Empreende-dor-ismo

Parece que há aí um vídeo de um miúdo empreendedor a circular na internet. Mais um, este ainda em boa idade para bater punho, com apenas 16 anos. O vídeo circula e agrada a algumas pessoas, desde fazedores de opinião aos que toleram que o pouco é melhor que nada. Ora, na vida, o pouco não é melhor que nada. Principalmente quando falamos de direitos. O Martim é novo mas, se já pode saber tanta coisa sobre o mercado que terá analisado para adequar o produto à realidade portuguesa, tem obrigação de saber mais coisas.

Por exemplo, saber que, hoje, o trabalhador é obrigado a aceitar trabalho mesmo que o salário seja inferior ao que recebia através do subsídio de desemprego. É evidente que estar empregado é melhor do que estar no desemprego. Desde que o salário seja justo. O Martim e os aplausos que recebeu são a prova de que a mensagem dos pobrezinhos mas honrados está a passar mesmo entre os mais jovens. E isso preocupa-me e inquieta-me.

O que é que define o empreendedorismo?Não está em causa o mérito do miúdo. Teve uma ideia, colocou-a em prática e, pelos vistos, está a sair-se bem. Estão em causa valores mais altos do que o do empreendedorismo – e o que é o empreendedorismo? Sou particularmente sensível à questão dos têxteis. A minha mãe, hoje reformada com 507 euros, foi explorada durante décadas pela indústria têxtil. Ainda a minha mãe trabalhava para um patrão que acabou por fugir para o Brasil e eu, aos 12 anos, também fui empreendedor.

Em 1995, a França preparava-se para retomar os ensaios nucleares no Atol Moruroa, após mais de 20 anos de inactividade. Vários sectores da comunidade internacional viraram para lá as suas atenções e eu, pequenino empreendedor, também. Peguei numa pistola de plástico, desenhei o contorno numa folha branca, colei um globo na frente e escrevi qualquer coisa como “Não aos ensaios nucleares”. Tirei umas 50 fotocópias e distribuí-as pela rua.

Lembro-me de um senhor de fato que, na esquina da Bonn, ali em Leça da Palmeira,  olhou para mim e para o papel, sorriu, recebeu-o e pô-lo no lixo, o filho da puta. O meu empreendedorismo acabou num caixote de lixo. Mas eu fui buscá-lo e voltei a distribuí-lo. As fotocópias eram caras.

A vontade de fazer alguma coisa surge em qualquer idade. Eu achei que 50 fotocópias ajudariam a mudar o mundo. O Martim acha que é melhor trabalhar pelo salário mínimo que, de acordo com as normas internacionais, já não é suficiente para que um trabalhador não viva na pobreza. Eu não. Porque durante muitos anos a minha mãe viveu com o salário mínimo e com constantes salários em atraso, mais as horas de borla para dar corda à produção e satisfazer o cliente. O patrão havia comprado um carro para a esposa, que não tinha carta, e entretanto contratado um motorista. Eram os anos do cavaquismo, que escancararam as portas para que todas as conquistas dos trabalhadores possam ser hoje postas em causa, porque ter trabalho é melhor que nada. Porque ter trabalho é uma sorte imensa e não um direito.

Afinal, o que define o empreendedorismo? O lucro, o sucesso, o progresso social, a reconquista de direitos roubados? Para mim, um empreendedor tem de ter em conta o bem-estar social e tem de ter princípios, porque não pode valer tudo. Se não, é só mais um explorador. Tenha ele a idade que tiver. E, já agora, os palcos. Teve azar, fosse o Relvas ainda ministro e já estaria a bater punho no impulso jovem.

Comments

  1. Hugo says:

    Que estava à espera que acontecesse? O Martim ir perguntar ao gerente da empresa: “Afinal quanto é que você paga aos seus empregados? 485 euros? Não faço negócio consigo!”. Isto cabe na cabeça de alguém? Quando você vai à padaria comprar o pão, pergunta ao vendedor quanto é que está a pagar ao padeiro que se levanta às quatro da manhã para que você tenha o pão quentinho para o pequeno-almoço? Quando vai tomar um café, pergunta ao empregado de mesa quanto recebe? Preocupa-se? Quando vai ao Continente, pergunta à menina da caixa quanto recebe? Manda fazer fatos no alfaiate, pagando a condizer, ou vai a uma grande superfície comprar um fato já feito por um décimo do preço à custa de mão-de-obra barata? Incomoda-se com isto?

