Fernando Negrão, o cábula

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Nem de propósito, os meus alunos do 9º ano vão estudar a Constituição de 1976 para a semana. A de 1933 foi antes, tal como a de 1911 e a Carta Constitucional no 8º ano.

Os alunos estudam estas coisas porque existe uma disciplina chamada História que serve para esse e outros efeitos, enquadra os textos constitucionais nas circunstâncias que os fizeram aprovar e identifica os regimes políticos que delas nasceram e suas características.

Hoje temos dois disparates. Um dos Verdes, na senda da mania de ensinar “cidadania” ou “sexualidade” transversalmente, diz-se assim, ou seja, fora dos currículos escolares. Típico de quem imagina que as defuntas horas de Formação Cívica serviam para outra coisa que não o DT tratar de assuntos com os seus alunos. Gente que vive noutro mundo, que não o escolar e propõe que se ensine o que já se ensina (e no caso da actual constituição só não terá tempo para desenvolver que seja obcecado pela História Militar).

O outro é de Fernando Negrão em particular e do CDS e PSD em geral. Como não podem alterar a constituição, dois terços de votos é muito reformado e funcionário público, pensam que a podem proibir nas escolas, o que seria manifestamente inconstitucional. Golpe de estado em versão golpada nas escolas. Proponham o reforço do estudo da 1933 com a defesa das suas virtudes. Vá lá, tenham coragem. Assumam-se.

PS – Do 2º ciclo pouco sei, mas quem sabe explica.

Comments

  1. Jô Soares define o que é ser “Professor”

    Jô Soares define o que é ser “Professor”
    O material escolar mais barato que existe na praça é o professor.
    É jovem, não tem experiência.
    É velho, está superado
    Não tem automóvel, é um pobre coitado.
    Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.
    Fala em voz alta, vive gritando.
    Fala em tom normal, ninguém escuta.
    Não falta à escola, é um “Adesivo”.
    Precisa faltar, é um “turista”.
    Conversa com os outros professores, está “malhando” nos alunos.
    Não conversa, é um desligado.
    Dá muita matéria, não tem dó.
    Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
    Brinca com a turma, é metido a engraçado.
    Não brinca com a turma, é um chato.
    Chama a atenção, é um grosso.
    Não chama a atenção, não se sabe impor.
    A prova é longa, não dá tempo.
    A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
    Escreve pouco, não explica.
    Explica muito, o caderno não tem nada.
    Fala correctamente, ninguém entende.
    Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.
    Exige, é rude.
    Elogia, é parvo.
    O aluno é retido, é perseguição.
    O aluno é aprovado, deitou “água-benta”.
    É! O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça-lhe a ele.

    O material escolar mais barato que existe na praça é o professor.

    É jovem, não tem experiência.

    É velho, está superado

    Não tem automóvel, é um pobre coitado.

    Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.

    Fala em voz alta, vive gritando.

    Fala em tom normal, ninguém escuta.

    Não falta à escola, é um “Adesivo”.

    Precisa faltar, é um “turista”.

    Conversa com os outros professores, está “malhando” nos alunos.

    Não conversa, é um desligado.

    Dá muita matéria, não tem dó.

    Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

    Brinca com a turma, é metido a engraçado.

    Não brinca com a turma, é um chato.

    Chama a atenção, é um grosso.

    Não chama a atenção, não se sabe impor.

    A prova é longa, não dá tempo.

    A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.

    Escreve pouco, não explica.

    Explica muito, o caderno não tem nada.

    Fala correctamente, ninguém entende.

    Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.

    Exige, é rude.

    Elogia, é parvo.

    O aluno é retido, é perseguição.

    O aluno é aprovado, deitou “água-benta”.

    É! O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até aqui, agradeça-lhe a ele.

    Jô Soares define o que é ser “Professor”

    O material escolar mais barato que existe na praça é o professor.

    É jovem, não tem experiência.

    É velho, está superado

    Não tem automóvel, é um pobre coitado.

    Tem automóvel, chora de “barriga cheia”.

    Fala em voz alta, vive gritando.

    Fala em tom normal, ninguém escuta.

    Não falta à escola, é um “Adesivo”.

    Precisa faltar, é um “turista”.

    Conversa com os outros professores, está “malhando” nos alunos.

    Não conversa, é um desligado.

    Dá muita matéria, não tem dó.

    Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

    Brinca com a turma, é metido a engraçado.

    Não brinca com a turma, é um chato.

    Chama a atenção, é um grosso.

    Não chama a atenção, não se sabe impor.

    A prova é longa, não dá tempo.

    A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.

    Escreve pouco, não explica.

    Explica muito, o caderno não tem nada.

    Fala correctamente, ninguém entende.

    Fala a “língua” do aluno, não tem vocabulário.

    Exige, é rude.

    Elogia, é parvo.

