E a Foda Má Converteu a UGT numa CGTP B

Corrigenda: onde se lê FODA deve ler-se FADA.

Não é com prazer que digo isto, mas afigura-se-me que Carlos Santos ascendeu à liderança da UGT com um tom de ruptura que dá a entender querer converter a UGT numa CGTP B. O discurso do novo líder já se move pelas tóxicas águas enganosas do radicalismo populista de uma Esquerda desactualizada e nada nórdica na construção de acordos duradouros e robustos. Não se pense que o populismo seja uma maleita que acomete somente os líderes demagógicos e danosos dos governos ávidos que tivemos nos últimos 39 anos. Não. Pode ser um problema da linguagem sindical, especialmente quando pretende afirmar-se. A de Carlos Santos pretende ser mais radical que os radicais tradicionais.

Defender parlapatoriamente os trabalhadores, mas criar atrito negocial e todas as condições para a saída do Euro, para a turbulência dos mercados, para a irritação dos Poderes Globais que realmente põem e dispõem da nossa liberdade e democracia, da nossa soberania perdida porque sem dinheiro, esse é um caminho ínvio e que Carlos Santos, meu homónimo, não deveria trilhar.

Agora que nos acercamos do 39.º aniversário do 25 de Abril convém sublinhar esta ideia: precisamos de outro Regime para traduzir mais a fundo a nossa aspiração democrática cuja materialização está sempre inacabada, processo perfectível que é, um Regime mais forte, mais couraçado e passível de defesa atempada e eficaz perante corruptos como o Obsceno Comentador Playboy Repetido Retornado da RTP e todos os outros que, como ele, colocaram Portugal à mercê dos Portentados Globais com os quais nem sindicatos nem aprendizes de líderes partidários como Seguro devem ousar brincar.

Depois de quarenta anos de ditadura interna, paz podre, ordem formal e finanças enxutas, vivemos sob uma nova tirania que na verdade não parte dos amanuenses hoje no Governo, substituíveis por quaisquer outros amanuenses amanhã no Governo. Ela dita novas regras à nossa democracia sem dinheiro. Sob o FMI, a nossa margem é mínima. Sob o periclitante sistema bancário europeu, a nossa margem para arrufos e guerras da manjerona é nula. Com as nossas finanças públicas sob um escrutínio apertadíssimo externo, nada sensível à propalada sensibilidade de Seguro e de todos os outros sensíveis sociais de última hora, a Troyka na verdade é quem mais ordena e é por isso mesmo que o País deveria estar unido para evitar, custe o que custar, uma carga de trabalhos e de sofrimentos semelhantes aos dos gregos ou à boleia das balelas êxodo-monetaristas do dr. João Ferreira do Amaral. Era o que faltava a Portugal vir agora Carlos Santos espingardar também como o Fóssil Arménio começou por espingardar e cavar um abismo estéril entre portugueses.

O que a Troyka quer é entendimento político lato. Demos-lho. Quer consensualidade entre o Governo e o principal partido da oposição, quer o PS embebido na dura e cediça realidade que também lhe tocará, se for Governo, e lhe exigirá o mesmo tipo de resultados no plano da sustentabilidade do Estado Português, a qual deveria caminhar mais pela via da economia que pela vida das tesouradas cegas ao Estado Social, coisas que já não dependem do voluntarismo optimista parvo ou das boas intenções dos Governos, mas só decorrem da lógica fria dos números com que a Intervenção Externa nos leva pela mão. O malogro deste Governo será o malogro de todos.