    O Martim ou qualquer outro empreendedor/empresário não tem culpa dos salários praticados pelas fábricas de têxteis, calçado ou electrónica. O salário mínimo já existia antes do Martim e vai continuar a haver depois do Martim. E pelo menos o Martim enquanto tem este negócio contribui para a economia doméstica e contribui para a economia nacional, pois, a ser verdade que exporta, faz entrar dinheiro na economia nacional, que, quer queiram quer não, é o que mantém o Estado Social que tantos apregoam. Quantos portugueses poderão dizer o mesmo?

    • Ricardo M Santos says:

      Incomodo com isso tudo.

      • Ricardo M Santos says:

        Tens de reler o texto. O problema não está no negócio do miúdo, está na forma como encara o desemprego e o SMN.

        • Hugo says:

          Se encarasse de outra maneira, o resultado havia de ser o mesmo. Se tivesse dito à doutora: “sei, sim, senhora, mas lamento não poder fazer nada quanto a isso”, as reacções seriam as mesmas. “É um leitão capitalista que se aproveita do trabalho alheio, 25 de Abril sempre, trabalho sim, desemprego não… e ainda por cima é hipócrita! Mais valia ter dito que o salário mínimo é melhor que estar desempregado”. Isto porque há um ciclo vicioso no pensamento da esquerda do qual é impossível fugir: se é privado e ganha dinheiro, algo está mal, deve ser um vigarista qualquer. Ou está em conluio com os políticos ou foge aos impostos ou aproveita-se do trabalho alheio ou tem um pacto com o diabo, mas alguma coisa há de ser.

          • Ricardo M Santos says:

            Não sei que texto estás a comentar. Mas não é este, com certeza.

          • Hugo says:

            Estou a comentar um texto que condena um puto por comprar camisolas a fábricas que dão o salário mínimo.

          • Hugo Reis says:

            Hugo,

            Tenho de aplaudir esse comentário porque é precisamente aquilo que pensei. Quer dizer: como a maioria das empresas em Portugal paga salários mínimos, não resta aos novos empresários , em nome da ética, outra hipótese que não passe por desistir. E já agora, solicitar o rendimento mínimo. Isso sim, é ético.

    • Sílvia says:

      “Não está em causa o mérito do miúdo. Teve uma ideia, colocou-a em prática e, pelos vistos, está a sair-se bem.”
      Está a falar deste texto?

    • João Cruz says:

      O Martim quer produzir barato para vender barato. Óptimo! Mas neste processo existe o chamado Lucro. O Lucro é do Martim e da marca para investir em si mesma. A pergunta é: Quanto por cento do lucro é que o Martim está disposto a diminuir para garantir que os seus produtos são feitos em condições de trabalho e de remuneração justas.

      A Sra. que o abordou na altura pareceu-me um pouco snob, mas foi daquelas coisas que levei comigo na cabeça e concluí: Porra! Ela tem razão no que diz e mais… ela quis consciêncializar o miúdo sobre questões que TODOS NÓS (como bem referiu) no nosso dia-a-dia, pelo nosso natural Egocentrismo não consideramos. Claro que o Martim levou aquilo como uma pequena provocação, mas acredito que em privado, como bom miúdo que deve ser já reflectiu sobre isso.

      Porra uma marca que já é exportada, já “patrocina” figuras da alta competição do surf não pode se quiser ser produzida numa fábrica que não paque o mínimo? Eu sei e concordo que os patrões não são ricos por natureza e que têm muita despesa com funcionários, mas a questão para mim é a atitude de pagar o mínimo. O mínimo????? Porque não mais 20eur? Para mim esta diferença é que faz a diferença….

  2. sabe, especie de retardado mental, a sua mãe podia desempregar-se, não podia? Iria trabalhar como doméstica ou ser trabalhadora rural… achou que era melhor trabalhar na industria textil.
    A maior parte dos patrões da industria textil começaram como empregados.
    Para ser de esquerda é preciso ser atrasado mental?

    • Ricardo M Santos says:

      Não, não podia. Tinha 4 filhos para criar. Vivíamos os anos do cavaquismo, não havia agricultura e ainda menos empregadas domésticas que ganhassem o salário mínimo.

      • a escravatura acabou no seculo 19, se não existissem os exploradores patrões da industria textil que faria a sua mãe? Assaltava os vizinhos? emigrava?
        olhe, emigre para cuba, tem o regime economico de que gosta.