    O aluno é retido, é perseguição.

    O aluno é aprovado, deitou “água-benta”.

    É! O professor está sempre errado, mas se conseguiu ler até a

  2. murphy says:

    Estes dias andam carregados de ideologia… posiçoes opostas sobre o ensino da CRP, ontem o PR invoca N.ª S.ª de Fátima, amanha votação sobre a adopção por casais homossexuais, andará isto “tudo ligado”?
    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/05/da-hipersensibilidade-selectiva-do.html

  3. Eu mesma says:

    Se dúvidas houvesse sobre se o PSD e o CDS-PP serem partidos fascistas, acho que ficou tudo esclarecido. Agora, ilegalizem esses partidos!

  4. Lagartces says:

    Nasci no princípio da década de 70.
    Na disciplina de História – 7º ao 9º ano – nunca passámos do séc. XVIII. O que aprendi sobre a Ditadura e sobre Revolução foi através das conversas dos meuis pais e amigos.

    Na disciplina de História da Arte – 10º ao 11º ano – nem chegámos ao Picasso. E podem não acreditar mas na faculdade só nos ficámos pelos Expressionistas… Todo o resto aprendi pelo que li e por amigos que frequentavam Pintura/Escultura.

    Muito me agrada saber que o ensino está diferente e que matérias importantes são leccionadas.

  5. Francisco Madeira Lopes says:

    Embora eu seja suspeito, como militante e dirigente do Partido Ecologista Os Verdes, não posso concordar, nem me parece intelectualmente honesto dizer que a proposta dos Verdes era redundante por já se estudar a constituição no currículo escolar (na disciplina de história). Não se confunda o estudo da constituição enquanto fenómeno da história política (o contexto em que foi aprovada, motivações, inovações face a um quadro constitucional anterior, etc.) que incluirá sempre, certamente, uma breve referência aos princípios fundamentais (no caso da de 1976 o do Estado de direito, o democrático, o republicano e os direitos e liberdades fundamentais), com o estudo da constituição do ponto de vista da compreensão da organização política, social e económica da sociedade em que vivemos, através da nossa lei fundamental e dos órgãos do nosso estado de direito, obviamente de forma descomplicada e acessível aos alunos. Eu acredito que existe um défice de compreensão na população em geral a esse nível que se traduz depois em menor capacidade de intervenção e de uso dos mecanismos existentes de defesa de direitos e numa cidadania e sociedade civil menos crítica, activa e consequente.

    • Bem vindo, vamos lá discutir o assunto, que de resto nem respeita aos Verdes apenas mas à esquerda em geral, admitindo aqui que o PS é de esquerda (cof. cof).
      Na forma como o programa de História está basta que as metas de aprendizagem contemplem esses pontos (e estou de acordo com eles) para que fique resolvido com carácter de obrigatoriedade. 1976 não é História nem é ensinado como tal, até porque investigação sobre esse tempo pouca há, e ainda é muito fresca. O que se faz com as constituições anteriores não é o mesmo que se faz aqui, da mesma forma que o 25 de Abril é/deve ser explicado pelos seus valores, precisamente os consagrados constitucionalmente, e não pelo seu contexto (isso adoraria impor a direita, na sua versão, é claro).
      Tempo para leccionar até existe, desde que as metas o tenham em conta.
      O problema de fundo é outro: a teoria de que cidadania se ensina fora dos currículos e dada por qualquer professor. Disparate, como a experiência com a Formação Cívica demonstrou: o tempo lectivo era usado pelos DT’s para tratar de assuntos correntes, fora disso de um modo geral ocupava-se com tolices.
      Cidadania, em geral, só pode ser dada por professores com formação e apetência para isso: de História ou, vá lá, de Geografia. Ou então acaba em nada. A Constituição não pode ser dada de outra forma (professores com formação em Direito praticamente já não existem, e andam apenas pelas secundárias). Transversalidades e multidisciplinaridades resultam no mesmo: em nada. E nenhum ensino é eficaz fora dos currículos (ou melhor, até é, mas em regime de voluntariado dos alunos).
      Isto não é uma opinião: é uma constatação, que a experiência da esmagadora maioria das escolas demonstra. A minha critica foi essa, e se não me expliquei bem, cá estamos para conversar.

      • Francisco Madeira Lopes says:

        Caro João:
        Só me identifiquei como militante e dirigente do Verdes por uma questão de transparência. Quanto ao “problema de fundo”, a proposta, que certamente leu, era de integrar esse ensino nos conteúdos curriculares do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Portanto no currículo. A melhor forma de o fazer, por quem, com que formação, com que carga horária, etc. (para evitar que não dê em nada) não estava, de facto contemplada na iniciativa e deveria ser densificada a posteriori por quem tem competência da definição dos curricula. Obrigado pelo interesse, pela crítica e pela opinião.

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