Carlos Santos pode dar-nos a concertação social que merecemos para nos mantermos no Euro ou não dar. A sua responsabilidade é altíssima. Do mesmo modo, o principal partido da oposição, contra cujos desmandos e devastações o nosso ressentimento sangra em carne viva, pode e deve dar-nos o consenso suficiente que mantenha dormentes, inócuos e sossegados os mercados e as avaliações trimestrais. A única realidade que nos convém é um caralho de um consenso amargo, mas urgente e indeclinável, enquanto empobrecemos menos mal, entre duas maneiras de empobrecer a mal: dentro ou fora do Euro. A nossa guerra é uma guerra contra os erros no Excel da Troyka. Sim. O Excel da Comissão Europeia, do FMI e do BCE tem caruncho, falha metas, piora resultados. Mas dada a nossa fraqueza negocial, é tudo o que nos guia contra a nova parede de um segundo resgate, se não tivermos a salvação Eurobonds no último minuto.

Esqueçam as vossas veleidades de Esquerda, porque a Política é hoje uma Multinacional, um fenómeno Transnacional nas mãos de quem tem o Poder e o Dinheiro Globais. Quem mais ordena são eles. São Feios. São Porcos. São Maus, mas ao contrário dos Maus, Porcos e Feios que desgovernaram e endividaram Portugal no quadro da tradicional democracia representativa clássica, em decadência, e que só tinham poder de endividar e fugir para Paris, estes Feios, Porcos e Maus têm a faca e o queijo de serem os únicos a darem-nos a mão.

A força da democracia e o nosso paleio razoável e indignado, dizem eles, são menos fortes que os forçosos cortes que nos são impostos pela Troyka. O centro do Poder em Portugal já não é Lisboa. É Berlim. É Bruxelas. É Nova Iorque. E, para lidar com isto tão ‘Moderno’ e ‘Avançado’, não nos pedem só civismo, nem liberdade obediente, nem uma felicidade conformista nem uma nova odisseia até à Índia. Pedem-nos, exigem-nos!, disciplina financeira. O que pode um pigmeu sindical fazer para nos emancipar desta nova ordem?! Fingir que não há um sapo do tamanho de uma montanha por engolir à nossa frente?!

Comments

  1. Amadeu says:

    Se tivesses ouvido bem o Passos antes das eleições também pensarias que se tinha passado para o Bloco ?

    E já agora, não te cansas com a tua cruzada da inevitabilidade do liberalismo económico ?

    Viva o rei !!

  2. Amadeu says:

    Se tivesses ouvido bem o Passos antes das eleições também pensarias que se tinha passado para o Bloco ?

    E já agora, não te cansas com a tua cruzada da inevitabilidade do liberalismo económico ?

    Viva o rei !!!

    • palavrossavrvs says:

      Amadeu, vejo que não sabes ler. É pena. Só há liberdade e há escolhas quando não se está falido nem prestes a falir. Romper com o Euro seria a morte do artista. O Amadeu está disposto a ver os seus rendimentos em Euros e as suas dívidas em Euros explodirem-lhe na cara pelos primeiros baixarem catastroficamente e os segundos subirem catastroficamente?!

      É fácil insultar e gozar com o escriba.

      • Amadeu says:

        Meu caro,
        Consideras-te um homem livre ? Mas pelo que te li anteriormente estás falido, com o BES à perna.
        As dívidas, quando não se podem pagar, não se pagam. Não é, Joaquim ?
        Todas as alternativas têm de estar em cima da mesa. A saída do euro, a prescrição da dívida.
        Há dinheiro para as despesas públicas, se excluirmos os juros e amortizações da dívida.
        Se os carros ficarem pelo dobro do preço, ando de bicicleta. Aprendamos com os Holandeses.
        Claro que prefiro que tal não aconteça, mas há saída. Há sempre saída.
        Pelo caminho que vamos, com a puta da austeridade a estragular-nos e mesmo assim a dívida a aumentar é que não dá.
        FODA-SE !! Vão ao Totta !!

        • palavrossavrvs says:

          O BES não me perde de vista, Amadeu. Penhora-me o subsídio de desemprego. Não sabes que deixei de consumir? Sobra para comprar alimentos e mais nada. Nada pode faltar à minha mulher e filhas. E eu faço por que não falte.

