, se os lenços brancos, se a atitude de quem não se rende e age de forma teatral e eficazmente simbólica, obrigando-nos a uma reflexão sobre o nosso próprio espaço, cultura, história e liberdade:

Eis o que quero dizer:

Comments

  1. Luís says:

    Fernanda Policarpo é uma portuguesa com coragem!
    Dentro das suas possibilidades luta com valentia contra a quadrilha de traidores que nos governa!

  2. joao figueira says:

    A Fernanda teve a coragem que falta a muita gente bem acomodada no seu sofá e com receio de desagradar ao poder instalado (e tb ao k vier). Não me comprometam.

  3. Isto é fantástico! Obrigado pelo post.

  4. Miucha says:

    A FP só tem de agradecer este bambúrrio de sorte – ser detida pela polícia – porque fica com mais créditos no CV de cidadã contestatária….

  5. Fernando says:

    Os eurocratas e os seus donos, os banqueiros, odeiam a bandeira portuguesa porque representa um país, e os países são entraves à estandardização global dos bancos e empresas transnacionais! A branco representa paz, os banqueiros são conhecidos por estarem na génese de guerras, como por exemplo, a 1ª e 2ª guerras mundiais mas não só…

    Força às Fernandas Policarpo deste país e do mundo!

  6. Amadeu says:

    No dia em que todos e todas formos Fernandas Policarpo o país muda,
    Obrigado pelo post.

    • JOÃO lUIS says:

      Podem crer que muda, é preciso é ter a coragem da Fernanda, e de outras Fernandas de Portugal!

    • André S. says:

      Sim é o dia em que ficamos todos a fazer figuras, a fazer coisas para as aparências e sem trabalhar em algo que seja verdadeiramente produtivo. Talvez a pedir subsídios por existirmos devido ao estatuto de grandes artistas, como pediu o maestro vitorino de almeida.

  7. xico says:

    Sem a referência à mulher coitadinha e velhinha está muito melhor.
    A Fernanda fez o que entendeu dever fazer. Não me pareceu que fosse muito incomodada enquanto se passeou, e subiu a canteiros.
    A determinada altura os polícias, que não são pides, nem facínoras nem o que para aqui ouvi (há polícias na Coreia do Norte como nos EUA), tentaram tirar a Fernanda, com paciência mas nervosismo (quem exerce aquelas funções sofre insultos e não estão ali por vontade própria), de um determinado local. A Fernanda resistiu e o pau da bandeira caiu sobre a cabeça do polícia. Intencional ou não, a polícia entendeu intervir e deteve a Fernanda conforme o procedimento que é habitual: deitar no chão e algemar. Não vi mais violência para além de a obrigar a deitar-se e algemar, o que é por si violento e humilhante, mas não vejo outra forma de a polícia fazer o que tinha a fazer. Ou fechava os olhos à paulada ou agia como agiu. Não houve vítimas nem facínoras. Houve causa e efeito.
    A Fernanda é uma mulher de coragem. Os polícias que a detiveram demonstraram serem homens pacientes e contidos.
    Não vale a pena falsos heroísmos nem falsos assaltos policiais.
    Heróis são os que vivem na Síria, no Iraque, na Coreia do Norte e os que têm de enfrentar com maior rigor esta austeridade que nos impuseram. A Fernanda será um desses heróis, não por ter sido detida e algemada, mas por fazer o que fez sofrendo concerteza na pele o ardor da austeridade.

    • Esteve la, viu in loco? Eu nao, nao estive presente, mas pelo video que vi, pareceu-me que foi muito mais do que diz!
      Demasiada violencia para tao pouco. Viu-se falta de saber, de preparaçao, do que quiser, para lidar com a pessoa/situaçao.
      Qual a necessidade de a por no chao, de colocar o joelho em cima da senhora?
      Eram tres, nao eram? Se fosse a mae, irma, avo, de algum deles, agiriam da mesma forma?
      Nao, com certeza!

      Portanto, haveria uma forma mais delicada, mais respeitosa, menos violenta para resolver a situaçao. Bastava quererem.

    • Caro xico, permita-me felicitá-lo pela sensatez e compreensão demonstradas! Estou totalmente de acordo consigo!

