Amanhã é dia de Porto – Benfica…

…e a metade do país que gosta do jogo de futebol (na qual me incluo) vai já fervendo em torno do despique.

O jogo é uma espécie de final que pode valer um título e isso torna-o mais apetecível, interessante, importante, perigoso, incendiário e pasto de provocações e demagogias.

Também por aqui, se calhar melhor aqui do que noutras circunstâncias, se vê quem é quem, o que vale e qual a dimensão humana de cada um. Eu, que sou benfiquista, espero que o Benfica ganhe, claro, ou, pelo menos, empate e seja campeão. Um portista quererá o mesmo para o seu clube, como é lógico.

Amanhã, quando começar o jogo, para mim, vão estar duas equipas em campo ( árbitros à parte ) e jogadores com nomes como Lima, ou Artur, James ou Helton. E não, não vai lá estar Salazar, nem a Pide, nem o centralismo lisboeta, nem o regionalismo, nem as batalhas miguelistas, nem as invasões francesas. Chamar “aquela equipa fascista”  ou “os verdadeiros representantes do futebol português” tem tanto a ver com os jogadores actuais e com o entendimento que hoje existe da profissão de futebolista como a confecção de um carpaccio tem a ver com a utilização do fogo, ou seja, nada.

Do mesmo modo, a arbitragem, a menos que haja erros tão grosseiros, evidentes e indiscutíveis, não é para aqui chamada, ao longo deste campeonato ambas as equipas foram beneficiadas ou prejudicadas dentro daquilo que é normal em jogos de futebol. Outra coisa que, felizmente, não ganha campeonatos, é o chamado “sistema”. Ainda bem.

Mas, e isso é certo, vai haver maus perdedores e gente que vai questionar o inquestionável.  A esses só liga quem tenha traumas parecidos ou semelhantes e seja da mesma igualha. Por isso espero verdadeiramente que não haja “erros tão grosseiros, evidentes e indiscutíveis” que ponham em causa o resultado.

A seguir há que dar os parabéns, primeiro ao vencedor, depois ao derrotado, depois ainda ao futebol português.

É que, num campeonato discutido até à penúltima ou mesmo última jornada, ninguém perde verdadeiramente, apenas há um que não ganha, digo eu, que detesto a tralha social que reduz as pessoas à distinção entre winners e loosers, e não gosto quando gente como eu, que nunca jogou à bola, não vai aos estádios, não é sócio de nenhum clube e não tem espécie nenhuma de envolvimento com o futebol para além da televisão, se põe aos berros no plural e diz “ganhámos” ou “fomos roubados”.

Quem? Nós? Porquê?

Comments

  1. nightwishpt says:

    “ao longo deste campeonato ambas as equipas foram beneficiadas ou prejudicadas dentro daquilo que é normal em jogos de futebol. Outra coisa que, felizmente, já não ganha campeonatos, é o chamado “sistema”. Ainda bem.”

    Normal… em Portugal. Mas já não ganha (muitos) campeonatos, isso não.

    “ninguém perde verdadeiramente, apenas há um que não ganha, digo eu”

    É nada, 1 ganha e 15 perdem. Podia ser como nas eleições, em que ganham todos, mas não é.
    Mais a sério, até há grandes clubes onde os títulos são secundários, como o Real Madrid, que o que interessa é ganhar prémios e comissões.
    Por razões diferentes já cheguei à mesma conclusão, é só um encontro com uns gajos a correr atrás de bola, quando corre mal passa rapidamente, mas também já não me entusiasmo com as vitórias. É que as pessoas envolvidas estão todas preocupadas é com a carteira.

    • Nightwish,
      “Normal… em Portugal. Mas já não ganha (muitos) campeonatos, isso não.”

      Tenho visto jogos internacionais da Uefa e da Fifa em que as arbitragens são muito parecidas às portuguesas. Além disso, há mesmo lances que são mesmo difíceis de ajuizar em tempo real.

      “É nada, 1 ganha e 15 perdem.”

      Claro que sim, mas acho que se percebe o que eu quis vincar. Estar na posição de conquistar o título a apenas duas jornadas do fim é digno de respeito e de parabéns, acho eu, que nem sou adepto das vitórias morais. Mas um campeonato é uma longa maratona, o normal é começar a ficar definido a algumas jornadas do fim. Por outro lado, ambos ficam qualificados para a liga dos campeões, talvez o maior objectivo dos clubes hoje em dia.

      Eu gosto das vitórias e de beber um copo com os amigos (é verdade que não me aborreço muito tempo com as derrotas), não digo é nós, digo eles, os jogadores, digo ela, a equipa, digo o Benfica ganhou – e espero dizer isso amanhã.

      • nightwishpt says:

        “Tenho visto jogos internacionais da Uefa e da Fifa em que as arbitragens são muito parecidas às portuguesas. Além disso, há mesmo lances que são mesmo difíceis de ajuizar em tempo real.”
        Sem dúvida, mas não há desculpa para o Maxi acabar todos os jogos, muito menos sem um amarelozinho.
        E uma capelada daquelas nunca vi a favor do FCP.

  2. Observador says:

    Daqui, da mui Nobre, Invicta e sempre Leal cidade do Porto – “Biba o espectáculo, que ganhe o melhor e que o melhor, seja: o Glorioso SLB”

  3. I.J.Lacerda says:

    Amanhã, muita mulher portuguesa vai levar porrada sem saber porquê.

  4. Até o futebol serve para misturar os grelos!

Trackbacks

  1. […] segundo é o da negação do óbvio: futebol também tem causas. Não obrigatoriamente, mas pelo menos ocasionalmente. O meu portismo […]

  2. […] O F C Porto ganhou ontem o jogo no estádio do Dragão e pode, com isso, ter ganho o campeonato. Um jogo de futebol só termina quando o árbitro apita,  como mais uma vez se demonstrou quando se jogava já o tempo suplementar. O jogo foi equilibrado e as equipas equivaleram-se em campo sendo que este campeonato (que ainda não acabou) fica marcado pela disputa e pela indecisão até ao fim , como disse noutro poste. […]

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