…mas péssimo se for o Boavista. Contudo, sejamos realistas: antes o Benfica do que o F.C. Porto…
Evidentemente, não existe qualquer relação directa (haverá relação indirecta?) entre o campeão nacional de futebol e a «Taxa de crescimento do PIB e PIB per capita» (por isso, peço desculpa pelo título e pela primeira frase). Se houver, é necessário que alguém, de preferência um economista, se entretenha a detectar a interferência do fenómeno futebolístico no produto interno e se disponha a apresentar parcelas – isoladas dos factores que têm, de facto, influência no PIB – devidamente justificadas (esta é a parte mais complicada do processo), em vez de resultados totais, como aqueles aqui expostos Quando tal acontecer, retirarei imediatamente o meu “evidentemente, não existe qualquer relação directa…” e o ‘de facto’ e deixarei de achar que estas contas, cá entre nós, de pouco ou nada servem e podem dar azo a confusões do arco-da-velha. Sim, por vezes, acontece.
Contudo, a recente provocação de António Mexia (ninguém quis saber do Argel…), além de merecer a melhor atenção do presidente do F.C. Porto, teve a honra de ser objecto de comentários, aqui no Aventar, do João José Cardoso (que remete para os cálculos de Carlos Guimarães Pinto) e do Ricardo Ferreira Pinto (que os contesta) e, por isso, aproveitei quer o café a meio da manhã para fazer umas contas, quer o intervalo da tarde para as public(it)ar.
Começam em 1961 os dados da Pordata, relativamente à taxa de crescimento (%) do PIB e PIB per capita a preços constantes (base=2006) em Portugal.
Entre as épocas 1960/61 e 2009/10 (os valores de 2010/11 e 2011/12 são aqui omitidos, por serem provisórios e estarem incompletos), os campeões nacionais foram os seguintes: o Benfica (22), o F.C. Porto (19), o Sporting (8) e o Boavista (1).
Vejamos:
Ano |
PIB |
PIB pc |
Campeão |
1961 |
3,58 |
2,84 |
Benfica |
1962 |
10,53 |
9,73 |
Sporting |
1963 |
3,84 |
3,42 |
Benfica |
1964 |
6,05 |
5,99 |
Benfica |
1965 |
9,41 |
9,86 |
Benfica |
1966 |
4,55 |
5,34 |
Sporting |
1967 |
4,15 |
4,81 |
Benfica |
1968 |
5,07 |
5,52 |
Benfica |
1969 |
2,43 |
3,36 |
Benfica |
1970 |
8,47 |
9,44 |
Sporting |
1971 |
10,49 |
10,96 |
Benfica |
1972 |
10,38 |
10,55 |
Benfica |
1973 |
4,92 |
4,89 |
Benfica |
1974 |
2,91 |
1,49 |
Sporting |
1975 |
-5,1 |
-8,63 |
Benfica |
1976 |
2,29 |
-0,58 |
Benfica |
1977 |
6,02 |
4,9 |
Benfica |
1978 |
6,17 |
5,03 |
F.C. Porto |
1979 |
7,1 |
5,96 |
F.C. Porto |
1980 |
4,76 |
3,64 |
Sporting |
1981 |
2,17 |
1,29 |
Benfica |
1982 |
2,16 |
1,54 |
Sporting |
1983 |
0,97 |
0,5 |
Benfica |
1984 |
-1,04 |
-1,42 |
Benfica |
1985 |
1,64 |
1,36 |
F.C. Porto |
1986 |
3,32 |
3,23 |
F.C. Porto |
1987 |
7,63 |
7,66 |
Benfica |
1988 |
5,34 |
5,45 |
F.C. Porto |
1989 |
6,65 |
6,8 |
Benfica |
1990 |
7,86 |
8,09 |
F.C. Porto |
1991 |
3,37 |
3,61 |
Benfica |
1992 |
3,13 |
3,21 |
F.C. Porto |
1993 |
-0,69 |
-0,81 |
F.C. Porto |
1994 |
1,49 |
1,22 |
Benfica |
1995 |
2,4 |
2,04 |
F.C. Porto |
1996 |
3,69 |
3,3 |
F.C. Porto |
1997 |
4,41 |
3,94 |
F.C. Porto |
1998 |
5,14 |
4,61 |
F.C. Porto |
1999 |
4,07 |
3,49 |
F.C. Porto |
2000 |
3,92 |
3,19 |
Sporting |
2001 |
1,97 |
1,26 |
Boavista |
2002 |
0,76 |
0,21 |
Sporting |
2003 |
-0,91 |
-1,28 |
F.C. Porto |
2004 |
1,56 |
1,32 |
F.C. Porto |
2005 |
0,78 |
0,59 |
Benfica |
2006 |
1,45 |
1,27 |
F.C. Porto |
2007 |
2,37 |
2,16 |
F.C. Porto |
2008 |
-0,01 |
-0,15 |
F.C. Porto |
2009 |
-2,91 |
-3 |
F.C. Porto |
2010 |
1,94 |
1,89 |
Benfica |
Não queria interferir na leitura dos dados, mas não posso deixar de salientar que
1962 |
10,53 |
9,73 |
Sporting |
pode ser restritivo e, por conseguinte, enganador.
Adiante.
Durante este período (1961/2010), a média da taxa de crescimento do PIB por clube campeão nacional é a seguinte:
Sporting: 4,76
Benfica: 3,98
F.C. Porto: 2,90
Boavista: 1,97
No que diz respeito à média da taxa de crescimento do PIB per capita, durante o mesmo período, temos:
Sporting: 4,32
Benfica: 3,64
F.C. Porto: 2,59
Boavista: 1,26
Outros cálculos – certamente, inúteis – poderiam ser feitos, tendo em conta os melhores e os piores resultados do PIB e do PIB per capita.
Contudo, o intervalo da tarde, felizmente, acabou.
No entanto, se alguém testar os resultados e detectar erros (é uma possibilidade), evitemos um desaire semelhante ao de Reinhart e Rogoff e corrijamos.
O número de títulos do Sporting é demasiado pequeno para a amostra ser representativa.
(nota: a minha “análise” também contou com 2011-12, daí os números inferiores para o FCPorto)
Os títulos obtidos pelo F.C. Porto foram demasiado manipulados para a amostra poder ser considerada representativa.