Este título não é original: surge no Público de 25 de Julho de 2000 e é um dos vários exemplos de que Dinis Manuel Alves se mune no capítulo 8 (E pontos!…) do livro Foi Você que Pediu um Bom Título? (Coimbra: Quarteto Editora, 2003, p. 160) . É também um dos conselhos a dar àqueles que lêem títulos como O Expresso deixou de adoptar o acordo ortográfico… ou O Jogo e o Expresso abandonam o acordo ortográfico… e por aí se ficam. Não se fiquem pelas reticências do título. Há sempre a probabilidade de, a seguir às reticências, outras reticências surgirem e, depois delas, finalmente, uma explicação. Assim, evitam-se alguns comentários em redes sociais como “boa!”, “Grandes Jornais!“, “Parabéns aos dois jornais”, “Um exemplo a seguir”, etc.
Já sabemos que os fundamentalistas do contexto nunca prestam muita atenção aos títulos. Já discuti esse tema, a propósito do AO90 (lamento o aspecto, mas não tenho culpa). Recentemente, em fugaz ida a Portugal, no regresso de uma visita ao Castro de Vila Nova de São Pedro, entrei num café e o dono, depois de me entregar o troco, pediu a um cliente embasbacado, como ele, a olhar para o Cyrus ‘The Vyrus no televisor, que lhe desse o Correio da Manhã, “para ler ‘as gordas’”. Não recomendo. Lembrei-me imediatamente do Empson e de Ângelo Correia, que não dispensa a leitura dos jornais ao chegar de manhã ao escritório, contudo, «não os leio completamente, mas fico a conhecer pelo menos os títulos». A ambiguidade é, efectivamente, terrível.
Pronto. Agora, regresso ao P.H. Matthews.
[…] Evidentemente, não existe qualquer relação directa (haverá relação indirecta?) entre o campeão nacional de futebol e a «Taxa de crescimento do PIB e PIB per capita» (por isso, peço desculpa pelo título e pela primeira frase). Se houver, é necessário que alguém, de preferência um economista, se entretenha a detectar a interferência do fenómeno futebolístico no produto interno e se disponha a apresentar parcelas – isoladas dos factores que têm, de facto, influência no PIB – devidamente justificadas (esta é a parte mais complicada do processo), em vez de resultados totais, como aqueles aqui expostos Quando tal acontecer, retirarei imediatamente o meu “evidentemente, não existe qualquer relação directa…” e o ‘de facto’ e deixarei de achar que estas contas, cá entre nós, de pouco ou nada servem e podem dar azo a confusões do arco-da-velha. Sim, por vezes, acontece. […]