        • Ricardo M Santos says:

          E se não existissem mães como a minha, o que fariam os patrões?

          • fariam o que se fez com a agricultura nacional, quando não havia portugueses a querer trabalhar na agricultura…
            ou não eram patrões…
            uma coisa é certa, não é por pagarmos ao jogadores do moreirense o mesmo que aos jogadores do Porto que o moreirense passa a lutar pelo titulo de campeao nacional.
            entendeu? Não, não entendeu…

        • Deve ser por isso que hoje em dia existem mais escravos do que em qualquer outro momento da história, porque acabou.

    • JOÃO lUIS says:

      Quem fala assim e ofendendo o autor do artigo é sinal que não sabe ,ou não quer discutir,então ofende.
      Não sei se é de esquerda ou direita sei que o autor do texto tem quando a mim a sua opinião do que é ser,ou não ser empreendedor,para se ser empreendedor não é preciso,só fabricar tshirts e exportá-las ,pois há milhares de jovens cientistas que perdem horas (que não as ganham), a investigar ,em prol da comunidade, e depois de acabarem as bolsas levam um pontapé no Cu e mandam-les emigrar.
      para ser de direita, também não é necessário obrigar os trablhadores a deixarem a pele no posto de trabalho,pois eles são a mão da sua riqueza.

      • pois sim, nasciam meia hora mais tarde e já vinham albardados.
        Fechem pois todas as empresas que nao têm condições para pagar os salários e condições que imaginam indispensaveis. Os desempregados dessas empresas certamente ficarão contentes. Depois irão nascer novas empresas… ou então um novo país, uma nova cuba.
        Os maluquinhos como vocês podiam emigrar todos para lá que o pais ficava melhor.

        • nightwishpt says:

          Não, vai nascer uma nova China, temos é que continuar a reduzir salários até serem iguais, ou menores que eles já vão à frente.

      • Hugo says:

        O pior são aqueles cientistas que produzem investigação isenta e séria e vão para o desemprego, ao passo que os cientistas que confundem investigação com propaganda ao PC se mantém na carreira.

      • joao santos says:

        Desculpa lá…

        “há milhares de jovens cientistas que perdem horas (que não as ganham), a investigar ,em prol da comunidade, e depois de acabarem as bolsas levam um pontapé no Cu e mandam-les emigrar.”

        1º – esse ‘milhares de cientistas que perdem horas’ recebem pelo que fazem e até acima da média portuguesa, contudo não pagam é nenhuns impostos uma vez que são ‘bolseiros’ e, entenda-se assim, estudante a caminho de uma (pós)-graduação.

        2º- se ‘perdem horas’ no privado seriam despedidos ou não renovariam o contrato no privado, ser investigador com ou sem bolsa é um trabalho como os outros e não serve (ou não devia servir) pra passear batas e estatutos.

        3º- um cientista não trabalha em prol da comunidade mas da ciência em si, daí existirem bolsas e fundos para investigação… pois trabalhando em prol da comunidade e se nada é produzido em concreto era mais uma farta despesa social… e não estou a gozar, desafio-te a encontrar e apresentar qualquer produção cientifica que tenha sido implementada fruto de qualquer projecto de investigação directamente por quem a fez (conheço muitas aplicações nacionais e nem uma tem esse cariz de ‘em prol da comunidade’ mas sim interesses privados.

        4º – pra acabar, concluo que o futebol é de direita… se existem meia dúzia de jogadores para determinada posição no campo, só aqueles que ‘deixarem a pele no posto’ é que são titulares ou têm chance de jogar, pois só esses são a ‘riqueza’ da equipe.

        • nightwishpt says:

          Pois não, investigam para depois os privados copiarem e lançarem para o mercado.

    • adelinoferreira says:

      oh xys: É uma casa portuguesa com certeza,
      é com certeza uma casa portuguesa.Quatro
      paredes caiadas um cheirinho a alecrim……

  3. nightwishpt says:

    Admito que não vi o vídeo, mas não percebo o que vender umas tshirts tem de empreendedorismo. Se abrir um café na esquina ninguém me leva à Fatinha e tinha o mesmo impacto na economia.
    A Raquel já eu sei que é má comunicadora, devia ter aprendido com isso e conter-se.

    • Hugo says:

      Talvez por ser um negócio não muito comum e por ser um miúdo de 15 anos.

