Parece que para os patrões do ensino um professor pode ter 30 a 33 aulas por semana. Nunca experimentei mais de 25, mas durante um ano lectivo trabalhei com uma colega que além de 24 na escola ainda vendia 6 num colégio e acabou o ano com mais umas turmas em substituição.
– Como é que aguentas? – perguntávamos.
– Aguenta-se bem, só tenho o 7º e o 8º.
Uma vez os alunos de uma turma comum pediram-me para dar mais apontamentos, mas avisando que também não era para exagerar.
– Exagerar como?
– Não faça como a professora de Geografia que abre o livro e começa a ditar.
– Ditar o livro? – estranhei.
– É assim que dá as aulas, temos o livro todo copiado.
Estava explicada a capacidade de resistência da minha colega. É esta a qualidade de ensino que se quer contratar em Portugal.
Eu já dei 28 de Matemática no 3º ciclo, 7 turmas quando uma colega entrou de licença de amamentação, Ao fim do 4º 8º ano seguido, ou, às vezes, nem isso, estava com aquela sensação de me estar a repetir, a ponto de ter de assinalar os exercícios que ia fazendo em cada turma. Tinha 20 e poucos anos. Era estourante. E não, não ditava livros, não, não tinha chapa 4 para as turmas todas. Porque eram, e bem, diferentes. As estratégias também o tinham de ser.
É tão bom ter 20 e poucos anos!
Eu acho, muito sinceramente, que não é aconselhável ir atrás destas estafadas estratégias do lançar a confusão para depois se ficar no meio, para conforto de muitos que dirão, suspirando de alívio:”Ah, bom! Afinal, não ficamos assim tão mal!”.
Um breve apontamento anedótico, acerca de ganhos de produtividade no trabalho:
Num restaurante, um cliente pergunta porque é que cada criado de mesa usa uma colher no bolso.
_ Porque todos sabemos que os clientes deixam sempre cair a colher da sopa. Assim, poupamos tempo.
– E porque é que usam todos um fio preso na braguilha?
– Rentabiliza-se tempo nas idas à casa de banho. Não tocamos com as mãos no pénis e evitamos perder tempo a lavar as mãos.
_ E como metem o pénis para dentro?
_ Não sei o que os meus colegas fazem, mas eu uso a colher.
Uma fatura a pagar…mais tarde.