    • Maquiavel says:

      A Fernanda Policarpo é mais Homem só numa unha que o xico no corpo todo…

      • xico says:

        Não digo que não, caro Maquiavel. Se ser mais homem for elogio para a Fernanda que seja. Se ser menos homem me faz mais mulher só poderá ser motivo de orgulho.
        Por mim sempre achei as mulheres muito mais corajosas que os homens.
        Nunca foi minha intenção aqui comparar-me à Fernanda ou criticar sequer a sua actuação. O que critiquei foi chamarem-lhe velhinha e mulher como sinónimo de passividade. O que critiquei foi quem aqui quis fabricar heróis e vilões.
        O que critiquei foi comparar a detenção de alguém que protestou com alguém que “tombou”, sabendo o que isso significa. E isso achei ofensivo para todos os que tombaram.
        Se isso permite-lhe apoucar-me para fazê-lo sentir homem nas unhas dos dedos mindinhos, que seja. Só pretendo que seja feliz.
        Tenho a certeza que a Fernanda é mulher quanto baste para não precisar do seu paternalismo machista.

        • xico,
          Para mim foi claro tudo o que disse.
          Neste caso particular o diabo está nas nuances, como sei que sabe.
          Mas no fundo é isso, a Fernanda sabe ao que vai e penso que o assume. Mas a polícia também sabe ao que vai e tem que estar preparada para lidar com estas situações utilizando o peso e a medida em função de cada situação particular, suponho que até que tenha treino específico para tal. E aí, como disse, é que está o diabo: joelho sobre a cabeça de alguém (nem sequer me refiro a género) que já está manietado, algemas (acho que foi), etc., parece-me desproporcionado.
          Quanto à dimensão simbólica parece-me que concorda comigo. De qualquer forma é isso que pretendo aqui valorizar.

          • xico says:

            E julgo que valorizou muito bem. Já agora um comentário às fotos: Estão lindíssimas.

        • Maquiavel says:

          Por acaso estava a pensar que tinha finalmente olhado para o espelho… mas depois a última frase, a tentar virar o argumento contra mim de forma pueril, estala o verniz cuidadosamente aplicado, e mostra apenas o verdadeiro comportamento passivo-agressivo do costume. Que tristeza.

          • xico says:

            Maquiavel,
            Fazendo jus ao nome, não se leve, a si e a mim, tanto a sério. Até porque poderemos ter que conviver do mesmo lado da barricada ou da trincheira.
            Deixe lá o verniz para as unhas que agora usam-se postiças!

          • Sr.Maquiavel: se eu fosse a Fernanda Policarpo detestaria o seu comentário, mas não sou.Para si só são Marias da Fonte quando lhe convem!
            “Em público modere as suas palavras, em família controle o seu génio, a sós vigie os seus pensamentos”.
            Os seus devem andar a precisar duma grande vigilância, bem como os
            de alguns comentadores!

          • Nascimento says:

            Maquiavel, cuidado que a Maria, está numa de Relvas, quer controlar os Blogues e os comentários “insultuosos.”…..ai, ai, bons tempos …os idos…cantando , cantando sim…lá,lá, lá…tragam o lápis e é já!!!

    • Precioso Macário says:

      Não são pides mas comportaram-se como gente – chamemos-lhe assim -, sem princípios, e com desconhecimento dos mais elementares direitos da liberdade. Pelo que se vê, nas imagens, Fernanda Policarpo não atentou contra ninguém. Manifestou a sua indignação contra a troika (e o governo fantoche que gere, mal, as contas públicas portuguesas), empunhando o símbolo nacional que só largou obrigada por um dos tais agentes de autoridade que deveriam andar à caça dos bandidos (muito especialmente os de colarinho branco) e ler a Constituição da República.

    • Fernanda Policarpo says:

      Os Homens da PSP fizeram o trabalho deles, cumpriram ordens,uns mantiveram a dignidade outros não humilhando os outros usando o abuso de poder e violência desporpocional.Este caso vai a julgamento com queixa de ambos os lados dia 30 às 14:30h em Campus da Justiça. Grave é as nossas esquadras da PSP terem um sistema de segurança integral fornecido por uma empresa privada.

      • Sra. D.Fernanda Policarpo: lamento profundamente o que lhe aconteceu e que seja feita justiça, mas também lamento e peço desculpa a quem não gostar, pois assiste-me o direito à liberdade de comentar, o ter consentido que a colocassem neste papel de coitadinha, pois nenhum deles lhe resolvem qualquer problema, são só politiquices, disfarçadas de solidariedade!
        Que tudo lhe corra à medida dos seus desejos.

    • Xico, parabéns pena objectividade isenta. Neste país é coisa rara. A generalidade das pessoas já só vêem aquilo querem ver. A realidade é menos heróica e mais prosaica do que as grandes paixões…

    • Precioso Macário says:

      Este vive na lua. Não vê como os agentes da dita ordem agem. Espera para veres, se este governo não cair . Vai ser pior do que na Grécia. Em vez de irem à procura dos bandidos, especialmente os de colarinho branilões.
      co, fazem cenas tristes como se fossem grandes heróis. Vilões.