      • nightwishpt says:

        Há anos que não vejo uma marca de roupa portuguesa… sigh

    • Paulo says:

      Empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento econômico e social de um país. Identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo. Esse é o papel do empreendedor

      • nightwishpt says:

        É um dos principais factores do desenvolvimento económico, já social nem por isso.

        • Hugo Reis says:

          Mas não, porquê? Porque é que gerar riqueza (para si e para a cadeia de produção) não é um facto de desenvolvimento social?
          Desculpe, mas a sua afirmação é indefensável!

  4. António Simões says:

    Quanto será que a srª doutora professora que estupidamente interrompeu o Martim, paga à empregada doméstica que tem lá em casa? 1000€, para que a sua doméstica tenha uma vida digna!!!!! não acredito!

    • Ricardo M Santos says:

      Não faço ideia. Não a conheço nem tenho grande curiosidade, nem o texto fala nela.

    • Hugo says:

      Ela não tem empregada doméstica. Tem uma técnica especializada em higienização ao domicílio. É preciso manter a dignidade das mulheres-a-dias.

  5. Tiago Inácio says:

    Tristeza de artigo!!

    Nem vale a pena comentar

  6. antonio joaquim says:

    E pronto o Martim é um mártir. Genial, com publicidade grátis, numa televisão estatal. Quem me dera a mim.

  7. Pedro Xavier de Andrade Corvo says:

    Nojo!

  8. Viva,

    Admito que hoje, quando fui inundado pelo vídeo em questão, achei piada ao miudo de 16 anos que teve uma ideia e a colocou em prática. Admiro o espírito dito “empreendedor” do Martim, no entanto algo me soou mal tanto no confronto de que foi alvo, bem como na resposta à dita “provocação”.

    É preciso ter em consideração que para se poder empreender é necessário haver condições para tal, e cito essencialmente condições económicas. Condições estas ás quais a maior parte da população Portuguesa não tem acesso, muito em parte devido aos baixos salários e dificuldades diversas no acesso a um crédito, justo ou não, que fomente o empreendedorismo.

    No caso do Martim, tenho a certeza absoluta que não era o proclamado jovem empreendedor de 16 anos se a sua família trabalhasse a receber o ordenado mínimo.

    Com isto, quero só dizer que este texto vai ao encontro do desconforto que senti tanto ao ver o vídeo em causa, como com os aplausos à resposta do Martim e consequente efeito viral nas redes sociais.
    Infelizmente só mostra que os Portugueses se estão a habituar à ideia de uma qualidade de vida mediocre, no limiar da pobreza e encaram este facto como se se tratassem de cidadãos priveligiados.

    Obrigado pela opinião.

    • António Simões says:

      se eu tiver uma grande empresa, e precise de encomendar 10 000 pães para os meus funcionários, será que devo primeiro investigar a padaria para saber quanto recebem os padeiros???
      meus senhores, o mal dos Portugueses é que se acomodam por estar perto de casa, porque já têm x anos de casa,etc e passam a vida a reclamar de isto e daquilo… LEVANTEM O CU DA CADEIRA E PROCUREM POR MELHORES CONDIÇÕES.
      quem realmente é bom profissional, tem trabalho em qualquer lado!!!

      • Sr António Simões,

        Obrigado pela “dica” mas estou numa posição confortável e não preciso das suas lições de moral.
        O mal dos Portugueses é esse, mas o seu em concreto é bem mais complexo.

        • António Simões says:

          se está numa posição confortável, mantenha-se onde está!!!
          mas tenha atenção, pode-se acabar a mama… há muitos patrões a serem operados á picha!!!
          muitos como o sr, que deve ser funcionário publico, pensão que é um favor que fazem ao patrão por lá estarem… isso tende a acabar.

      • nightwishpt says:

        “quem realmente é bom profissional, tem trabalho em qualquer lado!!!”
        lol

    • Hugo Reis says:

      Isso não é necessariamente verdade Caro Luís: imprimir as primeiras 20 t-shirts em serigrafia a uma cor terá custado ao Martim cerca de 80 a 90 euros. Isso é dinheiro que se recebe dos avós pelo Natal. Se ele as vender a 15€ cada ganhou 210€ que, reinvestidos, dão para mais 40 t-shirts e por aí fora…
      Claro que o Martim deve ter beneficiado da ajuda de familiares, mas este não precisavam de ser da linha de Cascais.
      Convém também recordar que a maioria dos miúdos da linha preferia gastar os 90€ numa noite de copos e não gastar energias a pensar num negócio.

