O Expresso emigrou

telescópio ópticoSerá que este título do Expresso constitui mais uma prova de que o prestigiado semanário está a abandonar o chamado acordo ortográfico (AO90), tal como o Francisco tinha anunciado?

Se for verdade, nota-se alguma resistência: o mês com inicial minúscula e “projecto” ainda sem C, mas aquele P do adjectivo “óptico” poderá ser um sinal de que a ortografia está prestes a recuperar o brilho perdido. Seria preferível que a recuperação se desse toda de uma vez, mas aceita-se que o jornal queira ir salvando a face. Óptico seria óptimo, portanto.

Uma voz demoníaca, no entanto, sussurra-me ao ouvido que há a possibilidade de que exista ignorância ortográfica nos quadros de um jornal tão ilustre. Tremo. A mesma voz, insistente e cruel, agride-me, ainda, com a ideia de que poderá tratar-se de uma opção consciente, com o fito de fugir à confusão entre óptico e ótico, mas seria inaceitável que praticantes profissionais da ortografia portuguesa se arrogassem o direito de desobedecer a regras tão claras, tão facilmente verificáveis no Priberam ou no Portal de Língua Portuguesa. Fico febril.

É então que uma luz, vinda das duas consultas realizadas, me ilumina: “óptico”, com o AO90, é uma forma exclusivamente brasileira, o que lhe permite surgir, honradamente, ao lado de um “projeto”.   Assim, Francisco, o Expresso não abandonou o AO90, o Expresso emigrou para o Brasil.

Comments

  1. Jose Mendes Rosa says:

    Se emigrasse para a Holanda seria pior

  2. Teresa Cordeiro e Cunha says:

    Todavia, se estivesse escrito “telescópio ótico”, este teria a ver com … o ouvido…

Trackbacks

  1. […] Sim, porque, para se contactar o Expresso, só através dos *contatos — e razão tinha o António Fernando Nabais, quando me dizia: “o Expresso emigrou para o Brasil” http://aventar.eu/2013/05/10/o-expresso-emigrou/. […]

  2. […] brasileiro, escreveria direção. Contudo,até prova em contrário, o Expresso ainda não terá emigrado para o Brasil. Porque é que o Expresso determinou a adopção do AO90? Não sei. Qualquer dia, hão-de me […]

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