  8. viriato says:

    É a Liberdade encarnada, estou contigo minha amiga, aqui no Porto conta comigo porque ninguem te algemas.

  9. viriato says:

    Grita, luta, somos Livres.

  10. Krugman says:

    http://expresso.sapo.pt/nobel-da-economia-chama-sadicos-a-itroikai=f798954
    http://expresso.sapo.pt/diga-nao-a-mais-austeridade-recomenda-paul-krugman=f798611
    http://topics.nytimes.com/top/opinion/editorialsandoped/oped/columnists/paulkrugman/index.html

    Realmente este Pais ainda continua muito atrasado, as pessoas estupidificam, parece que gostam de Faits divers, Peixeiradas em vez de tentarem minimamente compreender o que se tem passado na politica Nacional e Internacional, já vai sendo altura de abrirem os olhos e deixarem a irresponsabilidade cívica e as partidarites clubisticas para trás. Ponham o cérebro a pensar para o bem de todos nós.

    “(“What may seem like a petty debate among wonks could have major consequences for major economies around the world, and Paul Krugman wants all of you to know it.

    The Nobel Prize-winning economist wrote a series of blog posts Tuesday dissecting the fallout over a new study that claims that a widely-cited paper by famed economists Carmen Reinhart and Ken Rogoff is full of errors. The highly influential Reinhart-Rogoff paper in question — which found that economic growth slowed for countries whose public debt was more than 90 percent of their GDP — has been a favorite of austerity lovers the world around in the aftermath of the financial crisis.

    To Krugman, the economists’ initial response to the criticism was “disappointing.” “They’re basically evading the critique,” he wrote in a Tuesday blog post. “And that’s a terrible thing when so much is at stake.”

    In a second response at 2 a.m. on Wednesday morning after Krugman wrote his post, Rogoff and Reinhart stood by their overall finding that higher debt is connected to slower growth. They did, however, admit to a now infamous Microsoft Excel mistake.

    The controversy over the paper comes as debates continue to rage in Europe and Washington over the merits of cutting spending — which has lead to high unemployment and slowed immediate economic growth in many cases — in an attempt to boost growth and better deficit outlooks.

    Indeed, just this week the International Monetary Fund’s chief economist, Olivier Blanchard, asserted that while U.S. spending cuts improved the country’s deficit outlook, it hurt its overall economic growth in the process.

    For his part, Krugman says he never really believed the paper’s findings anyway. He wrote in another post that the paper “wasn’t worthy of the authors” and that austerity defenders seized on it “to find excuses for inflicting pain.”)”

    Paul Krugman
    NYTimes

  11. Não pude estar presente na manifestação contra a Toika no Hotel Ritz . Lamento imenso o que aconteceu à Fernanda
    Policarpo . Os portugueses são cobardes e só querem que os outros se manifestem e façam as coisas por eles , por
    isso é que a que fazem de nós o que querem. Devemos estar todos unidos , sem exibição de cores políticas , contra
    este tipo de desgovernação .

  12. A primeira foto obedece uma estética totalitária que ficaria bem tanto em Berlim como em Moscovo, em meados do século passado. Misturar teatrada com política não leva a lado nenhum… É só show!…

  13. Sr. Nascimento: esqueceu-se da letra cantiguinha ou teve vergonha? Cantavamos e ríamos! O senhor mostra bem esses vestígios, até quer usar o lápis azul! Quanto ao Relvas, já tive muita relva à minha volta, pena que a perdi toda!
    Passe bem!

    • Nascimento says:

      Claro que cantavas e rias, eram os teus tempos,….mas, temos pena, já foram, embora gente como a Maria adorasse voltar ao tempo da outra senhora em que o “respeitinho”, e a autoridade era “muito bonito”,ai,ai Maria. Nem enxergas….

      • Provàvelmente, o sr. Nascimento era um dos pides desse tempo, agora armado em revolucionário!Quem não deve enxergar é o senhor e não volte a tratar-me por tu, que eu não frequentei a sua escola! Contginuo a cantar e a rir! Sabe porquê? Trabalho, não mandriona como muitos que vivem à pala das pulitiquices! O trabalho e a luta pela subrevivência faz calos não é caro senhor democrata?

  14. A Luísa FA deve de andar alheada de tudo para dizer uma coisa dessas… Se vir as notícias que vão pelo mundo, os discursos dos políticos, os seus momentos chave são todos feitos de dramatização teatral, porque não ser genuína, nem eles serem bons actores é o que vemos. Portanto, só temos a agradecer quando estes entram nas lides, não concorda?

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