      • Os avós que recebem uma pensão de 100 ou 200 euros, certamente que não dão aos netos 80 ou 90 euros, mas isso se calhar é uma realidade desconhecida por muitos!

        • Hugo Reis says:

          Caro Lef: se é para ser demagogo, porque não falar também nas crianças Etíopes? Na argumentação não vale tudo!

  9. Santiago says:

    O exemplo que o Ricardo dá da sua mãe encontra-se, infelizmente, replicado em milhares de outras pessoas no Vale do Ave. Os patrões em Portugal encaram os seus trabalhadores como escravos ou, quanto muito, como “orfãos” que precisam de quem os “oriente”. Se queremos um país mais justo e civilizado, os exemplos de “chico-espertismo” confundido com empreendedorismo devem todos, sem exceção, ser colocados no lixo.

    • Hugo says:

      Pois claro, o puto (que não é quem oferece o salário mínimo) exporta e faz entrar dinheiro em Portugal e o negócio dele deve ser mandado para o lixo. Depois queixem-se que não há dinheiro para o Estado Social.

      • Zuruspa says:

        E você deve-o a andar a encher o… empreendedorismo para o vir aqui defender täo veementemente. V. Ina. enxerga-se?

  10. Santiago says:

    Hugo, defender o Estado Social passa, entre muitas outras coisas, por denunciar todas as PPP’s, retomar o controlo sobre a EDP, GALP e outras empresas estratégicas nacionais (geradoras, por si mesmas, de capital), criminalizar o envio de capitais para off-shores, etc… Não é com politicas de baixos salários e asfixia de direitos legítimos que podemos, algum dia, ambicionar, alcançar o nível de vida p.ex. da Noruega ou da Finlândia.

    • Algum dia os protugueses poderão atingir o nível de vida da Noruega e Finlândia? Só se fala em direitos e deveres? E mudar as mentalidades tacanhas? Assim vamos acabar muito mal podem crer!

      • nightwishpt says:

        Não sabia que mentalidade tacanha era dizer que não se deve trabalhar para sobreviver mal.

  11. Vi o video.
    Não haja dúvida que o miúdo é dinâmico, audaz, empreendedor, e ingénuo… Como é próprio da idade… Mas tem carisma e pode vir a singrar. Em Portugal, estas características não são muito frequentes e merecem mais aplauso do que “abrir um café…”. Infelizmente continuamos “maus” no reconhecimento dos mérito alheios, sendo mais frequente a condenação e a inveja…
    Não haja dúvida também que o miúdo está contaminado pela cassete (fácil) do “empreendedorismo de pacotilha”, o qual tem muito mais de visibilidade pública – e moda – do que de verdade efectiva e muito menos é solução para problemas colectivos. Conta apenas como impulso individual de “auto-ajuda” num ambiente competitivo…
    O “problema” não está no miúdo, que sem dúvida tem espírito de iniciativa, mas na perigosa caminhada dum pensamento e “verdade” social, cada vez mais aceite e assente em soluções individualistas em detrimento dos valores do interesse colectivo, do que na cooperação para o “bem comum”, para o social… E esta é uma componente civilizacional importante e construída a custo ao longo de séculos.
    E neste confronto, cujo “balanço” é complicado, sensível, e de cisão ideológica profunda, o correcto equilíbrio não é fácil, mas é necessário. A História ensina-nos coisas. O progresso e desenvolvimento (e o “mercado”…) avançam quando maior quantidade de pessoas melhoram de vida e de formação. O retrocesso, o caos social, a decadência das condições de vida acompanham de perto a emergência de desigualdades profundas e clivagens sociais. O desafio dum futuro melhor e abrangente está hoje em questão… E não é apenas em Portugal…
    A intervenção da “doutora” foi sobretudo “pateta”, desajustada, agressiva para o “miúdo”, e “básica”, por se estruturar em condicionantes não controláveis. Foi pouco sensata… Se for uma pessoa lúcida, já se deve ter arrependido… Ou então terá muitas dificuldades em viver, passando o tempo a olhar para etiquetas de vestuário, procurando quem as fez no Google (antes de decidir compras…), etc. etc. etc. 😉
    Se estremarmos a ortodoxia e o preconceito deixamos de respirar… No mundo actual, somos todos culpados e inocentes…

  12. fixe fixe, é alugar uns quartos a estrangeiras! 😀

  13. bella470@hotmail. com says:

    “Ou então terá muitas dificuldades em viver, passando o tempo a olhar para etiquetas de vestuário, procurando quem as fez no Google (antes de decidir compras…), etc. etc. etc.
    Se estremarmos a ortodoxia e o preconceito deixamos de respirar… ”
    so gostav de comentar essa frase
    ha muita gente que o faz no mundo ha gente que tenta estar activa nos direitos humanos – ha muita gente a boicotar por essas mesmas razoes e nao precisia e fazer google na camisola mas agir directamente contra a firma como H & M no caso que nao saibas mas isso nem te passaria pela cabecao que ha gente a tentar impedir exploracao e apoiar direitos humanos como outros tantos direitos e tudo que esta mal e doeente na sociedade opeque ha gente que se intressa !! a forma como o disse essa senhora do video nao foi a mais feliz mas uma questao pertinente que nao deve ser deitada a baixo e contuninada a discutir co nivel e toda a seriedade que merece . sem insultos e chamar nomes ou desprezar argumentos . o argumento È de facto a considerar e em vez de alguem se sentir atacado e defender o muido que é uma pessoa que quer ser empreendedor , DEVE SE sim alertar para este topico e fazer o melgor e justo , talvez alguem lhe possa aconselhar quando fizer lucro que leva as costureiras e trabalhadoras para a firma de maior producao ou mante se fiel e ir pagando melhor conforme o lucro e o sucesso . e ir melhorando as condicoes dele as dos seas trabalhadoras etc . é isso sim teria a minha admiracao e sucesso mundial por ser um emprendedor do futuro e de consciencia social e daria um empreendedor EXEMplar .

    alguem alguem de so deitar abaixo o TOPICO e vir com “coitadinho do muido foi atacadao” num sindroma de vou me por do lado quem amanha tem poder . por amor de deus osto é uma discussao que tem um assusnto IMPORTANTE sim que deve ser aceite como tal .

    nao vejo aceitacao nem esprito contrutivo positivo . esto è que triste
    o nivel aqui dos do contra é deprimente .

    e antes de ser atacada quero deixar claro para quem nao entende que nao me estou a posicionar-me ( mas criticar as respostas negativas ou ataque ao tema em si exposto simples e linguagem clara nem reles nem tenatr ser erudito ou academico mas claro e expor um assunto que no meu ver nao deve e tem todo o sentido de abrir a questao para aseguir se poder ensinar algo de empreendorismo com visao hujsta de futuro SIM ao muido que tem pica mas ha que situar se no caminho certo – que é o correcto e ser original que é a unica maneira de ter futuro de facto senao é um futiro explorador como outros . sim etica intressa SIm senhores e senhores ou vamos fazer no futuro tudo igual ou é um jovem que nos vem dar exemplo DE VERDADE o que é ser empreender com visap futura ?

    estou horrorizada com a unamimidade e falta de plataforma de descussao seria e ainda por cima vir ao baila ser esquerda e criticars por SE ter PREOCUPACOES sociais ! esto é tao de facto periferico . se soubessem o quanto as pessoas o individuoes fazem por inicitiva propria mas em grupo por lutar contra este tipos ou o facto o quao é importante de alguem estar atento !!! mas parece impossivel .

    o exemplo do homem que pos o panfleto no lixo – e tipico e qcontunua a existir pessoas sem intresse qualquer, mas so abrem e vao as manifs para cuidar do que é seu , nao por consciencia social nem por cuidarem de serem humanos e intressar se pelas condicoes ou por lutar pelas condicoes suas e dos outros por que é ssim que se pode de facto EVOLUIR e ter sucesso a nivl pessoal e a nivel financeiro . ser se soudavel na cabeca e nao zombies que se tranforama em monstros mal aguem tenta tocar naquele que esta prestes a conseguir safar se e tartar lo como om rei . um rei pode ser um tirano se nao tem escruplos e nao tem preocupacao sociais SIm .
    ponto final .

    alem do mais é sim tb de louvar se um muido abrir um cafe com seus amigos e comecra a ter sucesso nunca vi , vi sempre o muido a tarbalhar de graca para o cafe do pai . ( sem criticar ou julgar . é um facto e um exemplo para contra argumentar a frase do comentario tb assima exposto .

  14. Pinto says:

    Ricardo Santos: mais um que antes de comprar um produto pede uma ficha completa da empresa que o produziu e normalmente prefere pagar mais pela mesma qualidade em prol do bem-estar social.