          • Amadeu says:

            Tu és como um negro a defender o racismo ou um judeu nazi. Xiça, pá.

  3. nightwishpt says:

    Vai para o raio que te parta. Se queres viver nesse teu paraíso neo-liberal, vai para a Letónia morrer na miséria enquanto nós nos tentamos salvar desse destino.

    • Maquiavel says:

      AH, a Letónia. O PIB caiu “só” 18% in 2009, e ainda näo recuperaram, mesmo crescendo a 3-5% depois disso. E o desemprego ainda está acima dos 10%. O Estado já vendeu quase tudo, já näo há mais nada apetecível para vender.
      Aiaiai!

      Para ver se relançam a economia, o governo letäo acabou de dar imensas benesses a estrangeiros (leia-se russos ricos) que queiram investir no país (leia-se transferir o dinheiro que têm no Chipre para bancos letöes). Até lhes däo visto de permanência automático por 5 anos assim que comprarem uma “casinha”!

      Ah, mas as letoas… 😛

    • palavrossavrvs says:

      Eu não estou a elogiar nem a chamar paraíso a essa merda. Estou a dizer que tudo quanto passe por sair do Euro piora mil vezes a nossa situação. A Letónia não está no Euro.

      • Maquiavel says:

        A divisa letã entrou no AEC2 em 2 de Maio de 2005, e tem uma faixa de oscilação de 1% em relação à paridade central de 0,702804 LVL por euro. Na prática, tal como a coroa dinamarquesa, está.

  4. zeca marreca says:

    A única coisa que me apraz é que o estimado palavro-taliban vai experimentar as agruras, pelo menos isso se depreende da sua prosa, as agruras do liberalismo… Dizia o home, no natal, que nada tinha para dar aos filhos. Pois aguardemos que definhem pela fome….
    Quer o canalha acreditar que pela austeridade é que lá vamos… pois deixemo-lo…até sucumbir pela fome…ele e os seus… mesmo quando se redestribuir a riqueza, é deixa-lo na “austeridade” que o canalha, apesar de dizer sofrer apregoa…

    • palavrossavrvs says:

      Se eu, por ter uma opinião diversa da tua, sou canalha, não quero viver no teu regime ‘democrático’, Zeca Caneca. Se o diferente e o adversário é canalha, então deves ter festejado as explosões de Boston, não?!

  5. O novo dirigente sindical é bancário e tudo uq vem da banca deixa-
    -me sempre muitas dúvidas , para não dizer nenhumas .
    O tempo o dirá .

  6. adelinoferreira says:

    Este Palavrosaureo é um lobato com pele
    de cordeiro, que nunca perceberá que está
    do lado errado da vida!

    • palavrossavrvs says:

      Adelino, aprenda a ler e mude de cerveja.

      • Nascimento says:

        Ouça, o senhor não bebe? Porreiro.Ou talvez não. Mas escusa de ser parvo, e dizer sempre a mesma coisa,…já cansa. Que treta de argumentos. Se consegue pagar a divida com mais de 120%, e sem economia…PORREIRO PÁ!
        Mas afinal o que é que propõe?Blá, blá, blá…..

        • palavrossavrvs says:

          Quando eu digo «mude de cerveja»; «deixe a aguardente», quer dizer que não ignoro os meus comentadores. Nada mais elogioso.

      • adelinoferreira says:

        Começo a perceber que te estou a
        incomodar!

        • palavrossavrvs says:

          Sem dúvida. Como uma ervilha a descer a minha garganta.

  7. o que seria mesmo “foda” seria ver a CGTP converter-se em UGT.

  8. “O Amadeu está disposto a ver os seus rendimentos em Euros e as suas dívidas em Euros explodirem-lhe na cara pelos primeiros baixarem (?)”
    Escreveu este sabicholas infeccioso num comentário acima.
    Este homem não só é um liberal de pacotilha como deve ser astrólogo. Pior, só profeta da desgraça. Como a estirpe não é de profeta apenas resta ser ELE MESMO a desgraça.
    O patrono deste gajo, o barítono de Massamá, andou a dizer o que disse na campanha eleitoral e este “vaidoso” faz previsões por medida e encomenda.
    Oh Quinzinho fizesses-me tu a mesma pergunta e eu respondia -te:
    SIM! Quero fazer TODOS os sacrificios que puder pelo meu país, pelos meus filhos e pelos TEUS. Quero ver uma de duas luzes: ou a que está ao fundo do tunel, ou a que sai da ponta de uma “canhota” tantas vezes as necessárias para acabar com a raça dos gananciosos, usurários, velhacos e mentirosos que FODERAM o meu país.

    PS:…e asno és tu, Joaquim!!!

    • palavrossavrvs says:

      Boa viagem, Zezinho. Vais precisar de dois Campos Pequenos para dar uso à canhota e já sei que deixarás de fora o teu Santinho Paneleiro de Paris.

      Ok. Somos os dois asnos e ficamos por aqui. Amanhã chamo-te hipopótamo e tu chamas-me hipopótamo a mim e assim sucessivamente.

  9. Dora says:

    O Carlos Santos é um radical do caraças.

    É ele e o Seguro!

    Ai, fada-sseeee!!!

  10. José António says:

    Para que se percebam melhor as diferenças entre Grécia e Portugal e as confusões que frequentemente se fazem, aqui vai, transcrito de http://www.joaotilly.blogspot.pt/2013/04/grecia-e-perdoada-e-acarinhada-portugal.html:

    «Grécia é perdoada e acarinhada. Portugal, esmifrado e convidado a sair.

    Já todos perceberam que a Europa precisa da Grécia. Não pode ver-se livre dela. É impossivel meter a Grécia nos eixos, mas também não se pode deixar cair.
    Apesar da crise que nos vendem os media portugueses, a verdade é que a Grécia não nacionalizou uma única das centenas de empresas que prometeu nacionalizar em 2010. Vai prometendo, vai dizendo que vai fazer, mas nada faz. Apenas promessas.
    E o povo grego já percebeu, ao fim de 2 perdões de dívida de 75% (para não dizer 100%, que parece mal) que isto é tudo para troika tapar os olhos aos europeus distraídos e por isso já nem manifs há. As poucas que ainda se vêem são organizadas por agentes infiltrados para dar à europa a ideia de que o governo grego – que não existe – continua a lançar austeridade sobre o povo. Mas é mentira, como toda a gente sabe menos a comunicação social portuguesa. Se sabe, não o publica. Para não criar neste rebanho de 10 milhões de cordeirinhos mansos uma sensação de revolta contra o esmagamento que a mesma troika exerce sobre Portugal quando tudo – mas absolutamente tudo – é perdoado à Grécia.

    E a nível social, enquanto meio milhão de portugueses não têm 1 cêntimo de rendimento declarado por mês, todas as famílias na Grécia recebem um ordenado mínimo de 750 euros. Dos 26% de desempregados oficiais todos trabalham em economia paralela no turismo e nas pescas.

    A posição estratégica da Grécia no mediterrâneo e na Europa afasta qualquer hipótese da sua saída da UE e da zona euro. O mesmo se passa com a Espanha e a Itália. Os únicos países que podem ser escorraçados do euro, se falharem o primeiro pagamento dos exorbitantes juros do seu resgate, são Portugal e a Irlanda. Mas a Irlanda tem sempre o protectorado inglês. O Reino Unido nunca aderiu ao euro e está mortinho por se demarcar totalmente da União Europeia. E não se importa de ter a Irlanda a seu lado.
    Enquanto o nosso protectorado é apenas o do Eusébio, do Mourinho e do Ronaldo.

    Quem é que REALMENTE ser chutado da UE?»

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