    Se a hipocrisia se vendesse ao quilo, o Ricardo exportava contentores.

    • Ricardo M Santos says:

      Já viste? Era mais um a ajudar ao equilíbro da balança.

    • Pedro A. says:

      Já ouviu falar disto, por acaso ?
      http://en.wikipedia.org/wiki/Fair_trade

      Já reparei que muito autóctone não tem lá grande contacto com o mundo exterior e com outros seus aparentes semelhantes, porque há de facto pessoas que se preocupam com a origem daquilo que compram. Dá trabalho ? Por vezes imenso. Mas se há tanto pândego que gosta de arrotar a habitual posta do “empenhado e esforçado”, seria legítimo pensar que tentar consumir responsavelmente fosse algo visto com orgulho. O que interessa é a celebridade estéril e vazia promovida pela grunhice cibernética ao ritmo do soundbyte. É o sebastianismo, versão rasca. Andamos assim tão desesperados por inspiração que um miúdo que pouco mais faz do que estampar um logótipo numa camisola passa por herói ? Já há uns meses era o “punhadas” e rei da pipoca de centro comercial a ter um pedestal e que andava a vender basicamente a ideia de que nunca se deve desistir. Porra, as pessoas contentam-se assim com tão pouco ?

      Também ainda não percebi a mania algo recente de contra-argumentar certas ideias com a tirada “E tu ? Quantos postos de trabalho já criaste ?” como se isso fosse uma espécie de elevação moral. E as condições de trabalho, oh janotas ? A coisa não se fica por “criar os postos de trabalho”, isso qualquer pessoa consegue fazer. O verdadeiro talento é conseguir que depois desse primeiro passo, a justiça e dignidade no trabalho sejam uma realidade. Quanto isto, ninguém abre a boca e ficam-se pelo verniz.

      Não acho, porém, que o moço mereça alguma da crucificação a que tem sido sujeito, se bem que mal não lhe faz ser exposto à realidade do mundo do trabalho. Dezasseis anos ainda é uma boa idade para continuar a aprender e os 35 da Raquel já lhe deviam servir para temperar o ânimo (se bem que, goste-se ou não da forma, ela foi a única a abordar uma questão realmente pertinente naquela pobreza de programa). E mal vão os tempos quando alguém que ousa levantar a questão (ainda que de forma algo tosca) da indignidade do nosso salário mínimo (um facto) é atacada por, entre outras coisas, não saber o que é a vida. Parece que a emigração está mesmo a levar os cérebros para outras paragens, porque o QI nacional anda pelas ruas da miséria.

      • Ricardo M Santos says:

        Subscrevo tudo. Nem eu defendo a Raquel Varela no texto, nem crucifico o miúdo.

  15. fernando says:

    o seu texto cheira um bocadinho a inveja, no mínimo.

    se a sua mãe tem uma reforma de 507 euros, o meu pai tem uma de 280 euros e trabalhou desde os 12 anos e não foi na industria textil e hoje com 75 anos ainda trabalha.

    cada caso é um caso e há situações possivelmente bem piores que as nossas.

    agora, exigir a um miúdo esperto e dinâmico que tenha consciência social antes de poder fazer seja o que for, tenha dó, em que mundo é que vive? lembra-se quando tinha a idade dele? enfim.

    a srª doutora, com todos os predicados que tem esteve muito mal, quando tentou intimidar o puto ou discutir problemas sociais com ele, como se fosse possível, levou um correctivo e recolheu os galões que nunca deveria ter exibido ao puto.

    o problema grave de exploração no trabalho, é um problema à escala mundial, diga-me lá que nunca usou umas sapatilhas de marca, mas a exploração no trabalho existe na maior parte do mundo devido à mentalidade e à natureza do homem.

    não se esqueça que o rapaz ainda está em fase de aprendizagem, lol. todos estamos, como ficou provado que um puto calou a srª. doutora.

    • Ricardo M Santos says:

      Lembro-me de quando tinha a idade dele. Está no texto. Leste-o?

  16. O texto do autor é um verdadeiro e desmesurado chorrilho de idiotices.
    Que me desculpe, mas ou não entendeu o que é empreendedorismo ou tem traumas que não se resolvem assim.
    E não estou, nem quero ser agressivo.
    Mas há uma enorme diferença entre empreendedorismo e responsabilidade social.
    E diria mais, que o SMN é pouco e não permite a vida com dignidade (embora dignidade seja algo intrínseco à pessoa e não ao seu poder de compra), mas creio que se entende bem quando aqui falo em dignidade, creio que todos concordamos, mas ponha-se o autor do texto no papel do empreendedor/empresário e pense na responsabilidade deste quando ao final do mês tem um conjunto enorme de encargos a que tem de fazer face sob pena de se tornar criminoso por incumprimentos, quando, às vezes, não há mesmo dinheiro para pagar os deveres legais, fiscais, sociais, etc…
    O facto é que existe um SMN, que já per si é bom face a muitas sociedades e economias.
    Estamos habituados a padrões que são bons, cómodos, mas nem sempre possíveis.
    Digo-o com pena e mágoa, mas com realismo.
    Incentive-se o empreendedorismo, e sensibilizem-se estes e os outros, para a responsabilidade social, e o humanismo!

  17. mike says:

    Fico feliz por encontrar este texto, um dia chegaremos lá. Por outro lado, infelizmente o povo é assim mesmo, burro! Senão vejamos, a sociedade já estaria estabilizada e feliz, em vez de estar com politicas para a frente e para trás. O puto e a plateia têm é de calar e ficar tristes com a realidade – as leis laborais são uma vergonha e uma afronta à minha inteligência. Para quem não conhece a Raquel Varela, conheça! pesquise! pense! e só depois critique.

    Já agora tenho 4 ideias empreendedoras a partilhar convosco:

    1. Implementar o modelo educacional da Escola da Ponte.
    2. Promover a alimentação vegetariana e a atividade fisica (o meu bolso não aguenta com tanta doença e já agora com tanta vaca).
    3. Acabar com o falso trabalho e distribuir o restante por equipas até máximo de 4h/dia.
    4. Acabar com patentes e software fechado – Opensource bitches!!!

    Uma coisa é certa meus amigos, ou será assim ou será pior.
    Um abraço

    • Hugo Reis says:

      Mike: Post patético por 1001 razões…
      Pensamentos de comunismo fundamentalista nem sequer encaixam nesta conversa. Até o tofú veio à baila!!! Bolas!

  18. Chamem-me burra – mas se o ‘miúdo’ teve cabeça e idade para começar um negócio, então tem cabeça e idade para desenvolver uma consciência social – ou, quem sabe, desenvolver uma consciência ‘normal’.
    O problema é que a consciência, e a dita consciência social para mais, não casa lá muito bem com o fazer lucro seja a que custo for – mesmo que para ‘fazer prosperar’ o negócio seja preciso manter ‘workshops’ como as que ruíram no Bangladesh e mataram cerca de 1.200 ‘trabalhadores’, contratados em regimes de semi-escravatura, ou como as que a BBC filmou e pôs no ar esta noite – em que os gradeamentos fechados a cadeado e as grades nas janelas, para impedir que as operárias (na sua maioria de idade laboral ilegal) saiam da fábrica, eram chocantemente evidentes.

    Fora de tópico: choca-me o tom de certos comentadores / comentários. Foi a isto que se chegou? Diz-se, por estas bandas e creio que será o mesmo por Portugal, que recorre a insultos e profanidades quem não encontra mais nada para dizer – o que se encontra plenamente ilustrado na qualidade geral da maioria dos comentários. Por vezes, sinto-me assim como se a matilha tivesse decidido baixar sobre a aldeia, just for the hell of it. Que pena.

    • **errata: protesto a correcção automática – escrevi sweatshops, sweatshops sweatshops sweatshops, e não workshops.

  19. Ricardo parabéns pelo artigo… Pena é que tenhamos uma sociedade tão egoísta e incapaz de pensar no plural! “Se eu estiver que me interessa se os outros estão mal!” infelizmente é esta a máxima de muita gente… Tenho pena mas acho que é preciso irmos mesmo ao fundo e estarmos todos na merda para que todos percebam que sem sermos solidários com os direitos consagrados universalmente para os trabalhadores isto não muda! Pena que tenha que ser assim!

  20. … este miúdo não passa de mais um ‘xico esperto’, com a mentalidade do típico empresário português! não sei o que é que ele acrescenta, nem tão pouco em que é que ajuda a economia portuguesa! parece-me que estão a confundir empreendedorismo com outra coisa… daqui a uns anos veremos o que é feito dele… até lá, que se seja feliz, contribua para o PIB, para uma balança comercial mais equilibrada, etc, mas… tudo dentro da legalidade e dos padrões, sem violar o código laboral!!!

  21. Jonas says:

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